Quanto mais avança o julgamento de Isaltino Morais mais os munícipes de Oeiras ficam estupefactos. Não chegava o PCMO assumir crimes, embora prescritos, e ter a lata de afirmar que os donativos de campanha ficavam nas suas contas particulares para os seus alfinetes, e foram só uns míseros € 400.000.
Para o quadro ser completo, faltava a vertente que "apimentasse" a história transformando-a numa "comédia à italiana". Assim, a entrevista de uma testemunha no processo, actual funcionária na CMO e ex- secretária e ex-chefe de gabinete do PCMO, é a cereja em cima do bolo.
Alguns dirão que "corria" à boca pequena este tipo de histórias e quem conta um conto aumenta um ponto. Portanto, nem sequer ligam.
Porém, e tendo como princípio que a vida sentimental do PCMO não me interessa nada, acho todavia relevante a dita entrevista apenas e só na seguinte medida:
- Paula Nunes foi secretária e chefe de gabinete do PCMO. Mas, essas funções não incluem "buscar fatos do presidente ao alfaiate, pagar facturas da água e luz, nem emprestar contas pessoais para depósito em numerário do sr. PCMO" e etc.
- Isto é claramente misturar o pessoal e o profissional o que resultou na "comédia italiana" a que temos assistido. O profissionalismo e competência da senhora não o descortino. Mais, como entrou na CMO com 19 anos, e aí teria de ser na carreira administrativa, o ter sido promovida com um ordenado chorudo para determinadas funções teria de obedecer a determinado perfil. Um perfil profissional mais rigoroso talvez não fosse adequado às necessidades do PCMO.
- Durante muitos anos, esta funcionária não questionou nada. Calou e aceitou. Mas eu não acredito que a senhora pensasse que aquelas funções eram as que correspondiam à sua categoria profissional. Não acredito que não percebesse que era imoral e eticamente reprovável um certo tipo de comportamentos, e que só o percebesse recentemente. Assim, tira fotocópias dos dossiers diz ela, para se "proteger". Isto revela que sabia muito bem o que estava a fazer e que de inocente não tem nada.
- Mas, se não estranho o comportamento individual de uma pessoa, o que está subjacente revela-me como a discricionariedade na autarquia na contratação de pessoal é uma forma muito usada para "presentear" amigos. É a famosa "via da cunha" (ressalve-se que nem todos os funcionários da CMO se enquadram obviamente nestes "benefícios"). E este aspecto eu acho relevante porque exibe falta de rigor, compadrio e outros etcs.
- Mais, o vencimento desta senhora é pago pelo erário público isto é, por todos nós, e em particular pelos munícipes de Oeiras. E eu, como munícipe, não aceito que comportamentos como os presentes sejam prática comum na autarquia ou no Estado. No País em que vivo exijo ética e transparência.
- O que me interessa também é que o representante do maior partido da oposição na CMO, no caso o PS, e que aceitou um lugar de vereador com funções, achava que a referida senhora era muito competente e convida-a para trabalhar com ele. E depois, acaba por confirmar, vejam o post do AFS - Triângulo de Oeiras - que foi com ela jantar ao Solplay.
- Já nem pergunto o óbvio, nomeadamente quem pagou o jantar e a suite mas estou estupefacta pelo facto do representante do maior partido da oposição ir jantar com uma funcionária, de quem é superior hierárquico, e que por "acaso" é testemunha chave no processo do Presidente da CMO.
- A oposição em vez de ter uma função fiscalizadora e de equilíbrio face a todos estes excessos, colabora com eles e alimenta-os. E o silêncio é cúmplice...
Sabem que mais...? Isto é uma "comédia à italiana" e estes três não merecem mais que a minha veemente indignação e repúdio. Esta gente não presta!
Só espero, se calhar é apenas uma esperança, que os eleitores tenham o discernimento de distinguir o trigo do joio e que com o seu voto repudiem, sem margem para dúvidas, estes comportamentos, esta forma de fazer política. Lembrem-se que eles são eleitos para serem os nossos representantes e não para usarem o cargo em proveito próprio.