«Que grande alívio ter sido campeão» |
Por nuno reis / A Bola |
POUCOS dias depois da grande festa da conquista do título de campeão nacional e já mais a frio, qual a imagem que lhe ficou na cabeça? — Não é apenas uma imagem, na cabeça ficaram muitas imagens. Foi uma grande festa, a realização de um sonho de menino, a realização de um sonho que tinha quando cheguei ao Aeroporto de Lisboa pela primeira vez, ser campeão pelo Benfica. A comemoração dos adeptos... ninguém esquece uma coisa dessas. Uma pessoa sai à rua e continuam a falar das comemorações, do jogo, do campeonato... Tudo isso é gratificante, estou muito feliz por estar vivendo tudo isso no Benfica. — Em entrevista a A BOLA, no final de 2009, tinha prometido aos adeptos que não deixaria o Benfica sem ser campeão. Está mais aliviado por ter cumprido a promessa? — Foi um grande alívio, mas também pela realização do sonho, não apenas pela promessa. Sabia que queria dar esse presente aos adeptos, porque eles mereceram-no quando vi esse estádio lotado e vibrando com os golos. Queria que eles vibrassem também com o título, era isso que eu tinha na cabeça e estou muito feliz por ter participado e contribuído para que isso pudesse finalmente acontecer. ADEPTOS 'DISPENSAM' PRELECÇÃO DE JESUS— Aquela chegada ao Estádio da Luz, antes do jogo com o Rio Ave, com milhares de adeptos a incentivar a equipa, arrepiou os jogadores? Cardozo até filmava... Foi preciso Jorge Jesus dizer mais alguma coisa para motivá-los ou aquela recepção bastou? — Durante a época vimos tantas coisas assim por parte dos nossos adeptos... Não era preciso dizerem-nos mais nada. Já sabíamos o que tínhamos de fazer dentro de campo. Deu para ver o Cardozo a filmar, mas eu também ia a filmar, só que os espelhos do autocarro são um bocado escuros e as pessoas não viram. Mas aquela recepção foi a prelecção que Jorge Jesus já não precisava de fazer. Isso é o Benfica, os adeptos do Benfica, a paixão do Benfica. Fico lisonjeado por fazer parte de um grupo desses, lisonjeado por estar num clube tão grande e ter todo esse carinho dos adeptos. ESPECIAL, ESPECIAL... FOI O ÚLTIMO APITO — Já elegeu o momento mais especial de toda a temporada? — O momento mais especial foi o minuto em que o juiz apitou e terminou o jogo com o Rio Ave. Já estávamos há tempo tocando a bola e ele não acabava com o jogo... Foi aí que tive realmente a noção de que tinha sido campeão nacional e ajoelhei-me para agradecer a Deus por tudo isso. |
«Por amor, paixão e coração nunca deixaria o Benfica» |
O que é que um jogador sente quando vê diariamente na Imprensa nacional e internacional o seu nome associado aos mais ricos e poderosos clubes do Mundo? — Cada um tem a sua forma de reagir, a minha é com os pés bem assentes no chão, com a consciência de que tudo isso acontece como forma de reconhecimento do meu trabalho. E também pela qualidade que o grupo demonstrou durante o ano. Se não tivéssemos feito uma grande época essas coisas não existiriam. Só tenho de estar feliz pelo reconhecimento, mas ciente de que tudo o que acontecer no futuro estará de acordo com a vontade de Deus, com a vontade do clube. Se for bom para o clube, se for bom para toda a gente do Benfica, será com certeza bom para mim também. Só tenho de estar feliz com tudo isso. — Por que razão disse, em pleno relvado, logo após o final do jogo com o Rio Ave, que ficaria no Benfica? — Porque a única coisa que eu sei é que tenho contrato com o Benfica até 2015. E não sei mais nada. — Mas admite que isso pode criar uma falsa expectativa nas pessoas? — Não... acho que as pessoas sabem tudo aquilo que está acontecendo e pode vir a acontecer. Lembro-me do momento em que prometi a todos que ia lutar pelo título e por ver Portugal pintado de vermelho, foi por isso que realmente lutei. E sabia que era isso que eu queria para o futuro, mas agora o futuro não pertence a mim, pertence a Deus, pertence ao presidente do Benfica, ele sabe o que é melhor para mim. Já tivemos inúmeras conversas e sempre me orientou e tranquilizou em relação a muitas coisas. Ajudou-me a perceber coisas que eu não sabia compreender. Sabendo que tudo aquilo que poderá ser meu irá acontecer naturalmente. As pessoas sabem lidar com isso e sabem o amor que eu tenho pelo Benfica. Sabem que estou dentro de campo para lutar por elas. — De uma forma pragmática pode afirmar-se que só o dinheiro pode tirar David Luiz do Benfica? — Sem dúvida alguma. Embora não seja dessa forma que eu quero que as pessoas entendam isso. Não quero que as pessoas pensem que só vejo o dinheiro. — Não quer que as pessoas pensem que se trata de querer ganhar dinheiro a todo o custo e sem olhar a meios, é isso? - É isso mesmo, o sentido é outro, é o sentido de pensar também no futuro, de ter uma família, de poder ajudar os meus filhos, para poder manter uma família e manter um projecto social que estou iniciando no Brasil. Tem a ver com todas essas coisas. Daí que essa situação possa ser verdadeira. Se o futebol fosse só amor, paixão e coração claro que nunca deixaria o Benfica. — Passa-lhe pela cabeça que, se não sair do clube esta época, algo que os adeptos admitem, pode tornar-se um jogador lendário do Benfica, à semelhança de nomes como Ricardo Gomes ou Mozer? — Temos de trabalhar sempre pensando em coisas boas e isso é uma coisa boa que pode acontecer, independentemente de entrar ou não na mística. O título já passou, as boas exibições do Benfica já passaram também, e temos de começar a pensar na próxima época, pensar em continuar da mesma forma, melhorar e crescer cada vez mais. Ficando no Benfica, claro que vou querer continuar a representar o clube com bom futebol e com o amor que tenho pelos adeptos. Tudo isso vai girar em torno das minhas exibições e capacidades. — Vai ter pena se sair do clube? — Sim, é normal, se tiver de acontecer vou sempre ter pena de sair de uma casa que me acolheu da melhor maneira possível desde o primeiro dia, de um clube que aprendi a amar e a viver intensamente, não só nos jogos, mas também fora deles. — Fala com emoção... — Sem dúvida, fico emocionado em falar do Benfica, toca-me muito. Cheguei aqui miúdo, tive de amadurecer em muitos aspectos. — Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira já prometeram um Benfica mais forte na próxima época, capaz de atacar a Champions. É possível? — É o pensamento mais correcto, é aquilo em que os grandes jogadores e as grandes equipas têm de pensar. Foi dessa forma que começámos a pensar no início da época, lembro-me perfeitamente de uma das primeiras frases do mister Jesus e do nosso presidente para os jogadores: é preciso ter ambição, mas também trabalhar para que isso aconteça. Dizemos que queremos um Benfica mais forte para a próxima época, um Benfica forte no campeonato, na Liga dos Campeões e em todas outras competições em que vai participar, mas sabemos que vamos ter de trabalhar o dobro para fazer o mesmo que este ano. Rúben Amorim amigo para a vida — Tem grande cumplicidade com Rúben Amorim. — É um amigo que tenho no coração para a vida toda, pois temos a mesma forma de pensar na vida e mesmo as famílias se dão bem. A mãe dele, o irmão, pessoas muito humildes e acolhedoras, um amor que se vê que está sempre no ar. A coisa que mais prezo na vida é isso, toda a gente devia ser assim. O título e o golo mais bonito da vida é amar os nossos pais. Só temos um pai e uma mãe. |
O cabelo é uma das imagens de marca de David Luiz. Continuará a crescer, questionámos. «Foi uma coisa que aconteceu naturalmente, não tinha pensado nisso para ter uma imagem. Foi acontecendo e fico feliz por ver as pessoas com perucas, imitado até pelas crianças.»
A verdade é que acabou por contribuir para a cumplicidade com os benfiquistas, se bem que haja outras cabeças que dão que falar no plantel: «Se tivesse cabelo curtinho e estivesse fazendo um bom trabalho acho que as pessoas também iam gostar. Mas é uma coisa legal. Assim como a careca do Luisão ou o cabelinho do Di María... As pessoas formam um perfil de cada jogador e na rua, com as crianças, é muito legal. Recebi cartas de miúdos mandando fotos dizendo que tinham cabelo à David Luiz e de garotas dizendo que David Luiz era uma menina por causa do cabelo.»
«Coloca essa música, Di María!»
Os jogadores do Benfica nunca esconderam, ao longo de toda a temporada, que a união do grupo, a força do balneário e o companheirismo reinante entre todos os elementos do plantel foi um dos aspectos mais determinantes para tão agradável desempenho. E David Luiz reiterou tudo isso, explicando, inclusivamente, que pormenores como uma simples música foram capazes de tornar-se fonte de inspiração e sucesso para a equipa. Como aquela que Di María tinha sempre a tocar no seu iPod a seguir a cada triunfo: « É... Para comemorar. Antes e depois dos jogos. O objectivo era deixar-nos mais alegres, mais descontraídos e tirar um pouco da ansiedade dos jogos. E, claro, para festejar. Até o mister pedia a música. Cantávamos essa faixa do Di María, uma música argentina... Dizíamos sempre, coloca essa música, por amor de Deus! Acabou sendo uma música do título, que ouvíamos em todos os jogos.»
«Houve jogadores melhores»
O defesa-central brasileiro do Benfica, David Luiz, conseguiu, aos 23 anos, e após praticamente três anos e meio de clube (chegou em Janeiro de 2007, no mercado de Inverno, quando os encarnados eram dirigidos por Fernando Santos), conquistar definitivamente os adeptos benfiquistas, rendidos à sua qualidade, mas também ao carisma que patenteia em cada acção. Para coroar a excelente temporada que rubricou ao serviço dos encarnados recebeu o título de campeão nacional, mas também o título de melhor jogador do nosso campeonato, distinção essa atribuída pelos leitores de A BOLA, que votaram maioritariamente nele em sondagem realizada pelo site oficial do nosso jornal. Obviamente, gostou: «Estou extremamente feliz e quero agradecer a todos pelos votos, pelo reconhecimento. Mas sei que houve muitos jogadores ao mesmo nível, até mesmo melhor, e não conseguiria nada sem os meus companheiros, sem o Benfica. Quero agradecer e fico muito feliz por esse título.»
Agora quero é saber que música é essa...que merda pa :P
ResponderEliminarspencer
qual é a musica. tb quero saber
ResponderEliminaramcslb
Deve ser o baile de la gambeta
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