E na segunda tudo volta ao
normal, ou não. Uns podem se ocupar em arrumar malas para ir embora do país, outros
tentaram algum tema polêmico para curar a ressaca moral (ou eleitoral?), outros
comemorarão, e talvez alguns irão às ruas, dizer que a urna foi fraudada (bem provável
no caso petista que agora ri dessa firmação de Bolsonaro, mas se perder em
primeiro será a primeira desculpa).
No entanto, a característica
marcante dessa eleição acredito ser o voto emocional: voto da insatisfação, o
voto da vingança, o voto da esperança. Acompanhei alguns debates, não saltei os
mais inflamados das redes sociais, e
pude perceber que até mesmo os mais engajados na política (aqueles que
debatem, acompanham em qualquer época, não só a eleitoral) os argumentos eram pífios,
cheguei a me assustar com alguns dinossauros reproduzindo fake news.
Mais do que nunca essa campanha
eleitoral mostrou que bolinha de gude é coisa séria, e que não deve mais descer
para o play aquele que não sabe brincar ou ao menos tenha um cuidador.
A reflexão de que não tivemos
reais campanhas, badala em minha mente
como o Tsar Kolokol. O que assisti foi o mais novo ritual eleitoral: o ataque
eleitoral. E se os argumentos eram pífios, os ataques eram demasiados pueris.
O pedido de voto foi jocoso,
digno de stand up. Se exemplificarmos com venda de pacote de operadora de “celular”,
seria mais ou menos assim: Olá fulana, somos da operadora Y, queríamos te falar
que temos um novo pacote de serviços que a operadora W não tem, ela não tem
acesso ilimitado a apps, não tem amplo sinal digital, não tem ligações ilimitadas para outras operadoras, não tem sms ( alguém ainda usa isso, além de
marketing e cobranças?) ilimitados.
Faltou a muitos candidatos
responderem: por que você será um bom representante para o povo?
Simples assim, a humildade que
faltou foi dizer a que veio e para onde vai. Se o eleitor quisesse saber alguma
coisa do plano de governo, tinha que recorrer à leitura... Ora no Brasil,
leitura? Ou seria já uma estratégia deles ( os candidatos) para incentivar o
hábito da leitura?
O engraçado foi que a frase mais
dita para barrar o candidato à frente das pesquisas, foi “não queremos mias
violência”, e os ataques gratuitos a todas as direções é o que? Afago, cafuné,
ou outra modalidade nova de carinho?
Dizer não a discriminação, mas
discriminando a “classe” militar? Uma lógica que realmente eu não entendo.
Essa dicotomia campanha/ataque
foi um verdadeiro sofisma, as vozes ávidas a atacar não queriam mostrar vulnerabilidades
do adversário, apenas as fraquezas e medos
de quem as proferiu.