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sábado, 2 de abril de 2011

Andersen em Lisboa


Lisboa. Entrada do Passeio Público do Rossio meados do séc. XIX
Litografia, ca 1850
http://purl.pt/93/1/iconografia/primo_basilio/e1689p_fic.html
«Por todas as descrições de Lisboa com que deparei, formara para mim próprio uma imagem desta cidade mas a realidade foi bem outra, mais luminosa e bela. Fui obrigado a exclamar: - Onde estão as ruas sujas que vira descritas, as carcaças abandonadas, os cães ferozes e as figuras de miseráveis das possessões africanas que, de barbas brancas e pele tisnada, com nauseantes doenças, por aqui se deviam arrastar? Nada disso vi e quando dessas coisas falei, responderam-me que correspondiam a uma época de há trinta anos, de que muitas pessoas se lembravam perfeitamente. As ruas são agora largas e limpas; as casas confortáveis, com as paredes cobertas por azulejos brilhantes de desenhos azuis sobre branco; as portas e janelas de sacada sáo pintadas a verde ou vermelho, duas cores que se vêem por toda a parte, mesmo nos barris dos aaguadeiros. O passeio público, um jardim longo e estreito no meio da cidade, é à noite iluminado a gás e aí se ouvem concertos. As árvores em flor desprendem um perfume bastante forte; é como se estivéssemos numa loja de especiarias ou numa confeitaria que preparasse e servisse gelados de baunilha.»
H. C. Andersen
In: Uma visita a Portugal em 1866 / trad. Silva Duarte. Lisboa: O Independente, 2001, p. 36

sábado, 5 de dezembro de 2009

Hoje no Arte







Quem optar esta noite por um serão televisivo, tem um excelente documentário no Arte : Autour du monde à bord du Zeppelin, de Dieter Mensink, sobre as viagens de Lady Grace Hay Drummond-Hay, a primeira mulher a dar a volta ao mundo pelo ar no final dos anos 20. Em Agosto de 1929, a jovem viúva aristocrata Lady Grace Hay embarca no Graf Zeppelin para dar a volta ao mundo neste novo e perigoso meio de locomoção aérea, e escreve o relato da viagem para os jornais americanos, contratada pelo rei da imprensa William Randolph Hearst, mas também no seu diário íntimo. Este documentário recorda o luxo a bordo, as escalas de sonho ( imaginem aterrar um zepelim numa ilha do Pacífico ) e os vários sustos meteorológicos...
Arte - 19h45 ( hora portuguesa )

sábado, 14 de março de 2009

Novidades - 35 : Viagens

Neste Passaporte, Maria Filomena Mónica relata as viagens que fez entre 1994-2008, de Hong Kong a Granada, e também pela Europa e África, bem como algumas viagens "cá dentro".
Os textos são acompanhados por fotografias de António Barreto.

- Passaporte- Viagens 1994-2008, Maria Filomena Mónica, Alêtheia Editores, 2009, 15 €.

sábado, 31 de janeiro de 2009

A Rainha do Sabá, relatos de viagem...

André Malraux
Porta para o Desconhecido
O avião aguarda ao amanhecer.
Quantos desses aviões terei visto pousados num longo terreno que se perde na periferia da alvorada num odor muçulmano de erva queimada e camelos! Campos do sul da Pérsia, estepes da Ásia Central – com os seus pilotos russos que passam a noite nus em balancés para escapar ao calor sufocante – na base do Himalaia, nos jardins queimados, sob o perfume selvagem e tórrido de alfazema já ressequida das montanhas… O Islão está à nossa volta até aos confins da África, até ao Pamir; (…)”

MALRAUX, André – A Rainha do Sabá, Lisboa:Livros do Brasil, 2006, p. 35.
André Malraux nasceu em Paris, a 3 de Novembro de 1901, e morreu em Créteil, a 23 de Novembro de 1973. Arqueólogo, orientalista, aventureiro, escritor e político, foi uma das figuras exemplares e um dos grandes escritores do século XX.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Le Corbusier, A Viagem do Oriente 1


Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudónimo de Le Corbusier, nasceu em La Chaux-de-Fonds, a 6, de Outubro, de 1887 e morreu em Roquebrune-Cap-Martin a 27, de Agosto, de 1965, foi arquictecto, urbanista e pintor francês de origem suíça ligado ao Funcionalismo Modernista.
Em 1911, Le Corbusier decidiu viajar até Constantinopla com o seu amigo Auguste Klipstein. Com muito pouco dinheiro, os dois percorreram, de Maio a Outubro, a Boémia, a Sérvia, a Roménia, a Bulgária e a Turquia. Durante essa viagem ele tomou notas num caderno registando as suas impressões e realizou uma série de desenhos que o ensinaram a olhar e a ver.

O DANÚBIO

“ …Belgrado jazia numa curva, porta mágica do Oriente. Vinham a seguir os ecos trágicos do desfiladeiro de Kasan, sangrando de combates seculares. As “Portas de Ferro” eram as legiões romanas em quadra onde se ergueram as “águias” de Trajano. Eu podia vê-la, essa Via sagrada, desmaiar no ouro dos trigais romenos, onde o céu se aniquila na luz e onde o ruído se calou para sempre. E, mais abaixo, a doacção inteira dessas águas ao Oriente. (…) É uma solidão inacreditável. Durante horas nada se vê à direita e à esquerda, a não ser um horizonte de árvores pequenas na distância e azuis sob a luz. O rio as alcança e as afoga. Fiordes parecem abrir-se, pondo o céu nessa pequena faixa de terra. (…) Como diferenciar esse céu do rio que o absorve? (…) Parece que estou em algum rio do Amazonas, tão longínquas são as margens e inexplorável suas matas. (…)
Esztergon aparece, silhueta estranha: um cubo e uma cúpula apoiada sobre muitas colunas. De longe, é como a promessa de uma maravilha. Cubo que possui um ritmo admirável e que os montes nascentes apresentam como uma oferenda nesse altar que lhe fazem. Enfim, na hora em que tudo se abandona à poesia, sob um céu esverdeado, o rio apareceu um imenso leque de lâminas pretas e douradas, em grandes ondas diluídas de rosa; e, surgindo, montes nos cercaram, de perfis voluntariosos. Evocação violeta de uma Grécia que assim desejávamos, porém mais arquitectónica ainda”.

Le Corbusier, A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Naify, 2007, (Apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro, traduzido por Paulo Neves), p. 37- 54.