A MANCHETE
Subestimando as boas
relações entre as cúpulas de ambos os países e entendendo que a pasta dos Negócios Estrangeiros seria monótona
demais, resolveu o Rui Tuga substituir-se
aos jornalistas e arriscando-se a ir parar ao olho da rua, fez manchete na coisa diplomática enchendo as medidas dos órgãos de comunicação social de duas nações e demais países interessados na contenda!!
Numa de bilateral foi visitar os magnatas dos diamantes e do petróleo
angolano e supondo que o seu antecessor Paulinho
das Feiras o desconhecesse, desatou a palrar para os media e homólogos angolanos que em Portugal, para além das duas filhas do Kitumba, haveriam mais onze altas patentes do país anfitrião suspeitas no envolvimento em matérias ilícitas e sob investigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal do País visitante!!!
Como não há fumo sem fogo nem corrupto sem corruptor, a tempo oportuno imiscuiu-se um
ex-embaixador angolano, denunciando que no verso da moeda estarão o dobro de
gestores portugueses topo de gama ligados à banca, à energia, ao direito, à
construção civil e à distribuição, envolvidos na mesma substância penal!
- Ora
"porra"!
(Atenção que isto não é a Adega de Alcanhões)
Ignorará
o Rui Tuga que a cooperação luso-angolana
é bilateral em todas as frentes e linhas?!
O diplomata português menosprezará as regras protocolares de etiqueta e boas maneiras que desaconselham ao hóspede apontar os defeitos do anfitrião sob pena se candidatar a situações constrangedoras como esta?
Abnegará este Ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros que o preço do petróleo, a cor do dinheiro e o valor dos diamantes suplantam as meras questiúnculas judiciais?
Não lhe terá o antecessor posto ao corrente destas regras de ouro?
O Jurista desconhecerá que o vil metal corrompe e que ganharia mais em estar calado,
evitando constrangimentos diplomáticos entre as cúpulas dos dois países?
Não
entenderá o ministro em exercício que quanto mais na porcaria se mexe, mais ela
cheira?
Por ingenuidade desejaria o diplomata alterar o rumo da maquinação de interesses bilaterais com profundas raízes nas cúpulas económicas e sociais de ambos os países ou quereria o Parente esturricar a imagem das elites angolanas que vêm deixar milhares de dólares nas boutiques da capital Lusa?
A
explicação melhor perfilada é que o Rui Tuga terá batido com a língua
nos dentes por não aceder atempadamente à tese de doutoramento em Relações Internacionais
por Via da Experiência defendida pelo
Senhor Cassola, ex Ministro-adjunto
e dos Assuntos Parlamentares, onde em determinado parágrafo estará definido
que as liberdades de comunicação e de expressão são incompatíveis com a cooperação estratégica entre Portugal e Angola...
Ao
menos que a seu tempo pusesse os olhos no que sucedeu a Pedro Rosa Mendes por se ter esmerado numa crónica inconveniente
vertendo sobre tal temática...
O Soba bem garantiu que os portugueses
se encontravam em posição privilegiada perante o mercado angolano que num espírito de amizade e cooperação entre povos por aqui
investe à fartazana e as reminiscências de proveniência marginal estavam identificadas e isoladas, sendo coisa remetida para o passado...
-Bolas,
Rui! Há cenas que têm de ser tratadas com pinças...
Por
um lado as oligarquias dos usurários à boleia da Troika e por outro, o capitalismo angolano asfixiando a nossa
soberania nacional!
Já
no século XV os discípulos de Diogo Cão recrutavam rapariguinhas
provincianas para serem oferendadas aos haréns dos reis africanos confirmando
que desde os tempos quinhentistas os negócios luso-angolanos suplantam a soberania
e a independência do Poder Judicial...
A
alarvice com que o Chancerelle fez manchete arrisca a termos de partilhar este solarengo rectângulo
com os duzentos mil patrícios
que vão fazendo vida nas áridas terras do N’dongo
e do Matamba!
Vale-nos
que os dissabores de política externa se cingem às cúpulas bilaterais dos
Estados de direito onde se confunde diplomacia com interesses estritamente económicos e de
âmbito individual...
É
que o Kitumba anunciou o fim
unilateral da parceria estratégica com Portugal
e segundo o andamento da carroça, não tardará muito em também enviar o Colar da Ordem do Infante D. Henrique pelo esgoto abaixo...
Nem
com a crise diplomática do Mantorras nos
tempos sócratinos representado interncionalmemnte pelo ministro mais bem Amado, este fulano a quem
foi delegada a representação internacional da aliança Passos-Portas aprendeu a lição de que a República não deverá andar às turras com
os magnatas angolanos!
Alguém
tem dúvidas que este arrufo diplomático será reconciliado em nome do petróleo, do sangue do Cuango e das pedras das Lundas, do Tchege e Malanje?
Até à data em que este post foi publicado, os Kitumbas de lá têm sido mais espertos do que os Kitumbas de cá...