Considero o final de um romance responsável por mais ou menos 75% de toda a obra. É o final que diz se valeu ou não a pena passar algumas horas com o livro. Claro que todo o processo até o término, o desenrolar da história, é importante, mas não adianta começar com um clima intenso e o final ser digno de um “é só isso?” – e também pode acontecer o contrário, se a história não prender o leitor desde o início, raramente saberá sobre o fim, provavelmente o livro será abandonado antes disso.
Finis coronat opus, ou seja, o fim coroa a obra e Na Próxima Lua Cheia conseguiu seu mérito, me manteve acordada até às 4 horas da manhã para acompanhar a jornada dos três amigos, Lucas, Diego e Rafael, até a cidade de Nova Aparição e encontrar um final de arrepiar. E um início excelente.
Tudo seria tão mais simples se o jovem, ao menos, tentasse ouvir o que o senhor tinha a dizer sobre o perigo que inevitavelmente correria caso seguisse naquela direção, naquele horário e o pior, com aquela lua. Porém, como já é de conhecimento de todos, os mais moços raramente ouvem os experientes. E desta vez não foi exceção.
Talvez a busca por aventura ou a imaturidade seja herdada, afinal, a história aconteceu há anos com o pai de Lucas e este resolveu descobrir se era real ou não, para isso envolveu dois amigos.
“Durante anos pensei que fosse apenas um devaneio do meu pai. Ou uma história fantasiosa que ele havia inventado apenas para me assustar”.
Quando os amigos se deparam com os lobisomens é preciso ter fôlego porque as cenas são intensas. Horror, agonia, pedaços de ossos e cérebros temperam o encontro. E, mesmo após os terríveis acontecimentos, nada parece abalar o doentio Lucas.
“Teria o prazer de ver aquela casa e os principais vestígios de uma noite de horrores arderem no fogo”.
O livro tem vários detalhes gráficos em cada capítulo e as ilustrações enriquecem ainda mais a obra e percebe-se todo o cuidado com que foi tratada.
No Brasil há poucos livros com o tema lobisomem, um título, que posso dizer que foi uma das leituras mais agradáveis deste ano, que também contou com a participação de André Bozzetto Jr., é Metamorfose – a fúria dos lobisomens, organizada por Ademir Pascale, que assina a apresentação de Na Próxima Lua Cheia. O prefácio ficou por conta de M. D. Amado, autor de Aos Olhos da Morte.