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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Maze Runner - Provas de Fogo

Título: Maze Runner - Provas de Fogo
Saga/ Série: Maze Runner (Maze Runner, #2)
Colecção: Via Láctea
Autor: James Dashner
Tradução: Marta Mendonça
Edição: Ed. Presença
ISBN: 9789722350815
Nº de páginas: 368


"Atravessar o Labirinto devia ter sido o fim. Acabar-se-iam os enigmas, as variáveis e a fuga desesperada. Thomas tinha a certeza de que, se conseguissem fugir, ele e os Clareirenses teriam as suas vidas de volta. Mas ninguém sabia realmente para que tipo de vida iriam regressar...

O segundo volume da série Maze Runner ameaça tornar-se um clássico moderno para os fãs de títulos como Os Jogos da Fome."


Já não tinha achado o volume anterior aquela maravilha que toda a gente diz por aí mas, mesmo assim, decidi dar uma nova oportunidade a esta trilogia, sobretudo por causa do final do 1º volume. Bem, não sei se devia ter lido... A leitura foi fácil e rápida e o autor consegue momentos de elevada adrenalina com imensas perseguições, discussões e traições inesperadas e decisões difíceis que têm que ser tomadas. Ainda assim... Muitas destas situações são algo descabidas e, sem sombra de dúvidas, não compensam o resto.

No final do volume anterior qualquer leitor com dois dedos de testa conseguia compreender que as coisas estavam longe de ser completamente resolvidas e que os jovens que conseguiram escapar do labirinto iam poder passar por tudo menos por uma vidinha descansada. É isso que se começa logo a verificar nos primeiros capítulos. A CRUEL não tem ainda todos os valores e variáveis de que necessita e os testes continuam embora num cenário diferente. A descoberta de que o labirinto já nossos conhecido não era o único e que há um outro grupo a  passar por experiências semelhantes não atenua a descrença e frustração dos jovens. Tendo conseguido voltar para o mundo real, mesmo não sabendo nada do mesmo e não sabendo bem o que fazer, os protagonistas acedem a submeter-se a mais uma ronda de testes. Mais uma vez, a CRUEL parece funcionar como um Big Brother que tudo vê, tudo controla e tudo manipula. A única diferença é que tanto o leitor como os personagens estão mais cientes da omnipresença destas pessoas e das suas capacidades para alterar toda e qualquer realidade.

Com a nova vida num mundo exterior  e a revelação da existência de um outro grupo, o número de personagens cresce consideravelmente. Este é um factor que continua a não ter muita importância porque estes continuam a não ter densidade, são todos muito iguais uns aos outros e, muito sinceramente, não consegui sentir nenhum tipo de ligação ou empatia com nenhum deles. A única coisa boa neste aumento substancial de personagens prende-se com o facto de, finalmente, alguém ser capaz de nos dar algum tipo de informação (ainda que escassa, muito, muito escassa) sobre aquilo que aconteceu ao mundo e que teve como consequência directa na vida daqueles jovens os testes aos quais se sujeitam. Ainda assim, a informação que o leitor consegue ir recolhendo, pouco a pouco, ao longo da leitura, está longe de ser suficiente e parece até muito pouco relevante em alguns casos.

E no final, depois de correrem e enfrentarem tempestades assassinas numa terra inóspita e completamente destruída pelo calor e pela doença; depois de se verem obrigados a trair e a aceitar a traição de que são vitimas; depois de enfrentarem doentes em fase terminal que se transformam em autênticos lunáticos canibais; depois de deixarem para trás os amigos mortos... Nada se resolve. Ora ai está, é mesmo assim, nada se resolve e o leitor consegue adivinhar que vem ai mais uma louca ronda de testes. Senti-me algo enganada, frustrada e revoltada com este final, principalmente porque tinha esperança que as memórias recuperadas pelo protagonista fossem, finalmente, servir para alguma coisa. Mas parece que me enganei  e que a este se seguirá mais um volume em que o leitor apenas se limitará a ler cenas pejadas de sangue, violência e com muita adrenalina enquanto segue as escolhas de um grupo de jovens com pouca personalidade. E respostas? Nem vê-las.

Concluindo, se gostaram muito do primeiro volume e conseguiram criar algum tipo de empatia com os personagens, com certeza vão gostar deste volume. Se esse não for o vosso caso, se são um leitor que precisa de respostas, de saber o como e quando (para, entre outras coisas, tentarem descortinar o porquê)... Esqueçam, esta trilogia não satisfaz.

5/10

domingo, 8 de dezembro de 2013

O Silo

Título: O Silo
Saga ou série: Wool (Woll, #1-5)
Autor: Hugh Howey
Edição: Ed. Presença
ISBN: 9789722351409
Nº de páginas: 528

"Num mundo pós-apocalíptico, encontramos uma comunidade que tenta sobreviver num gigantesco silo subterrâneo com centenas de níveis, onde milhares de pessoas vivem numa sociedade completamente estratificada e rígida, e onde falar do mundo exterior constitui crime. As únicas imagens do que existe lá fora são captadas de forma difusa por câmaras de vigilância que deixam passar um pouco de luz natural para o interior do silo. Contudo há sempre aqueles que se questionam... Esses são enviados para o exterior com a missão de limpar as câmaras. O único problema é que os engenheiros ainda não encontraram maneira de garantir que essas pessoas regressem vivas. Ou, pelo menos, assim se julga..."

Esta história tem lugar num mundo pós-apocalíptico, numa terra completamente árida e devastada  na qual subsiste, vivendo num enorme silo subterrâneo, uma comunidade de centenas de pessoas. Não sabemos muito bem o que é que aconteceu nem como é que as coisas aconteceram. Aquilo de que rapidamente nos apercebemos é que a comunidade está ali há várias gerações e vai diminuindo cada vez mais. Por outro lado, é fácil adivinhar que, seja qual seja a catástrofe que se abateu sobre o mundo, ela foi (como é que podia não ser?) originada pelo Homem. Toda a vida no silo é altamente controlada. O próprio silo está dividido em mais de 140 andares e, como não podia deixar de ser, os que vivem mais perto do topo julgam-se superiores aos operadores de máquinas dos pisos inferiores. O que poucos sabem é que, no meio desta sociedade há quem não seja exactamente aquilo que parece e tenha como função controlar tudo e todos. Há inúmeras coisas que não podem ser feitas, mais ainda que não podem ser ditas e uma única que nem deve ser sequer pensada - o exterior e  a vida ali. 

Na verdade, o exterior é simultaneamente um desejo (talvez por ser proibido) e uma verdadeira fonte de medo - medo do desconhecido, medo de represálias e castigos, medo da limpeza... A única conexão com o exterior resume-se a alguns ecrãs, espalhados sobretudo pelos níveis superiores do silo, que transmitem continuamente e em tempo real, a imagem captada por algumas câmaras de filmar colocadas lá fora. Mas as lentes sujam-se e quem é condenado por algum crime de maior gravidade tem como pena fazer a limpeza das mesmas. O problema é que, além de o simples facto de falar do exterior ou pôr em causa o sistema e a vida naquela comunidade ser considerado crime capital, condenação à limpeza é sinónimo de condenação à morte. Ninguém sobrevive a uma limpeza das lentes.

A estrutura desta magnifica narrativa, que rapidamente se juntou a Passagem como uma das melhores distopias de sempre na minha lista pessoal, está dividida em 5 POV's ao longo dos quais vamos conhecendo melhor todos os personagens envolvidos na trama e nos vai sendo revelado o mistério central. Gostei deste divisão. Permite-nos compreender a profundidade de cada personagem, as suas escolhas e motivações, permitindo-no colher subtilmente a informação. Isto é, o leitor não é bombardeado com os dados todos de uma vez ou de maneira descabida; as informações vão sendo dadas na medida certa, permitindo ao leitor interiorizar todas as implicações e pensar sobre a realidade que lê. Todos os personagens estão muito bem caracterizados e são pluridimensionais, vão crescendo com a história, e a heroina - Juliette - não é diferente. Na verdade, ela só aparece já no final do primeiro terço do livro mas o leitor facilmente se identifica com ela e rápido nos afeiçoamos a uma jovem determinada, forte, prática e que diz aquilo que pensa. Claro que sendo uma verdadeira kick ass, esta mistura não pode dar muito bom resultado...

Escrito de um modo muito simples e directo, este livro tem a grande vantagem de não ser uma distopia YA. Não há triângulos amorosos irritantes nem coisas que se resolvem como que por magia. Não. Aqui todas as coisas têm a sua razão de ser, todas as causas nos são explicadas de uma maneira ou de outra e com o desenrolar da narrativa o leitor começa a pensar... Começamos a pensar e a verdade é que nos apercebemos que aquele futuro, ou um semelhante, são algo muito possível de vir a acontecer num futuro mais ou menos distante. O Homem destrói-se e ao que o rodeia a todo o momento. Por outro lado, a sociedade manipulada, estrangulada e ludibriada que o autor nos descreve não é muito diferente daquelas em que vivemos. Há sempre algo maior mas escondido, os serviços secretos a não querer divulgar informação, corrupção e um sem número de outros pecados sociais aos quais fechamos os olhos diariamente enquanto os aceitamos passivamente. Não podemos deixar de concluir que aquele é um futuro possível, em circunstâncias semelhantes talvez agíssemos da mesma maneira e, acima de tudo, este Silo serve também de metáfora, de retrato às sociedades em que vivemos. Mas até que a conclusão esteja completa temos momentos de uma leitura muito prazerosa e que nos leva a pensar em temas bastante sérios sem que quase nos demos conta.

Recomendado
8/10

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Maze Runner

Título: Maze Runner - Correr ou Morrer
Série/ Saga: Maze Runner (Maze Runner, #1)
Autor: James Dashner
Edição: Ed. Presença
ISBN: 9789722348508
Nº de páginas: 397

Quando desperta, não sabe onde se encontra. Sons metálicos, a trepidação, um frio intenso. Sabe que o seu nome é Thomas, mas é tudo. Quando a caixa onde está para bruscamente e uma luz surge do teto que se abre, Thomas percebe que está num elevador e chegou a uma superfície desconhecida. Caras e vozes de rapazes, jovens adolescentes como ele, rodeiam-no, falando entre si. Puxam-no para fora e dão-lhe as boas vindas à Clareira. Mas no fim do seu primeiro dia naquele lugar, acontece algo inesperado - a chegada da primeira e única rapariga, Teresa. E ela traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo.

Decidi ler este livro, como tantas vezes acontece, depois de ter visto opiniões muito favoráveis de outros bloggers que, normalmente têm opiniões muito semelhantes às minhas. Não é que me tenha desiludido, simplesmente não o achei tão bom quanto os outros diziam. Talvez o mal tenham sido as expectativas elevadas com que parti para a leitura... este é um aspecto que pode arruinar tudo! Não é um mau livro, só não o achei uma verdadeira maravilha.

Toda a acção tem lugar num gigantesco e claustrofóbico labirinto (eu sei, gigantesco e claustrofóbico são ideias algo antagónicas mas... acreditem) no qual os personagens se encontram cativos. Numa primeira análise, conseguimos perceber que são todos jovens, todos rapazes de idade indeterminada e nenhum sabe como foi ali parar. Ainda assim, resignam-se ao seu destino e organizam a sua sociedade de maneira a que funcione sem grandes problemas e seja sustentável. Até aqui percebo, afinal de contas um corpinho ocupado pelo trabalho acaba por conseguir manter ao largo ideias subversivas e esperanças vãs. Mas... aceitar as coisas assim de animo leve? "As coisas são o que são e aguenta-te com isso"... não me parece. Não bate certo, são adolescentes, estão na idade de descobrir, de não aceitar e de se revoltar. Claro que o facto de o labirinto parecer não ter saída e albergar uns seres assassinos geneticamente modificados pode contribuir para a aceitação da situação mas achei-a muito forçada. Tão forçada como alguns dos personagens. Bem, na verdade são todos muito parecidos (os rapazes que estão dentro do labirinto) e até o personagem principal me pareceu algo fraquinho, pouco profundo. O personagem que me parece mais bem conseguido é mesmo o antigo "caloiro", o "amigo" do Thomas (o personagem principal), um personagem secundário mas que me fez, de facto, pensar que é dotado de uma personalidade mais complexa que os demais. Quanto ao elemento destabilizador da história, a única rapariga no labirinto, Teresa, achei-a tão apagada que é quase como se não estivesse ali. Quer dizer, ela traz toda uma série de informações e desencadeia uma série de acontecimentos que vão virar o labirinto do avesso contudo, no que à personalidade diz respeito, nada nela se destaca.

Se a densidade psicológica e a descrição física dos personagens é fraca o mesmo não se pode dizer das descrições das cenas de acção e dos cenários em que as mesmas decorrem. Este é um dos pontos altos do livro. Não sabemos nada do mundo para lá do labirinto mas as descrições deste, da Clareira e a forma como a vida nela está organizada são algo a realçar. Às vezes parecia-me que se levantasse os olhos da página ia ver aquelas enormes paredes cobertas de trepadeiras ali mesmo à minha frente. Gostei do medo e da tensão crescente que o autor consegue transmitir ao longo das últimas cenas, com as lutas a serem travadas em diferentes planos e os personagens, literalmente, a correr pela vida. Aqui o leitor consegue mesmo ter a percepção do que poderia sentir se algum dia se visse a braços com uma situação daquele tipo, sem saber quem é, porque está em determinado local, porque é atacado.... tudo desaparece menos a vontade de lutar e/ou fugir o mais rápido possível. A transmissão de sentimentos é, definitivamente, algo em que o autor é muito bom (coisa estranha dada a densidade psicológica dos personagens!!!).

Relativamente à narrativa em si, o autor, verdade seja dita, não perde tempo e logo nas primeiras páginas deixa alguns elementos de mistério e suspense que nos irão acompanhar ao longo de todo o livro (e mais além em alguns casos). Ainda assim, na primeira metade do livro o ritmo a que a narrativa se desenvolve é bastante lento e isso causou-me algumas dificuldades. Tem uma abertura em grande e o abrandamento que se verifica logo de seguida pode ser um pouco frustrante. A partir do meio do livro as coisas começam a mudar. A acção torna-se quase frenética e grande parte das nossas perguntas conseguem ter resposta. Confesso que este foi um ponto de que gostei no livro, o leitor consegue, de facto, ver alguns daqueles que parecem ser os grandes mistérios da trama resolvidos e justificados. Coisa rara numa série? Pois sim, mas parece-me que algumas coisas ainda podem mudar de figura!!

Concluindo, os personagens são fracos e irritaram-me um bocadinho pela previsibilidade mas há outros pontos que compensam esta falha e o mistério deixado no ar mesmo na última página deixou-me com vontade de ler o segundo volume (à laia de segunda oportunidade). Pode ser que no próximo livro os pontos negativos sejam esbatidos e me veja mais envolvida na história, mais ligada aos personagens.

6/10

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Divergente

Título: Divergente
Série/Saga: Divergent, #1
Autor: Veronica Roth
Edição: Porto Editora
ISBN: 9720043814
Nº de páginas: 352

"Na Chicago distópica de Beatrice Prior, a sociedade está dividida em cinco fações, cada uma delas destinada a cultivar uma virtude específica: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a fação a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a sua família... e ser quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a própria jovem.
Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, ao mesmo tempo que se enamora por um rapaz misterioso, que umas vezes a fascina e outras a enfurece. No entanto, Tris também tem um segredo, que nunca contou a ninguém porque poderia colocar a sua vida em perigo. Quando descobre um conflito que ameaça devastar a aparentemente perfeita sociedade em que vive, percebe que o seu segredo pode ser a chave para salvar aqueles que ama... ou acabar por destruí-la."


Parti para esta leitura, com algumas reticências tenho que confessar, depois de, por mais de um ano, ver o meu primo mais novo todo entusiasmado com os livros. Nos últimos tempos tem predominado (este cantinho não é excepção) a distopia e há-as muito boas. Prova disso são as últimas que li, têm sido óptimas surpresas. Contudo, por qualquer razão que ainda não consegui descortinar, não esperava muito deste livro. Se eu soubesse... já o tinha lido há muito tempo :) , adorei.

Ao ler a sinopse pensei que com tantas facções, tantos grupos diferentes, me ia ser complicado entrar no espírito desta Chicago futurista. Mais uma vez, estava enganada. Tudo, desde as primeiras páginas, serve para nos levar a compreender bem o world building, embora, por vezes, de um modo subtil. A populosa cidade vive isolada, virada para si mesma - o exterior é algo em que não se pensa, algo temido e encarado, na maior parte das vezes, como algo praticamente inexistente. Fechada sobre si mesma, a cidade reflecte o que se passa com a maioria dos seus habitantes e com as facções que compõem a sociedade estratificada em que vivem. Ainda que, acima de tudo, um individuo deva pensar na facção à qual pertence e nos objectivos da mesma, o ser humano é um animal egoísta por natureza. Egoísta e dissimulado. Todos se fecham em si mesmos, velando os seus pensamentos e vontades mais profundas, dando sempre a ideia de que a facção vem em primeiro lugar, embora tudo façam para poder ver cumpridos os seus desejos. 
As comunidades/ sociedades ideais não existem, ou, pelo menos, não subsistem por muito tempo pois que é o ser humano que as forma e molda e em cada um de nós o bem e o mal degladiam-se a todo o momento; por muito bem intencionados que sejamos, por vezes, as nossas vontades e desejos pessoais, sobrepõem-se ao interesse do todo e ao "bem comum" é isto que podemos constatar ao ler esta estranha distopia YA.

Penso sinceramente que o que faz com que este livro agrade tanto aos mais jovens como aos adultos é o facto de, para lá da história de coragem e romance, das intrigas políticas e dos segredos desvendados, ser feita (muito bem feita) uma profunda análise sobre o ser humano, a sua natureza e os seus comportamentos em diferentes contextos. Através de Tris, uma jovem que, aos 16 anos, deixa para trás a sua família e tudo aquilo que conhecera até à data para se juntar a uma facção diferente daquela onde foi educada, somos guiados ao interior do ser humano numa procura incessante pelo auto-conhecimento. Este é um processo em que será necessário enfrentar-se aquilo que mais nos pode aterrorizar - nós mesmos tal como somos, repletos de medos e desejos; medo de nós, da rejeição; desejo de sermos alguém diferente, de ser aceite ou desejo por outrém. Assim, a narrativa, com a sua linguagem simples mas fluída, acaba por ser um espelho das dificuldades interiores pelas quais todos  passamos ao longo das nossas vidas e também uma reflexão sobre o ser humano e a vida em sociedade.

Devo ainda referir que, a mim pessoalmente, me agradou muito o facto de não haver triângulos amorosos irritantes e de que a história de amor existente não seja uma daquelas "chachadas melosas" que me mexem com o sistema nervoso (pois, o romantismo para estes lados continua pelas ruas da amargura. Fazer o quê??)

Em resumo, a história é apelativa e a linguagem é simples. Apesar de aparentemente ser um mundo complexo, a autora foi capaz de o tornar simples e consegue que o leitor compreenda perfeitamente todos os aspectos deste cenário futurista e que se identifique com vários personagens (sim, vários). Contudo, o ponto alto para um leitor mais exigente não se prende com a história em si, com a sua construção, inovação ou nível de intriga e suspense. Aquilo com que este livro me conquistou foi a subtil mas profunda (um bocadinho antagónico? nada de stress, vocês entendem-me...) análise  do ser humano e da vida em sociedade.
Recomendadíssimo

8/10

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Marcados à Nascença

Título: Marcados à Nascença
Saga/ Série: Birthmarked, #1
Autor: Caragh M. O'Brien
Tradução: Maria João Rodrigues
Edição: Everest Editora
ISBN: 9789895015870
Nº de páginas: 416

Num futuro arruinado pelo sol impiedoso, onde a água é mais valiosa do que o ouro, há aqueles que vivem dentro das paredes do Enclave e aqueles, como Pedra Gaia, parteira de dezasseis anos, que vivem fora. Gaia sempre acreditou que o seu dever, tal como o da sua mãe, é entregar uma pequena taxa de bebés saudáveis aos residentes do Enclave, apesar de, fora do recinto, não voltar a ter notícias deles. No entanto, quando aqueles a quem tem servido tão escrupulosamente aprisionam os seus pais, começa a questionar todas as suas crenças. Gaia só pode fazer duas coisas: entrar no Enclave para salvar os seus pais ou morrer a tentar. Caragh O’Brien, nascida em St. Paul, Minnesota, estudou na Williams College e na Universidade de Johns Hopkins. Escreve e leciona em Storrs, Connecticut, onde vive com o seu marido e os seus três filhos. Caragh já publicou numerosos romances com a Avalon Books.

Mais uma das minhas opiniões atrasadas!! Se é verdade que este mês de Abril não li praticamente nada, também é verdade que esta leitura é do início do mês. Ao contrário do que é habitual, a opinião não vem atrasada só pela falta de tempo. em atrasada porque tenho andado a pensar no livro e no que vos posso dizer sobre ele.

Li o livro num serão frio, aqui sentada à lareira (sim, foi um daqueles serões que se prolongam muito pela noite dentro mas ainda assim...) e, para ser sincera, a leitura até foi agradável e o facto de a autora deixar o final muito mais que em aberto, com o destino dos protagonistas completamente em suspenso deixa qualquer leitor curioso. O problema é que depois disso...fica pouco.

A narrativa tem lugar num futuro algo distante, cerca de 300 anos depois da Era do Gelo que, pelo que conseguimos depreender, é o nome dado aos nossos dias - os dias de dependência do petróleo e em que se começam a fazer sentir alterações climáticas drásticas que marcarão o destino da humanidade. A terra já não é o que conhecemos e a falta de água e de comida impera; as populações voltam a um estado praticamente medieval, embora com resquícios de utilização e recurso de bens e conhecimentos científicos de ponta (ainda assim, o leitor percebe que de algum modo, vá-se lá saber porquê, muito se perdeu tanto a nível de conhecimentos como de materiais de trabalho). Gaia é uma parteira de 16 anos (uma idade um bocadinho precoce, digo eu!) que, como todas as outras parteiras tem que dar uma quota dos primeiros bebés que traz ao mundo cada mês, ao Enclave - a elite dominante que vive numa cidade fortaleza no cimo do monte e que rege os destinos de todos. Com 16 anos, a moça não faz muitas perguntas e aceita as maiores atrocidades com uma ligeireza que me deixou algo aparvalhada. Na verdade, de início detestei a personagem principal porque me mexia com o sistema nervoso. A situação foi mudando aos poucos mas Gaia continuou sempre a ser um personagem fraco e muito pobre, incapaz de cativar (supostamente é uma heroína carismática)  e que se vai safando só porque todos, vá-se lá saber porquê, a ajudam sem razão aparente. 

Contudo, o problema não está só na personagem principal, é transversal e atinge todos os personagens do livro. Não têm profundidade, não cativam. O único que ainda é capaz de criar ali algum tipo de conexão com o leitor é Leon mas penso que isso se deve ao mistério e às suas acções que, por vezes, parecem desajustadas ou irreflectidas. Leon é também o "par" amoroso de Gaia num "romance" sem pés nem cabeça.   Nunca chegam a vias de facto mas o clima amoroso é um bocado estranho e absurdo. Tal como tudo o resto, as acções dos personagens, e a realidade criada por O'Brien não é explicada. As coisas são assim porque são assim e isso é algo que a mim não me contenta. A única explicação que conseguimos receber (e mesmo assim não consegue ser completamente satisfatória) está relacionada com a quota de bebés que têm que ser entregues ao Enclave. 

Mas nem tudo é mau ou menos bem conseguido. A ideia em si é muito boa e a autora, já no final, deixou-me com a esperança de poder vir a ver alguns dos defeitos, que assinalei acima, serem colmatados. Tenho consciência que é um livro dirigido a um público muito jovem e que a trama, bem como os personagens, pode vir a evoluir positivamente em volumes futuros. Gostei do mistério com as marcas, se bem que ache que a autora poderia ter explorado mais o assunto e feito "render um pouco mais o peixe". Mas aquilo de que gostei mesmo foi da descrição. Caragh não escreve lindamente, também não é uma escrita que meta medo e da qual se fuja. Não, é uma coisa muito normal, sem recurso a grandes artifícios. Contudo, consegue descrições vividas e cheias de cor que se transformam em algo magnífico quando se trata de descrever sabores. Neste aspecto fez-me lembrar O Perfume dado que consegui realmente sentir o sabor do pão ou das laranjas na boca enquanto lia a descrição.

Em resumo, é um livro que se lê muito bem mas que não achei aquele "espectáculo" que dizem por aí, embora a ideia seja muito boa. Penso que talvez seja uma leitura ideal para alguém muito mais novo que eu, que não exija grandes explicações por parte do autor e que esteja a iniciar-se neste mundo das distopias.

5.5/10

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Lenda de Sapphique

Título: A Lenda de Sapphique
Saga: Incarceron (Incarceron, #2)
Autor: Catherine Fisher
Tradução: Mário Dias Correia
Edição: Porto Editora
ISBN: 9789720045843
Nº de páginas: 360


"Ele foi o único que escapou.
Agora tem o poder de os salvar... ou destruir.

Finn conseguiu fugir de Incarceron, a terrível prisão viva e o único lar de que tem memória, mas a liberdade está longe de ser o que imaginava.
Cláudia acredita que, se Finn reclamar o direito ao trono do Reino, será capaz de libertar Keiro da temível prisão; mas o Exterior não é o paraíso idílico com que Finn sonhava e o jovem vê-se subitamente prisioneiro de um obscuro jogo de intrigas e mentiras, que adia os seus planos.
Entretanto, na obscuridade de Incarceron, os prisioneiros falam de um homem lendário - Sapphique, o único que conhece os segredos e o único capaz de destruir a prisão. São inúmeras as histórias sobre as suas façanhas, mas haverá alguma verdade nelas? Será que ele existe mesmo?
Dentro e fora, todos aspiram à liberdade... como Sapphique."


Tenho andado a adiar a escrita desta opinião. Não é apenas a falta de tempo é, sobretudo, a dificuldade em escrevê-la. Não sei se alguns de vós já se aperceberam (provavelmente os que me seguem no goodreads) mas este foi o tal livro que demorei um mês a ler. Estava bastante curiosa, pois embora não tenha achado o primeiro livro nada do outro mundo, tinha gostado bastante da ideia por detrás da história (uma prisão criada pelo homem, dotada de inteligência própria...) e esperava que a autora se redimisse neste volume. Na verdade, tinha esperança que o volume anterior tivesse funcionado apenas como uma introdução e que agora as coisas "começassem a aquecer". Estava enganada.

O melhor do livro (que é o último da saga, thank God!!) continua mesmo a ser a prisão - a sua inteligência, as suas vontades e  as suas acções (que podiam ter um bocadinho mais de mistério). Mas este é apenas um aspecto secundário em toda a trama, porque a coisa na verdade gira toda em torno do príncipe herdeiro desaparecido e de uma revolta no reino contra a rainha malvada. As vontades de uma menina mimada e de uma velha igualmente mimada são o ponto que domina a narrativa.
Posso ser uma excepção no meio de todos os leitores desta saga mas a verdade é que me interessava mais saber sobre a prisão, sobre o mundo dos sappienti, sobre o próprio mundo que, aqui, se encontra por decreto real parado numa época longínqua e medieval existindo a proibição do uso de tecnologias e de tudo o que vem do nosso tempo. Mas esses são precisamente os aspectos que a autora descura para dar maior ênfase a uma espécie de romance egoísta e a uma intriga palaciana mal urdida. No fim lá conseguimos ser (um bocadinho pequeno) surpreendidos mas, lá está, num assunto que tem que ver com a prisão e o prisioneiro mais conhecido de todos os tempos - Sapphique.

Foi livro que me custou mesmo muito a ler, por pouco não desisti (mas nestas coisas sou persistente). Estava sempre à espera de uma mudança nos personagens (que achei para lá de estereotipados), de algo que os tornasse mais humanos ou profundos; esperava uma grande reviravolta que mudasse de forma inesperada o rumo das coisas; queria elementos novos que enriquecessem a história. Nada disso aconteceu e a leitura acabou por se revelar um verdadeiro martírio. Talvez o defeito seja meu. Talvez não fosse a altura certa. Não sei... a verdade é que não vou recomendar a ninguém senão àqueles que gostaram verdadeiramente do primeiro volume.

2/10

quarta-feira, 27 de março de 2013

The Queen's Army

"It is time. The boy must leave his family to serve in the Queen's army. To be chosen is an honor. To decline is impossible. The boy is modified. He is trained for several years, and learns to fight to the death. He proves to the Queen—and to himself—that he is capable of evil. He is just the kind of soldier the Queen wants: the alpha of his pack."

Depois de um mês algo calmo no que a leituras respeita (eu sei, estive um mês a ler umas miseras 350 páginas e ainda nem escrevi a minha opinião acerca delas...!! Mas está para breve.) hoje dei uso ao meu kobo. Na verdade, comecei ontem a ler esta short story do universo de Lunar Chronicles (Lunar Chronicles, #1.5 para os utilizadores do Goodreads e afins). Depois de ler o Cinder, fiquei curiosa acerca de alguns aspectos menos desenvolvidos naquele primeiro volume, um deles era o estranho exército da rainha Levana.

Os Lunares são, em alguns aspectos, bastante diferentes dos humanos, possuindo capacidades que para a nossa raça não passam de sonhos ou ficção que povoa livros e filmes (não peçam para adiantar mais que não quero entrar em spoillers). Mas se os dons desta raça já são, por si só, estranhos que dizer do seu exército? Tudo o que percebemos em Cinder é que aqueles que o constituem não são humanos ou lunares normais. Em The Queen's Army tudo se clarifica sendo o leitor convidado a seguir Ze'ev, um jovem lunar, desde a noite em que é literalmente arrancado à cama afim de se juntar aos recrutas (forçados, como é óbvio. Isto com a Levana não há voluntarismos...) até que ganha o direito de integrar uma força especial do exército. Pelo meio, as transformações físicas e psicológicas - forçadas e naturais - sucedem-se e Z vai ter que demonstrar maior força do que a que supunha ter para se ultrapassar a si mesmo a cada passo da sua estranha e perigosa jornada.

Gostei muito deste pequeno conto porque, além de nos mostrar mais acerca do exército lunar e do seu funcionamento, deixa muito em aberto para o próximo volume desta saga. Estou mais curiosa com o Scarlet  (que como o nome indica tem o Capuchinho Vermelho em destaquedo que supunha ser possível. A autora não defraudou e aplicou-se na transmissão dos sentimentos de Ze've conseguindo, logo nas primeiras páginas, criar uma grande empatia do leitor com o personagem. As descrições das cenas de luta e violência também estão bastante boas. É um conto violento, porque o ambiente e os personagens assim o obrigam, mas não é nada que choque demasiado. Há uma espécie de equilíbrio de forças que me pareceu bastante bem conseguido principalmente tendo em conta o público mais YA a que o título se destina.

Sendo um volume bastante pequeno não há muito mais a dizer (não querendo arriscar spoillers). Fiquei bastante contente comigo (outra vez!!!) por ter conseguido lera coisa toda em inglês mas, para quem quiser tentar e esteja algo receoso (pode haver aí mais gente como eu.), o vocabulário usado é bastante simples. Aberto o apetite com este conto, resta-me agradecer à Maria João que mo enviou e das duas uma - ou esperar pela edição portuguesa do Scarlet, ou ganhar coragem para me lançar a ele na versão original.

7/10

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cinder

Título: Cinder
Série/Saga: Lunar Chonicles, #1
Autor: Marissa Meyer
Tradução: Victor Antunes
Edição:  Editorial Planeta
Nº de páginas: 318
ISBN: 9789896573270

"Com dezasseis anos, Cinder é considerada pela sociedade como um erro tecnológico. Para a madrasta, é um fardo. No entanto, ser cyborg também tem algumas vantagens: as suas ligações cerebrais conferem-lhe uma prodigiosa capacidade para reparar aparelhos (autómatos, planadores, as suas partes defeituosas) e fazem dela a melhor especialista em mecânica de Nova Pequim. É esta reputação que leva o príncipe Kai a abordá-la na oficina onde trabalha, para que lhe repare um andróide antes do baile anual. 
Em tom de gracejo, o príncipe diz tratar-se de «um caso de segurança nacional», mas Cinder desconfia que o assunto é mais sério do que dá a entender. 
Ansiosa por impressionar o príncipe, as intenções de Cinder são transtornadas quando a irmã mais nova, e sua única amiga humana, é contagiada pela peste fatal que há uma década devasta a Terra. A madrasta de Cinder atribui-lhe a culpa da doença da filha e oferece o corpo da enteada como cobaia para as investigações clínicas relacionadas com a praga, uma «honra» à qual ninguém até então sobreviveu. Mas os cientistas não tardam a descobrir que a nova cobaia apresenta características que a tornam única. Uma particularidade pela qual há quem esteja disposto a matar."

Quando parti para a leitura de Cinder já sabia de antemão tratar-se de uma distopia que pretendia recontar a fábula de Cinderela. Também tinha a perfeita consciência de que se trata de um livro virado para um público mais YA, de modo que não exigi muito da autora. Nesse aspecto até fui surpreendida. Esperava uma coisa algo mais infantil do que aquilo que realmente encontrei e só me posso dizer contente com isso. Ainda assim, nem tudo são rosas e o livro também tem as suas falhas e estas podem significar muito para alguém com expectativas mais elevadas.

Depois da Quarta Guerra Mundial o mundo sofreu enormes modificações e, ainda assim, muitas coisas continuam a ser como hoje as conhecemos. Na capital da Comunidade dos países orientais, Nova Pequim, há cidadãos de primeira e aqueles que tentam sobreviver como podem, há aqueles que trabalham arduamente para ganhar o seu sustento e os que têm uma vida de fausto e riqueza, existem os humanos e, muito abaixo deles, os cyborgs. Parece-me a mim que o ponto alto do livro é mesmo a descrição da cidade que, embora nem sempre evidencie de modo directo estas distinções sociais, nos dá um retrato muito realista desta Nova Pequim assolada pela peste e em que os humanos usam os cyborgs e andróides a seu bel-prazer como se nenhuns deles fossem dignos de respeito ou dotados de sentimentos. Até os mais pobres entre os pobres olham para estes seres como se nada fossem senão lixo. 

Acontece que um desses cyborgs é especial. Cinder(ela) é a melhor mecânica da cidade. Ironicamente, ela é também uma jovem cyborg cujo corpo é 36% constituído por partes electrónicas e mecânicas. Trabalha arduamente para sustentar a madrasta e as duas irmãs mas está longe de ser a angélica "santinha de altar", boazinha e resignada a que nos habituamos. Tem sonhos de fuga, manda umas bocas e desobedece sempre que pode. Mas, como boa adolescente que é (e aqui foi onde a coisa começou a falhar um bocadinho, a meu ver), apaixona-se quase automaticamente quando conhece o príncipe Kai e, embora por motivos de força maior, acaba por ir ao baile e passar uma vergonha das antigas (bem ao estilo blockbuster americano...). Eu nem digo que a moça não fosse ao baile (que raio, a Cinderela sem baile não é Cinderela!) mas com tanta intriga política e com tanto mistério, tanta acção a coisa podia ter sido toda um bocadinho menos previsível.  É que, caramba, a personagem tem todas as características necessárias para se tornar uma durona, um personagem feminino forte que não está - nunca esteve ao longo do livro - à espera que o príncipe venha salvá-la mas um leitor um bocadinho mais experiente consegue adivinhar o desfecho TODO mais ou menos a meio do livro. É uma pena porque a moça tem potencial (e a ideia por detrás do livro também, sejamos justos).

Ficou por explicar o mistério todo por detrás dos Lunares. Sim, há vida na Lua e gostei bastante da ideia mas a autora falhou ao não a desenvolver, pelo menos neste volume. Não sabemos de onde vêm os poderes dos Lunares ou o porquê da maldade que parece ser genética na sua família real e súbditos mais próximos. São maus porque são maus!! Mas penso que a ideia da autora talvez tenha sido introduzir o tema para depois o desenvolver noutro livro. Pelo menos, dá disso sinais. Outra coisa que me custou um bocado foi a falta de caracterização dos personagens (excepto a rainha má - Levana). Só nos são dados aspectos mais ou menos genéricos, não há uma descrição mais detalhada e, por vias de estarmos em Nova Pequim, levei o tempo a tentar imaginar as personagens na sua versão oriental (sem contar com os lunares, o doutor, Fateen e a própria Cinder porque nos são apresentados como tendo algumas características diferentes. Mas se calhar, também não fui muito bem-sucedida nesta parte). Foi confuso!!

Em suma, é uma leitura leve  e que acaba por fluir muito facilmente devido a toda a acção e ao humor (principalmente com o andróide Iko que conseguiu arrancar-me boas gargalhadas e até uma lagrimita com o seu destino...). A heroína e o cenário têm imenso potencial e podem evoluir de forma muito positiva mas, antes de ler, lembrem-se que se trata da Cinderela e que é literatura YA. Vou, sem sombra de dúvida, dedicar-me a Scarlet - o segundo volume da série - logo que possível.

6,5/10

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Já está aí a Lenda de Sapphique

Como já tinhamos anunciado na nossa página do facebook, chega dia 11 de Fevereiro às livrarias "A Lenda de Sapphique". Já traduzido para 25 línguas, este é o segundo volume da saga iniciada com Incarceron cuja minha opinião poderão ler em breve (é uma das que tenho atrasadas mas vou redimir-me...).
 Para os mais curiosos, a Porto Editora disponibiliza as primeiras páginas deste novo lançamento aqui.

Sinopse:

"Ele foi o único que escapou.
Agora tem o poder de os salvar… ou destruir.
Finn conseguiu fugir de Incarceron, a terrível prisão viva e o único lar de que tem memória, mas a liberdade está longe de ser o que imaginava…
Cláudia acredita que, se Finn reclamar o direito ao trono do Reino, será capaz de libertar Keiro da temível prisão; mas o Exterior não é o paraíso idílico com que Finn sonhava e o jovem vê-se subitamente prisioneiro de um obscuro jogo de intrigas e mentiras, que adia os seus planos.
Entretanto, na obscuridade de Incarceron, os prisioneiros falam de um homem lendário – Sapphique, o único que conhece os segredos e o único capaz de destruir a prisão. São inúmeras as histórias sobre as suas façanhas, mas haverá alguma verdade nelas? Será que ele existe mesmo?
Dentro e fora, todos aspiram à liberdade… como Sapphique."


domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Passagem - Volume II

Título: A Passagem - Volume II
Autor: Justin Cronin
Tradução: Miguel Romeira
Edição: Ed. Presença
Nº de páginas: 416
ISBN: 9789722346184

Ler excerto aqui.

"Neste segundo volume do livro A Passagem, a humanidade vive uma era de trevas em que a sobrevivência dita as leis, não só em função dos ataques dos mutantes virais, mas em relação a quase tudo que tem ser recuperado, adquirido e reinventado. Passaram entretanto noventa anos sobre a catástrofe e a Vagante, como muitos lhe chamam, regressa de uma longa e solitária jornada de décadas. Como numa viagem iniciática, durante essa obscura deriva ganhou forma dentro dela o terrível conhecimento de que ela é a Única que tem o poder de salvar o mundo destruído por aquele pesadelo."

Li o primeiro volume, publiquei aqui a minha opinião e não resisti, logo de seguida tive que pegar neste. Estava de tal modo curiosa e visto que este é a segunda parte do livro original (sim, na versão portuguesa o primeiro livro foi dividido em dois), que achei que não valia a pena estar à espera ou a meter outras coisas pelo meio.
Na verdade, a divisão foi bastante bem feita. O primeiro volume funciona como uma espécie de introdução, não apenas do contexto da narrativa mas também dos personagens, e no final dão-nos um "cheirinho" do inicio das coisas. Neste segundo volume tudo acontece a um ritmo mais vertiginoso e há mais informação, não apenas para o leitor mas, sobretudo, para os personagens. Uma coisa engraçada que notei é que nos envolvemos tanto com os personagens e com o seu estilo de vida na colónia, que nos esquecemos que, na verdade, sabemos muito mais daquele mundo que eles. O leitor conhece a origem de tudo mas, durante parte da narrativa no segundo volume colocamos, quase inconscientemente, esse conhecimento de parte (é uma das coisas especiais na escrita deste autor). Agora, que o mundo se estende em frente dos protagonistas, já podemos lembrar-nos de tudo, já há uma necessidade de nos preocuparmos com eles, uma vontade de que saibam o que nos sabemos para se poderem proteger e sobreviver. 

Contudo, com o devorar das páginas compreendemos que ainda há muito sobre este novo mundo que desconhecemos e vamos descobrir novos e tenebrosos elementos, conhecer novos personagens juntamente com o audacioso grupo de aventureiros de quem nos tínhamos despedido no volume anterior. Gostei especialmente da orgânica inerente dos virais, da explicação de alguns dos seus comportamentos e da lógica por detrás de tudo.

Na verdade, não posso dizer muito mais porque iria cair obrigatoriamente em algum spoiler, é complicado escrever esta opinião por causa disso. Posso apenas recomendar (recomendar muito) a leitura destes dois livros porque  se antes eram uma distopia madura, bem pensada e que nos prendia desde as primeiras páginas agora a narrativa está definitivamente a "aquecer" e neste volume tudo é mais. Mais suspense, mais mistério, mais perigo, mais mortes, mais luz, mais estrelas, mais amor (nada de exageros. Este autor parece que me conhece e escreveu só para mim - nada de lamechices excessivas, estamos a lutar pela sobrevivência da raça humana!!!), mais explicações mas também mais perguntas sem resposta. 
Já estou ansiosa pelo próximo volume - The Twelve no original (porque será??? :) ) - que, segundo me foi dito esta semana pela editora, já está a ser traduzido e prevê-se seja editado no segundo semestre deste ano.

8,5/10

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Resistência - Ninguém pode decidir por ti

Título: A Resistência - Ninguém pode decidir por ti
Autor: Gemma Malley
Tradução: João Martins
Edição: Ed. Presença
Colecção: Noites Claras
Nº de páginas: 320
ISBN: 9789722345835

A Resistência é a obra que vem dar continuidade a O Pacto - o Crime de Ter Nascido, que a Presença publicou também nesta coleção. Continuamos no ano de 2140. A imortalidade foi alcançada, mas à custa de renunciar à descendência, através de um compromisso, o Pacto. Peter e Anna são dois Excedentes, duas crianças que não deviam ter nascido. Peter recebe a missão de desvendar o que se passa no programa secreto de Longevidade e é então que descobre uma verdade aterradora que o fará questionar tudo aquilo em que sempre acreditou.

Li o primeiro volume desta trilogia, O Pacto, em 2009 e lembro-me perfeitamente de, apesar da trama ser muito simples (afinal é um livro dirigido para um público YA), ter ficado muito tempo a pensar nas questões que eram levantadas ao longo da narrativa. Eram sobretudo questões ligadas à preservação da natureza e de cariz mais ambientalista, fundadas nos alertas feitos relativamente ao desenvolvimento cientifico e tecnológico que nos deixam tão confiantes de nós mesmos que até nos esquecemos que os recursos se esgotam, que tudo acaba um dia.

Penso que, A Resistência vai deixar marcas ao mesmo nível. A trama continua simples e, em alguns aspectos, bastante previsível mas Gemma Malley continua a abordar os problemas e as perturbações da alma humana de um modo especial. É subtil, quase nem damos por ela mas depois... depois damos connosco a pensar naquilo que lemos há umas horas, a reflectir sobre os sentimentos e questões profundas levantados de modo tão discreto. Os temas abordados sofrem algumas diferenças mas o que despertam no leitor é muito semelhante.

A um nível mais superficial, A Resistência é um livro sobre os dissidentes, os insatisfeitos que lutam contra o sistema instituído, aos quais se juntam Peter e Anna em missões de alto risco. A este nível encontramos uma das coisas que mais me agrada nesta série - o romance é quase nulo. (Sim, podem crucificar-me à vontade mas aquelas lamechices de se amarem todos muito e irem salvar o mundo, salvando-se a eles mesmos e ao seu amor que povoam este tipo de narrativas irrita-me em demasia. Que coisas melosas e irrealistas...!!) Os protagonistas amam-se, tentam fazer o possível para não se magoar um ao outro mas não andam sempre coladinhos e a fazer juras de amor eterno; acaba por ser uma coisa mais realista, afinal de contas quem anda por ai infiltrado, a correr riscos e vigiado a toda a hora tem mais que fazer e com que se preocupar.

A um nível mais profundo, Gemma Malley aborda o tema da resistência humana nos seus vários níveis e assumpções possíveis. Medo da morte e do que poderá, ou não, vir depois. Quem o não tem? Quantos de nós sacrificaríamos tudo para poder escapar-lhe! E depois da escolha feita, como se resiste a uma eternidade de tédio, de inutilidade e futilidade? Mas a questão só se coloca quando existem alternativas. E quando estas desaparecem porque fomos enganados? É interessante ver espelhados num livro tão simples e tão fácil de ler os maiores medos e desejos do ser humano; ler ali retratada a imensa resistência que temos à dor e à traição (porque na verdade a esperança é mesmo a última que morre), o desejo de segurança e conforto que a todos nós é comum; e, sobretudo, a resistência e força conseguidas quando lutamos por algo em que acreditamos, quando queremos apenas o fim de uma injustiça e poder decidir por nós mesmos que rumo dar às nossas vidas.

7/10

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dystopia Reading Challenge 2013

Host: Blog of Erised

Bem, nesta altura do ano todos começamos a fazer os balanços habituais: as leituras que fizemos, as que queriamos ter feito, as melhoes ou as piores leituras do ano... E começamos também a preparar as leituras do próximo ano. Eu não sou excepção à regra. Hoje decidi participar num desafio literário que achei interessante, ler "distopias" (podem fazer clik na imagem acima para irem dar directamente à página). Vou tentar chegar ao nível 2 - Rebel ppor me parecer o mais razoável mas... logo se verá!!!

Os níveis são:
Level 1: Recruit (1 to 6 books)
Level 2: Rebel (7 to 12 books)
Level 3: Revolutionist (13 to 18 books)
Level 4: Leader (19+ books)

Ainda não fiz a minha lista de leituras, até porque tenho como objectivo, no ano que vem, deixar-me de tretas e começar a ler mais em inglês e francês e pode ser que este desafio seja um bom incentivo. Vou-vos pondo ao corrente até porque nas regras diz que não é necessário ter uma pré-lista, apenas que se vá lendo e que nos divirtamos com isso.


Mais alguém vai aderir??