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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Educação

Será que um dia vou conseguir dar aula numa escola, que o ensino tenha significado para os educandos?
Ou vou continuar escrava do currículo pré estabelecido por alguém, que infelizmente não é o meu aluno?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Precisamos aprender com as crianças!

Hoje durante a visita dos meus alunos no galinheiro da escola, vimos que as galinhas botaram ovos, depois de toda a euforia uma aluna me perguntou:

_ Por que as galinhas botam ovos para nascer os pintinhos e nossas mães não?

Um colega tentando solucionar a questão respondeu:

_ Porque no mundo existem as diferenças!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dica de Cinema

Hoje assisti um filme muito sensível, me tocou em vários aspectos, o primeiro é sobre a importância do amor de mãe na vida do filho, e depois a seriedade que nós educadores temos que ter ao tratar das dificuldades de nossos alunos. 
Nesses dois aspectos podemos ser responsáveis ela morte emocional de um ser cheio de possibilidades.

Filme: Minhas tardes com Margueritte, uma história sobre encontros inesperados da vida. Germain (Gérard Depardieu) é um iletrado e solitário homem. Para preencher suas tardes, ele faz amizade com a senhora Margueritte (Gisèle Casadesus), que o apresenta ao mundo maravilhoso dos livros e do amor.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Final de semestre

Tive que fazer um relatório geral sobre tudo que fiz com meus alunos da pré escola neste primeiro semestre. Quando ficou pronto me dei conta do quanto foi bacana o trabalho.
Por isso resolvi posta-lo aqui, para ajudar outras professoras que estejam precisando de ideias para trabalhar com os alunos.
Espero que ajude alguém!
O trabalho desenvolvido  com a turma 5C foi pautado no projeto da escola “Criança nas Diferentes Culturas”.
Para se chegar ao objetivo geral desse tema, realizamos  uma série  de atividades.
No primeiro bimestre iniciamos com o acolhimento. Nossa turma é 98% de alunos novos, que precisavam se ambientar  com a  escola, com os funcionários, com os colegas e a rotina.
Fizemos um tour pela escola colhendo os objetos que para eles parecessem especiais  da nossa escola, colocamos  estes materiais  coletados  em um cartaz, e demos o nome de “Tesouros do Alceu”.
 Diariamente fizemos rodas de conversas com o objetivo de promover uma aproximação  entre os colegas e a professora, além de visar a exploração da linguagem   verbal, consciência  de si mesmo e dos outros. Cada dia de roda de conversa falamos sobre as regras, acontecimentos do dia anterior, cantamos, refletimos sobre o tema da aula daquele dia e finalizamos  com a hora da leitura, as vezes lemos histórias, poesias, parlendas ou fazemos dramatizações.
Após o primeiro mês de adaptação iniciamos  a seqüência  de atividades  do tema Minha identidade, tempos, espaços e histórias, que tinha como  objetivo que os alunos percebessem que são indivíduos singulares com história própria, que são participantes do mundo. 
Para que eles chegassem  ao objetivo  proposto, fizemos diversas  atividades  de valorização  da sua história e cultura, como por exemplo  a identificação  do seu próprio nome, utilizamos crachás onde em diversas atividades e brincadeiras eles identificaram seus nomes,  letras, sons, e exercícios de grafia do nome.
 Valorizamos  suas brincadeiras  preferidas, resgatamos  brincadeiras tradicionais  esquecidas pelo tempo.
Tudo isso fez com que eles se percebessem  sujeitos em um ambiente  em continua  mudança, construindo  valores e interesses que foram  partilhados  com os colegas de classe. 
Trabalhamos também  com apreciação de obras de arte, esculturas, filmes, musicas, diversos livros todos voltados  para o tema construção da identidade.
Para o desenvolvimento da consciência do esquema corporal, fizemos o autorretrato, exercícios de exploração dos movimentos corporais, desenhos de observação  do amigo, desenho de contorno  do corpo  em papel craft, esculturas  feitas com papel, desenhamos  partes do corpo,  tamanho dos pés e mãos, características físicas de cada um, sempre valorizando  as diferenças e incentivando  o respeito e admiração entre os colegas.
Para desenvolvimento da linguagem matemática, trabalhamos com  situações problemas  do cotidiano, para que a criança no movimento  de  busca do saber  desenvolvesse  naturalmente o raciocínio matemático, para isso, utilizamos  calendário, jogos como o boliche, dominó, quebra cabeças, jogos com tampinhas, blocos lógicos, atividades com dado, ábaco, registro de quantidade com diversos materiais .
Trabalhamos  com pesquisa  do telefone de casa ou do celular de seus pais, nº da casa, nº do sapato, idade, quantidade de irmãos e diversos gráficos.
No final do primeiro bimestre percebemos o quanto nossa turma cresceu, aprenderam a se comunicar melhor, a percepção do esquema corporal  estava mais clara, a maioria já identificava seu nome  no crachá. Todos já estavam adaptados com a rotina, regras e convívio com os colegas de classe.
No segundo  bimestre  iniciamos a seqüência de atividades do tema: “ A Criança na Cultura Indígena”.
Começamos com a sondagem do que  os alunos  sabiam  sobre a cultura indígena.
Foi interessante  ouvir  as idéias  que tinham  sobre o assunto:

-“Os Índios são maus, matam pessoas  e animais”. 
-”Eles pescam”
-”Eles não usam roupas”
-”Usam lanças para caçar e pescar”
-”Comem peixes”
-”Moram na floresta”.

Em roda de leitura contamos várias lendas e mitos indígenas para as crianças, “Amor Índio”, “Lenda do Milho”, “ Curupira e a Índia”, entre outras.  Dramatizamos algumas histórias e outras registramos em desenho e pintura. 
Utilizamos  pesquisa na internet  para ampliar o conhecimento  da vida e cultura indígena. Vimos imagens de crianças indígenas brincando  e dançando, vídeos de vários povos indígenas utilizando diferentes dialétos e vestimentas. 
Pesquisamos no mapa do Brasil  onde se localiza a aldeia do Xingu.
 Fizemos diversas produções  artísticas  ampliando o repertório  para reflexão  da cultura dos povos indígenas, pintura com carvão, desenho de observação, reprodução de grafismos indígenas, aprenderam a tecer  com as mãos  fazendo  com lã o rabo de gato. 
Na linguagem verbal  pesquisamos  palavras  indígenas,  que nós utilizamos,   identificamos as letras e eles grafaram de acordo com suas possibilidades já desenvolvidas.   
Na linguagem corporal fizemos danças  circulares indígenas, brincadeira da mandioca e da melancia. 
Utilizamos instrumentos musicais  para criar nossa musica e dança indígena.   
Concomitante as atividades desenvolvidas para o projeto, continuamos diariamente com nossa roda de conversa, brincadeiras livres para que as crianças possam criar e se relacionar  com os colegas, aprender  a desenvolver regras novas, conceitos, explorando sua fantasia e imaginação.
Continuamos a utilizar de recursos, jogos, e situações problemas para desenvolvimento do raciocínio matemático, utilizamos dos calendários e lista de aniversariantes  para ampliar sua percepção  do tempo.
Todas as  atividades proposta neste semestre  visaram promover uma  educação  integral dos alunos, mediando o despertar dos aspectos  físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, linguísticos e social.

O 5C é uma turma criativa,  agitada, sensível, comunicativa e cheia de vida.
Construímos  no decorrer destes meses, um sentimento de amor e cumplicidade, tornando o processo de ensino e aprendizagem muito especial.
Que venha o segundo semestre ! 


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

POR QUE GRITAMOS?

“Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos “Por que
as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”

“Gritamos porque perdemos a calma”, disse um deles.

“Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?” Questionou
novamente o pensador.

“Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça”, retrucou outro
discípulo.

E o mestre volta a perguntar: “Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”

Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu: “Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se esta
aborrecida?”

O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam
muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para
ouvi um ao outro, através da grande distância.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não
gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A
distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que
nem falam, somente sussurram. ‘E quando o amor é mais intenso, não necessitam
sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso
que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”

Por fim, o pensador conclui, dizendo: “Quando vocês discutirem, não deixem que
seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois
chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho
de volta”.

” Mahatma Gandhi “

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Refletindo meu papel como mãe...


Sempre quis ser mãe, mas nunca pensei o porquê deste desejo, quando casei, fiquei entusiasmada com a ideia da maternidade, até que um dia escutei uma frase que me deixou sem rumo,"o que é ter sonhos próprios?" Essa pergunta ecoou dentro da minha alma, de forma um tanto dolorida, meu Deus será que tenho sonhos próprios?
Para explicar essa pergunta, o palestrante disse:
"Para saber se você tem sonhos próprios descubra quem você é".
Bom até aí foi fácil pensei eu, sou esposa, filha, educadora, mulher, amiga, trabalhadora...
E então ele disse:
"Agora se imagine em uma cama, sem poder levantar se para nada, quem você é agora? Os títulos foram embora, e agora você só esta consigo mesma."
Concluiu dizendo que não sabemos sonhar por nós mesmos, seguimos um manual social, achamos que essas concretizações somos nós. Ser esposa, mãe, mulher , amiga, profissional, são simples didáticas de aprendizado, somos muito mais complexos do que isso, e para sermos felizes não precisamos de nenhum desses títulos.
Essa reflexão me acompanha desde então. Ainda não aprendi a ter sonhos próprios, nem sei dizer muito bem como seria isso, me vejo ainda como os papeis sociais que conquistei, mas tenho buscado me conhecer para me libertar de tantos rótulos.
Hoje estou mãe, e todo dia me esforço pra não esquecer que ser mãe é só um recurso que a vida me deu para aprender, sou muito mais que este título.
Tento pensar que estou momentaneamente com o Pedro sob minha tutela, mas que ele tem vida própria, ele esta nesta vida não por mim, mas por ele, e que eu preciso ter a minha vida também.
Essa tarefa não é nada fácil, as vezes me pego desejando viver para me dedicar ao meu filho.
Muitos me diriam que isso é ser uma boa mãe, viver para os filhos, mas eu não acredito nisso. Ser uma boa mãe, é viver de si, sem colocar a felicidade nas mãos dos filhos, é se amar, e amar deixando o outro ser livre para seguir o seu caminho, na verdade este é o verdadeiro amor, que não cobra, compreende, liberta.
Bem, ainda não estou nem perto disso, mas quando olho para o Pedro com aquela carinha meiga e seu sorriso inocente, desejo do fundo do meu coração que ele seja livre para ser quem ele quiser, sem se preocupar com que os outros vão pensar ou dizer, livre para escolher o caminho que quiser, livre para sonhar seus sonhos próprios, livre para viver.

sábado, 14 de novembro de 2009

Cuidados com o bebê

Estou entrando no oitavo mês, agora além de buscar informações sobre o parto, estou pesquisando também sobre os cuidados que devo ter com meu bebê. Por isso comecei ler alguns livros muito interessantes, um deles acho que vale muito a pena postar aqui, 50 Maneiras de criar um BEBÊ SEM FRESCURA. Gostei muito deste livro, porque além das dicas maravilhosas que a autora dá, começo a descobrir a postura que quero ter quando meu filho nascer. Observo alguns pais e fico chocada o quanto as pessoas ficam neuróticas quando o bebê nasce, ninguém pode segurar, todas as coisinhas do bebê devem ser desinfetadas todos os dias, os pais ficam enclausurados em casa durante meses, o bebê não pode ir ao chão, ter contato com animais domésticos, muitas vezes nem tomar banho em dias frios. Todos estes temas e muitos outros são desmistificados pelo livro.


Desejo ser uma mãe que ensine o meu filho a olhar a vida como uma aventura, sem tantos medos e neuroses, para que ele seja confiante e tenha entusiasmo em descobrir o mundo!


Leia abaixo a Resenha do livro:



“Toda criança adora rolar na areia da praia, se lambuzar de tinta, abraçar o cachorro, deitar no chão... Proibir essas atitudes seria frescura dos pais? E o risco de a criança ficar doente? A autora Jenny Rosén consultou especialistas de várias áreas e reuniu neste livro 50 dicas para criar um bebê sem frescura, mas sem abrir mão dos cuidados básicos para garantir uma infância saudável e feliz.”

“É preciso deixar a vida infantil livre e não encerrá-lo no tédio. Deixe a criança correr, fazer barulho, brincar, dormir quando quiser. Respeite seu direito de experimentar a própria vida e conquistar o mundo, da sua maneira.” Janusz Korczak (1878-1942)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Programa Papo de Mãe

Passeando pelos canais ontem, descobri um programa muito bacana, chamado Papo de Mãe, no canal TV Brasil.

Voltado para a família brasileira, Papo de Mãe aborda questões relacionadas à maternidade e à educação dos filhos sempre com a presença de especialistas e de pessoas com boas histórias para contar. Nos primeiros programas os temas serão parto, limites, conciliação da carreira e da maternidade, acidentes domésticos e adoção.
Toda quinta-feira, às 17h30. Reprises no domingo (13h30), na segunda (12h30) e na terça (17h30).

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Fim do choro do bebê

Uma dica desenvolvida pelo pediatra americano Harvey Karp, para o Bebê dormir melhor e chorar menos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pensamento infantil - A narrativa da criança






Este é um assunto muito importante, não só para Educadores, mas também para a Família da criança, estimular momentos em que a criança possa contar suas experiências vividas no cotidiano.
A postura do adulto não deve ser de expectador da história, devemos ajudá-los a aprender se comunicar, porem é um momento delicado, que se não soubermos interagir da maneira correta, podemos “podar” sua imaginação.
Sempre me questionei como Educadora, se no momento em que as crianças estão narrando uma vivencia, e começam a colocar elementos fantasiosos na história, deveríamos ou não intervir? Esse artigo muito esclarecedor, explica como devemos encarar essas situações:

As histórias, sob a ótica das crianças

Os casos e as fabulações, em que relatos ganham elementos de ficção, são uma marca das narrativas infantis e fazem parte da evolução cognitiva.

Viagens supersônicas a planetas distantes. Lutas com gorilas. Bebês que sobem sozinhos no lustre. Cenas como essas só acontecem em filmes, livros e desenhos animados - ou na fala de uma criança pequena que conta sobre sua vida. Ficção e relato de experiências vividas são gêneros diferentes, mas, nos primeiros anos de vida, é comum que se combinem nas narrativas infantis, como apontou a linguista Maria Cecília Perroni no livro Desenvolvimento do Discurso Narrativo. Segundo ela, no entanto, esse recurso não deve ser entendido como um problema de falta de clareza entre o real e o imaginado. Ao contrário: é preciso encará-lo como um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos pequenos. O que se testemunha nesse tipo de construção é justamente o nascimento do discurso narrativo - uma das principais estruturas de expressão de qualquer pessoa e uma essencial troca comunicativa.

Esse processo - que se estende até a idade adulta - começa antes mesmo de a criança conseguir falar. Nesse período, ela já é capaz de entender as histórias contadas pelos adultos e o contato com relatos cotidianos ou contos de fadas, por exemplo, faz com que, aos poucos, adquira um repertório de imagens, nomes e roteiros de ações que utilizará mais tarde. Também a compreensão dos usos e do funcionamento da linguagem tem início nessa fase, com o adulto como modelo da forma de se comunicar e como voz da cultura em que está inserida. Assim, quando conquista condições fisiológicas de falar e passa a descrever com palavras um encadeamento de ações que se desenrolam no tempo - uma possível definição de narrativa -, ela acessa todos esses diferentes repertórios acumulados desde os primeiros meses de vida.


Adquirir a fala, por sua vez, é um passo transformador em termos cognitivos, uma vez que é a linguagem que organiza o pensamento. "O pensar não se estrutura internamente, mas no momento da fala", explica Maria Virgínia Gastaldi, formadora de professores do Instituto Avisa Lá, de São Paulo. "A narrativa (primeira estrutura da oralidade com que a criança tem contato em seu cotidiano) é, portanto, o que modela e estimula a atividade mental." A oralidade é, dessa forma, um dos principais motores do desenvolvimento na primeira infância e aspecto-chave da creche e da pré-escola.


Ao construir narrativas, a criança brinca com a realidade e encontra um jeito próprio de lidar com ela.
A postura do professor ou da família na interlocução com os pequenos, por sua vez, faz toda a diferença. "O ideal é que ele seja um verdadeiro co-construtor das narrativas, incentivando a criança a avançar nos recursos que utiliza em suas construções", diz Maria Virgínia. "As limitações linguísticas nessa fase são importantes e o adulto deve não só escutar o que ela diz mas também reconhecer sua intenção comunicativa e ajudá-la a expressar-se melhor."


Assim, se na hora de recontar a história de um livro conhecido - sobre um personagem que tem medo de ir ao dentista, por exemplo -, a criança diz "o dentista lavou meu dente" (remetendo-se a uma experiência dela mesma, real ou imaginada), o professor pode perguntar se aquilo aconteceu com o personagem do livro também, como é o nome dele, o que ele sentiu quando estava no dentista, o que aconteceu depois etc.


Essa co-construção é o chamado "jogo de contar" - situação básica de aprendizagem quando o assunto é oralidade e que envolve uma relação de cumplicidade entre a criança e seu interlocutor.




Em rodas de conversa, é muito comum que os pequenos comecem contando sobre o passeio que fizeram ao zoológico com a família e terminem narrando como quase caíram na jaula do leão ou como o irmão se perdeu e não foi mais encontrado. Esses "causos" têm ligação com a presença do faz de conta no pensamento infantil e a maneira de apreender o mundo e elaborar os sentimentos, que é uma característica marcante nessa faixa etária. "A criança brinca com sua realidade, extravasando-a para experimentar outros papéis e situações", diz Gilka Girardello, professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo ela, ao fazer isso, os pequenos articulam imagens do repertório que conquistaram ao longo de sua vida para explorar futuros potenciais. A criação de papéis e situações de faz de conta nas brincadeiras ("Eu era herói, você, o monstro" e "Eu era a mãe, você, a filhinha") assume a forma de simbolização nas narrativas infantis ("Meu irmão mais velho começou a se afogar e meu pai pediu que eu o salvasse", dito por uma criança de 3 anos, por exemplo).


"Sabe, um dia o Alê se afogou e daí o meu pai ficou lá. Eu disse: "Pai, deixa que eu pulo na piscina. Eu quase que caí... Aí eu pulei lá e salvei o Alê. O Alê ainda era pequeno." Gabriel, 3 anos




"Quando eu fui lá na pedra, eu tava subindo. Eu tava sozinha e eu vi o peixe voando. Isso foi lá na praia. Daí caiu neve. Mas a gente pôs casaco e aí ficou quentinho. Apareceu uma cachorra que chama Pipoca, que mora em casa. Ela tava andando na areia. Eu pus uma roupinha nela porque ela tava com frio. Eu tava nadando sozinha. E eu fui lá no fundo sozinha. Eu tava com uma fita na cabeça, mas eu tava sem boia." Lívia, 4 anos



Para o psicanalista e pesquisador da infância Donald Winnicott (1896-1971), as simbolizações se enquadram no que ele chamou de espaço potencial. "Trata-se de uma área de experiência em que os pequenos podem brincar com a realidade, em que dão um sentido pessoal aos elementos do ambiente e os elaboram à sua maneira para com eles poder lidar", explica Ana Paula Stahlschmidt, doutora em Educação e estudiosa da obra do pesquisador. Esse espaço potencial, segundo Winnicott, deve ser garantido pelo adulto para que o pequeno dê liberdade à sua criação - não apenas artística, mas como uma forma autêntica de encarar a vida. Se, por um lado, fica claro que a criança precisa brincar com os elementos de seu repertório - sem ser reprimida por não estar contando "a verdade" sobre o passeio ao zoológico -, por outro é preciso cuidar para que ela tenha matéria-prima para fazê-lo: um repertório de histórias diversificado.


O contato com relatos de experiências nos grupos em que circula (na fala de adultos e também de outras crianças) e com textos literários (lidos e contados) é fundamental para ela se familiarizar com os aspectos estruturais da narrativa, como marcadores de tempo e espaço e a contextualização de situações.



Situações vividas, imaginadas ou presentes em histórias ouvidas se misturam nas narrativas infantis
"Também o elemento da dramatização é incorporado pelos pequenos no contato com narrativas", diz Lélia Erbolato Melo, linguista da Universidade de São Paulo (USP). "Eles vão percebendo e incorporando os ingredientes que tornam as histórias interessantes, como a ação, os conflitos e o inesperado, e trazem isso para aquelas que contam." Além disso, o acesso a textos tem um papel importante no amadurecimento afetivo dos pequenos, garantindo que ampliem seu universo de experiências para além do que podem observar no seu cotidiano. "Ao ouvir histórias, a criança cria hipóteses sobre como se sentiria se estivesse frente aos mesmos dilemas e situações do personagem", diz Gilka. "Para os menores, é natural que essa vivência, tão forte, seja incorporada às narrativas que constroem na forma de casos." Os fatos e a ficção são separados por uma fronteira flexível.




A distinção entre ficção e realidade ainda está em desenvolvimento nos anos da Educação Infantil - um aspecto que sempre deve ser considerado nas conversas com os pequenos. Isso se relaciona com uma das características mais vivas do pensamento da criança: o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critérios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observação e imaginação. É comum, quando se lê uma história como Chapeuzinho Vermelho, que uma criança interrompa para dizer que "a avó também mora perto de uma floresta" ou que ela "viu um cachorro na casa do vizinho" (no momento em que o lobo surge no texto, por exemplo). Quando assume o papel de narrador, essa flexibilidade de fronteiras entre experiência pessoal e situação imaginada se mostra tanto nos relatos reais como nas histórias ficcionais. "O mais comum e saudável é que a criança misture realidade e ficção para mais tarde separá-las", diz Maria Virgínia. Segundo a especialista, o adulto não deve questionar se o que ela conta é verdade ou invenção, mas embarcar na aventura e pedir mais detalhes. "Em muitos casos, ela vai rir ou dizer que o adulto já sabe que aquilo não é verdade." Em geral, a inquietação do professor vem do medo que isso se fixe como um padrão de comportamento - em outras palavras, que a mentira se torne uma constante na vida futura. "Os jogos de contar e a experiência com os usos sociais de comunicação são suficientes para a criança se ater cada vez mais aos fatos 'vividos' em seus relatos", afirma Maria Virgínia. O único cuidado essencial ao professor é não tirar conclusões precipitadas sobre as narrativas. O aluno falar de uma briga violenta, por exemplo, não quer dizer que isso aconteça na casa dele. "Não é possível saber a quem as crianças se remetem com seus personagens", diz Ana Paula.



Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/tem-monstro-meio-historia-489258.shtml





Quer saber mais sobre a construção do Pensamento da criança e o sincretismo?

Leia o Artigo abaixo:



O pensamento infantil sobre os fenômenos naturais

Entenda de que forma os pequenos criam teorias e explicam os fenômenos naturais até se aproximarem dos conhecimentos científicos.

Este é o planeta e as estrelas. E estas são estrelas também. E o astronauta." Yolanda

"Tem uma Lua ajuntada (cheia) que parece uma bola e tem uma outra que é sem ajuntada." Yolanda

"Sem ajuntada é quando ela tá sumindo. Quando ela tá ajuntada é quando é meia-noite." Julia

"Aí, não é. Quando tá meia-noite, a gente tá dormindo. Então a Lua não tá ajuntada." Yolanda

Revirando a memória, todos nós recordamos de ambientes, passagens e sensações da infância. Mas você saberia dizer como costumava explicar a alternância entre o Sol e a Lua no céu? A criança tem uma maneira muito peculiar de entender o mundo e, à medida que cresce, se desenvolve, tem acesso a novas informações e experiências e esquece seu antigo modo de pensar.

O professor de Educação Infantil, como muitos outros adultos, presencia e vive essa evolução. Conhecer a maneira como os pequenos formulam as primeiras explicações para a dinâmica dos astros (veja o desenho ao lado) não é apenas reviver o frescor da visão sem as amarras dos primeiros anos de vida. Um educador que considera os processos por que passa a criança qualifica suas intervenções no contato diário com ela. Afinal, o que se quer é tornar cada vez mais sofisticada, coerente e ativa a forma de ela apreender a realidade.

Em rodas de conversa, é comum ouvir explicações curiosas sobre os fenômenos naturais, tais como: "O vento sopra o Sol para que ele não caia na Terra" e "A Lua segue o carro da gente pela estrada". Presente no cotidiano, a natureza está entre os primeiros aspectos sobre os quais os pequenos formulam teorias.

Um ponto importante para começar nessa aprendizagem é garantido já no primeiro ano de vida. O bebê adquire uma noção de abstração. Ele percebe que os elementos ao seu redor existem independentemente de os estar vendo - o conceito de permanência dos objetos.

Assim, ele passa a criar imagens mentais sobre as coisas - ele sabe que a mamadeira existe, por isso pode evocá-la mesmo quando não está em seu campo de visão. Com a aquisição da linguagem, a criança entra no território do simbólico: uma palavra, uma expressão corporal ou um desenho representam um objeto ou conceito e, com base na associação de alguns deles, cria-se uma ideia.

Com esses recursos, ela pensa sobre tudo o que vê, ouve e sente. Nesse contexto, entram em cena os famosos "por quês?". O fato, porém, é que os pequenos se põem muito mais questões do que expressam e as resolvem formulando teorias. Para isso, lançam mão de um repertório de informações e da observação dos fenômenos, relacionando-os de maneira muito particular. Uma característica desse processo é a de se colocarem como a figura central nas explicações - se eles estão dormindo e não podem ver o céu, a Lua não pode estar cheia (leia o diálogo acima). Esse princípio se liga à afetividade, que, segundo o francês Henri Wallon (1872-1962), é o que mais influencia a criança nas relações que estabelece entre as informações assimiladas. "É por isso que, quando ela pergunta 'por que fica de noite?', o adulto pode entender que ela está perguntando 'porque fica noite para mim?'", explica Heloysa Dantas, educadora estudiosa do pensamento de Wallon. "O adulto pode dar a explicação que achar conveniente, mas a que contentaria mais a criança em suas inquietações pessoais seria 'fica de noite para você poder dormir'."

Outras lógicas frequentes nas explicações infantis são o animismo e o artificialismo. Pela primeira, atribuem-se características e ações humanas aos mais diversos elementos da realidade ("O Sol vai dormir. Por isso, fica noite!"). De acordo com o segundo, entende-se que todos os fenômenos podem ser explicados por um processo de fabricação artesanal ("As montanhas se formam porque os homens colocam terra em cima"). Wallon define o pensamento infantil como sincrético, uma espécie de nuvem de elementos que vão se combinando para criar sentidos.

Este é o céu de noite. Aqui, a borboleta está dormindo, pintada de preto, porque tá escuro. Este é o céu de dia, com a borboleta vermelha porque tá claro.” Giovanna

"Ela não tem asa para voar." João


"Tudo o que a gente jogar vai cair no chão?" Monique


"Vai! Só passarinho que não." Giovanna


"E o que puxa as coisas para o chão?" Monique


"Ímã!" Giovanna


"Nesta parte da Terra está de noite porque os raios do Sol não tão batendo aqui. Eles tão batendo do outro lado do planeta, que vai girando ao redor do Sol. Quando anoitece, é o Sol que está escondido atrás das nuvens." Anita

Como se vê, a lógica científica não é o principal parâmetro da criança para esclarecer o funcionamento das coisas. "Ela relaciona o que lhe parece adequado, sem necessitar submeter a ideia a convenções preestabelecidas", afirma Heloysa. Sem se dar conta, os pequenos criam metáforas para explicar a realidade. "Daí a riqueza poética de sua forma de pensar. Entender o Sol e a Lua como namorados brigados que nunca ficam juntos segue o mesmo padrão de raciocínio apresentado por Camões, em Os Lusíadas, ao tratar uma pedra grande por Gigante Adamastor. É algo da natureza do pensamento infantil que apenas os artistas não abandonam em prol da lógica prática."

É preciso ainda levar em conta que a criança constrói formulações de acordo com suas possibilidades cognitivas. Os conhecimentos científicos - complexos e abstratos que requerem um raciocínio hipotético-dedutivo - ainda são inacessíveis aos pequenos. Mas é na Educação Infantil que eles começam um percurso de aprendizagem e desenvolvimento que os tornará capazes de operá-los melhor.

O bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) diferenciou os dois tipos de conceito que convivem na compreensão da criança pequena sobre o mundo que a cerca: os científicos (assimilados na instrução formal) e os cotidianos (obtidos no convívio prático). O pensador desenvolve sua teoria com base na ideia de que os primeiros saberes da criança sobre o mundo vão se sofisticando ou perdendo espaço para outros, mais próximos dos conhecimentos científicos. "Primeiro, ela conhece o cachorro da casa dela. Em seguida, vai entendendo que aquele cachorro é um ser vivo, para depois assimilar que pertence à espécie dos canídeos e também é um mamífero", explica Teresa Cristina Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista nas obras de Vygotsky.

As formulações criadas pelos pequenos nos primeiros anos de vida também estão ligadas a situações e elementos proporcionados pelo meio em que vivem. Ao ver uma foto de uma nebulosa (corpo celeste gasoso e nevoento), uma menina de 4 anos define: "É uma nave alienígena" - algo que dificilmente seria dito por uma criança de uma comunidade indígena isolada. A linguagem, portanto, é apenas uma das condições para o pensamento abstrato, que ajudaria a moldar esse olhar da criança e a sua forma de construir formulações.

Se a cultura influencia a observação e a explicação de fenômenos, também não se pode retirar da criança o papel principal do desenvolvimento de seu próprio pensamento. "Ela não se contenta em repetir o que é dado culturalmente. É ativa e produz em cima disso", argumenta Monique Deheinzelin, assessora da Escola Comunitária de Campinas, a 100 quilômetros de São Paulo.

Nessa construção, no entanto, alguns cuidados precisam ser tomados. Embora a explicação pessoal para os fenômenos naturais tenha grande importância no desenvolvimento infantil, cabe à escola aproximar os pequenos dos conhecimentos científicos. E isso vai se dando aos poucos. A criança pode até saber que está de noite porque os raios do Sol não batem aqui, em uma explicação que faria acelerar o coração de qualquer docente da pré-escola.

Na mesma conversa, no entanto, ela pode dizer que anoitece quando o Sol está escondido atrás das nuvens (leia a frase acima). Como analisa Zilma de Moraes Oliveira, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras da USP, em Ribeirão Preto, a 315 quilômetros de São Paulo, o docente não deve nem ignorar o raciocínio infantil nem impor a teoria adulta. "O educador deve criar um ambiente de escuta. É uma atitude de inclusão da criança em um ambiente de reflexão", diz. "Compreendendo a linha de pensamento dos pequenos, o docente localiza pontos para intervir", afirma.

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/pensamento-infantil-fenomenos-naturais-475516.shtml