: :
Serei areia a esgotar-se entre dedos cansados
cor roída na voracidade crua do tempo
palavra solta num caderno sem linhas
desvanecida a tinta que a tornou realidade.
:
Serei dança em pontas que não me erguem
rasto de linha quase pura em tela carcomida
jogo de luz quente e sombra misteriosa
num quadro que ninguém adivinhou.
:
Serei sempre o mesmo verbo murmurado e breve
que me soltou ao vento acre da loucura
e não me espanta o regresso da certeza
de ser assim no tempo repetida.
:
Fotomontagem Ana Oliveira e Costa