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sexta-feira, 20 de março de 2015

"Colheita Maldita"

Talvez você já tenha se perguntado: e se o mundo fosse governado por crianças? Eu mesmo já me fiz essa pergunta quando era pequeno e a imagem de um mundo melhor veio à minha cabeça. Contudo, uma perspectiva bem diferente acerca de tal questão me foi apresentada no início da adolescência pelo filme “A colheita maldita” (1984, direção de Fritz Kiersch).
No filme, uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos passa a ser controlada por crianças e adolescentes. Baseado em um conto do escritor norte-americano Stephen King, “A colheita maldita” elabora uma imagem bastante negativa de uma sociedade governada por crianças. Com elas no comando, a cidade se vê entregue à violência, ao terror e aos caprichos dos mais jovens que, aliás, chegam a matar os próprios pais. A obra até explica que aqueles meninos e meninas estão sob o domínio de uma força sobrenatural maligna, mas, ainda assim, a imagem que se tem das personagens infantis e adolescentes é de pessoas mimadas. Segundo o filme, não há um mundo melhor com as crianças no poder, mas justamente o contrário: um cenário de completo horror.
Guardadas as devidas proporções, o fato é que essa obra de ficção me faz pensar na educação de nossas crianças e de nossos jovens atualmente. O que se tem visto em muitas famílias brasileiras são pais e mães completamente dominados pelos filhos. Talvez como uma compensação pelo longo período passado fora de casa, no trabalho, muitos pais têm dado a seus filhos uma educação bastante permissiva, impondo poucos limites às vontades das crianças ou até mesmo nenhum. Não por acaso, psicólogos têm usado o termo “infantocracia” exatamente para descrever a situação na qual os filhos governam os pais e mandam em casa. As crianças estão assumindo o controle em muitos lares.
Não creio que essa seja uma boa forma de plantar um futuro melhor para a nossa sociedade. De fato, alguns frutos dessa verdadeira “colheita maldita” já podem ser vistos cotidianamente: crianças e adolescentes que não sabem ouvir um “não” e que ficam extremamente tristes ou irritados quando a vida coloca uma frustração em seu caminho, muitas vezes respondendo até com violência às decepções.
Lutar contra tal processo é uma tarefa da qual os pais não devem fugir. Afinal, uma boa educação não se faz apenas com colégios caros, conforto, amor, diálogo e muito carinho, mas também com limites. As crianças não devem crescer pensando que podem fazer tudo o que querem.
(Texto originalmente publicado na Coluna do Nehac do Jornal Correio de Uberlândia no dia 25 de abril de 2014.)

Biblioteca Escolar


Há algumas semanas um amigo publicou no Facebook uma estatística que me fez pensar no hábito da leitura e na minha relação pessoal com os livros. Segundo a postagem, “87% dos não leitores nunca foram presenteados com livros na infância”. Ao me deparar com tal informação foi impossível não rememorar a minha trajetória pessoal.

Pois bem, nunca ganhei um livro sequer na minha infância e devo dizer que os estímulos à leitura eram bastante raros naquele período de minha vida. E, no entanto, eu desenvolvi uma verdadeira paixão pela leitura, de modo que hoje os livros fazem parte do meu cotidiano de maneira bastante intensa. Com efeito, creio que o surgimento do hábito da leitura não depende apenas do fato de se ganhar livros, afinal, a própria pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (2011), de onde a estatística que citamos no início deste texto foi tirada, informa que 60% dos leitores também nunca foram presenteados com livros.

Como se vê, o fato de não ganhar livros não impede totalmente que o gosto pela leitura apareça. Mas, se o estímulo a esse hábito tão importante não vem de casa e nem dos amigos, de onde ele pode vir? É aqui que rememoro a minha trajetória pessoal. No meu caso, ler tornou-se um hábito a partir de 1999, quando fui estudar na Escola Estadual Professor Vicente Lopes Perez, situada na cidade de Monte Carmelo (MG). Naquele colégio, conhecido por “Polivalente”, havia uma bem organizada biblioteca escolar localizada em um ponto estratégico e que contava com bibliotecárias atenciosas. Aquele era um lugar confortável para se estar, que convidava o aluno a entrar e o estimulava a explorar o acervo de livros ali existente.

Penso que este deve ser um exemplo para as bibliotecas de nossas escolas hoje. A biblioteca escolar precisa ser um lugar capaz de atrair o aluno. Infelizmente, em muitos de nossos estabelecimentos de ensino, estes espaços estão escondidos, não contam com uma organização eficiente e não são nada atraentes para os estudantes. Ora, se a criança ou o adolescente não tiver um estímulo à leitura nem em casa e nem na escola, aí sim acredito que esse hábito pode não surgir. Restará em casos assim, talvez, torcer para que o jovem adquira o gosto pela leitura por meio de outros caminhos.

No meu caso, a biblioteca escolar do Polivalente de Monte Carmelo foi fundamental na minha formação. Gosto de pensar que aquelas estantes cheias de livros mudaram a minha vida. Devo muito do que sou àquela biblioteca e deixo aqui registrada a minha profunda gratidão.

(Texto originalmente publicado na Coluna do Nehac do Jornal Correio de Uberlândia no dia 31 de janeiro de 2014.)

Recursos audiovisuais e ensino de História

O meu trabalho como professor de ensino médio na Escola Estadual Messias Pedreiro, localizada na área central da cidade de Uberlândia, tem me proporcionado não só o contato com uma nova geração de jovens, mas também a oportunidade de pensar questões atinentes ao ensino de História, disciplina da qual sou professor. Sob esse prisma, tem me chamado a atenção o amplo conjunto de possibilidades do uso de recursos audiovisuais no processo de ensino e aprendizagem de História.
Há poucas semanas pedi aos meus alunos das turmas de segundo ano do ensino médio que se organizassem em grupos e apresentassem trabalhos sobre algumas revoltas ocorridas no campo e na cidade durante o início do século 20 no Brasil. Tais trabalhos foram apresentados nos últimos dias e fiquei realmente impressionado com a qualidade de muitos deles. Algo que merece destaque nesta experiência é o fato de que muitos dos meus alunos se mostraram extremamente hábeis em manusear equipamentos de som e vídeo para a apresentação dos trabalhos (uma habilidade que pode até assustar os mais velhos). Já na elaboração dos mesmos a pesquisa na internet se mostrou importante, não apenas na construção de textos mas também na montagem de vídeos e apresentações de slides, com imagens diversas e músicas encontradas na web.
Neste sentido, os alunos se mostraram capazes não só de realizar pesquisa histórica, mas também de apresenta-la aos colegas de maneira bastante agradável e, em certos casos, bastante divertida, pois alguns grupos usaram do bom humor nas apresentações. Tal experiência me mostrou o papel que pode ser desempenhado pelos recursos audiovisuais e as modernas tecnologias no ensino de História na atualidade. Os mais jovens são pessoas extremamente adaptadas a todo o aparato tecnológico moderno e a escola deve estar atenta a isso. O uso de tais recursos audiovisuais pode tornar o ensino mais dinâmico e prazeroso para os nossos alunos, uma vez que eles lidam tão bem com essas linguagens.
No caso do ensino de História, tal prática é interessante pois amplia consideravelmente a gama de materiais a serem trabalhados pelo professor em sala de aula, que não precisa mais – e nem deve – ficar restrito ao livro didático. Por fim, cabe salientar que não se deve esperar que a tecnologia faça o trabalho do professor, pois ele continua sendo um agente importantíssimo na educação, o profissional que deve orientar os alunos no uso dessas modernas ferramentas para a construção do conhecimento.
(Texto originalmente publicado na Coluna do Nehac do Jornal Correio de Uberlândia no dia 04 de outubro de 2013.)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Estado Brasileiro e a Educação das Nossas Crianças


A recente decisão do Governo Federal de propor uma lei que proíbe palmadas e beliscões de caráter ``educativo´´ nas crianças gerou bastante polêmica. Evidentemente, sou contra o espancamento de crianças e adolescentes, mas acredito que tal lei não contribuirá em nada para a melhoria da educação das nossas crianças.

O que o governo parece não entender é que educar é uma tarefa bastante complexa. Como evitar que um pai ou uma mãe nunca perca a paciência com o seu filho? Como impedir aqueles momentos de raiva?
Mas ainda há outro problema no tal projeto de lei: como policiar pais de todo o Brasil? Como fiscalizar o país inteiro? Será que as pessoas vão denunciar todo e qualquer pai ou mãe que esteja dando uma palmadinha em uma criança? Acho que não.

Ainda há o fato de que eventuais denúncias certamente irão provocar uma enxurrada de processos no poder judiciário, poder esse que mal consegue dar conta da atual infinidade de processos já existentes.

Se o governo realmente estivesse preocupado com a educação de nossas crianças, ele estaria investindo pesado na educação pública, do nível básico ao superior. O governo deveria combater o sucateamento das nossas escolas, a violência nas cidades, o tráfico de drogas e a baixa valorização do professor. O governo deveria também investir em políticas públicas consistentes de planejamento familiar, com o intuito de combater o esfacelamento da instituição familiar, processo visível nos nossos dias e que prejudica a formação das nossas crianças.

A nossa sociedade tem procurado construir um modelo de educação baseado no diálogo e na liberdade, mas tem deixado de lado dois princípios importantes: disciplina e respeito. Uma palmada pode sim mostrar à criança que há uma autoridade dentro de casa, autoridade a quem ela deve obediência. Afinal de contas, crianças e adolescentes possuem direitos, mas também deveres, não é verdade? A educação das nossas crianças não deve ser frouxa, mas firme, não deixando de lado, é claro, o amor, o carinho e a paciência.