Oi Gente!
Vocês perceberam que voltei a escrever com tudo, né? Eu adoro escrever e compartilhar minhas experiências, acho que isso ajuda todo e todo mundo se ajuda. Cada um enfrenta as suas experiências de uma maneira particular, e isso nos faz crescer como pessoas. Então, vamos lá!
Eu moro em uma cidade pequena, cerca de quase 70.000.00 habitantes. Aqui existem apenas duas casas lotéricas, uma fica dentro de um hipermercado e a outra em um lugar nada acessível. Eu sempre prefiro a dentro do supermercado, até pela facilidade, já que eu vou sozinha pagar as contas, e e essa é mais acessível, É gente, vida de cadeirante não é esse mar de rosas que todo mundo imagina, a gente também paga contas como todo mundo.
Estava eu na fila da casa lotérica que tem apenas um caixa, e duas filas, uma fila prioritária (deficientes, gestantes, idosos, autista) e a outra fila "normal". O caixa atende uma pessoa da fila de prioritária, e um da fila normal e assim por diante. Estava lá esperando a minha vez até que uma mulher de uns 50 anos começou a falar:
-Bom, essa lotérica aqui é para as pessoas que trabalham no comércio. A outra lotérica é melhor, pois tem mais de dois caixas, um especialmente para as "Prioridades."E eu estava conversando comigo mesma: falo ou fico na minha? Fazendo mil perguntas pra minha cadeirante interior. Quando percebi já tinha falando:
-Se a senhora quiser eu troco de lugar com você. Senta aqui na minha cadeira, e vai naquele local sem acessibilidade, assim a senhora pode sentir o que é ser cadeirante de verdade em uma cidade nada acessível. A mulher ficou quieta e não abriu mais a boca. E as pessoas em volta ficaram com uma cara de riso - sabe quando você quer rir e não pode. E a vida continuou tranquilamente. E eu saí de lá orgulhosa do que falei, sai de lá diferente naquele dia.
Beijo grande
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Mais uma experiência!
Olá!
Hoje, estou aqui para escrever mais uma experiência nessa incansável vida de cadeirante. No fim do ano de 2014, quando ainda estava na faculdade, resolvemos fazer uma confraternização entre as alunas, pois o ano letivo estava quase terminando e foi motivo para comemoração, apesar de que muitas desistiram, passamos um ano inteirinho juntas, e com muitos desafios e sufoco passamos por mais uma fase na Faculdade. Então decidimos que nós todas íamos encher a pança de pizza e nem pensar nas calorias que deveria ter uma fatia. Combinamos tudo certinho, e a tal pizzaria tinha dois andares, mas no térreo sempre teve mesas. Então tava tranquilo, nem fiquei preocupada, a gente podia ficar no térreo mesmo. A surpresa de quando chegamos na pizzaria foi que tinham feito uma reforma, e as mesas ficaram todas no piso superior. E agora? Minha irmã estava junto, subiu e pediu se alguém ajudasse pra me levar para cima. Tá bom, dois lances de escada sendo carregada na cadeira de rodas, (nada confortável, mas quase sempre temos que nos submeter por momentos inesperados para poder sair de casa). Então com muito custo, eu cheguei no piso superior sã e salva. E nos divertimos bastante, rimos, conversamos (Imagina 20 mulheres juntas) Imaginou? Melhor deixar por aqui.. haha Ah, e o mais importante, comemos muita pizza, que estava deliciosa. Pois é minha gente, chegou a hora da lesada que vos fala descer os dois lances de escada. Minha irmã e mais dois garçons da pizzaria ajudaram, pois na subida o moço ficou muito cansado. Cada um deles pegou um lado do quadro da cadeira de rodas e minha irmã atrás. Dizem que pra baixo todo santo ajuda, porém a história não foi bem essa. Faltando quase uns quatro degraus quase que eu caio com cadeira e tudo e mais três pessoas. A cadeira deu uma balançada legal, só sendo carregada pra saber, quando estamos no chão, sabemos pra onde vamos e que equilíbrio possuímos, entretanto ser carregada o equilíbrio muda drasticamente e não temos mais controle sobre a cadeira de rodas. Porém, entre mortos e feridos saímos todos na risada. Sei que ainda temos muito o que lutar, pra ter uma acessibilidade decente, mas se você ficar reclamando a vida inteira que não tem acesso aqui ou ali não vai adiantar. Temos que viver, independente de ter acessibilidade ou não. Sei que não é legal ser carregada com cadeira e tudo, mas se nós não ousarmos a vida fica sem graça.
Beijos Cadeirantes!
Hoje, estou aqui para escrever mais uma experiência nessa incansável vida de cadeirante. No fim do ano de 2014, quando ainda estava na faculdade, resolvemos fazer uma confraternização entre as alunas, pois o ano letivo estava quase terminando e foi motivo para comemoração, apesar de que muitas desistiram, passamos um ano inteirinho juntas, e com muitos desafios e sufoco passamos por mais uma fase na Faculdade. Então decidimos que nós todas íamos encher a pança de pizza e nem pensar nas calorias que deveria ter uma fatia. Combinamos tudo certinho, e a tal pizzaria tinha dois andares, mas no térreo sempre teve mesas. Então tava tranquilo, nem fiquei preocupada, a gente podia ficar no térreo mesmo. A surpresa de quando chegamos na pizzaria foi que tinham feito uma reforma, e as mesas ficaram todas no piso superior. E agora? Minha irmã estava junto, subiu e pediu se alguém ajudasse pra me levar para cima. Tá bom, dois lances de escada sendo carregada na cadeira de rodas, (nada confortável, mas quase sempre temos que nos submeter por momentos inesperados para poder sair de casa). Então com muito custo, eu cheguei no piso superior sã e salva. E nos divertimos bastante, rimos, conversamos (Imagina 20 mulheres juntas) Imaginou? Melhor deixar por aqui.. haha Ah, e o mais importante, comemos muita pizza, que estava deliciosa. Pois é minha gente, chegou a hora da lesada que vos fala descer os dois lances de escada. Minha irmã e mais dois garçons da pizzaria ajudaram, pois na subida o moço ficou muito cansado. Cada um deles pegou um lado do quadro da cadeira de rodas e minha irmã atrás. Dizem que pra baixo todo santo ajuda, porém a história não foi bem essa. Faltando quase uns quatro degraus quase que eu caio com cadeira e tudo e mais três pessoas. A cadeira deu uma balançada legal, só sendo carregada pra saber, quando estamos no chão, sabemos pra onde vamos e que equilíbrio possuímos, entretanto ser carregada o equilíbrio muda drasticamente e não temos mais controle sobre a cadeira de rodas. Porém, entre mortos e feridos saímos todos na risada. Sei que ainda temos muito o que lutar, pra ter uma acessibilidade decente, mas se você ficar reclamando a vida inteira que não tem acesso aqui ou ali não vai adiantar. Temos que viver, independente de ter acessibilidade ou não. Sei que não é legal ser carregada com cadeira e tudo, mas se nós não ousarmos a vida fica sem graça.
Beijos Cadeirantes!
domingo, 16 de novembro de 2014
A lesadice de ser cadeirante!
Eu só quero uma coisa nessa vida! Poder sair como todo mundo, sem preocupações alheias e aquelas acusações familiares. Tuigue, deixa de ser louca! Tuigue, você não pode isso, você não pode aquilo. Eu sei que não é levianamente, mas mesmo com limitações queremos nos virar sozinha. As pessoas sempre estão colocando limites na nossa existência de cadeirante, não querer e gostar é uma coisa, mas ter vontade própria é bem outra. Só quero poder sair sem preocupação, ir lá, ali, e mais naquele lugar, eu sei que ainda encontramos muitas barreiras, mas sempre se dá um jeitinho quando realmente se deseja alguma coisa. Não preciso que empurre a cadeira, eu tenho braços fortes pra isso, e bem fortes com as minhas sessões de musculação para o tronco e braços, eu ainda me viro bem sozinha e também já sou bem grandinha. Então, umas semanas atrás fui na casa da minha irmã sozinha, em um domingo de manhã, e notei que essa cadeira eu me canso menos. Estava um dia nublado, os carros passavam pelas ruas e olhavam a cadeirante doida, a vida estava passando e eu também estava ali fazendo meu papel como qualquer pessoa. De repente eu estava passando na frente de uma casa de esquina, e tive que parar para ver se estava vindo carro para passar e ouvi uma conversa que me chamou atenção, até diminuí a velocidade do impulso das minhas rodas. Na situação estavam dois homens adultos sentados na área de uma casa e uma menina que deveria ter 4 ou 5 anos. O pai fala para a filha:
Pai: Olha filha, a menina de rodinhas passando
Filha responde para o pai: Não pai, é uma moça andando de cadeira de rodas.
(risos) Como criança é doce e não tem preconceito, até sorri por dentro, para a menina, a minha situação é corriqueira, ela soube que estava numa cadeira e como todo mundo estava ali.
A rua por onde a lesada passou... |
Não podia terminar esse post sem algumas fotografias... (risos)
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