A minha costela de escritor, que vai tentar escrever sobre a vida nas suas multiplas facetas. A partir daqui criarei (ou tentarei criar) obras de ficção, porque muitas vezes, a realidade é mais chocante.
"Wacko Jacko is dead!" O artista fica, o homem foi-se. Agora vem a segunda parte, aquela em que aparecerão os tributos, os relançamentos e as biografias não autorizadas... o Natal de 2009 vai ser quente!
Vai ser também engraçado em saber se muitas das "estórias" tem algum fundo de verdade ou apenas treta dos tablóides, não é? Mas tirando toda aquela treta da pedofilia e dos seus hábitos estranhos, o artista era algo irrepetível, quer na maneira como se comportava em palco, quer na maneira como fazia os seus videos. Os anos 80 não são o que são sem a presença dele, isso é verdade.
David Carradine, o homem que encarnou Kwai Chang Caine em "Kung Fu" e que recentemente foi Bill nos dois filmes da saga "Kill Bill", de Quentin Tarantino, morreu esta Quarta-feira em Bangkok, aos 73 anos de idade. Carradine estava na Tailândia em filmagens quando foi encontrado com uma corda ao pescoço e... ao pénis, o que sugere asfixiação autoerótica.
Caso seja verdadeiro, não seria a primeira vez que uma celebridade tem uma morte destas. Em Dezembro de 1997, o então vocalista dos INXS, Michael Hutchence, foi encontrado morto no seu quarto de hotel em Sydney, com o seu cinto à volta do pescoço, numa posição que sugeria asfixiação autoerótica. Contudo, isso não foi confirmado então pelo médico legista que fez a autópsia ao cantor australiano.
Nascido a 8 de Dezembro de 1936 como John Arthur Carradine, vinha de uma familia de actores: o seu pai John Carradine, o seu irmão Rruce e os seus meio-irmão Keith e Robert, todos actuaram em TV, teatro e cinema. Começou a sua carreira na TV, em 1964, e em 1966 participa na série Shane, de curta duração. Seis anos depois faz a série que o torna famoso: "Kung Fu". A sua personagem, Kwai Chang Caine, é um mestre de kung fu que sai da china e percorre o Oeste Americano, em meados do século XIX. A série dura quatro anos e foi nomeado para o primeiros dos seus quatro Globos de Ouro para TV.
Fez depois um biopic de Woody Guthrie em 1976, chamado "Bound For Glory", em 1985 teve uma participação secundária, mas memorável na séreie televisiva "Norte e Sul", como Justin LaMotte, o marido colérico de Madelaine Labray, a apaixonada de Orry Main. Em ambas as situações foi nomeado para Globos de Ouro.
Fez mais de cem filmes e séries televisivas, e mais recentemente, para além da recuperação por parte de Quentin Tarantino em "Kill Bill", mas também teve participações em séries como "Alias" e files como "Death Race".
Cada um tem as suas recordações de infância. Uma das minhas, naquelas tardes algures em meados da década de 80, era de ver os desenhos animados apresentados pelo Vasco Granja, um senhor muito simpáticos, de óculos fundo de garrafa, e que fazia explicações aborrecidas sobre os filmes que íamos ver, muitas das vezes inexplicáveis para a mente de uma criança como a minha. Mas na minha ingenuidade de então, desconhecia que estava a ver autênticas obras-primas do cinema de animação, de pessoal como Tex Avery ou Norman McLaren, para além dos intraduzíveis desenhos animados vindos da então Cortina de Ferro, como a Polónia ou a Checoslováquia.
Mas no final, colocava um desenho dos Looney Toons, para entreter os mais novos, consciente, talvez, que nem todos os que viam o seu programa entendiam o que falavam ou o que mostrava. Mas também não seria um daqueles inocentes. Quem conhece esses desenhos animados, sabe que o sarcasmo é norma…
Vasco Granja, o homem que mais fez pela divulgação da banda desenhada em Portugal, morreu esta madrugada, em Cascais, aos 84 anos.
Na sua elegia que li esta tarde no jornal “Público”, desconhecia que o termo “banda desenhada” tinha sido cunhada por ele, num artigo do Diário Popular de 1966. Uma expressão feliz, que creio que vai ser a mais duradoira. Mas há mais, muito mais. Nascido a 10 de Julho de 1925, não frequentou qualquer universidade, trabalhou sempre, primeiro nos Armazéns do Chiado, passando pela Tabacaria Travassos e acabando na Livraria Bertrand até à reforma, em 1990. Era ligado ao Partido Comunista Português, e por causa disso, foi preso por duas vezes durante o Estado Novo, primeiro em 1954 e depois em 1963.
Sendo sempre um homem de letras, descobre o cinema de animação em 1958, quando começa a ver os filmes experimentais do canadiano Norman McLaren. Dez anos depois, colabora na versão portuguesa da revista “Spirou”, e em 1978, ajuda a fundar a primeira livraria especializada em Portugal, “O Mundo da Banda Desenhada”.
Por essa altura, Vasco Granja já tinha o seu programa na RTP. Começou em 1974, pouco depois do 25 de Abril, e durou até 1990, altura em que se reformou. Teve mais de 1000 emissões e divulgou sistematicamente as grandes escolas internacionais do género, influenciando toda uma geração de jovens e crianças, sendo o grande divulgador da Banda Desenhada em Portugal. Para mim, que fiz parte dessa geração que cresceu com Vasco Granja, este deve ter sido o seu maior legado. Ars lunga, vita brevis.
Bom... o fim de semana passou rápido, mas consegui divertir-me na mesma, apesar dos trabalhos, atrasos, e outros que tais. O jornal atrasou-se em termos de data de lançamento (esta semana já haverá um dia definitivo para o numero zero), porque o paginador que arranjamos decidiu mudar tudo de alto a baixo, e agora vamos a ver como vai ser a nova solução.
Enfim, eis as minhas opiniões sobre o que se passou no Sábado e Domingo (e também hoje, não é?)
Primeiro: a final da Taça da Liga. Eu que sou benfiquista, até achei que fomos bastante beneficiados, e honestamente, não gosto de ganhar dessa maneira. Os sportinguistas estavam lixados, e com razão. Eu se fosse a eles, ia embora da Taça da Liga e não punha lá mais os pés. E claro, devolvia as medalhas. Mas o Quique pode dizer que esta época não é uma seca, em termos de troféus, pois esta já canta. É uma Taça roubada, mas é uma Taça...
Segundo: a senhora Goody, que queria ganhar uma pipa de massa com a sua própria morte, conseguiu os seus intentos. Morreu ontem de manhã, com 27 anos, e com tumores espalahados pelo corpo. Desconheço se filmaram os últimos momentos de vida, mas isso é capaz de ter acontecido. Dentro de alguns meses, algures numa TV perto de si, veremos a sua agonia final. Querem apostar? E já agora... ela ganhou 4,2 milhões de libras só com isto tudo. Agora veremos como vai ser gasto.
Terceiro: o Bento XVI tirou uma semana de férias e foi a Africa. Mal saiu de Roma, disse o primeiro disparate de dia, dizendo ser contra o preservativo. O escarecéu do costume (e com razã) prova que este senhor está cada vez mais fora do contacto com a realidade. É o que dá escolher alguém com 82 anos de idade. A Igreja Católica, na minha opinião, já não tem solução possivel...
Quarto: tive a sorte de ver ontem à noite uma "Sci-Fi Session" num canal por cabo. Em dose dupla, vi "2001 - Odisseia no Espaço" e "2010 - O Ano do Contacto". Comparar os dois é como comparar a noite e o dia. São dois filmes diferentes. O primeiro é quase uma experiência religiosa, o segundo é um banal filme de ficção cientifica. Mas mesmo assim, vale a pena serem vistos, para começarmos a ver o que se previu na altura, e o que aconteceu na realidade. Pelo menos esse exercício tem de ser feito.
A semana passada, quando conversava com uma amiga minha da Universidade, soube que um nosso colega em comum tinha-se atirado do sétimo andar há cerca de mês e meio, dois meses. Ele tinha 25 anos de idade, e confesso, em jeito de desabafo, que não fiquei muito surpreendido com tal desfecho.
Conheci o Zé quando entrei na Universidade de Coimbra, em finais de 2001. Desde logo, ficamos amigos, e admirei o seu estilo bem humorado, quase de cómico. Ia muitas vezes à casa dele, que se situava na altura nas traseiras do Cinema Avenida (mais tarde, muita da minha vida universitária andaria por ali, pois outros colegas meus tinham lá casa). Ele tinha uma enorme colecção de CD's de musica, uma TV, um DVD, muitos videos... naquela sala, no meu primeiro ano de Coimbra, ficavamos lá a fumar umas brocas com algum pessoal do curso.
Lembro-me particularmente de uma noite, já um bocado "podres" (fumo + ganza) começamos a fazer um jogo, a tentar adivinhar as bandas musicais pela letra inicial. Caso falhassemos, tinhamos que beber um trago. Sabe-se lá como, consegui não falhar uma, e o pessoal ficava espantado com o meu conhecimento de bandas musicais de vários géneros.
Lembro-me que nessa altura, nós três (eu, ele e o António Bonifácio, o Bonas) gostavamos de ouvir um programa na Antena 3, que dava nessa altura da meia-noite á uma, o Grande Sofá, apresentado pelo Carlos Cardoso, e falavamos sobre as bandas dessa altura. Eu era fã de Tosca, da dupla austriaca Kruder & Dorfmeister, e ele tinha o "Suzuki", que não digo que ouvi vezes sem conta, mas quase. Agora, outro que ouvi vezes sem conta foi Zero 7, do qual também fiquei fã.
Entretanto, no segundo ano, tinhamos uma cadeira, que era dada pelo Prof. Fausto Cruchinho, onde se falava imenso de cinema. Viamos Hitchcock muitas, mas muitas vezes, para vermos os planos do qual nós falavamos: plano geral, plano americano (feito para os westerns, para que se pudesse ver a pistola...) grande plano, entre outros. Ele decidiu fazer, como trabalho para o segundo semestre, uma curta-metragem de quinze ou dezassete minutos, em que se envolveu ele, o Bonas, a namorada dele e uma colega nossa, a Joana Moreira. Eu já estava envolvido noutro grupo, e os contactos eram cada vez mais escassos, pois ele já aparecia pouco nas aulas...
Enfim, no final do ano, apresentou o filme, onde meteu todos os planos dados nas aulas, e retirou dali uma história convincente. Ele e o Bonifácio tiveram no final nota máxima.Alguns meses depois, soube que o Zé tinha sido internado. Fiquei um pouco espantado quando soube da noticia, mas depois disseram-me que lhe tinham diagnosticado esquizofernia, e que tinha tido uma crise em pleno edificio da Associação. Internaram-no no Sobral Cid por uns tempos, e depois só o vi mais uma vez, no inicio de 2004. Tinhamos tido uma conversa, e falava que queria fazer um curso de fotografia em Lisboa. E a partir dali, nunca mais o vi ou ouvi falar sobre ele, até Dezembro do ano passado.
Nessa altura, num jantar de Natal com ex-colegas meus, uma delas me falou que tinha sabido sobre o José. Contou-me da publicação de dois livros dele por parte da Câmara de Pinhel, e que tinha assinado com o pseudónimo de jota esse. Um é um livro de poemas, "Sobre o Amor e Outros Poemas", e outro de seu nome "Dictonomia".Ao pesquisar no Youtube, fiquei espantado por saber que existem dois videos, onde ele explica o significado de ambos os livros. Para além disso, descobri também outro video, onde mostra as suas fotografias, todas pela editora que publicou os seus dois livros.
A sensação que fiquei, quando ouvi as suas reflexões, notei que tinha a vontade de colocar em papel as suas expressões, medos, e loucuras de uma vida intensa. Quando explicou a razão pelo qual escreveu este último livro, diz este seguinte excerto: "O tema e origem de Dictonomia surgem numa altura em que vivia a vida muito intensamente, e em cada pequena coisa me falava e me levava a passar a papel a minha visão empirica das coisas simples."
Outro excerto, no video acerca do primeiro livro, fala sobre o pseudónimo que escolheu, e explica o seu significado: "O pseudónimo jota esse tem um duplo significado. Para além de serem as iniciais do meu nome, José Sousa, iotaesse significa em latim, 'ser um quase nada', pois eu acredito, pela minha formação cristã, que valho pouco, pela minha condição efémera, própria do ser humano"
Acho que ambos os excertos resumem muita coisa daquilo que ele era e como vivia a sua vida, daquilo que observei nos dois anos e pouco que convivemos juntos: um homem que quis viver tudo de forma intensa, em todos os sentidos, sabendo da sua fragilidade e da sua finitudade como ser humano, e que o tempo que nos foi concedido tem de ser aproveitado da melhor maneira possivel.
Pode-se dizer no final de tudo que, à sua maneira, conseguiu o seu objectivo, e provavelmente nestes 25 anos e meio que durou a sua existência, conseguiu aquilo que muitos de nós eventualmente não alcançarão com o triplo do tempo que nos foi concedido pelo Criador. Ars lunga, vita brevis, Zé!
... houve ou um golpe de Estado ou um atentado. Só sei que mataram o Nino Vieira, o presidente do pais. Tinha lido hoje no DN que o chefe das Forças Armadas, general Tagmé Na Waie, tinha sido morto ontem à noite num atentado à bomba ao quartel-general das Forças Armadas em Bissau. Esse militar, crítico feroz de Nino Vieira, afirmara, em Janeiro passado, ter escapado a uma tentativa de assassinato, da qual responsabilizou directamente o clã presidencial. Disse então que o queriam “liquidar".
Enfim, querelas tipicas de um estado falhado. Ou será um narco-estado africano?
Quanto aos contornos da morte do Presidente, um porta-voz do exército, Zamora Induta, disse à agência AFP que Nino Vieira foi “morto pelo exército quando tentava fugir” de sua casa, tendo sido “varrido por balas disparadas pelos soldados”. Enfim, eis o fim de um "herói da independência"... porque não acontecem estas coisas ao cabrão do Mugabe?
Enfim, desabafos à parte, acho que a ideia de uma intervenção semelhante à de 1998 é agora mais possivel que nunca. O que acontecerá ao governo eleito em Dezembro? Continuará a governar com a conveniência dos militares, julgo, para dar um ar democrático à coisa. E será até quando?
A 22 de Janeiro de 1973, a noticia tinha brotado inesperadamente: em Paris, Os Estados Unidos, o Vietname do Norte e o Vietname do Sul tinha finalmente chegado a um acordo de paz, do qual ficou para a História como o "Tratado de Paris". Henry Kissinger, o enviado especial do presidente Nixon, tinha chegado a um acordo com Le Duc Tho, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Vietname do Norte, que visava o cessar dos combates e a retirada das tropas americanas da região. Após quase 30 anos de guerra, a paz, aparentemente, tinha chegado a aquele país do Sudeste Asiático.
Mais tarde, Kissinger e Tho seriam galardoados em conjunto com o Nobel da Paz desse ano, mas o ministro vietnamita recusou o prémio, pois nessa altura, o acordo tinha chegado ao ponto de "letra morta", pois os combates continuavam. Dois anos depois, a 29 de Abril de 1975, os norte-vietnamitas tomavam Saigão, terminando oficialmente a guerra, e a reunificação do Vietname, sob um regime de inspiração marxista.
Mas na CBS, no final de uma das peças referentes ao Acordo, vê-se Walter Cronkite ao telefone, com um dedo espetado, dando sinal de espera. Estava a receber a chamada de Tom Johnson, o adido de imprensa do ex-presidente Lyndon Johnson, informando que o antecessor de Nixon tinha acabado de falecer no seu rancho do Texas, vítima de ataque cardíaco. Johnson, então com 64 anos, sofria do coração há já vários anos, e semanas antes tinha sofrido outro ataque. Cronkite era o primeiro a saber, antes da concorrência, por um canal priveligiado. Era mais um sinal de que era de facto o melhor da sua profissão, e a CBS fora a primeira cadeia de TV a informar a morte do Presidente Johnson.
"Maria de Jesus, a mulher mais velha do mundo, morreu esta manhã, aos 115 anos de idade. A idosa de aldeia do Corujo, no concelho de Tomar, tornou-se célebre em Novembro do ano passado, quando o Livro Guinness dos Recordes concluiu ser ela a pessoa mais idosa do planeta. Um familiar adiantou à agência Lusa que a idosa morreu esta manhã, quando era transportada de ambulância para o Hospital de Tomar, para ser assistida a um “ligeiro inchaço” detectado pouco antes. (...)"
Nâo durou muito tempo no lugar, a senhora. O recorde só foi nosso durante um mês e pouco. Oh well, ao menos teve uma longa, longa, longa, longa vida... ufa, viver 115 anos cansa!
O homem que escreveu o ensaio "O Choque das Civilizações" (1993), Samuel P. Huntington, morreu na véspera da Natal, aos 81 anos. O anuncio foi feito na página oficial da Universidade de Harvard.
Nascido a 18 de Abril de 1927, em Nova Iorque, Samuel Phillips Huntington licenciou-se na prestigiada Universidade de Yale, começado a ensinar em Harvard aos 23 anos, e lá ficando até 2007, altura em que se retirou de cena. Ao longo da sua carreira, publicou vários livros e ensaios politicos sobre a actualidade e as relações de poder entre as várias potências mundiais. Foi conselheiro na Casa Branca nos Anos Clinton, e foi em 1993 que publicou o seu ensaio mais famoso: "O Choque das Civilizações". Primeiro num artigo da Foregin Affairs, e três anos mais tarde, num livro que foi traduzido para 39 linguas. Para o politólogo, no mundo do pós-Guerra Fria, os conflitos não oporiam mais os Estados-nações, mas nasceriam das diferenças culturais e religiosas existentes entre os povos.
Mark Felt, o homem que deu ao mundo os pormenores que ajudaram Bob Woodward e Carl Bernstein a escrever no Washington Post os detalhes do "caso Watergate", que levou à demissão de Richard Nixon, em 1974, morreu esta quinta-feira em Washington, aos 95 anos de idade.
Felt nasceu a 17 de Agosto de 1913 como Walter Mark Falt, na cidade de Twin Falls (Idaho). Filho de um carpinteiro, graduou-se com um Bacharelato de Artes na Universidade de Idaho, em 1935. Sete anos depois, já em Washington, licenciou-se em Direito, e começou a trabalhar no gabinte de dois senadores do seu estado. Antes de entrar no FBI, em 1942, trabalhou na Comissão de Comércio, um trabalho que segundo as palavras do próprio, "detestou". No "Bureau", trabalhou na secção de espionagem da agência durante a II Guerra Mundial e depois percorreu outras secções, primeiro da Secção Atómica, onde escrutinou todos os trabalhadores da áera, procurando por espiões soviéticos (já se tinha entrado na era da Guerra Fria) e depois, em 1958, em Las Vegas, onde começou a investigar os tentáculos da Máfia no jogo.
Em 1962, volta a Washington, para o Departamento de Assuntos Interbnos, e em 1971, ascendeu a numero três do FBI, esperando ser o sucessor do mítico J.Edgar Hoover. Quando este morreu, em Abril de 1972, isto tinha acontecido apenas algumas semanas antes do famoso asslato ao edificio Watergate, onde estava instalada a sede do Partido Democrata.
Com a morte de Hoover, Felt esperava que Richard Nixon o nomeasse como sucessor. Mas o então presidente americano tinha outros planos, e decidiu que o melhor para o lugar seria Louis Patrick Gray (1916-2005), Felt foi o numero dois, encarregue da matéria operacional que recolhia e entregava ao presidente. Só que na noite de 17 de Junho de 1972, um guarda do Edificio Watergate, Frank Willis (1948-2000), descobre cinco ladrões no Edificio Watergate e chama a Policia.
De inicio, o FBI investiga o caso, a pedido do Presidente, mas Gray, que era um homem doente, delega poderes a Felt, que sendo o "numero 2", era o homem do terreno e o verdadeiro operacional da agência, e foi descobrindo as razões por detrás do assalto ao edificio. No inicio de 1973, Gray demite-se e Felt esperava que Nixon o pudesse nomear para o lugar, mas não o fez.
Entretanto, o "Washington Post", chefiado por Ben Bradlee, delegara dois jovens jornalistas, Bob Woodward e Carl Bernstein, para seguir a história do arrombamento dos escritórios do Partido Democrata. Inicialmente seria algo pouco interessante, mas quando se descobriu que os ladrões eram ex-operacionais da CIA (dois deles eram de origem cubana), e estavam com os bolsos cheios de notas, e um desses ladrões era E. Howard Hunt (1918-2007), que trabalhava no gabiente presidencial de Richard Nixon.
Cedo Felt descobriu que este assalto era mais uma manobra suja conduzida directamente por membros do "staff" presidencial, só que não sabia se era por ordem directa do Presidente Nixon. Mas à medida que as semanas passavam, e operacionais como Hunt, G. Gordon Liddy, Samuel Colson, Edward Haldermann, John Erlichmann, Ed Krogh e outros, contavam o esquema e revelavam o grau de importância que isto tinha, chegou-se à conclusão que o assalto teve orden directa de Nixon. Para mais, ele próprio gravava secretamente todas as conversas, o que lhe viria a ser fatal...
Felt descobriu que Woodward, um dos jornalistas do Washington Post, tinha sido ajudante de Thomas H. Moorer, o então Chefe das Forças Armadas, durante o seu tempo como oficial da Marinha, e achou por bem ajudá-lo a revelar os pormenores do escândalo. Aos poucos e poucos, trocaram correspondência em sítios esconsos como a garagem de um parque de estacionamento no centro de Washington, através de códigos secretos. Se Felt queria falar, marcava a vermelho a página 20 do New York Times que Woodward recebia em casa. Se fosse o contrário, seria Woodward que movia determinado vaso do seu lugar. Quanto ao nome da fonte, baptizaram-no com o nome do filme mais famoso de época: "Garganta Funda", o primeiro filme pornográfico de massas.
Com o tempo, o escândalo alcançou porporções enormes. Nixon, suspeitando que a fonte vinha do FBI, pediu a... Mark Felt para que investigasse a origem da fonte. Entretanto o Congresso tinha criado uma Comissão Conjunta do Senado, composta por Republicanos e Democratas, onde se contavam elementos como William Cohen (futuro Secretário da Defesa com Bill Clinton) ou Fred Thompson (futuro candidato presidencial e... actor de Hollywood). Todos os conselheiros foram chamados, e todos indicavam que o "senhor X" era Nixon. Estas audiências eram seguidas em directo por milhões de espectadores na televisão, ao longo de 1973, até à Primavera de 1974.
Quando se descobriu que Nixon fazia gravações da suas conversas na Sala Oval, a Comissão exigiu-as, mas o presidente fez finca-pé. Finalmente acedeu, mas quando descobriram que havia partes largamente deletadas (apagadas) que o comprometiam, a opinião pública começou a apoiar a ideia de destituição, ou então a de demissão do Presidente. A 2 de Agosto de 1974, a Comissão votou favoravelmente uma moção, recomendando que o Congresso apresentasse uma moção "to impeach", ou seja, para o demitir. Na noite de 8 de Agosto de 1974, num discurso à Nação, Richard Nixon demitia-se do cargo, o unico presidente que o fez até agora.
Quando isso aconteceu, Felt tinha saído do FBI um ano antes, e estava a braços com a Justiça devido a metodos ilegasi para obter provas contra uma organização terrorista chamada "Weather Undeground", que tinha colocado bombas contra edificios publicos nessa altura. Felt tinha sido multado em cinco mil dólares em 1980, mas mais tarde foi perdoado por Ronald Reagan.
O caso Watergate deu um livro, "Os Homens do Presidente", que foi passado para filme em 1976, com Alan J. Pakula como realizador, e Dustin Hoffman e Robert Redford como Carl Berstein e Bob Woodward, e Hal Holbrook como "Garganta Profunda". Nessa altura, especulava-se quem era ele, e Woodward tinha jurado que só o ia revelar após a sua morte ou antes, caso o quisesse. Muitos nomes foram ditos, como Alexander Haig (mais tarde Secretário de Estado de Reagan), a jornalista Diane Sawyer, o Secretário de Imprensa Ron Ziegler, e o então director da CIA, William Colby entre outros nomes, incluindo o próprio Felt. Mas este negou-o durante anos, mesmo quando publicou a sua autobiografia.
Mas em Junho de 2005, um artigo da revista Vanity Fair revelou-o, então com 91 anos, velho e frágil, vivendo com a sua filha Joan em Santa Rosa, na California. Quando os jornalistas chegaram à sua casa, ele afirmou "Sou a pessoa que costumavam chamar de 'Garganta Funda'", revelando-se assim um dos segredos mais bem guardados do jornalismo do século XX. Ars lunga, vita brevis.
O polémico politico austriaco Joerg Haider morreu esta madrugada em Klagerfurt, vitima de um acidente de viação, quando conduzia o seu carro, um Volkswagen Phaeton. Tinha 58 anos.
Segundo as primeiras indicações, Haider, que era o governador da Carinthia, a provincia mais a sul da Austria, circulava sozinho a bordo da sua viatura de serviço no sul da capital da Caríntia quando sofreu um despiste por uma razão ainda desconhecida. Curiosamente, horas antes, esteve na festa de um "cabaret" local, e no dia seguinte, ia festejar os 90 anos da sua mãe...
Joerg Haider era uma figura bastante polémica. Populista, com simpatias pela extrema-direita, filho de ex-membros do Partido Nazi, nunca escondeu a sua simpatia pelos ideais, embora não os advogasse abertamente. O seu envolvimento na politica começara bem cedo. Em 1970, aos 20 anos, e enquanto estudava Direito em Viena, tornou-se lider juvenil da FPÖ (o partido de sua eleição por muitos anos), e nove anos depois, era o mais jovem deputado no Parlamento austriaco. Dez anos depois, tornou-se Governador da Carinthia, o estado mais a sul da Austria, onde ficou durante dois anos. Voltou em 1999 ao cargo, onde ficou até à sua morte.
O seu carisma fez com que se notasse na politica do seu país, e depois no resto da Europa. Em 2000, depois das eleições legislativas, o partido vencedor, o Partido Popular Austriaco, do conservador Wolfgang Schussel, coligou-se com Haider para formar governo. Ele não tomou qualquer cargo ministerial (perferiu ficar na Carintia), mas a União Europeia, ainda a 15, decidiu suspender, num gesto inédito, a Austria, por seis meses.
Os seus detractores acusavam-se de ser xenófobo e egolatra narcisista. Certo dia, elogiou a politica laboral do III Reich, que aumentou ainda mais a sua hostilidade. Chamou Jacques Chirac, então presidente francês, de "Napoleão de Bolso", e Joscka Fischer (ministro dos Estrangeiros alemão no consulado de Gerhard Scroder) de "terrorista de esquerda", entre outros mimos. Era contra a entrada da Turquia na União Europeia, e defendia restrições, senão a expulsão, de emigrantes vindos desse país.
Mas isso tudo não era, muitas das vezes, uma forma de não abandonar as páginas dos jornais. Aliás, adorava dar nas vistas, com a sua pele bronzeada e o seu gosto por Porsches. Exemplo disso? Em 2003, poucos meses antes da II Guerra do Golfo, deslocou-se de propósito a Bagdad para falar com Saddam Hussein.
Este tipo de jogadas encolerizou os membros do Partido Liberal, e em 2005, saiu do partido, deixando-o às mãos de outro populista mais jovem, Heinz-Christian Strache. Pensavam que seria a fim de Haider, mas este fundou um novo partido, o Aliança para o Futuro da Austria (BZO) e no passado dia 28 de Setembro, surpreendeu tudo e todos, ao conseguir 10,43 por cento, e passando de sete para 21 assentos. Mas isso foi metade da surpresa, pois os Liberais de Strache obtiveram 17,5 por cento dos votos, e passaram de 21 para 34 lugares. Já agora, metade dos votos que ambos os partidos conquistaram vieram de eleitores entre os 16 e os 29 anos. Significativo, hein?
Era um final esperado, desde que tinha lido (e feito um post) no final do mês passado que ele tinha saido do hospital, após ter sido tratado com quimioterapia devido a um cancro do pulmão, que tinha surgido em meados do ano passado. Paul Newmanmorreu na noite passada, aos 83 anos, na sua casa de campo, em Westport, no estado de Nova Iorque.
A sua carreira é grande: mais de 60 filmes em 50 anos, oito nomeações para os Oscares, do qual ganhou um (depois de receber outro pela sua carreira!), o seu casamento com Joanne Woodward, que foi um dos mais duradoiros da Sétima Arte (mais de 50 anos), prestações memoráveis em filmes como "Gata em Telhado de Zinco Quente"; "Dois Homens e um Destino"; "A Golpada"; "A Torre do Inferno"; "A Calunia"; "A Cor do Dinheiro", entre muitos outros.
Era também um Democrata de longa data. Chegou a estar na lista negra de Richard Nixon, como um "perigoso liberal" (que respondeu como sendo um dos maiores orgulos da sua vida), e também criou a Newman's Own, uma pequena industria de molhos que se tornou numa industria lucrativa (250 milhões de dólares anuais), cujas receitas vão todas para a caridade.
Mas para aqui, chamo também à atenção a sua faceta de piloto e construtor de automóveis. Ganhou o "bichinho" depois de fazer o filme "Winning", em 1968, sobre a vida de um piloto de Indianápolis. Correu na Trans-Am por várias vezes, e em 1979, foi para as 24 Horas de Le Mans, onde a bordo de um Porsche 935, partilhado com Dick Barbour e o alemão Rolf Stommelen, foi segundo classificado da corrida. Disse, anos depois: "Trocaria os meus prémios em Hollywood por uma vitória em Le Mans". A últrima vez que correu foi nas 24 Horas de Daytona de 2001, aos 74 anos!
Em 1984 funda, em conjunto com Carl Haas, a Newman-Haas, uma das maiores equipas da CART, onde correram lendas do automobilismo como Mario Andretti e o seu filho Michael Andretti, o inglês Nigel Mansell, o brasileiro Christian Fittipaldi, e mais recentemente, o francês Sebastien Bourdais. Era a equipa dominante até à extinção da CART, e agora corre na IRL, com o inglês Justin Wilson ao volante.
Esta sim, é uma vida cheia e bem vivida. Mas por muito que seja boa, um dia tem de chegar ao fim. Foi hoje. Ars lunga, vita brevis.
"Os homens pisaram a Lua no ano de 1969, tinha eu oito anos. Soube então que tudo era possivel. Era como se todos nós, em todo o mundo, tivessemos tido permissão para sonharmos em grande.
Nesse Verão, tinha isdo acampar e quando o modulo lunar poisou, fomos para a casa principal da fazenda, onde tinham ligado uma TV. Os astronautas estavam a demorar muito tempo a organizar-se antes de poderem descer a escada e andar na superfície lunar. Eu compreendia. tinham muito equipamento, muitos pormenores a tratar. Eu era paciente.
Mas as pessoas que dirigiam o acampamento não paravam de ver as horas. Já passava das onze. Eventualmente quando se tomavam decisões inteligentes na Lua, foi tomada uma decisão idiota na Terra. Era muito tarde. As crianças foram enviadas de volta para dormir. Estava profundamente irritado com os directores do acampamento. O pensamento que me atormentava era o seguinte: 'A minha espécie saiu do nosso planeta e aterrou pela primeira vez num mundo novo, e vocês estão preocupados com a vossa hora de deitar?'.
Mas quando cheguei a casa, algumas semanas mais tarde, descobri que o meu pai tinha tirado uma fotografia à nossa TV, assim que Armstrong pisou a Lua. Tinha preservado o momento para mim, pois sabia que podia ajudar a desencadear sonhos em grande. Ainda temos essa fotografia em album.
Compreendo quem argumenta que os milhares de milhões de dólares gastos para colocar homens na Lua poderiam ter sido usados para combater a pobreza e a fome na Terra. Mas pronto, só um cientista é que vê a inspiração como a derradeira ferramenta para fazer o bem. Quando utilizamos o dinheiro para combater a pobreza, isso pode ser de grande valor, mas com demasiada frequência, trabalhamos à margem.
Quando se colocam pessoas na Lua, inspiramo-nos todos para desenvolver o máximo potêncial humano, que é como eventualmente os nossos problemas serão resolvidos.
Permitam-se sonhar. Alimentem também os sonhos dos vossos filhos. De vez em quando, isso pode significar deixá-los acordados depois da hora de deitar."
Retirado de "A Ultima Aula".
Pausch morreu no passado dia 25 de Julho, aos 47 anos, depois de uma bataklha mediática contra um cancro pancreático, o pior de todos. O livro é uma verdadeira lição de vida, do qual se pode retirar todo o tipo de legados para o futuro. Eu escolhi este.
Jà agora, soube esta noite que morreu hoje foi o actor Bernie Mac, um dos que fez parte do "Ocean's Eleven". Tinha 50 anos, e foi vítima de uma pneumonia. E pelo que li também esta noite, temo que em breve teremos más noticias sobre Paul Newman...