Tenho no corpo cansaços...nas mãos pedaços de vento
Nos meus braços embalo desejos bordados de carmim
No peito flores envelhecidas...tecidas de dor e lamento
Nos meus olhos trago soluços e tanta saudade de mim
Adormece o meu corpo nas folhas de Outono envolto
Foi sol nascente...hoje é ocaso pelo tempo entristecido
Habitado por silêncios e vestido de penumbra jaz morto
Esperando a eternidade vai vivendo de saudade vestido
No meu corpo te esperei...na tua ausência me chorei
Na minha loucura te chamei como se chamasse a vida
Em cada poema te escrevi...em cada rima me desnudei
Em cada gole de solidão que bebi...sangrei esta ferida
Os anos passaram...os desenganos...as noites e os dias
Os sonhos que se desfizeram...as ilusões que morreram
Os carinhos que se perderam... nas noites tão sombrias
As rugas e os cansaços que meus olhos entristeceram
Morrem-me na memória...as Primaveras que não vivi
Num grito de despedida que tristemente grito ao tempo
Num beco escuro deixo escrito a sangue tudo que senti
Labirinto sem saída...passos perdidos do meu lamento
São lírios os meus olhos...magoados e tristes...sem vida
Negros e sombrios são da dor a agonia do amor a solidão
São o silêncio da noite escura...duas portas sem guarida
São da luz a escuridão...estrelas cadentes na imensidão
Rosa Maria (Maria Rosa de Almeida Branquinho)