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27.3.08
nuno júdice - braille
Leio o amor no livro
da tua pele;
demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve
obstáculo de consoantes,
em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos.
Desfolho as páginas
que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio
de um roçar de palavras
que se juntam,
como corpos,
no abraço de cada frase.
E chego ao fim
para voltar ao princípio,
decorando
o que já sei,
e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
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