OS DESINTEGRADOS
Como quase todos já o sentimos na pele e na
carteira, Portugal debate-se com uma
crise económica e de valores, sem precedentes.
Nos tempos em que se dividia uma sardinha por três, as famílias não estavam tão encalacradas em encargos como agora e quase todas tinham um cantinho de terreno para ser cultivado.
Semelhante a estes tempos difíceis só a décima que o eremita de Santa Comba cobrava na agricultura cerealífera e actualmente nos é a vigésima terceira...
Ah, pois, também não havia Internet para podermos desabafar estas cenas e a polícia fiscal de agora corresponderá a policia politica de então... embora existisse um departamento de polícia de açambarcamento para terem a certeza que as carruagens de sacas de farinha produzida nos moinhos portugueses, eram enviadas com toneladas de volfrâmio para enrijar o aço alemão... A liberdade de expressão era restrita pese hoje certos jornalistas irem parar ao ôlho da rua por noticiarem algo mais do que nos bastidores da informação lhes é aconselhado dar a conhecer ao pagode! Não os coibem mas põe-se-lhes a jeito... Macumbas sortidas, cenas dos Santos de Angola, pedidos de cedência de imagens de manifestações, divulgação das equivalências segundo o processo de Bolonha, ou tentar atravessar os corredores dos hotéis onde estão hospedadas as vacas sagradas do régime são factores passíveis de uns empurrões suplementares nas carteiras profissionais dessa malta que não se comporta.
Vinte anos volvidos vivendo acima das nossas possibilidades, bem à sombra dos dinheiros comunitários, chegou a hora da
cobrança fiscalizada pelo trio dos homens do fraque que trimestralmente nos visitam...
Viajassem de camelo e seriam os Reis Magos!
Assim, apenas nos presenteiam com a mirra...
Sim...
porque nunca houve almoços grátis... apenas crédito.
No momento em que está a ser lavrada esta crónica algo pertinente e um tanto ou quanto incomodativa, dos
10.765.477 (dez milhões setecentos e
sessenta e cinco mil quatrocentos e setenta e sete) habitantes governados
por um punhado de tecnocratas, 5.587.300 (cinco
milhões quinhentos e oitenta e sete mil e trezentos) representam
a população activa e considerando que devido à austeridade imposta pelos
senhores ministros servis aos espartilhos das oligarquias mundiais, entre os inscritos e os não inscritos, 1.367.000 (um milhão e trezentos e sessenta
e sete mil) destes heróis se debatem com o flagelo do desemprego, da reinserção ou outros factores sociais,
resulta em aproximadamente 4.220.300
(quatro milhões, duzentos e vinte mil) portugueses a sustentar o Estado a que chegámos, correspondendo a
menos de metade da população residente no território nacional.
Pelo andar da carruagem, caminhamos
para pouco mais de um terço de indivíduos contribuindo estóica e directamente
para a máquina devoradora dum Estado insensível,
cujos iluminados dirigentes pretendem em dois anos recuperar aquilo que foi
desbaratado em duas décadas, sem entenderem que este portugalito não morrendo da doença, se arrisca a capitular com a
overdose da cura!
Só um reduto de irredutíveis ministros é que não o entende
porque sempre viveram alheios às dificuldades da sociedade que os rodeia, nunca
sentido a austeridade dos outros na sua própria pele, genuflexinando-se à politica da Merkel!
Continuando assim, por
cada dia vencido, 17 empresas e
sociedades comerciais vão decretando insolvência ou falência, enviando
dezenas de famílias para o desemprego enquanto outras, por longevidade
e na impossibilidade de se conseguirem integrar na vida activa, deixaram de
receber o subsídio de desprego, restando mercado para os templos de consumo que acusam retracção na reposição de stocks, mostrando os
expositores ôcos, despidos, escoando a muito custo os escassos produtos rasando o fim de validade e notando-se a redução significativa dos operadores de
caixa.
Os
portugueses que ainda detêm poder de compra passaram a procurar os
produtos de marca branca, respondendo prontamente aos apelos promocionais dos
descontos, dos pontos e dos saldos antecipados à época...
-A
coisa está preta...
Não pára de aumentar o número de famílias armadilhadas pela golpaça do consumismo que ora sobre-endividadas
com o facilitismo do dinheiro de plástico que a publicidade enganosa e as compras por impulso lhes foram impingido pelos olhos dentro, se vêm em dificuldades económicas para honrar os seus
compromissos, nomeadamente das prestações da casa, pagamento dos bens essenciais
como sejam a electricidade, o gás e a água.
São
aos milhões, os portugueses apanhados no turbilhão da recessão económica que vêm as suas vidas
completamente desintegradas.
Outros
tantos, funcionários públicos, debatem-se com a decisão estatal de serem colocados na
prateleira, com horário zero, com licença sem vencimento ou rescisão unilateral de
contrato, muitos seguindo a recomendação do homem da massa má, para que
emigrem... que abalem daqui para fora...
Ainda
se recordarão que saindo em defesa dos portugueses, a 23 de Março de 2011, foram alguns destes então deputados na Assembleia da República, quem chumbou o Quarto Plano de Estabilidade e Crescimento, vulgo PEC IV?
-Parece que passou bastante mais tempo... não
é verdade, ó Companheira?
-Repara
no que te digo... Estamos a caminhar de
mal para pior...
Que
os portugueses emigrem mas que depositem as suas economias na banca nacional e contribuam para os
cofres deste Governo que resiste em
cortar nas gorduras e insiste em recrutar novos quadros, são sugestões desta tropa, com o aval do Senhor Silva que recomenda à malta, fazer filhos!
Entre
especialistas, equipas técnicas, secretários de estado, motoristas e outros
colaboradores, já lá moram oitocentas e trinta nomeações distribuídas pelos job’s dos ministérios e outros organismos públicos, quase todos com o subsídio
de férias e décimo terceiro mês salvaguardados nas alíneas dos contratos publicados em Diário da República e difundidos na Web!
Uma mina a explorar pelos boys acrescentados ou substituídos nos organismos públicos, entre os quais, alguns ex-blogger's contemplados pelo Relvas...
Nos
dias que correm, constatamos que é fácil estes ministros mais troikistas do que a troika, alterarem uma alínea, um artigo, um decreto, um regulamento
ou uma legislação de determinada matéria, justificando-se com as directivas da União Europeia, subjugando-se ao Banco Central Europeu, ao Fundo Monetário Internacional, à Comissão Europeia, às oscilações das
petrolíferas e multinacionais que vão conquistando território com a arma
mais eficaz do Séc. XXI - a financeira!
Porque
a cavalo ganhador não se lhe muda o arreio, há outras leis que se arrastam por
décadas sucessivas sem que alguém se atreva a tocar-lhes... Ou modificando-as, será
no sentido de lhes acentuar as tetas ao amojo...
São leis que
contemplam os desgraçados que chamados a tomar decisões pelo povo,
acabando essas funções públicas anos depois, tendo o emprego, a reforma, as subvenções e o ordenado
reservados, garantidos e... alguns autarcas de Abrantes não fazendo disso excepção.
Sim,
porque suspendendo as suas profissões para se poderem dedicar à causa pública, sofrem efectivamente um revés nas suas vidas, um tal abalo que terá de ser
colmatado da melhor maneira, mesmo que efectivamente requisitadas para grã-mestras guardiãs de múmias tubucas, jarrões gregos, sítulas romanas, figuras zoomórficas, ídolos oculados do calcolítico e outros artefactos etruscos da pedra lascada e polida!
Efectivamente, ao
contrário da populaça que cai no desemprego, normalmente são fulanos que devido
à sua aura política têm bastante aceitação no seu habitat natural, nunca se
candidatando a coisa alguma mas apenas se ajeitando a qualquer coisa, fazendo enormes favores ao povo sendo
requisitados para funções meramente administrativas nas áreas confinadas ao poder autárquico inté porque efectivamente, de entre as competências e as valências de muitos
outros humanos, efectivamente jamais se encontrará algum desses com curriculum e experiência à altura de vestir os
fatos que parecem estar confeccionados à medida! Efectivamente.
-Olha! Dois Hongshan zoomórficos... Bah! Que coisa + feia!
Em contrasenso, sendo a queda do tamanho da
montada, ao terminarem as funções executivas, talvez devido à saudade
tipicamente portuguesa e inadaptados às funções anteriores, estes senhores
têm a possibilidade de repescar mais uns milhares de níqueis ao erário público
que é como quem diz, vão-lo usufruir dos impostos esmiuçados à tal população que herculeamente conserva os empregos ancestrais e sacados aos cortes nas reformas, vencimentos e
subsídios de férias e Natal dos cidadãos que auferem rendimentos inferiores aos dias do mês...
A
estes senhores que pululam de função pública em função pública e decretam o
corte do abastecimento de bens essenciais aos munícipes desintegrados que para
além do mais, se sujeitam às tarifas
domésticas, às taxas de passagem e ocupação e ao IMI-Imposto Municipal sobre Imóveis, dos mais elevados de Portugal, numa época em que por solidariedade
para com as dificuldades passadas pelos munícipes, a maioria das câmaras
deliberou baixar esses valores para o mínimo possível, talvez por solidariedade para com os esmiuçados,
também estes senhores que pregam a moral
nos órgãos de comunicação social se sentem desamparados, abalados e igualmente desintegrados da sociedade e do ambiente
que os rodeia...
Num gingle bells onde não há papel, a autarquia cede um autocarro pago com o erário público para levar as meninas do Lar da Santa Casa da Misericórdia às compras de Natal a Lisboa, em detrimento do comércio do centro histórico da terrinha que as acolhe. São sensos e contrasensos... Não faz mal... Limpam-se ao jornal e metem-se as despesas com o transporte nas tarifas de saneamento dos Serviços Municipalizados de Abrantes.
Ex. VPC (vereador Pina da Costa)
Incontornavelmente
terá este Cidadão abt que lembrar o estatuto remuneratório dos titulares de
cargos políticos, sendo bastante mais abrangente para os contemplados e dispendioso para os
cofres do Estado do que aquilo que se nos aparenta e em certa medida nos são arredios...
Vem
o dito desde 9 de Abril de 1985, sofrendo
um acrescento a 18 de Agosto de 1995
o qual se refere a uma panóplia de benesses para os políticos, como por exemplo
ajudas de custo, despesas de representação, viatura oficial, subvenções mensais
vitalícias para quem tenha mais de doze anos consecutivos ou interpolados de
casa, cumuláveis à pensão de aposentação ou de reforma e ainda um subsídio de reintegração para os
infelizes que não atingiram os doze anos de serviço em favor da cousa pública,
sendo-lhes suspenso tal consolo desde que requisitados para
gestores públicos ou dirigentes de institutos púbicos autónomos, como por exemplo presidentes de conselhos administrativos de serviços municipalizados ou coordenadores de parcerias museológicas de cariz público, se não fôr
decorrido o dobro do período de reintegração, caso em que terão de devolver
metade do valor dos subsídios...
Parte-se do
princípio que os desintegrados cá
do feudo tubuco exerceram funções de vereadores e de vice-presidentes de câmara
durante uma parga de anos e assim que largaram o poleiro administrativo requereram imediatamente
o valor de um mês do ordenadão que auferiram por cada seis de casa, acumulando nas onze parcelas a módica quantia de €30.000
(trinta mil euros) que lhes preencheriam a palmilha no sapatinho deste
Natal... e que entretanto foram desinquietados para outros cargos públicos, os quais, pese a pouca vontade, fizeram o obséquio em aceitar, só agora sofrendo a afronta das requisições terem sido dadas ao intrasufrágio municipal, arriscando metade das importâncias inicialmente estimadas.
Hum...
Interessante estratégia da presidenta do Céu...
Tal
como Pilatos, daí lavando suas alvas
e pequenitas mãos...
Enquanto muitas
famílias não vão ter oportunidade de trocar prendas, para assim poderem liquidar
as continhas da água e de grosso modo contribuírem para a inclusão de tão desintegrados
senhores...
-A população abrantina deverá ser informada sobre estas
coisas quão banais e corriqueiras ou deverá tal assunto quedar-se pelos bastidores
da autarquia, ficando guardado no segredo dos confrades?!