CARDÁPIO
sábado, 23 de maio de 2009
"Le radeau", de Mathieu Chedid
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Lula com shiitake e geleia
4 lulas inteiras
Shiitake cortado em tiras
Salsão (aipo) cortado em rodelas
Geleia – de preferência, sem muito açúcar e à base de alguma fruta escura (morango, cassis, jabuticaba etc.)
Gengibre picado fino
Alho picado fino
Shoyu diluído em um pouco d’água
Uma colher de café de maisena (com s: lembre-se que Maizena, com z, é a grafia antiga, que permaneceu como marca registrada da Duryea)
Pimenta síria
Sal e pimenta-do-reino
¼ de um tablete de manteiga (50g)
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Brócolis cozido no vapor e pão para acompanhar
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Preparo
Trate as lulas: retire, com muito cuidado, a tinta, que se localiza naquelas duas bolinhas que parecem olhos. Retire da “cabeça” dela uma certa massa gordurosa, caso encontre (parece uma gelatina sem cor). Já encontrei surpresas curiosas, como um peixe inteiro ou até um caranguejinho qua a lula comeu. Lave e, em seguida, deslize a ponta do dedo por dentro da lula até achar uma espécie de cartilagem: é a “espinha”. Puxe-a delicadamente, para que ela não quebre. Se você não conseguir tirar tudo e ainda sobrar um pedaço, fique tranquilo, porque não espeta. Só vai fazer um “croc-croc” desagradável na hora de comer.
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Numa frigideira de fundo grosso, doure o alho e o gengibre em metade da manteiga e refogue o shiitake com o salsão. Reserve. Tempere as lulas com o sal e as pimentas e, na mesma frigideira, passe-as no restante da manteiga até que amaciem (a lula costuma ser bem mais macia do que o polvo, e o cozimento excessivo deixa a carne dura).
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Acenda o forno a 200° C. Com uma colher pequena e muita delicadeza, recheie as lulas com o refogado de shiitake e salsão. Unte um refratário com manteiga ou azeite e forre-o com pedaços de brócolis. Disponha as lulas por cima e leve ao forno para aquecer (5 minutos no máximo).
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Volte à frigideira para fazer o molho: misture o shoyu com a maisena e leve ao fogo, mexendo até começar a engrossar. Acrescente a geleia e misture bem. Sirva imediatamente, acompanhado de pão (que serve para puxar o molho do prato, “técnica” francesa chamada tremper son pain).
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Jô Soares entrevista Michel Legrand
Abertura (escute com fones de ouvido para apreciar melhor)
2ª parte
terça-feira, 12 de maio de 2009
Minha religião
Ateu militante
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A ideia por trás do debochinho era, provavelmente, que defender publicamente o ateísmo, como faz Dawkins, é um contra-senso, que seria um proselitismo igual ao das religiões. Em reação ao crescente movimento de autoafirmação dos ateus, alguns soltam a pérola: o ateísmo é uma religião como as outras. Numa de minhas andanças pela Internet, encontrei essa resposta magistral: “afirmar que o ateísmo é uma religião é o mesmo que dizer que calvície é uma cor de cabelo ou que sedentarismo é um esporte”. Na mosca!
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Ateu militante (sem aspas, uma vez que me considero um) é aquele que luta contra o preconceito de que são vítimas os que não compartilham das crenças dominantes e que considera importante defender o Estado laico das investidas dos grupos religiosos.
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Segundo: sem um Estado verdadeiramente laico, não há democracia. Deixo, aqui, de lutar contra o preconceito para lutar apenas pelo respeito à constituição. O avanço dos grupos religiosos na política leva a bizarrices como o caso de algumas escolas públicas americanas que ensinam o criacionismo ao lado da teoria da evolução ou até no lugar dela. Para um caso extremo, basta citar o Irã. A questão é importante e menos complicada do que gostam de pintar: a oposição de muitos grupos cristãos ao desenvolvimento de pesquisas com células-tronco embrionárias pode, no futuro, fazer com que eu (ou você) fique privado de um tratamento médico adequado. Que poderia ter sido desenvolvido caso as pesquisas não tivessem sido barradas por conta de dogmas que não se justificam aos olhos da lei. (Hoje, até onde sei, as pesquisas estão liberadas, mas tenho certeza de que a galerinha do “pró-vida” não vai deixar barato.)
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Poderia mencionar que nenhum ateu entra em ônibus para fazer pregação nem diz que as pessoas que creem vão arder nas chamas do inferno. Poderia dizer que o fato de acreditar que a vida é uma só me inspira a basear minha vida numa moralidade racional e a buscar o que é verdadeiramente essencial na vida: amor e amizade. Poderia explicar diversos efeitos negativos dos dogmas religiosos (guerras, intolerância, discriminação, violência simbólica...).
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Mas vai que você me diz que estou parecendo um crente tentando arrebanhar fiéis?
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Feijoada sem frescura
A feijoada à la Sandrrô, explicada numa verdadeira superprodução. Lembre-se que a feijoada nasceu na senzala: era o feijão que os escravos comiam, enriquecido com farinha e algumas partes consideradas "menos nobres" do porco: pé, orelha e rabo. Linguiça e bacon foram acrescentados bem mais tarde, quando o prato passou a frequentar mesas mais abastadas.
O conceito de cortes "nobres" (que seriam as partes mais carnudas e mais macias do animal) é arbitrário e as pessoas que torcem o nariz para algumas partes do boi ou do porco deixam claro que têm um paladar limitado e que não entendem de cozinha. É um erro, por exemplo, pensar que filé mignon é melhor do que músculo ou bucho (ok, "dobradinha", se você prefere). O filé é, evidentemente, o corte ideal para fazer bife (que, para valer a pena, deve ser grosso e malpassado); músculo é melhor para fazer ensopado; e bucho é muito gostoso. Se você nunca comeu, não sabe o que está perdendo; se já comeu e não gostou, azar o seu de ser fresco!
No caso da feijoada, o rabo, a orelha e o pé conferem ao prato seu aroma característico. Além disso, a "gelatina" do pé, quando bem cozida, derrete na boca e dá ao caldo uma untuosidade e um aveludado maravilhosos. É isso aí: feijoada é coisa muito fina, meu irmão. Não fica devendo nada à paella ou a qualquer prato tradicional da cozinha francesa.
Resumindo a história: feijoada que só tem bacon, linguiça e carne seca não passa de feijão enfeitado!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
"As aventuras de Molière" (e algumas observações sobre vocabulário)
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Aqui você confere o trailer:
Na história, provavelmente fictícia, vemos qual teria sido a inspiração para dois dos maiores textos de Molière: Tartuffe e Le bourgeois gentilhomme. Aqueles que tiverem mais conhecimento de francês poderão, também, saborear um pouco a linguagem do século 17. Seguem alguns exemplos:
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Sieur, em vez de monsieur.
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Fort bien, forma hoje erudita de très bien.
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Présent (presente, no sentido de “presente de aniversário”), e não cadeau – présent com esse sentido é, atualmente, um termo literário.
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Baiser no sentido de “beijar”. É bom não confundir: ao passo que un baiser (substantivo masculino) realmente se traduz como “um beijo”, o verbo baiser (transitivo direto ou intransitivo) significa... como dizê-lo de maneira elegante? “Ter uma relação sexual com”. E não é um termo bonitinho como faire l’amour. Na verdade, faz parte de um grupo que inclui outros verbos que chocam ouvidos sensíveis, como niquer, enfiler, enculer, miser ou tringler. A evolução do termo baiser é explicada nesse pequeno vídeo de Bernard Cerquiglini (Merci professeur, no site da TV5). Já na época de Molière, como nos explica Cerquiglini, baiser tinha dois sentidos, o que era evidentemente fonte de humor.
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Para “beijar”, diz-se embrasser ou donner un bisou, mas baiser é usado quando se trata de beijar uma parte do corpo (estou pensando na mão ou na testa!) – Elle m’a baisé la main – embora me pareça preferível dizer Elle m’a donné un bisou sur la main, para evitar mal-entendidos. O substantivo masculino baisemain designa, assim, o gesto atualmente um pouco raro de beijar a mão de alguém, mas o substantivo feminino baise corresponde a algo que não se pode fazer em público. Faire la bise (bise e não baise, cuidado!) é dar aquele cumprimento dos três beijinhos (que podem ser dois, três ou até quatro na França, sendo que não se costuma necessariamente abraçar a pessoa). Um bisou é um “beijinho”, e se enviamos uma carta a uma pessoa íntima, podemos concluir com Bisous ou Je t’embrasse.
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Para “abraçar” (que, na época de Molière, se dizia embrasser), temos serrer (ou serrer dans les bras) e étreindre (de onde sai o substantivo feminino étreinte, “abraço” – accolade é um termo que nunca vi um francês usar e que me parece um tanto antigo). Mas se você escrever uma carta amigável e tiver vontade de encontrar um equivalente ao nosso “Um abraço”, não caia na tentação de dizer Je t’étreins ou Je te serre. A pessoa pode achar que se trata de assédio sexual! Contente-se com algo menos “colante”, como Amitiés, Cordialement, Bien à vous ou simplesmente... À bientôt.
François Ozon (1): "Oito mulheres"
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1998 : Sitcom
1998 : Les Amants criminels
1999 : Gouttes d'eau sur pierres brûlantes
2000 : Sous le sable
2001 : Huit Femmes
2003 : Swimming Pool
2004 : 5×2 (lê-se “Cinq sur deux”)
2005 : Le Temps qui reste
2006 : Angel
2009 : Ricky
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Hoje, gostaria de apresentar “8 mulheres” (Huit femmes), mistura de comédia, suspense e musical (as atrizes interpretam clássicos da música francesa). Confira o trailer. A narração em francês é bastante clara, mas, se você tiver alguma dificuldade para entender, é só conferir as legendas:
Aqui você confere um trailer mais completo (infelizmente, a incorporação estava desativada):
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Pile ou face (Cara ou coroa), com Emmanuelle Béart:
Papa t’es plus dans le coup (Papai, cê tá por fora), com Ludivine Sagnier: