Tive de mudar o título destes posts senão teria de acabar o diário aqui! Já estou tão ambientada à coisa que deixou de me fazer sentido relatar o dia-a-dia. Prefiro ir escrevendo as coisas dignas de nota, já que me sinto perfeitamente ajustada à nova rotina. E também já não tenho energia suficiente para ficar acordada até tarde a escrever sobre os dias que passam. Nem acho que haja coisas dignas de registo, já!
Constato agora que estou há quase 2 meses em casa de quarentena e isto já se entranhou, ao ponto de estar a entrar na fase em que já não quero sair e dou por mim todos os dias a evitar os motivos para um pé na rua, a não ser para ir fazer o exercício físico diário. E pior, estou a ficar intolerante à proximidade física das pessoas que não conheço. Ontem fui ao supermercado e a senhora atrás de mim começou a pôr coisas no tapete da caixa ainda eu não tinha acabado de pôr as minhas compras todas, o que fez com que estivesse literalmente ao meu lado a arrastar as compras dela para trás no tapete! Acabei por lhe responder mal e de forma brusca e senti-me péssima com isso, porque era uma senhora mais velha, muito provavelmente a viver sozinha pelas poucas coisas que levava. Sinto-me a desumanizar-me aqui no meio. Continuo com muito medo do que este isolamento nos vai fazer, especialmente no médio prazo..
Quando há umas semanas falava com uma italiana que estava há mais de 2 meses em casa, achei mesmo que não iria aguentar chegar aos 2 meses assim, mas a verdade é que encontrei as minhas estratégias para lidar com a situação da melhor forma possível e neste momento sinto-me absolutamente plena. Falo imenso por escrito e por telefone com uma míriade de pessoas, mas raramente vejo seres humanos, excepto ao Sábado em que inaugurei oficialmente os Jantares da Quarentena. Costumo jantar com uma amiga e um amigo solteiros que também vivem sozinhos, cada um na sua casa é que são os meus anjos da guarda quando preciso de deixar o meu filho com alguém. Não há um jantar em que não acabemos sempre a falar de sexo, relações amorosas, emoções. Não me lembro de rir tanto há meses! E acredito que estas ligações vão mesmo ficar para a vida.
Aqui pelo meio acertei biorritmos. O meu filho e eu já estamos no mesmo horário de despertar: 9h da manhã, e temos uma rotina super coordenada que nos faz viver muito felizes! Temos tido muito mais tempo para brincadeira desde aí e desde que dicidi não permitir a tortura da pré-escola à distância. Temos levado tudo com conta, peso e medida e estou genuinamente a apreciar o privilégio de o ter comigo em casa. Sinto que esta foi uma oportunidade de reescrever a nossa história. Tenho aproveitado para usufruir da ligação que temos. Se quando fiquei sozinha grávida de 8 meses e posteriomente absolutamente sozinha com ele até aos 6 meses em Lisboa até me mudar para o Porto, sempre percepcionei esta mudança como uma prisão, a verdade é que esta pandemia me veio mostrar que está nas nossas mãos ressignificar o que nos acontece e é sempre possível mudar quem somos numa segunda oportunidade. Desde que queiramos fazer o trabalho difícil e estejamos disponíveis para conviver intimamente com os nossos piores demónios, é possível curar as piores mágoas.
Os passeios diários ao fim da tarde mantêm-se e estão numa média de 6kms/dia. Isso significa que ele dorme cerca de 11h-12h por noite. O que tem sido impossível de acontecer é a sesta que todos os dias é pautada por milhares de desculpas para não dormir e que me vai torrando a paciência e consumindo as horas de paz para trabalhar em coisas mais complexas.
Entretanto esta semana decidi voltar ao objetivo de não comer carne durante os tempos para ver se consigo fazer disto um novo estilo de vida mais saudável. Desde que vi o The Game Changers na Netflix que decidi que é mesmo hora de ser vegetariana por diversas razões. E tenho aproveitado o tempo da quarentena para ir experimentado receitas novas mais à base de grão e feijão. Hoje fiz feijão preto estufado com arroz branco. E não resisti a mais um baba ganoush para jantar!
Aqui pelo meio, deixei o Big Brother de lado e estou viciada na série Love is Blind da Netflix! Aquilo é melhor que qualquer reality show e mostra tão bem como algumas relações são tóxicas desde o início e de como a maior parte dos problemas está sempre na comunicação entre duas pessoas. Também na linha das relações amorosas, ando a ler o (In)Fidelidade: Repensar o Amor e as Relações, da Esther Perel. Já a tinha ouvido numa Ted Talk sobre relações amorosas e depois ela foi Oradora das CreativeMornings em Nova Iorque. E no meu aniversário do ano passado, o Husband Material ofereceu-me o livro. Tenho de o ler aos poucos. Há ali muita coisa para digerir, muita coisa que me faz pensar e reflectir na minha própria vida. Há muitas perspectivas sobre coisas que eu tomava por adquiridas e que estão a ganhar uma nova luz. Não sei bem como é que se encaixa esta nova visão em mim. Mas está a valer todo o trabalho que está a dar...
Aqui pelo meio, deixei o Big Brother de lado e estou viciada na série Love is Blind da Netflix! Aquilo é melhor que qualquer reality show e mostra tão bem como algumas relações são tóxicas desde o início e de como a maior parte dos problemas está sempre na comunicação entre duas pessoas. Também na linha das relações amorosas, ando a ler o (In)Fidelidade: Repensar o Amor e as Relações, da Esther Perel. Já a tinha ouvido numa Ted Talk sobre relações amorosas e depois ela foi Oradora das CreativeMornings em Nova Iorque. E no meu aniversário do ano passado, o Husband Material ofereceu-me o livro. Tenho de o ler aos poucos. Há ali muita coisa para digerir, muita coisa que me faz pensar e reflectir na minha própria vida. Há muitas perspectivas sobre coisas que eu tomava por adquiridas e que estão a ganhar uma nova luz. Não sei bem como é que se encaixa esta nova visão em mim. Mas está a valer todo o trabalho que está a dar...
Esta pandemia tem sido uma bênção na minha vida. Tem-me permitido rever muitas coisas em mim, tem-me dado tempo para olhar para as minhas sombras, tem-me dado espaço para solificar relações significativas e acima de tudo tem-me ensinado muitas coisas sobre mim mesma. Sinto-me uma privilegiada no meio disto tudo.