segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Educação
Ou vou continuar escrava do currículo pré estabelecido por alguém, que infelizmente não é o meu aluno?
terça-feira, 26 de julho de 2011
Precisamos aprender com as crianças!
_ Por que as galinhas botam ovos para nascer os pintinhos e nossas mães não?
Um colega tentando solucionar a questão respondeu:
_ Porque no mundo existem as diferenças!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Dica de Cinema
Nesses dois aspectos podemos ser responsáveis ela morte emocional de um ser cheio de possibilidades.
Filme: Minhas tardes com Margueritte, uma história sobre encontros inesperados da vida. Germain (Gérard Depardieu) é um iletrado e solitário homem. Para preencher suas tardes, ele faz amizade com a senhora Margueritte (Gisèle Casadesus), que o apresenta ao mundo maravilhoso dos livros e do amor.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Final de semestre
Por isso resolvi posta-lo aqui, para ajudar outras professoras que estejam precisando de ideias para trabalhar com os alunos.
Espero que ajude alguém!
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Para se chegar ao objetivo geral desse tema, realizamos uma série de atividades.
No primeiro bimestre iniciamos com o acolhimento. Nossa turma é 98% de alunos novos, que precisavam se ambientar com a escola, com os funcionários, com os colegas e a rotina.
Fizemos um tour pela escola colhendo os objetos que para eles parecessem especiais da nossa escola, colocamos estes materiais coletados em um cartaz, e demos o nome de “Tesouros do Alceu”.
Diariamente fizemos rodas de conversas com o objetivo de promover uma aproximação entre os colegas e a professora, além de visar a exploração da linguagem verbal, consciência de si mesmo e dos outros. Cada dia de roda de conversa falamos sobre as regras, acontecimentos do dia anterior, cantamos, refletimos sobre o tema da aula daquele dia e finalizamos com a hora da leitura, as vezes lemos histórias, poesias, parlendas ou fazemos dramatizações.
Após o primeiro mês de adaptação iniciamos a seqüência de atividades do tema Minha identidade, tempos, espaços e histórias, que tinha como objetivo que os alunos percebessem que são indivíduos singulares com história própria, que são participantes do mundo.
Para que eles chegassem ao objetivo proposto, fizemos diversas atividades de valorização da sua história e cultura, como por exemplo a identificação do seu próprio nome, utilizamos crachás onde em diversas atividades e brincadeiras eles identificaram seus nomes, letras, sons, e exercícios de grafia do nome.
Valorizamos suas brincadeiras preferidas, resgatamos brincadeiras tradicionais esquecidas pelo tempo.
Tudo isso fez com que eles se percebessem sujeitos em um ambiente em continua mudança, construindo valores e interesses que foram partilhados com os colegas de classe.
Trabalhamos também com apreciação de obras de arte, esculturas, filmes, musicas, diversos livros todos voltados para o tema construção da identidade.
Para o desenvolvimento da consciência do esquema corporal, fizemos o autorretrato, exercícios de exploração dos movimentos corporais, desenhos de observação do amigo, desenho de contorno do corpo em papel craft, esculturas feitas com papel, desenhamos partes do corpo, tamanho dos pés e mãos, características físicas de cada um, sempre valorizando as diferenças e incentivando o respeito e admiração entre os colegas.
Para desenvolvimento da linguagem matemática, trabalhamos com situações problemas do cotidiano, para que a criança no movimento de busca do saber desenvolvesse naturalmente o raciocínio matemático, para isso, utilizamos calendário, jogos como o boliche, dominó, quebra cabeças, jogos com tampinhas, blocos lógicos, atividades com dado, ábaco, registro de quantidade com diversos materiais .
Trabalhamos com pesquisa do telefone de casa ou do celular de seus pais, nº da casa, nº do sapato, idade, quantidade de irmãos e diversos gráficos.
No final do primeiro bimestre percebemos o quanto nossa turma cresceu, aprenderam a se comunicar melhor, a percepção do esquema corporal estava mais clara, a maioria já identificava seu nome no crachá. Todos já estavam adaptados com a rotina, regras e convívio com os colegas de classe.
No segundo bimestre iniciamos a seqüência de atividades do tema: “ A Criança na Cultura Indígena”.
Começamos com a sondagem do que os alunos sabiam sobre a cultura indígena.
Foi interessante ouvir as idéias que tinham sobre o assunto:
-“Os Índios são maus, matam pessoas e animais”.
-”Eles pescam”
-”Eles não usam roupas”
-”Usam lanças para caçar e pescar”
-”Comem peixes”
-”Moram na floresta”.
Em roda de leitura contamos várias lendas e mitos indígenas para as crianças, “Amor Índio”, “Lenda do Milho”, “ Curupira e a Índia”, entre outras. Dramatizamos algumas histórias e outras registramos em desenho e pintura.
Utilizamos pesquisa na internet para ampliar o conhecimento da vida e cultura indígena. Vimos imagens de crianças indígenas brincando e dançando, vídeos de vários povos indígenas utilizando diferentes dialétos e vestimentas.
Pesquisamos no mapa do Brasil onde se localiza a aldeia do Xingu.
Fizemos diversas produções artísticas ampliando o repertório para reflexão da cultura dos povos indígenas, pintura com carvão, desenho de observação, reprodução de grafismos indígenas, aprenderam a tecer com as mãos fazendo com lã o rabo de gato.
Na linguagem verbal pesquisamos palavras indígenas, que nós utilizamos, identificamos as letras e eles grafaram de acordo com suas possibilidades já desenvolvidas.
Na linguagem corporal fizemos danças circulares indígenas, brincadeira da mandioca e da melancia.
Utilizamos instrumentos musicais para criar nossa musica e dança indígena.
Concomitante as atividades desenvolvidas para o projeto, continuamos diariamente com nossa roda de conversa, brincadeiras livres para que as crianças possam criar e se relacionar com os colegas, aprender a desenvolver regras novas, conceitos, explorando sua fantasia e imaginação.
Continuamos a utilizar de recursos, jogos, e situações problemas para desenvolvimento do raciocínio matemático, utilizamos dos calendários e lista de aniversariantes para ampliar sua percepção do tempo.
Todas as atividades proposta neste semestre visaram promover uma educação integral dos alunos, mediando o despertar dos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, linguísticos e social.
O 5C é uma turma criativa, agitada, sensível, comunicativa e cheia de vida.
Construímos no decorrer destes meses, um sentimento de amor e cumplicidade, tornando o processo de ensino e aprendizagem muito especial.
Que venha o segundo semestre !
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
POR QUE GRITAMOS?
as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”
“Gritamos porque perdemos a calma”, disse um deles.
“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?” Questionou
novamente o pensador.
“Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça”, retrucou outro
discípulo.
E o mestre volta a perguntar: “Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu: “Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se esta
aborrecida?”
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam
muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para
ouvi um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não
gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A
distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que
nem falam, somente sussurram. ‘E quando o amor é mais intenso, não necessitam
sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso
que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”
Por fim, o pensador conclui, dizendo: “Quando vocês discutirem, não deixem que
seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois
chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho
de volta”.
” Mahatma Gandhi “
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Refletindo meu papel como mãe...
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Sempre quis ser mãe, mas nunca pensei o porquê deste desejo, quando casei, fiquei entusiasmada com a ideia da maternidade, até que um dia escutei uma frase que me deixou sem rumo,"o que é ter sonhos próprios?" Essa pergunta ecoou dentro da minha alma, de forma um tanto dolorida, meu Deus será que tenho sonhos próprios?
"Para saber se você tem sonhos próprios descubra quem você é".
Bom até aí foi fácil pensei eu, sou esposa, filha, educadora, mulher, amiga, trabalhadora...
E então ele disse:
"Agora se imagine em uma cama, sem poder levantar se para nada, quem você é agora? Os títulos foram embora, e agora você só esta consigo mesma."
Concluiu dizendo que não sabemos sonhar por nós mesmos, seguimos um manual social, achamos que essas concretizações somos nós. Ser esposa, mãe, mulher , amiga, profissional, são simples didáticas de aprendizado, somos muito mais complexos do que isso, e para sermos felizes não precisamos de nenhum desses títulos.
Essa reflexão me acompanha desde então. Ainda não aprendi a ter sonhos próprios, nem sei dizer muito bem como seria isso, me vejo ainda como os papeis sociais que conquistei, mas tenho buscado me conhecer para me libertar de tantos rótulos.
Hoje estou mãe, e todo dia me esforço pra não esquecer que ser mãe é só um recurso que a vida me deu para aprender, sou muito mais que este título.
Tento pensar que estou momentaneamente com o Pedro sob minha tutela, mas que ele tem vida própria, ele esta nesta vida não por mim, mas por ele, e que eu preciso ter a minha vida também.
Essa tarefa não é nada fácil, as vezes me pego desejando viver para me dedicar ao meu filho.
Muitos me diriam que isso é ser uma boa mãe, viver para os filhos, mas eu não acredito nisso. Ser uma boa mãe, é viver de si, sem colocar a felicidade nas mãos dos filhos, é se amar, e amar deixando o outro ser livre para seguir o seu caminho, na verdade este é o verdadeiro amor, que não cobra, compreende, liberta.
Bem, ainda não estou nem perto disso, mas quando olho para o Pedro com aquela carinha meiga e seu sorriso inocente, desejo do fundo do meu coração que ele seja livre para ser quem ele quiser, sem se preocupar com que os outros vão pensar ou dizer, livre para escolher o caminho que quiser, livre para sonhar seus sonhos próprios, livre para viver.
sábado, 14 de novembro de 2009
Cuidados com o bebê
Estou entrando no oitavo mês, agora além de buscar informações sobre o parto, estou pesquisando também sobre os cuidados que devo ter com meu bebê. Por isso comecei ler alguns livros muito interessantes, um deles acho que vale muito a pena postar aqui, 50 Maneiras de criar um BEBÊ SEM FRESCURA. Gostei muito deste livro, porque além das dicas maravilhosas que a autora dá, começo a descobrir a postura que quero ter quando meu filho nascer. Observo alguns pais e fico chocada o quanto as pessoas ficam neuróticas quando o bebê nasce, ninguém pode segurar, todas as coisinhas do bebê devem ser desinfetadas todos os dias, os pais ficam enclausurados em casa durante meses, o bebê não pode ir ao chão, ter contato com animais domésticos, muitas vezes nem tomar banho em dias frios. Todos estes temas e muitos outros são desmistificados pelo livro.
Desejo ser uma mãe que ensine o meu filho a olhar a vida como uma aventura, sem tantos medos e neuroses, para que ele seja confiante e tenha entusiasmo em descobrir o mundo!
Leia abaixo a Resenha do livro:
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“Toda criança adora rolar na areia da praia, se lambuzar de tinta, abraçar o cachorro, deitar no chão... Proibir essas atitudes seria frescura dos pais? E o risco de a criança ficar doente? A autora Jenny Rosén consultou especialistas de várias áreas e reuniu neste livro 50 dicas para criar um bebê sem frescura, mas sem abrir mão dos cuidados básicos para garantir uma infância saudável e feliz.”
“É preciso deixar a vida infantil livre e não encerrá-lo no tédio. Deixe a criança correr, fazer barulho, brincar, dormir quando quiser. Respeite seu direito de experimentar a própria vida e conquistar o mundo, da sua maneira.” Janusz Korczak (1878-1942)
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Programa Papo de Mãe
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Voltado para a família brasileira, Papo de Mãe aborda questões relacionadas à maternidade e à educação dos filhos sempre com a presença de especialistas e de pessoas com boas histórias para contar. Nos primeiros programas os temas serão parto, limites, conciliação da carreira e da maternidade, acidentes domésticos e adoção.
Toda quinta-feira, às 17h30. Reprises no domingo (13h30), na segunda (12h30) e na terça (17h30).
terça-feira, 15 de setembro de 2009
O Fim do choro do bebê
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Pensamento infantil - A narrativa da criança
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A postura do adulto não deve ser de expectador da história, devemos ajudá-los a aprender se comunicar, porem é um momento delicado, que se não soubermos interagir da maneira correta, podemos “podar” sua imaginação.
Sempre me questionei como Educadora, se no momento em que as crianças estão narrando uma vivencia, e começam a colocar elementos fantasiosos na história, deveríamos ou não intervir? Esse artigo muito esclarecedor, explica como devemos encarar essas situações:
Os casos e as fabulações, em que relatos ganham elementos de ficção, são uma marca das narrativas infantis e fazem parte da evolução cognitiva.
Esse processo - que se estende até a idade adulta - começa antes mesmo de a criança conseguir falar. Nesse período, ela já é capaz de entender as histórias contadas pelos adultos e o contato com relatos cotidianos ou contos de fadas, por exemplo, faz com que, aos poucos, adquira um repertório de imagens, nomes e roteiros de ações que utilizará mais tarde. Também a compreensão dos usos e do funcionamento da linguagem tem início nessa fase, com o adulto como modelo da forma de se comunicar e como voz da cultura em que está inserida. Assim, quando conquista condições fisiológicas de falar e passa a descrever com palavras um encadeamento de ações que se desenrolam no tempo - uma possível definição de narrativa -, ela acessa todos esses diferentes repertórios acumulados desde os primeiros meses de vida.
A postura do professor ou da família na interlocução com os pequenos, por sua vez, faz toda a diferença. "O ideal é que ele seja um verdadeiro co-construtor das narrativas, incentivando a criança a avançar nos recursos que utiliza em suas construções", diz Maria Virgínia. "As limitações linguísticas nessa fase são importantes e o adulto deve não só escutar o que ela diz mas também reconhecer sua intenção comunicativa e ajudá-la a expressar-se melhor."
Para o psicanalista e pesquisador da infância Donald Winnicott (1896-1971), as simbolizações se enquadram no que ele chamou de espaço potencial. "Trata-se de uma área de experiência em que os pequenos podem brincar com a realidade, em que dão um sentido pessoal aos elementos do ambiente e os elaboram à sua maneira para com eles poder lidar", explica Ana Paula Stahlschmidt, doutora em Educação e estudiosa da obra do pesquisador. Esse espaço potencial, segundo Winnicott, deve ser garantido pelo adulto para que o pequeno dê liberdade à sua criação - não apenas artística, mas como uma forma autêntica de encarar a vida. Se, por um lado, fica claro que a criança precisa brincar com os elementos de seu repertório - sem ser reprimida por não estar contando "a verdade" sobre o passeio ao zoológico -, por outro é preciso cuidar para que ela tenha matéria-prima para fazê-lo: um repertório de histórias diversificado.
Situações vividas, imaginadas ou presentes em histórias ouvidas se misturam nas narrativas infantis
"Também o elemento da dramatização é incorporado pelos pequenos no contato com narrativas", diz Lélia Erbolato Melo, linguista da Universidade de São Paulo (USP). "Eles vão percebendo e incorporando os ingredientes que tornam as histórias interessantes, como a ação, os conflitos e o inesperado, e trazem isso para aquelas que contam." Além disso, o acesso a textos tem um papel importante no amadurecimento afetivo dos pequenos, garantindo que ampliem seu universo de experiências para além do que podem observar no seu cotidiano. "Ao ouvir histórias, a criança cria hipóteses sobre como se sentiria se estivesse frente aos mesmos dilemas e situações do personagem", diz Gilka. "Para os menores, é natural que essa vivência, tão forte, seja incorporada às narrativas que constroem na forma de casos." Os fatos e a ficção são separados por uma fronteira flexível.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/tem-monstro-meio-historia-489258.shtml
Quer saber mais sobre a construção do Pensamento da criança e o sincretismo?
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O pensamento infantil sobre os fenômenos naturais
Entenda de que forma os pequenos criam teorias e explicam os fenômenos naturais até se aproximarem dos conhecimentos científicos.
Este é o planeta e as estrelas. E estas são estrelas também. E o astronauta." Yolanda
"Tem uma Lua ajuntada (cheia) que parece uma bola e tem uma outra que é sem ajuntada." Yolanda
"Sem ajuntada é quando ela tá sumindo. Quando ela tá ajuntada é quando é meia-noite." Julia
"Aí, não é. Quando tá meia-noite, a gente tá dormindo. Então a Lua não tá ajuntada." Yolanda
Revirando a memória, todos nós recordamos de ambientes, passagens e sensações da infância. Mas você saberia dizer como costumava explicar a alternância entre o Sol e a Lua no céu? A criança tem uma maneira muito peculiar de entender o mundo e, à medida que cresce, se desenvolve, tem acesso a novas informações e experiências e esquece seu antigo modo de pensar.
O professor de Educação Infantil, como muitos outros adultos, presencia e vive essa evolução. Conhecer a maneira como os pequenos formulam as primeiras explicações para a dinâmica dos astros (veja o desenho ao lado) não é apenas reviver o frescor da visão sem as amarras dos primeiros anos de vida. Um educador que considera os processos por que passa a criança qualifica suas intervenções no contato diário com ela. Afinal, o que se quer é tornar cada vez mais sofisticada, coerente e ativa a forma de ela apreender a realidade.
Em rodas de conversa, é comum ouvir explicações curiosas sobre os fenômenos naturais, tais como: "O vento sopra o Sol para que ele não caia na Terra" e "A Lua segue o carro da gente pela estrada". Presente no cotidiano, a natureza está entre os primeiros aspectos sobre os quais os pequenos formulam teorias.
Um ponto importante para começar nessa aprendizagem é garantido já no primeiro ano de vida. O bebê adquire uma noção de abstração. Ele percebe que os elementos ao seu redor existem independentemente de os estar vendo - o conceito de permanência dos objetos.
Assim, ele passa a criar imagens mentais sobre as coisas - ele sabe que a mamadeira existe, por isso pode evocá-la mesmo quando não está em seu campo de visão. Com a aquisição da linguagem, a criança entra no território do simbólico: uma palavra, uma expressão corporal ou um desenho representam um objeto ou conceito e, com base na associação de alguns deles, cria-se uma ideia.
Com esses recursos, ela pensa sobre tudo o que vê, ouve e sente. Nesse contexto, entram em cena os famosos "por quês?". O fato, porém, é que os pequenos se põem muito mais questões do que expressam e as resolvem formulando teorias. Para isso, lançam mão de um repertório de informações e da observação dos fenômenos, relacionando-os de maneira muito particular. Uma característica desse processo é a de se colocarem como a figura central nas explicações - se eles estão dormindo e não podem ver o céu, a Lua não pode estar cheia (leia o diálogo acima). Esse princípio se liga à afetividade, que, segundo o francês Henri Wallon (1872-1962), é o que mais influencia a criança nas relações que estabelece entre as informações assimiladas. "É por isso que, quando ela pergunta 'por que fica de noite?', o adulto pode entender que ela está perguntando 'porque fica noite para mim?'", explica Heloysa Dantas, educadora estudiosa do pensamento de Wallon. "O adulto pode dar a explicação que achar conveniente, mas a que contentaria mais a criança em suas inquietações pessoais seria 'fica de noite para você poder dormir'."
Outras lógicas frequentes nas explicações infantis são o animismo e o artificialismo. Pela primeira, atribuem-se características e ações humanas aos mais diversos elementos da realidade ("O Sol vai dormir. Por isso, fica noite!"). De acordo com o segundo, entende-se que todos os fenômenos podem ser explicados por um processo de fabricação artesanal ("As montanhas se formam porque os homens colocam terra em cima"). Wallon define o pensamento infantil como sincrético, uma espécie de nuvem de elementos que vão se combinando para criar sentidos.
“Este é o céu de noite. Aqui, a borboleta está dormindo, pintada de preto, porque tá escuro. Este é o céu de dia, com a borboleta vermelha porque tá claro.” Giovanna
"Ela não tem asa para voar." João
"Tudo o que a gente jogar vai cair no chão?" Monique
"Vai! Só passarinho que não." Giovanna
"E o que puxa as coisas para o chão?" Monique
"Ímã!" Giovanna
"Nesta parte da Terra está de noite porque os raios do Sol não tão batendo aqui. Eles tão batendo do outro lado do planeta, que vai girando ao redor do Sol. Quando anoitece, é o Sol que está escondido atrás das nuvens." Anita
Como se vê, a lógica científica não é o principal parâmetro da criança para esclarecer o funcionamento das coisas. "Ela relaciona o que lhe parece adequado, sem necessitar submeter a ideia a convenções preestabelecidas", afirma Heloysa. Sem se dar conta, os pequenos criam metáforas para explicar a realidade. "Daí a riqueza poética de sua forma de pensar. Entender o Sol e a Lua como namorados brigados que nunca ficam juntos segue o mesmo padrão de raciocínio apresentado por Camões, em Os Lusíadas, ao tratar uma pedra grande por Gigante Adamastor. É algo da natureza do pensamento infantil que apenas os artistas não abandonam em prol da lógica prática."
É preciso ainda levar em conta que a criança constrói formulações de acordo com suas possibilidades cognitivas. Os conhecimentos científicos - complexos e abstratos que requerem um raciocínio hipotético-dedutivo - ainda são inacessíveis aos pequenos. Mas é na Educação Infantil que eles começam um percurso de aprendizagem e desenvolvimento que os tornará capazes de operá-los melhor.
O bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) diferenciou os dois tipos de conceito que convivem na compreensão da criança pequena sobre o mundo que a cerca: os científicos (assimilados na instrução formal) e os cotidianos (obtidos no convívio prático). O pensador desenvolve sua teoria com base na ideia de que os primeiros saberes da criança sobre o mundo vão se sofisticando ou perdendo espaço para outros, mais próximos dos conhecimentos científicos. "Primeiro, ela conhece o cachorro da casa dela. Em seguida, vai entendendo que aquele cachorro é um ser vivo, para depois assimilar que pertence à espécie dos canídeos e também é um mamífero", explica Teresa Cristina Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista nas obras de Vygotsky.
As formulações criadas pelos pequenos nos primeiros anos de vida também estão ligadas a situações e elementos proporcionados pelo meio em que vivem. Ao ver uma foto de uma nebulosa (corpo celeste gasoso e nevoento), uma menina de 4 anos define: "É uma nave alienígena" - algo que dificilmente seria dito por uma criança de uma comunidade indígena isolada. A linguagem, portanto, é apenas uma das condições para o pensamento abstrato, que ajudaria a moldar esse olhar da criança e a sua forma de construir formulações.
Se a cultura influencia a observação e a explicação de fenômenos, também não se pode retirar da criança o papel principal do desenvolvimento de seu próprio pensamento. "Ela não se contenta em repetir o que é dado culturalmente. É ativa e produz em cima disso", argumenta Monique Deheinzelin, assessora da Escola Comunitária de Campinas, a 100 quilômetros de São Paulo.
Nessa construção, no entanto, alguns cuidados precisam ser tomados. Embora a explicação pessoal para os fenômenos naturais tenha grande importância no desenvolvimento infantil, cabe à escola aproximar os pequenos dos conhecimentos científicos. E isso vai se dando aos poucos. A criança pode até saber que está de noite porque os raios do Sol não batem aqui, em uma explicação que faria acelerar o coração de qualquer docente da pré-escola.
Na mesma conversa, no entanto, ela pode dizer que anoitece quando o Sol está escondido atrás das nuvens (leia a frase acima). Como analisa Zilma de Moraes Oliveira, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras da USP, em Ribeirão Preto, a 315 quilômetros de São Paulo, o docente não deve nem ignorar o raciocínio infantil nem impor a teoria adulta. "O educador deve criar um ambiente de escuta. É uma atitude de inclusão da criança em um ambiente de reflexão", diz. "Compreendendo a linha de pensamento dos pequenos, o docente localiza pontos para intervir", afirma.