Quando você compra um livro, de modo geral, não existe uma classificação etária sugerindo que esta ou aquela obra só possa ser lida por adultos ou pessoas maduras. Não é o que ocorre nos quadrinhos, principalmente nos Estados Unidos, país onde a HQ precisa de bula para alertar pais, censores e os chamados defensores da moral e dos bons costumes.
Recentemente, o Brasil também voltou a entrar nessa dança e teve alguns incidentes relativos à adequação dos quadrinhos, classificação etária e um pequeno surto histérico sobre a importância dos bons costumes e a “devassidão” da nona arte.
Você já deve ter notado que só os frequentadores e os vendedores das comic shops é que são presos com a compra ou venda de uma revista considerada inapropriada por um motivo qualquer. Ninguém é detido comprando na Amazon, na livraria da esquina ou no jornaleiro (se bem que nos Estados Unidos faz tempo que não se vende quadrinhos em bancas de jornal).
Quando uma criança assiste a um programa de TV às 23 horas, e, portanto inapropriado para sua idade (uma vez que as TVs se autocensuram adequando sua programação para os horários nos quais se imagina que as crianças – todas elas anjos de inocência – já estejam dormindo), ninguém bate na porta da sua casa para punir os pais que permitiram tal ato.
E são raríssimos os incidentes nos quais um cinema é multado ou fechado por permitir a entrada de jovens para assistir a um filme inadequado à sua faixa etária.
Nos quadrinhos estadunidenses é comum que toda a indústria crie rótulos, classificações, se autocensure de acordo com os interesses de lojistas, distribuidores e outros grupos com a desculpa que estão defendendo o artista e o mercado de HQs.
Depois de ler uma série de textos escritos por Frank Miller, Alan Moore, John Byrne, Mark Evanier, Amanda Conner, Neil Gaiman, Steve Bissette, relativos à censura nos quadrinhos nos últimos 30 anos, tive um surto mental e rapidamente produzi a tirinha abaixo, inicialmente postada no meu Flickr, e reproduzida aqui a pedido do Sidney.
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