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sábado, 22 de janeiro de 2011

A energia vital, solidariedade e cidadania


A energia vital, solidariedade e cidadania

A energia é vital para tudo, a energia do Sol aquece a Terra, nos dá vida, faz germinar e crescer as plantas. A energia não se perde, mas, sim, se transforma. E ela pode ser bem ou mal utilizada. Podemos falar de entropia.

A energia social é vital para toda atividade em grupo. Não só entre humanos, mas também entre animais e plantas, pois, em sentido amplo, há sociabilização mesmo entre animais e plantas. Porém, a energia sociopolítica, de vital importância para o desenvolvimento sadio de um grupo social humano, algumas vezes, parece que se perde no ambiente em que interage e em que deveria se transformar em novas formas de iniciativas e energias. Podemos falar do fenômeno da antropia e de cidadania.

No inicio dos anos 1950, após planejar e construir o represamento do Rio Paraíba do Sul, em um município do estado do Rio de Janeiro, para aproveitamento hidrelétrico, a empresa responsável deu-se conta de que os peixes tinham desaparecido do curso d`água da parte à jusante da represa. Para resolver o problema, resolveu-se repovoar as águas do rio com uma espécie exótica, o dourado. Em poucos anos, o dourado proliferou e acabou por destruir toda a fauna aquática nativa da região e, o mais lamentável, concluiu-se que o dourado não se adaptara ao ecossistema local e estava desaparecendo também. O rio perdeu para sempre grande parte de sua fauna. Aquele rio também passou a receber esgoto doméstico e industrial em suas águas e teve suas margens invadidas por construções irregulares.

Há muitos anos, fala-se e sofre-se com enchentes em Petrópolis. Em 1966, após uma noite de fortes chuvas, a então Avenida 15 de Novembro, hoje do Imperador, amanheceu com aspecto de catástrofe, com muita lama pelas margens do rio que divide a Avenida, muitos ônibus estacionados em toda a extensão possível das ruas do centro da cidade. Com as chuvas da noite anterior, barreiras caíram nas encostas da rodovia federal que corta as serras da região, interrompendo o tráfego entre Minas Gerais, Bahia, Brasília e o Rio de Janeiro. Todos aqueles veículos tentaram encontrar via alternativa, que não existia, devido às mesmas chuvas. Nas primeiras horas da manhã daquele dia do mês de Verão de 1966, em Petrópolis, uma noticia trágica veio chegando aos poucos: mais de duzentas pessoas morreram na cidade por causa das enchentes e escorregamentos de encostas.

As leis naturais, as normas morais, éticas e jurídicas parecem não existir ou são utilizadas em favor de interesses vários, sejam políticos, econômicos ou pessoais. As tradições patrimonialistas, de capitanias hereditárias, que predominam no Brasil, dão a direção a seguir e as prioridades, sejam o populismo, a demagogia, o imediatismo; sejam os interesses partidários, regionais, locais, empresariais.

O mau uso dos recursos naturais está presente e as catástrofes naturais se repetem a cada ano. E a cada novo desastre natural, surgem, nos jornais, a indignação popular legítima e também a indignação dissimulada dos administradores. A energia positiva da solidariedade destaca-se, como agora na tragédia da região serrana do estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011, porém, essa energia deve se transformar em corrente de fiscalização e cobrança dos administradores de ações eficientes e continuadas após as chuvas de Verão e contra o constante mau uso dos recursos naturais.

Luiz Ramos©

Foto: ramosforest©

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