A tão afamada crise, que já tudo justifica, é o partir da casca da nossa civilização, é já o rachar do gelo a caminho de uma nova era, de um outro mundo possível.
No entanto, por debaixo desta casca, encontra-se uma profunda crise de valores civilizacionais para os quais os políticos e a comunicação social não alertam. O fuso entre os ricos e os pobres cada vez mais se agrava, sendo cada vez mais numerosos e extremos os casos de pobreza. No mundo actual é inadmissível que tantas crianças morram de fome. A predominância de conflitos bélicos, injustificáveis e de interesses duvidosos, enriquecem e usurpam povos. Estamos numa sociedade que não sabe o que come( doença das vacas loucas, a gripe das aves, agora a gripe dos suínos). Problemas ambientais graves que ninguém consegue parar e que colocaram em causa as gerações vindouras. (Daqui a uns bons anos os jovens irão dizer: “ - As pessoas que estiveram aqui estragaram isto tudo”) O endividamento das pessoas agrava-se, prolongando-se na monotonia do trabalho. O desemprego é cada vez maior, quando atira as pessoas para a esquina da inutilidade. Doenças que não têm cura ou tratamentos médicos que se prolongam conforme a carteira do paciente e uma sociedade onde a comunicação controla as mentes das pessoas com a ajuda dos variados agentes publicitários.
Estes assuntos já não são questões para informar, todos nós já sabemos. Não é uma questão de sensibilização, todos nós já estamos fartos. Não são questões para preocupações, todos já sabemos que as preocupações não resolvem nada. Isto já é um assunto pessoal e alarmante.
Imaginemos uma fruta : a casca já está partida pela crise financeira. O revestimento da nossa sociedade é feito com dinheiro. A polpa já está a apodrecer (fome, guerras, doenças, etc) pela falta de valores humanos. Só nos resta a semente - o ser humano
