A primeira vez que vi Edna já notei sua personalidade forte e seu espírito de liderança. Foi no início das aulas de um curso que dei em vídeo-participativo em Luanda, em março deste ano. Durante o curso, não tive dúvidas de que a primeira impressão foi a que ficou. Afinal, Edna participou de todas as discussões, desde aquelas sobre a definição do roteiro do vídeo que seu grupo produziu até as sobre a cultura e a diversidade de Angola. E ela não é fácil, não. "Para me convencer, a pessoa precisa apresentar argumentos", ela me disse. Edna está certa. Ainda mais em um país como Angola, onde as mulheres são maioria no país, mas suas vozes ainda são minoria na tomada de decisão. E é de mulheres como Edna que nós precisamos, seja em Angola, no Brasil ou em qualquer canto do mundo. Ela é casada com Edgar, Eddy, para os íntimos, como eu (rs) e tem uma filha bem linda. Mora em Luanda.
A mais de 600 quilômetros de lá, vive Jesse, em Benguela. Também me lembro da primeira vez que o vi. Foi em agosto de 2006, no escritório da ONG angolana Omunga, em Lobito, na província de Benguela. Havíamos anunciado em rádios locais o nome das 46 pessoas (foram 301 inscritos) que haviam sido pré-selecionadas para a entrevista de seleção para o curso de jornalismo e vídeo-reportagem que eu e Chris, da
Minibus Media, iríamos dar em parceria com o Omunga. Jesse era um deles. Mas naquele sábado, ele foi ao Omunga participar de uma formação que a rede eleitoral estava conduzindo por lá. E, pego de surpresa, falei: você ouviu seu nome na rádio? Ele estava meio confuso, ficou feliz, senti que queria gritar e sair correndo. Mas se controlou e aceitou fazer a entrevista de seleção naquele momento, já que poderia economizar tempo e dinheiro não tendo que voltar outro dia. Jesse foi um dos 11 selecionados para o curso e até hoje é nosso escudeiro fiel. Ele e outros colegas formaram a brigada de jornalistas do Omunga, como resultado do curso, e até hoje produzem vídeos e informação por lá. Ele também tem personalidade forte, adora discutir (comigo, principalmente, né, Jeessseee) e é um gajo bué fixe, cheio de vontade, de opinião. Também não é fácil, não, e nisso temos muito em comum!
Amanhã Jesse e Edna vão para a Suécia. Eles vão participar de um curso de edição por lá. Isso me enche de orgulho e de felicidade. É a primeira vez que eles vão à Europa. Espero que o continente lhes trate tão bem como eles nos tratam em Angola.
Aproveitem bem, aprendam muito e nos ensinem na volta, hein, gentchi!
Estou bem feliz por eles porque, acima de tudo, acredito que o desenvolvimento só é possível com a capacitação das pessoas. Essa é uma grande oportunidade para eles, para as organizações onde eles trabalham e para os suecos, que também têm muito a aprender com os angolanos.
Boa viagem! Não esqueçam de nós aqui do hemisfério sul!