terça-feira, 27 de abril de 2010

Jogo dos sete erros (agora com o gabarito).


Querido Brasil, depois de 45 celebrados comentários (Eu amo vocês!), largas gargalhadas e muitas surpresas que fariam Freud reescrever sua teoria da sexualidade vou passar o que eu consideraria um gabarito meu para o joguinho dos sete erros, referente à foto acima.

1 – Nem todo mundo que veste a camisa da polícia é um policial de verdade.
Esse bonitão fardado aí da foto não é da PMERJ é um modelo trabalhando para uma campanha da grife italiana Relish. Indícios nesse sentido são as enormes tatuagens do braço e a barba mal feita... Ok, isso também não define nem de longe um verdadeiro policial.

2 – Nem sempre quem está numa aparente situação comprometedora é um bandido.
A moça também é modelo e está ganhando o dinheiro dela de forma honesta, até que provem o contrário. Bandida é a Relish que se deu bem na época, por fazer uma campanha-retaliação ao caso Cesari Battisti, o terrorista italiano que recebeu refúgio no Brasil (alguém lembra? Porque tem coisa que é melhor esquecer).

3 – A polícia (sua imagem, seu poder e seus recursos) não pode ser utilizada para fins outros não previstos em lei.
A farda na imagem é exatamente igual à da PMERJ. Comprometeram a imagem de uma instituição pública e do Rio de Janeiro em troca de quê? (snif...)

4 – A mulher foi representada numa atitude de forte conotação sexual, abusiva e que estimula a violência, a desigualdade e o desrespeito.
O ingênuo executivo machista da marca italiana da discórdia, senhor Alessandro Espósito, já pediu desculpas e a gente deixa barato a palhaçada.

5 – Não se deve achar que a fragilidade na aparência do inimigo signifique ausência de perigo.
Abaixe a guarda e você pode ser pessimamente surpreendido. O inimigo do “policial” que simula uma busca pessoal toda errada, pode ser a sensualidade da moça. Mas descobri que há mais inimigos sedutores na atividade policial do que poderia eu imaginar na minha vã filosofia (ui!).

6 – A presença feminina é imprescindível na polícia, pronto e acabou.
O blog é meu e eu puxo sardinha para o meu prato a hora que eu quiser. Isto posto, é um erro pensar que a atividade policial é “coisa pra homem”. Eu sou feliz aqui, tá? E busca pessoal em mulher é só uma das muitas situações onde convém a presença de uma policial. Até uma grife de moda italiana já sabe disso.

7 – Por último, quem tem que julgar é o juiz, aprovado no concurso da magistratura, possuidor de competência legal, capacitação e blá, blá, blá e mesmo os juízes são passíveis de erro. É preciso colocar os preconceitos à parte para um julgamento correto, ileso. Quem nos induziu a acreditar que os sete erros seriam do “policial”?

Agora reflitam... ou não, porque esse negócio de ficar apontando os erros dos outros é chato, né? : p

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Agora é a minha vez.


Ele tinha bastante experiência e muita classe. Fiquei fã desde o início. Me sentava sempre no meio da primeira fileira e quando ele precisava de alguma coisa pedia pra mim. Eu atendia por prazer, sem necessidade de algum sentido. Distribuía as cópias, recolhia material, ajudava com a papelada, fechava a porta da sala. E sem muito esforço ele foi o meu pai durante todos aqueles meses de curso de formação. Às vezes acho que me protegia - jeito perigoso de amar. Assim que terminou a formatura, esse instrutor pediu pra turma se reunir uma última vez na sala de aula. Subiu no tablado e nos colocamos em pé ali, de frente pra ele. Havia preparado um discurso latejante de despedida e imprimiu toda a sua alma numa folha de papel. A voz dele em sotaque gaúcho foi ficando mais grave e embargada. Disse coisas muito doloridas sobre a realidade do sacerdócio policial que a gente estava prestes a assumir. E chorou. Tentou continuar a leitura e chorou mais ainda. Alguns colegas olharam pra mim e eu entendi. Me aproximei, fiz um carinho no braço dele daquele jeito que só as pessoas que sentem paz sabem fazer e pedi pra ele me deixar terminar de ler o texto. No final da leitura me agradeceu envergonhado com os olhos vermelho-colorado, porque até as cores dos olhos dele eram gremistas. Dei um abraço nele e a turma toda fechou desorganizadamente unida em cima da gente. Naquela fina alegria vencedora que faz a gente acreditar que a partir de agora a história vai ser diferente. Porque vai.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A fera em questão.


Meu presente de aniversário pra você, amorzinho! Advinha???

a) Uma festa surpresa na nossa cidade de origem reunindo nossos amigos que ficaram lá;
b) Um jantarzinho romântico no nosso restaurante charmosinho;
c) Te dar aquele presente na cama na manhãzinha do grande dia (oi?);
d) Marcar a data glamourosamente pra sempre fazendo amor em algum cenário inusitado;
e) Alguma outra coisa que te convença forte que realmente valeu a pena vir atrás de mim;
f) Nenhuma das alternativas anteriores porque estarei viajando a serviço.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Só as mulheres sangram.

Quando nos apresentaram oficialmente, esta espingarda calibre 12 me deu oito coices no peito e uma lembrança roxa como um aviso do tipo "Nunca será!". Me lembro que um dos instrutores viu uma maldita lágrima rolando, mas não fez comentários. Nem eu. Fechei-me dura como quem fecha a câmara da arma após inserir o cartucho. Cleck, cleck! E terminei a série com a calma de um vento brando, camuflando as dores e o orgulho ferido. Mas para minha surpresa, permaneci irredutível no propósito de não desistir. Outro dia chamei esse canhão para um novo acerto de contas no estande de tiro. Veio com a mesma história e a briga foi feia. Até a chuva engrossou comigo naquele dia. Toda vez que eu tentava aconchegar melhor o recuo da arma no meu corpo era uma pancada, que em cima de outra pancada, potencializava o sofrimento. Como se quisesse abrir meu peito na marra. Juro que tentei entender a teoria mecânica e ensaiei várias vezes uma posição mais confortável, mas não adiantava argumentar com aquele trambolho. E quanto mais eu tentava obstinadamente trazê-lo pra perto de mim, mais o armamento me insultava. Foi quando cometi o erro de chegar perto demais, não sei se pra provar que não tenho medo, ou pela ânsia de ser levada a sério. Meus lábios quase tocaram a coronha. Mania de ignorar limites. E não houve perdão. O tiro foi perfeito, mas a desgraça do recuo veio como uma bicuda de coturno na minha boca que me fez ver todas as estrelas do firmamento dançando frevo e curtindo com a minha cara. O lábio superior sangrou... ficou inchado... e, como tantas mulheres que apanham da vida, simplesmente disfarcei, engoli o sangue e abafei a humilhação.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Herói secreto.

Foto: Rodrigo Coca/Foto Arena

A PMESP ainda não revelou o nome do policial militar à paisana, que na sexta-feira passada socorreu a soldado Érika Cristina Moraes de Souza Canavezi, ferida com um golpe de palmatória madeira no rosto, quando compunha a tropa da Polícia Militar na manifestação da greve dos professores em São Paulo, onde o pau quebrou mesmo. Eu acho que tinham que divulgar o nome dele, sim! Nome, telefone, estado civil...