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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

sábado, 15 de março de 2014

A NOTÍCIA

A NOTÍCIA


   Não se tratando de cobranças oriundas da Autoridade Tributária e demais organismos estatais, por vezes retiramos prazeres infinitos da leitura.
A nossa imaginação viaja para além das narrativas imateriais, o nosso cérebro busca incessantes explicações para o inexplicável.
As crenças, os conceitos e as memórias sensoriais regurgitam-nos fantasias e emoções dando-nos voltas e reviravoltas na teoria dos conhecimentos, franqueando metafísicos mundos de surrealismo, cujas mensagens aparentemente lineares nos convidam à associação de ideias e a outro, e mais outro conceito, qual desmanchar de coloridas matrioskas num metamorfosear dos elementos da natureza...
Por vezes, nessas leituras buscamos o sádico prazer em sabermos das desgraças alheias e demais vicissitudes que o mundo e os humanos tecem. Satisfazemos a libido num conjunto organizado de pigmentações policromáticas impressas nas páginas de papel couchê impregnado em carbonato de cálcio e forjado em nome do grande irmão, damo-nos conta dos últimos desenvolvimentos do voyeurismo social!
Por exemplo, cá o Cidadão foi dar com o kota da casa lendo em voz alta as páginas de necrologia e um tio desflorando as entranhas dos anúncios de convívio desse diário que nos oferece meiguice, fogosidade, fantasia e atrevimento quanto baste...
Se ao dispor da comunidade lhes der ar intelectual, encontramos uns quantos que vão lendo as notícias viradas do avesso e outros tantos sacerdotes repousando a mão direita sobre elas, assim reivindicando usucapiões, quais saciados cães em guarda aos roídos ossos!
Vem isto a propósito do folheto informativo que mensalmente é gratuitamente distribuído pelas bancas, pelos balcões dos templos de consumo, enfim, até quase que porta a porta, pelas caixas de correio de alguns tubucos, maçanicos, vilarregenses, punhetenses e neo-barquinhenses mais eruditos, na medida em que o conteúdo desse folheto consistirá na suposta antítese de tudo quanto até agora aqui foi descrito... talvez tentando relembrar-nos a velhinha noção de que a excepção confirma a regra.
Na edição de Março pareceu cá ao Cidadão estar a ler os passos necessários à execução de um número de ilusionismo...

Finalmente, seria agora que viria a nova ponte para o Tramagal...
O Primeiro-ministro sugeria à linha de montagem dos automóveis dos três diamantes para que construísse uma data de pontes sobre o Tejo, que viessem encurtar a distância entre o Tramagal e a Auto-Estrada 23...
Ponte concessionada e privada, teria de ser portajada...
Mas não!
Aquilo seria um mero apelo ao imaginário dos presentes, na medida em que para nós portuguesitos, estes passos há muito se fizeram em desafios... 
Pá! O que nos safa é que aquelas pontes estão entre aspas!!!
O rio galgou as margens! 
Esta, e a outra!
Pudera!
Com tanta água correndo debaixo das pontes, os rios teriam mesmo que encher!...
Constrói-se em zonas de leito e quando os rios se esticam, é sempre a mesma coisa!
O homem quer sobrepor-se à Natureza e para gáudio dos jornalistas, de quando em vez os elementos regressam ao seu habitat...
Vêm os jornalistas dar notícias que devido à tenra idade, só para si são novidade, formulando ilações algo estranhas como:

“neste inverno faz frio,”
-É natural, estamos no tempo dele.
 
“como é que os senhores se vão desenrascar, isolados neste  reduto de casario cercado pelas águas do Tejo?”
-Do mesmo modo que sempre o fizémos quando o rio galga as margens.

“há quanto tempo não caía neve aqui?”
-Desde o ano passado...

“este vento e esta chuva intensa são normais para a época em que estamos?”
-Sim, é normal. Se isto acontecesse no Verão é que seria algo estranho.

Situações caricatas em que os entrevistados só não se escangalham a rir porque recearão ser alvo de processo judicial por atentado à deontologia do jornalista, sabe-se lá!

Ora, ressalvando a foto do mês e a edição de Fevereiro de 2014, dedicada ao “camião ultramarino”, no demais o Dica de Abrantes é pródigo neste género de notícias vazias de conteúdo ou novidade...
Quem diz ao povo sobre o caos que se faz sentir no Hospital Manuel Constâncio?

Quem informa o povo sobre a expectativa de supressão da linha de autocarros que assegura a deslocação dos utentes da saúde pública no perímetro da tríade hospitalar Tomar-Abrantes-Torres Novas, também conhecida por Centro Hospitalar do Médio Tejo, denotando que a implementação dos autocarros hospitalares não passou de uma estratégia para silenciar o descontentamento popular?

E aquela cena marada de passar a ser o Cidadão a correr atrás da justiça em vez de ser a justiça a vir ter com o Cidadão?

... -Que grande martelada!!!
 
Quem explica ao povo que a implementação dos transportes municipais a pedido servirá para calar a contestação sobre a hipotética supressão dos transportes públicos urbanos?

Quem conta ao povo sobre o que é feito da tal Comissão Autárquica para a Cidadania?
Ter-se-à extinguido com o vencer das eleições ou bule algures nas entranhas de uma qualquer loja maçónica instalada em estabelecimento devoluto do Centro Histórico de Abrantes?

Quem noticía ao povo sobre a rápida degradação da Rua António Aleixo, nóvel artéria asfaltada há seis meses, que acede do Bairro São José Operário, em Rossio ao Sul do Tejo, até à extrema do Fojo?
"Não dês esmola a santinhos,
Se queres ser bom cidadão;
Dá antes aos pobrezinhos
Uma fatia de pão..."
     
Quem conta ao povo sobre as razões da paralisação do restauro dos frescos da Igreja de Santa Maria do Castelo?
Quem revela ao povo sobre as razões da inacabável obra no espaço do parque de campismo do Rossio ao Sul do Tejo, onde está prometido um centro de interpretação do Tejo?
Quem confessa ao povo sobre as razões que induziram a súbita mudança do projecto do centro escolar do Barro Vermelho, para o Convento Nossa Senhora da Esperança?
Quem dá novas ao povo sobre as sucessivas paragens e substituição da  querida BUSA por mini autocarros da empresa Vale do Ave?
Terá esta gente, os olhos maiores do que a barriga?
Diria pois que da última vez que cá o Cidadão abt se deu conta de desfolhar a “Dica de Abrantes” seu processo de informação levou-o ao folheto promocional de um determinado templo de consumo que comercializa produtos tendencialmente germânicos...

Compreende-se.
Registe-se o neologismo superir”  introduzido por alguns jornalistas cá do burgo abrantino...  
Perdeu cá o Cidadão abt o seu precioso tempo em busca desta palavra em todos os dicionários modernos, acordados e até nos de antigamente... acabando também ele por se quedar superido de todo!
Tentando uma explicação plausível através da análise semântica, indo até às flexões nominais e pronominais, passando pelos predicados dos sujeitos, consultando os adjectivos dos substantivos, daí não alcançando superlativas conclusões e no inconseguimento de uma desconjunção perifrástica, este quão singelo palavrão será a fusão entre um “superar” e um “suprimir”, culminando no híbrido em questão...
Sim. 
Também aqui se faz por os compreendermos...
Há que dar primazia da notícia aos órgãos de comunicação social porque cá o Cidadão abt agora vai ouver  televisão...