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14 de out. de 2010

Resenha: Na Próxima Lua Cheia – André Bozzetto Jr.

Considero o final de um romance responsável por mais ou menos 75% de toda a obra. É o final que diz se valeu ou não a pena passar algumas horas com o livro. Claro que todo o processo até o término, o desenrolar da história, é importante, mas não adianta começar com um clima intenso e o final ser digno de um “é só isso?” – e também pode acontecer o contrário, se a história não prender o leitor desde o início, raramente saberá sobre o fim, provavelmente o livro será abandonado antes disso.

Finis coronat opus, ou seja, o fim coroa a obra e Na Próxima Lua Cheia conseguiu seu mérito, me manteve acordada até às 4 horas da manhã para acompanhar a jornada dos três amigos, Lucas, Diego e Rafael, até a cidade de Nova Aparição e encontrar um final de arrepiar. E um início excelente.

Tudo seria tão mais simples se o jovem, ao menos, tentasse ouvir o que o senhor tinha a dizer sobre o perigo que inevitavelmente correria caso seguisse naquela direção, naquele horário e o pior, com aquela lua. Porém, como já é de conhecimento de todos, os mais moços raramente ouvem os experientes. E desta vez não foi exceção.

Talvez a busca por aventura ou a imaturidade seja herdada, afinal, a história aconteceu há anos com o pai de Lucas e este resolveu descobrir se era real ou não, para isso envolveu dois amigos.

“Durante anos pensei que fosse apenas um devaneio do meu pai. Ou uma história fantasiosa que ele havia inventado apenas para me assustar”.

Quando os amigos se deparam com os lobisomens é preciso ter fôlego porque as cenas são intensas. Horror, agonia, pedaços de ossos e cérebros temperam o encontro. E, mesmo após os terríveis acontecimentos, nada parece abalar o doentio Lucas.

“Teria o prazer de ver aquela casa e os principais vestígios de uma noite de horrores arderem no fogo”.

O livro tem vários detalhes gráficos em cada capítulo e as ilustrações enriquecem ainda mais a obra e percebe-se todo o cuidado com que foi tratada.

No Brasil há poucos livros com o tema lobisomem, um título, que posso dizer que foi uma das leituras mais agradáveis deste ano, que também contou com a participação de André Bozzetto Jr., é Metamorfose – a fúria dos lobisomens, organizada por Ademir Pascale, que assina a apresentação de Na Próxima Lua Cheia. O prefácio ficou por conta de M. D. Amado, autor de Aos Olhos da Morte.

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Editora: Literata - Selo Estronho
ISBN: 9788563586070
Ano: 2010
Páginas: 120
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8 de abr. de 2010

Resenha: Metamorfose – a Fúria dos Lobisomens – Ademir Pascale (org.)

-->Escrever sobre determinado tema é bastante desafiador. Trinta e sete escritores foram selecionados para a coletânea Metamorfose – a Fúria dos Lobisomens organizada por Ademir Pascale e prefácio de J. Modesto, autor de Trevas e Anhangá – a fúria do demônio. Sinceramente nunca havia lido uma coletânea até o final e esta experiência foi bastante agradável. Alguns dos contos têm idéias muito interessantes, porém foram mal desenvolvidas. Outros são fracos, e deles não falarei, aproveitarei o espaço para citar alguns dos contos que se destacam.

Razão e Fúria – Marcelo Hipólito
“O homem-lobo surpreendeu-se (...) E ele sentiu vergonha de sua nudez”
A maldição também pode ser ao contrário e atingir o lobo, transformá-lo em homem. E para quem seria o pior castigo na transformação, para o homem ou para o lobo que adquire consciência em sua nova condição? Ao ler este conto imaginei que poderia bem se tratar de um romance.

A alcatéia – Lino França Jr.
Admiro o trabalho do escritor e este conto não poderia ser diferente, flui sem cenas e palavras colocadas desnecessariamente.
Um comboio de caminhões devidamente protegidos com prata, afinal em seu interior os seres temíveis, os lobisomens que foram capturados e, nesta tentativa de levá-los à capital pela ambição humana por poder que desafia até o desconhecido, mas nunca sai impune.
“(...) quando se lida com o sobrenatural, tudo que parece certo, pode deixar de ser em poucos segundos”.

Lobo Homem – Pedro Moreno
“Entre os rugidos de dor do animal e as gargalhadas dos homens estava meu rosnar”.
Aqui, uma criatura se preocupa com os animais da floresta em que vive, com a toda a destruição causada pelo homem – o verdadeiro mal. Mas ele é um instrumento da Natureza para afastar os seres cruéis que só fazem destruir.

O melhor amigo – André Bozzetto Junior
O horror de não se ter um amigo, de ser sozinho, leva Bruno a se aproximar de Jarbas, que descobre ser um lobisomem justiceiro. Neste conto há momentos de aversão como quando
“(...) caído no chão e gastava suas últimas forças gritando por sua mãe, enquanto a criatura bestial lhe arrancava as pernas”.

Sina – Jocir Prandi
“Numa mão, amor, carinho; na outra, rígida, cerrada, uma crescente fúria vingativa”.
A vingança que faz gerar mais vingança, uma bola de neve que sempre acaba por voltar. Quem mais sofre é aquele que permanece. Apesar de ser uma fera, também é possuidor de sentimentos.

O último baile: Pontos de vista – M. D. Amado
O conto é dividido em três partes: “A dança” em que a criatura fala enquanto toma para si a moça; “A caça”, o caçador busca e vinga a terrível cena que vê
“Teu erro, besta fera, foi roubar minha Marcelina”
“A fúria” é Marcelina quem fala sua tristeza.
Três visões diferentes do mesmo terrível momento em um belo, suave e poético texto sem deixar de ser terrível.

O Vampiro e o lobo – Adriano Siqueira
Num conto rápido, sem perder tempo, o lobo, grande inimigo do vampiro, se entrega, depois de tentar diversas vezes mata-lo, sem sucesso.
“Lobo! Não é pela tua fúria que conseguirá me atingir”.

Apavore-se com diversas versões pra uma criatura.

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Editora: All Print
ISBN: 9788577185382
Ano: 2009
Páginas: 200
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