Trabalhando as Competências socioemocionais na escola
Por Priscila Pereira Boy-
Pedagoga, diretora da Priscila Boy Consultoria, escritora e palestrante
priscilaboy@terra.com.br
As pessoas se tornam, em grande parte, aquilo que aprenderam,
viram e viveram na infância, seja na família, na escola ou em outros espaços de
convivência social.
O ser humano é um ser relacional. E relacionamentos se
propõem a criar laços, mas, muitas vezes viram grandes nós.
Segundo os dados do último censo do IBGE, o tempo de convívio
diário dos pais com os filhos é de uma hora e meia, em média. Já no espaço
escolar, quando multiplicamos o número de horas diárias por 200 dias letivos,
percebemos que, em muitos casos, os alunos passam mais tempo na escola do que
com os pais. Este dado assustador nos leva refletir a importância do papel da
escola na vida das pessoas.
A Base Nacional Comum Curricular, documento normativo, que
deve nortear toda a elaboração dos currículos das escolas em todo o país , visa
definir as aprendizagens essenciais dos educandos. De acordo com as
orientações, todas a etapas de ensino deverão trabalhar com dez competências
gerais, das quais, quatro são predominantemente socioemocionais.
As competências socioemocionais se caracterizam pela
mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes das quais lançamos mão
para resolver situações problema. Em muitas situações cotidianas, fazer a
gestão das emoções é fundamental para que possamos nos tornar seres
competentes.
O século XXI nos coloca diante de novos desafios. A entrada
da tecnologia requer de nós abertura para a aprender novas coisas, o que exige
flexibilidade. A aprendizagem por meio de novas metodologias, os ambientes
colaborativos, tudo isto requer de nós estabilidade emocional para lidar bem
com as pressões e novidades.
Com a globalização rompem-se as fronteiras da convivência
humana. Relacionar-se com povos diferentes, culturas diferentes exige de nós
uma habilidade para lidar com as diferenças visando aceitação da diversidade.
Aceitar as diferenças de raça, cor, religião, etnia e pensamento exige olhar o
outro também como cidadão de direito. Neste momento, vale o respeito, a aceitação,
tolerância e principalmente a consciência de que não existe gente menor e
maior, melhor ou pior. O que existe são seres humanos criados por Deus.
Outra exigência do século é lutar por sustentabilidade,
cuidar do planeta, do meio em que se vive, ecologia ambiental e ecologia humana.
Entender os desafios do mundo do trabalho, da sociedade do consumo e garantir
relações de equidade e alteridade, não compactuando com a exploração humana.
Esta geração, que vai ocupar lugares de liderança e
participação no futuro, deve ser trabalhada dentro de uma perspectiva
humanizada e humanizadora. Enxergar o bem comum e propor soluções para melhorar
não só sua vida, mas a de todos.
A escola não é um espaço apenas de aprendizagens cognitivas. Saber
a fórmulas, datas, conceitos é algo importante, mas pensar em uma sociedade
igualitária e respeitosa também faz parte das soluções que o profissional do
futuro deve desenvolver. Para isto é preciso pensar em projetos que favoreçam a
empatia, cooperação, cidadania e o bem comum.
O educador do futuro tem a função de garantir que as relações
se tornem cada dia mais saudáveis e mais harmoniosas. Trabalhar as competências
socioemocionais na escola é contribuir para um mundo mais humano e mais feliz.
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