As perguntas de sempre: Tiveste um bom dia de aniversário? E
presentes?
Os presentes, mesmo em adulto as pessoas perguntam,
curiosidade para algumas, verdadeira amizade para as outras que gostam de me
ver feliz.
Sorrio, inúmero os muitos que tive, vejo sinais de aprovação,
admiração e também de alguma invejazita saudável até partilhar com elas o presente
favorito. Noto a estranheza no olhar e o silêncio de quem não sabe o que
responder.
Uma andorinha.
Uma andorinha modelada em barro, de curvas suaves a que o
vidrado deu a macieza perfeita. Negra, brilhante, leve. Do tamanho exacto para caber
na palma da minha mão.
Quando os meus dedos se fecham sobre ela, adaptam-se ás suas
curvas e não há arestas que magoem o meu abraço desajeitado.
Uma andorinha de barro para os outros, um presente sem nexo
para um homem.
Não podem estar mais enganados.
Andorinha-promessa, andorinha-esperança, andorinha-amor, andorinha-força,
andorinha-vida e até andorinha-morte.
Não sabem nem podem adivinhar o que significa descobrir a primeira
andorinha do ano. E depois a sua companheira e mais outra e outra ainda.
Não sabem o que é voar com elas nessa liberdade interior, bando
de andorinhas-sonho capazes de me fazer elevar mesmo com asas de chumbo.