O principal defeito de Ronaldo é também a sua principal qualidade. O avançado do Real é um jogador egocêntrico, que se coloca acima de todas as coisas – do jogo coletivo, do espírito de equipa –, mas é também isso que o torna um vencedor nato. Nisso Ronaldo é o não português por excelência: a sua ambição é indomável, supera todas as dificuldades e é quando mais lhe é exigido que se revela. Onde os portugueses são por natureza derrotistas, Ronaldo emerge como uma improbabilidade – um vencedor impiedoso.
Reparem na disputa em torno de saber quem é o melhor do Mundo. Messi leva à partida uma vantagem difícil de superar: tecnicamente mais dotado, com uma perceção do jogo coletivo superlativa e integrado numa seleção com muito mais talento individual do que a portuguesa. Apesar de tudo isso, ano após ano, Ronaldo vai fazendo marcação cerrada ao argentino. Excedendo-se e conquistando títulos individuais.
Amanhã e nos jogos que faltam, a competição privada de Ronaldo com Messi pode voltar a fazer a diferença. Não fora Messi, Ronaldo não seria o jogador que é. Ora, depois do colapso emocional do argentino na Copa América, Ronaldo tem uma oportunidade de, no Euro, marcar a diferença, arrastando Portugal para conquistas que podem devolver-lhe a Bola de Ouro em 2016. O sucesso de Portugal depende das vitórias individuais de Ronaldo.
publicado no Record de 29 de Junho