foto e texto de Armando Maynard
domingo, 27 de julho de 2008
Saudades do Cine Palace (8)
domingo, 20 de julho de 2008
A Sutil Imponência da Música
O Fascínio das Bancas de Revistas & Jornais
Difícil é passar por uma e não entrar. Tudo começou com a Bomboniére Chic, administrada pelo saudoso Moacir, pessoa afável e educada. Ficava na Rua Laranjeiras, anexa ao Ponto Chic, (na época, famoso restaurante da cidade, onde hoje funciona a Delegacia do Ministério do Trabalho, na esquina com a Rua João Pessoa). Depois mudou-se para o primeiro trecho da Rua João Pessoa, no Calçadão, transferindo-se em seguida para a Rua Itabaiana, onde permaneceu até o seu fechamento. Considerada o ponto de encontro dos amantes da leitura, políticos e intelectuais, tinha sua maior frequência por volta das 16:30 h., quando chegavam os jornais do sul do país – isto quando não extraviavam, só chegando no outro dia. Nessa época o jornal de maior circulação era o Jornal do Brasil, acompanhado de O Globo e O Estado de S.Paulo e, por ocasião das diretas já, da Folha de S. Paulo, que começou a ter destaque no cenário editorial, pelo seu engajamento político, chegando a concorrer com o Jornal do Brasil em termos de aceitação. Um dos habitués da Chic era o Professor “Zé” Cruz, intelectual, muito conhecido dos Sergipanos, que dizia jamais fazer assinatura de um jornal, pois o prazer estava em ir pessoalmente pegar seu exemplar na Chic. Lá também poder-se-ia encontrar Erotildes, que brincava com quem comprava dois jornais, a Folha e o JB, e perguntava “como você vai ler tudo isso?”. Das revistas semanais da época, destacava-se O Cruzeiro já em seus últimos dias, massacrada pela sua concorrente imediata a revista Manchete, em seu auge, pois com a TV ainda precária e em preto e branco, o Sergipano via o Brasil e o Mundo pela Manchete, com suas fotos grandes e coloridas. Nas famílias, quando o pai chegava em casa com a revista, era uma disputa para ver quem ia ler primeiro. Por ocasião do carnaval era editada a Manchete Especial que fazia a alegria dos patriarcas da época, para ciúme das recatadas e pudicas esposas de nossa querida “barbosópoles”. Em 1968 surgia a revista semanal de texto - como era chamada - a Veja, que viria forçar o fim da revista Visão. Depois, outras surgiram como a Isto É e Afinal. Também se destacavam a Senhor e a Revista Geográfica Universal. Nesta época, uma revista de grande sucesso junto aos leitores foi Realidade, várias vezes apreendida pela censura, por ousadia de suas reportagens. Outra que sofreu muito com a falta de liberdade de expressão foi a Ele & Ela, revista de nus femininos, voltada para o público masculino, mas com textos muito bons sobre costumes e comportamento, educando muitos jovens em sua iniciação sexual, papel hoje feito pelas revistas voltadas ao público feminino, a exemplo da Cláudia. Na chic, pela manhã, encontrávamos os jornais locais: Gazeta de Sergipe de Orlando Dantas, Diário de Aracaju de Assis Chateaubriand, A Cruzada da Arquidiocese, Jornal da Semana de Hugo Costa, Tribuna de Aracaju de Ribeirinho, Jornal de Sergipe de Nazário Pimentel. Todas as bancas e lojas que vendiam revistas e jornais localizavam-se no centro da cidade, com a exceção da banca do Mini - Golfe. No centro, destacava-se a banca de Roberto que ficava em frente à Ponte do Imperador, sendo aos domingos ponto de encontro de amigos, mudando-se depois para a Pça. Fausto Cardoso. A Banca do Coelho, ficava em frente ao Cine Palace, na Rua João Pessoa, já Calçadão, pois quando da construção do mesmo, foram instaladas três bancas em cada trecho, todas padronizadas e feitas de vidro blindex. Uma banca muito visitada era a que ficava ao lado da Igreja São Salvador. Existia uma loja de revistas na rua Itabaianinha, próximo ao Cinema Vitória, que fazia parte do programa, ir ao cinema e na volta passar na mesma. Em formato de corredor, as revistas eram empilhadas, facilitando muito a escolha e manuseio. Surgiram depois as bancas da Livraria Regina, espaçosas e organizadas, que se espalharam por todo o centro. A mais famosa era a que ficava na Rua Laranjeiras, chegando à Rua da Frente. Nessa época as coleções de fascículos eram uma febre,como “A História do Século 20” e a “Enciclopédia Universo”, que, depois de completadas a coleção, eram entregues lá mesmo para encadernar. Hoje, as bancas encontram-se espalhadas por toda a cidade, oferecendo grande diversidade de editoras e revistas segmentadas, apesar da redução das tiragens, causadas pela opção da internet, forçando-as à uma adaptação ao novo tempo sem, contudo, deixar de exercer o fascínio ante o prazer de uma boa leitura.
Armando Maynard
sábado, 12 de julho de 2008
A Feirinha de Natal
terça-feira, 8 de julho de 2008
Por uma Educação Artesanal
Como educadora procuro exercer minha profissão segundo minhas convicções que insistem em não me deixar esquecer que cada criança é única e necessita ser respeitada e estimulada de acordo com o seu processo de desenvolvimento seja ele natural ou prejudicado por fatores diversos.
Como mãe sofro por perceber que alguns professores não pensam exatamente dessa forma.
Sei das dificuldades da inclusão e da luta dos pais que não se acomodam diante das adversidades encontradas ao longo do percurso.
Mas percebo que não é apenas a criança com deficiência que sofre. Sofre também a criança hiperativa, sofre a criança que é tida como imatura, sofre a criança tímida, a insegura, a que tem alguma dificuldade de aprendizagem...Enfim, sofrem todos os que de uma forma ou de outra diferem da maioria, não se encaixam na forma... porque a escola, affff!!!!! A escola ainda não consegue trabalhar com as diferenças. Será que um dia conseguirá?
O problema é que em algumas escolas (ou seria a maioria?) usa-se apenas um tipo de forma, inclusive no tamanho. Alguns ficam espremidos, apertados, sufocados, pobres coitados!!! Magrinhos, gordinhos, baixinhos ou mais altos, todos, sem excessão precisam caber nela, não existe outra opção. Escolas falidas, fadadas ao fracasso por falta de formas.
No preparo da massa, os mesmos ingredientes e nas mesmas quantidades, sempre...O ritual, repetido exaustivamente, tudo muito previsível e friamente calculado. Se ocorre um imprevisto: o dia mais quente, a massa cresce mais rápido...ou, dia mais frio e a massa demora a crescer, seja o que Deus quiser...
As vezes quando percebe-se que a massa não está a contento, pode-se repetir o processo, quantas vezes isso se fizer necessário, ainda que os procedimentos sejam exatamente os mesmos. Algumas vezes, ela não passa nos testes de qualidade e é reprovada.
Tal qual numa linha de montagem a igualdade dos objetos finais é a prova da qualidade do processo. Produção em série e controle de qualidade, são as metas desse modelo. Os produtos que não se encaixam nesse padrão são descartados ao longo do processo. Alguns são banidos logo na primeira seleção.
Os operários? Ah! não são eles os únicos responsáveis. Sobrecarga de trabalho, caixas e mais caixas de produtos empilhados (ou seria enfileirados?) na sua frente, os salários baixos muitas vezes obrigam-nos a ter que trabalhar em várias fábricas!
Enquanto isso continuamos sonhando com uma educação mais artesanal, onde cada obra, ainda que haja a intenção de torná-la igual sempre acabará ganhando um toque especial que a diferencia da original...Com o dia em que pudermos ajudar a modelar cada uma dessas esculturas que passam pelas nossas mãos e vê-las como obras únicas e especiais.
Antes talvez, o educador precise auto-esculpir-se, conscientizar-se da sua responsabilidade, refazer sua dignidade e encontrar seu valor.
sábado, 5 de julho de 2008
Cine Rio Branco