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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Pequena Canção

 
Pássaro da lua,
que queres cantar,
nessa terra tua,
sem flor e sem mar?
 
Nem osso de ouvido
pela terra tua.
Teu canto é perdido,
pássaro da lua...
 
Pássaro da lua,
porque estás aqui?
Nem a canção tua
precisa de ti!
 
Cecília Meireles
Obra Poética, pág.195 
 
 
 
Myra Landau
 

sábado, 2 de novembro de 2013

?

    Panorama

Em cima é a lua.
no meio, é a nuvem,
embaixo, é o mar.
Sem asa nenhuma
sem vela nenhuma,
para me salvar.

Ao longe, são noites,
de perto, são noites,
quem se há de chamar?
Já dormiram todos,
não acordam outros...
Água. Vento. Luar.

O trilho da terra
para onde é que leva,
luz do meu olhar?
Que abismos aéreos
de reinos aéreos
para visitar!

Na beira do mundo,
do sono do mundo
me quero livrar.
E em cima - é a lua,
no meio - é a nuvem.
e embaixo - é o mar!

Cecília Meireles

                                                                           
 
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Instantes


Sempre gostei de espanta-espíritos e móbiles.

A leveza do móbil que se agita com o vento
ou a delicadeza dum breve instante musical...

                                                                            
 

 
 
 
Motivo
 
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
 

 

 
 
 
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
 

 

 
 
 
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço.
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
 

 

 
 
 
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
 
Cecília Meireles
 
 

sábado, 16 de março de 2013

Harmonia

 
(Retirei a frase de um mail que recebi e acompanhava uma foto da mesma escultura.
Parque da Paz, Nagasaki )
 
 
 
"O Mundo será um Parque da Paz
quando a Humanidade entrar num baile fraterno."


 
Foto retirada da net
 
 
Canção Mínima
 
No Mistério Sem-Fim,
equilibra-se um planêta.
 
E, no planêta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sôbre ela, o dia inteiro,
 
entre o planêta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.
 
Cecília Meireles
Obra Poética, pág.194
Aguilar Editôra
 
 
 
A Dança
Matisse
                                                                            

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Respiro teu nome

                                       

Respiro teu nome.
Que brisa tão pura
Súbito circula
no meu coração!

Respiro teu nome.
Repentinamente,
de mim se desprende
a voz da canção.

Respiro teu nome.
Que nome? Procuro...
- Ah! teu nome é tudo.
E é tudo ilusão.


Respiro teu nome.
Sorte. Vida. Tempo.
Meu contentamento
é límpido e vão.

Respiro teu nome.
Mas teu nome passa.
Alto é o sonho. Rasa,
minha breve mão.


Cecília Meireles, Obra Poética, pág.638
Aguilar Editora