Vai começar a função!
Venham! Aproximem-se!
Querem pipoca, algodão doce?
Entrem por gentileza!
Respeitável público! Vai se iniciar o maior espetáculo da Terra!
Todos no picadeiro e fechem os olhos!
Sintam-se invadidos pela magia do circo.
Pisando na serragem e sob o abrigo da lona.
As luzes começam a colorir embaladas pela alegre música.
Comecemos pela corda bamba, peguem a sombrinha!
Cuidado! Isso, equilibrem-se e venham, saltem na cama elástica
Voando na direção dos trapézios.
Não tenham medo, estou aqui.
Peguem as barras e voem, voem alto, assim.
Piruetas são imprescidíveis. Joguem-se sem temor.
Isso, assim, bom.
Com um mortal caiam devagar sob o comando do mágico
Que treina o número da levitação.
Planando achem o chão dentro do carro dos palhaços.
Riam de si próprios, sorriam para todos, façam rir
Sejam felizes, só isso.
No jogo dos malabares façam as acrobacias propostas
E nos monociclos,
Pedalem engolindo e cuspindo o fogo das tochas
Em forma de mil labaredas.
Le grand finale se aproxima.
Venham, todos juntos, gritem alto, gritem forte, gritem juntos
Liberem todas energias negativas, ruins, desprazeres, frustrações.
Exorcizem os fantasmas, assim, forte, pronto.
Agora, terminou.
Podem abrir os olhos e ao trabalho,
Pois hoje é segunda-feira!
Bom regresso ao mundo lá fora.
O cotidiano, com certeza, ficará mais leve e feliz.
Voltem sempre que quiserem.
Foi um prazer inenarrável ter estado com vocês!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
PAPEL
Quero
A beleza dos momentos de papel
Com seus rabiscos feitos a lápis colorido.
Suas múltiplas possibilidades de dobraduras e recortes.
Seus voos em céus azuis ou cinzentos ao sabor da brisa.
Quero.
sábado, 29 de outubro de 2011
NEON
Fez-se a magia.
As emoções dançaram ao nosso redor, na nossa frente, sobre e sob nossos corpos..
Os versos ora debocharam ora comoveram-se com o nosso olhar atônito.
Falamos, ouvimos, mas sobretudo, queremos.
O mundo dos sonhos invadiu o real e fez com que acordássemos no susto.
O desejo cresceu e tornou-se uma ideia subliminar feita de neon.
A fluorescência ofuscou-nos
O calor dos nossos corpos concretizou-se e estabeleceu-se como um monolito em cima da mesa.
A força atrativa é inegável.
Queremos um ao outro, isso é certo,
Mas o que será a partir de agora?
(Reedição)
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
TROFÉU
Em meio a muita festa e vinho
Ofereceram sua cabeça, sorrindo,
Na decorada bandeja.
O estranho troféu passou de mão em mão
Ao som das gargalhadas de vitória.
Mal perceberam
Que o corpo acéfalo,
Atirado no canto,
Levitava envolto pela mágica bruma,
Translúcida e perfumada,
Daqueles que se sentem aliviados.
Finalmente, poderia seguir seu caminho
Totalmente liberta e esquecida
Do incompreensível peso e desconforto
Que um dia aquela grotesca máscara de ferro,
Mal encaixada,
Havia lhe causado.
Ofereceram sua cabeça, sorrindo,
Na decorada bandeja.
O estranho troféu passou de mão em mão
Ao som das gargalhadas de vitória.
Mal perceberam
Que o corpo acéfalo,
Atirado no canto,
Levitava envolto pela mágica bruma,
Translúcida e perfumada,
Daqueles que se sentem aliviados.
Finalmente, poderia seguir seu caminho
Totalmente liberta e esquecida
Do incompreensível peso e desconforto
Que um dia aquela grotesca máscara de ferro,
Mal encaixada,
Havia lhe causado.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
MALÍCIAS
Gosto da malícia das palavras,
Das 569 intenções,
Estrategicamente camufladas,
Nos arabescos da requintada caligrafia.
Gosto da malícia dos olhares vagos.
Aqueles que, em uma primeira análise,
São absolutamente casuais
E até um pouco resistentes,
Mas que vão queimando lentamente
Todas as superficies por onde passeiam
Imprimindo, a fogo, profundos sulcos
Molhados de prazer.
Gosto da malícia dos sorrisos
Aqueles meio entreabertos
Que deixam a boca úmida
E dão frio no estômago
Tirando totalmente o tino e o fôlego
Abrindo em explosão
As portas
Para os mais deliciosos devaneios.
Pronto! Confissão feita!
Será que tenho salvação?
Das 569 intenções,
Estrategicamente camufladas,
Nos arabescos da requintada caligrafia.
Gosto da malícia dos olhares vagos.
Aqueles que, em uma primeira análise,
São absolutamente casuais
E até um pouco resistentes,
Mas que vão queimando lentamente
Todas as superficies por onde passeiam
Imprimindo, a fogo, profundos sulcos
Molhados de prazer.
Gosto da malícia dos sorrisos
Aqueles meio entreabertos
Que deixam a boca úmida
E dão frio no estômago
Tirando totalmente o tino e o fôlego
Abrindo em explosão
As portas
Para os mais deliciosos devaneios.
Pronto! Confissão feita!
Será que tenho salvação?
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
PENA
Reconhecia-se no lume do candeeiro.
A labareda da fogueira exibia, sem pudor,
Os contornos que lhe havia furtado.
Causava sensações incandescentes
Naqueles que ousavam se aproximar.
Marcava a ferro os que a tocavam
Ou, simplesmente, a desejavam.
Causava a certeza
De ter encontrado a ansiada felicidade e
Ser detentora do pleno poder
Tão buscado por muitos.
Como poderiam ser todos cegos ao mesmo tempo?
Será que ninguém nunca iria perceber
A imensa jaula dourada em que habitava?
Alguém, um dia, se daria conta de abrir o escondido cadeado?
Será que a solidão, com seu negro capuz,
não seria descoberta em toda sua maldade em algum momento?
Seguia sorrindo mecanicamente no salão lotado
Retribuindo, com desprezo, os lânguidos olhares.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
BUSCA
Após alguns ingredientes, a mágica se fez em um estrondo.
Fumaça lilás com aroma de frutas tomou conta do ar.
Vestida de faíscas intermitentes, fez-se bela.
Cabelos em desalinho, receberam como adorno borboletas coloridas.
Sapatos de celofane brincavam com os raios de sol.
Desfez-se das dúvidas e preocupações
E saiu sorrindo na busca do seu ideal.
Mal o reconheceu, quando virou a esquina dos cata-ventos.
Teve que ser chamada por duas vezes
Até localizá-lo no canto amarrotado.
Tentou recuperá-lo, mas entendeu, por fim, que não seria possível.
Deu-lhe um beijo de despedida
Oferecendo-lhe como leito confortável,
Para seus derradeiros instantes,
O lenço de seda azul que trazia no pescoço.
Foi-se tranquila a procura de novas estradas.
Divertiu-se quando, a cada passo,
Era alvo da sedução de novos ideais
Que brigavam entre eles
Na expectativa de descobrirem qual deles
Se adequaria melhor
Às suas expectativas.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
LENTE
Estendeste-me as mãos e
Acedi ao teu convite sem dúvidas.
Esvaziei-me por completo
Dos conceitos, impressões e imagens
Que até então carregava,
Não poderia conviver com o risco
De comprometer a novel experiência.
Entrei em teu ambiente
Sem medo.
Acomodei-me confortavelmente
Atrás de tuas janelas escuras
E, observando a poderosa lente que havia na frente delas,
Esperei o que me tinhas preparado.
De imagens te fizeste
Mutantes em cores e elementos
Ao som do violoncelo e dos violinos.
Foste felino e bonde, rua e transeunte, mar e sol.
Vi metrôs passarem por igrejas e trilhos que levavam a grafites multicoloridos.
A vida se fez em toda tua diversidade de sabores e enfoques
Penetrasses nas almas que aguardavam ou caminhavam sem rumo
Mães, filhos e ladeiras, incontáveis ladeiras.
As luzes da cidade, que derretiam para dentro das águas, tinham o condão de içá-la aos ares.
Palavras de protesto e sorrisos de compreensão formam paradigmas de conduta.
Flores e helicópteros em contraste com o céu azul
Preenchem o ambiente natural tão inusitado ao cotidiano urbano.
Chegado ao final da agitada viagem desembarquei dos teus olhos
Pulando através das tuas pupilas.
Foi com susto que me percebi,
Imóvel,
Diante da tua implacável lente.
Sorri com o coração quando
Em um fugaz clic
Em um fugaz clic
Capturaste-me para sempre
Em mais uma de tuas fotografias.
Uma pequena homenagem a um grande artista Sérgio Pontes do blog "A Teoria do Kaos".
Beijinhos a todos!
domingo, 23 de outubro de 2011
BAILARINA
Linda redoma bailarina! Como ficas bela com esta luz... Teus cabelos ficam mais sedosos, tua pele parece uma porcelana, tuas roupas brilham com a purpurina que tinge o ambiente. Mas o que há de errado bailarina? A música da caixinha não te agrada? Ela foi feita para dançares, encomendada para o teu deleite. Não sabes, bailarina, o quanto me custa todo este teu conforto. Vivo pagando contas que não acabam sempre para te ver cada vez mais feliz. Por que choras, bailarina? O que te faz falta, meu bem? Por que me olhas assim, bailarina? Não te compreendo... Tens tudo que queres para ser feliz e por que não és? Não bailarina, não sejas ingrata minha querida, não faças isso bailarina! Coloca o braço no lugar, como vais mostrar gestos, tão graciosos, sem braços? Alto lá, bailarina, não tires tuas pernas, como irás saltar de novo? Pára, bailarina como vais rasgar teu peito e liberar teu coração que levou tanto tempo e me deu tanto trabalho para aprisionar aí?!
(Reedição)
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
JOÃO E MARIA
João e Maria envoltos na bruma, vestidos de nuvens, ao som de “Hard Day's Night” viram-se pela primeira vez. O burburinho do local pairava acima das cabeças e os olhos trocavam palavras mudas, repletas de significados. Ficaram assim por algum tempo, até materializarem-se lado a lado. Como íntimos desconhecidos de longa data, teceram comentários insossos e vazios, meras escadas para o futuro imediato. Olharam a porta e, ao mesmo tempo, encaminharam-se a ela . Saíram e voaram sobre a cidade no tapete mágico que já os aguardava. Calados, envolveram-se e rolaram no prazer do desconhecimento. Despediram-se, com um “até nunca mais”, um sorriso e um beijo. Partiram para todo sempre em direções opostas. Desapareceram na linha infinita dos olhares vagos.
(Reedição)
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
EXCESSO
Não suporto esperar o tempo necessário,
Sou urgente e dramática.
Arranco os ponteiros do relógio
Para não ser denunciada na minha pressa.
Rasgo papéis recém escritos
Pelo desaforo de terem sido ultrapassados
Pelo grão de areia que cai da ampulheta.
Quero agora, hoje e sempre.
Mais, cada vez mais rápido.
Até, um dia sufocar,
Abismada,
No meu próprio excesso.
Sou urgente e dramática.
Arranco os ponteiros do relógio
Para não ser denunciada na minha pressa.
Rasgo papéis recém escritos
Pelo desaforo de terem sido ultrapassados
Pelo grão de areia que cai da ampulheta.
Quero agora, hoje e sempre.
Mais, cada vez mais rápido.
Até, um dia sufocar,
Abismada,
No meu próprio excesso.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
PASSOS
O som que se seguiu aos passos
Era a fiel execução da pauta
De um choro estridente,
Salpicado por soluços cinza.
Tremores no corpo e
Incompreensão das mãos
Davam amplitude à cena,
Elevando-a a um patamar
Além dos limites da tolerância alheia.
Torciam-se os narizes repugnados
Diante de tamanha agressão.
O desdém haveria de ocupar-se em limpar
O grotesco espetáculo logo, logo.
Os passos, apressados,
Já iam longe...
Era a fiel execução da pauta
De um choro estridente,
Salpicado por soluços cinza.
Tremores no corpo e
Incompreensão das mãos
Davam amplitude à cena,
Elevando-a a um patamar
Além dos limites da tolerância alheia.
Torciam-se os narizes repugnados
Diante de tamanha agressão.
O desdém haveria de ocupar-se em limpar
O grotesco espetáculo logo, logo.
Os passos, apressados,
Já iam longe...
terça-feira, 18 de outubro de 2011
REFLETE
Tira-me as palavras
Apaga-me a razão
Aquieta-me junto a ti.
Em agradecimento,
Roubar-te-ei todo tino,
Tornando-te leve o suficiente
Para voares comigo
À face oculta da lua...
Entrega-te e confia,
Não irás te arrepender.
Apaga-me a razão
Aquieta-me junto a ti.
Em agradecimento,
Roubar-te-ei todo tino,
Tornando-te leve o suficiente
Para voares comigo
À face oculta da lua...
Entrega-te e confia,
Não irás te arrepender.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
CÔNCAVO
Entrou
Sem
Pressa
Nem
Pudor
Pressa
Nem
Pudor
Despiu-se
Das
Roupas
E da
Alma
Mirou-se no
Espelho
Côncavo
A sua
Frente
Percebeu
Com um
Arrepio
Todo o
Prazer
Que se lhe
Oferecia
Naquela
Estranha
Imagem
Invertida
De si mesma
Entregou-se
Com vagar
Ao mais
Inusitado
69...
Entregou-se
Com vagar
Ao mais
Inusitado
69...
(Reedição)
domingo, 16 de outubro de 2011
OBSTINAÇÃO
Acordou e saiu à praia junto aos primeiros relâmpagos
Da mórbida manhã de inverno.
Despiu-se e lançou-se no gélido mar revolto
Nadou como pode por entre as agressivas espumas brancas
E ao som monocórdio dos trovões.
Sentia o frio tomar conta dos seus movimentos, mas
Tinha um objetivo
E isso lhe bastava.
Não via a hora de encantar-se com a flor que ele lhe havia plantado,
No imenso jardim, do outro lado da costa.
Continuou nadando, na esperança, de que,
De uma hora para outra,
Iria chegar.
sábado, 15 de outubro de 2011
ORDENS
Quero tuas mãos em mim.
Teus olhos em mim.
Tua boca na minha.
Teu corpo no meu.
Não vou aceitar acordos que não contemplem essas cláusulas pétreas.
Assim foge,
Mas foge bem rápido para que eu não consiga te alcançar,
Vou vestir tua alma...
(Reedição)
Vou vestir tua alma...
(Reedição)
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
PROMESSA
Um dia ainda repito tudo
Com apenas uma cautela:
Ao final,
Vou te engolir por completo
Para ter a certeza que nunca mais
Terás essa ideia infundada de
Fugir de mim.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
CORPO
Fecho os olhos e sou capaz de descrever todo esse mapa que chamas de corpo.
Conheço-te em meus desejos, em meus sonhos e na plenitude dos meus devaneios.
Conheço-te, apesar das barreiras físicas, pois não consegues barrar minha entrada pelas tuas pupilas.
Delirante incursão ao teu íntimo. Invasora, furtiva e, aparentemente, não aceita.
Sigo ponto a ponto, passo a passo pelos vãos da tua consciência.
Brinco pelas tuas complexidades.
Delicio-me com a tua convivência muda.
Quero explorar-te, um dia, não apenas para conferir o esboço que criei, mas para, principalmente, poder compartilhar contigo a pulsante energia dos dias de espera..
(Reedição)
(Reedição)
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
INFÂNCIA
Fui criança, criança.
Bricava de bonecas, de sapata, de corda e de bambolê.
Ria muito e falava demais (característica que conservo até hoje!).
Comia doces e pão com manteiga na frente da televisão
Vendo o Sítio, claro! (continuo adorando doces, uma perdição!)
Soltava pandorga, andava a cavalo, me sujava de terra.
Cantava, representava e imaginava ser princesas ou balconistas
(achava incrível emitir notas fiscais! Virei advogada tributarista!).
Gostava de cores e músicas.
Tinha um trio que era valorosamente composto por mim, minha irmã e minha melhor amiga
(O Trio das Caturritas, segundo meu avô, pois mais gritávamos do que cantávamos! Sempre fui incompreendida na minha musicalidade nata!).
Tinha eletrola com vários disquinhos de historinha
Que ouvia até a exaustão ou até o sono chegar.
Livros em profusão, cheios de letras e figuras.
Sapatilhas de balé e maiôs rosa com redinha para os longos cabelos da pequena bailarina.
Bicicletas, inúmeras (pois ficavam sempre no sitio de meu avô que foi assaltado 8 vezes .Os ladrões roubavam e o coitado me comprava uma nova. Minha avó dizia que ele estava colaborando com o transporte dos ladrões, que não se cansavam de voltar sempre).
Andava voando no meu incrível veículo de todo jeito, de pé, de costas, sem as mãos.
Tudo isso me dava o direito a multiplas escoriações nos joelhos e cotovelos, regadas a algumas lágrimas.
Adorava brincar de pegar na calçada nas noites de verão,
Apertando uma ou outra campainha das casas da vizinhança.
Saía correndo em seguida para não ser flagrada.
Queria ser astronauta, só para ver além da Terra e voar em um foguete prateado.
Entrava na piscina ou no arroio e só saía de lá murcha
Depois de muita briga.
Não me preocupava muito que um dia seria adulta,
Isso estava fora de cogitação naquela época.
Fui criança, criança
E acho que até hoje não perdi esse gosto,
Ainda bem!
Bricava de bonecas, de sapata, de corda e de bambolê.
Ria muito e falava demais (característica que conservo até hoje!).
Comia doces e pão com manteiga na frente da televisão
Vendo o Sítio, claro! (continuo adorando doces, uma perdição!)
Soltava pandorga, andava a cavalo, me sujava de terra.
Cantava, representava e imaginava ser princesas ou balconistas
(achava incrível emitir notas fiscais! Virei advogada tributarista!).
Gostava de cores e músicas.
Tinha um trio que era valorosamente composto por mim, minha irmã e minha melhor amiga
(O Trio das Caturritas, segundo meu avô, pois mais gritávamos do que cantávamos! Sempre fui incompreendida na minha musicalidade nata!).
Tinha eletrola com vários disquinhos de historinha
Que ouvia até a exaustão ou até o sono chegar.
Livros em profusão, cheios de letras e figuras.
Sapatilhas de balé e maiôs rosa com redinha para os longos cabelos da pequena bailarina.
Bicicletas, inúmeras (pois ficavam sempre no sitio de meu avô que foi assaltado 8 vezes .Os ladrões roubavam e o coitado me comprava uma nova. Minha avó dizia que ele estava colaborando com o transporte dos ladrões, que não se cansavam de voltar sempre).
Andava voando no meu incrível veículo de todo jeito, de pé, de costas, sem as mãos.
Tudo isso me dava o direito a multiplas escoriações nos joelhos e cotovelos, regadas a algumas lágrimas.
Adorava brincar de pegar na calçada nas noites de verão,
Apertando uma ou outra campainha das casas da vizinhança.
Saía correndo em seguida para não ser flagrada.
Queria ser astronauta, só para ver além da Terra e voar em um foguete prateado.
Entrava na piscina ou no arroio e só saía de lá murcha
Depois de muita briga.
Não me preocupava muito que um dia seria adulta,
Isso estava fora de cogitação naquela época.
Fui criança, criança
E acho que até hoje não perdi esse gosto,
Ainda bem!
terça-feira, 11 de outubro de 2011
PREVISÃO
Ao atravessar a rua
Com os pensamentos vazios,
Fui surpreendida por tua figura.
De um salto fugiste das velhas cartas
Retilineamente colocadas sobre a mesa
Pela decrépita vidente.
Ao te materializares,
De imediato, raptaste-me por teu olhar.
Teus olhos insistentes iam atrás de mim
Arrancando-me sorrisos em cada esquina.
Como peças no tabuleiro,
Seguíamos, ultrapassávamos e esperávamos a próxima rodada.
Tu paraste, eu esperei.
Eu mudei de lado, tu me imitaste.
Rendidos, caminhamos lado a lado
Em um diálogo mudo de mútua atração.
O inusitado se fez
E a surpresa permitiu a troca de palavras por alguns espaços.
Tão logo nos vimos na reta de chegada,
Decidimos que não haveria vencedores.
Nos retiramos do jogo da mesma maneira como o iniciamos
Entendendo, no entanto, que essa atitude
Não era um fim, mas sim
Uma franca oportunidade de uma nova partida
Que não deveria tardar.
Com os pensamentos vazios,
Fui surpreendida por tua figura.
De um salto fugiste das velhas cartas
Retilineamente colocadas sobre a mesa
Pela decrépita vidente.
Ao te materializares,
De imediato, raptaste-me por teu olhar.
Teus olhos insistentes iam atrás de mim
Arrancando-me sorrisos em cada esquina.
Como peças no tabuleiro,
Seguíamos, ultrapassávamos e esperávamos a próxima rodada.
Tu paraste, eu esperei.
Eu mudei de lado, tu me imitaste.
Rendidos, caminhamos lado a lado
Em um diálogo mudo de mútua atração.
O inusitado se fez
E a surpresa permitiu a troca de palavras por alguns espaços.
Tão logo nos vimos na reta de chegada,
Decidimos que não haveria vencedores.
Nos retiramos do jogo da mesma maneira como o iniciamos
Entendendo, no entanto, que essa atitude
Não era um fim, mas sim
Uma franca oportunidade de uma nova partida
Que não deveria tardar.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
TEMPO
Um dia vai ter passado muito tempo
E tudo assumirá o conforto do sonho bom,
Que nasceu despretensioso,
Sem nunca ter tido a intenção
De ser realidade.
domingo, 9 de outubro de 2011
MUITO OBRIGADA!
Queridos Amigos,
Muito obrigada a todos e a cada um pelo imenso carinho e palavras que me dedicaram.
Estou muito feliz!
Um grande beijo no coração!
Neste mês, pretendo, uma vez ou outra, apenas a título de comemoração, relembrar alguns textos escolhidos por mim dentre os vários que postei desde o início do blog, por isso hoje reapresento a vocês:
Imagem do Google
LUA
A luz saía por seus poros dando-lhe um efeito de petit pois. A ansiedade escorria-lhe viscosa pela sola dos pés colando-a ao solo. Seus braços cruzavam-se contra o peito no instintivo sentimento de proteção. Quando seria o esperado momento? Estaria ela pronta? Seria mesmo necessário? O vento iniciou a soprar. Era um sinal da presença dele. Pedras de gelo derretiam ao longo da sua coluna. O calor gélido já tomava conta do seu corpo. A tempestade se avizinha, agora sim, definitivamente sim, era ele. O zumbido soou fraco mas já afetou seus ouvidos. Os passos já marcavam a areia da praia mas ele ainda não se deixava ver. Passos fortemente esculpidos, determinados ao seu encontro. Queria correr mas sabia que não seria possível. Aguardou. Os pés pararam a sua frente. Sentiu o calor dele, o seu toque sutil, o seu hálito. Não podia mais resistir, ele já sabia de tudo. Entregou-se sem luta, deixou que ele encontrasse o zíper. Esse foi aberto lentamente devolvendo ao céu a lua e jogando sua casca, sem vida, no mar.
Imagem do Google
LUA
A luz saía por seus poros dando-lhe um efeito de petit pois. A ansiedade escorria-lhe viscosa pela sola dos pés colando-a ao solo. Seus braços cruzavam-se contra o peito no instintivo sentimento de proteção. Quando seria o esperado momento? Estaria ela pronta? Seria mesmo necessário? O vento iniciou a soprar. Era um sinal da presença dele. Pedras de gelo derretiam ao longo da sua coluna. O calor gélido já tomava conta do seu corpo. A tempestade se avizinha, agora sim, definitivamente sim, era ele. O zumbido soou fraco mas já afetou seus ouvidos. Os passos já marcavam a areia da praia mas ele ainda não se deixava ver. Passos fortemente esculpidos, determinados ao seu encontro. Queria correr mas sabia que não seria possível. Aguardou. Os pés pararam a sua frente. Sentiu o calor dele, o seu toque sutil, o seu hálito. Não podia mais resistir, ele já sabia de tudo. Entregou-se sem luta, deixou que ele encontrasse o zíper. Esse foi aberto lentamente devolvendo ao céu a lua e jogando sua casca, sem vida, no mar.
sábado, 8 de outubro de 2011
UM ANO!
imagem Google
Queridos Amigos!
Este mês o blog comemora 1 ano de vida!
A escrita e a leitura sempre fizeram parte do meu dia a dia. Fui apresentada aos livros por meu avô e nunca mais consegui viver sem eles. Minha relação com a caneta, deslizando no papel sem rumo certo, começou na adolescência impulsionada por todo aquele fervor de contestações, dramas e vontades de modificar o mundo, comum aos jovens da minha época (já estou com 46! \0/).
Assim, ler e escrever tornaram-se para mim sinônimos de viver.
Quando decidi fazer um blog, confesso que não tinha a menor ideia do que seria um blog e tampouco como ele funcionava. Um amigo querido me deu algumas orientações sobre onde ir e como começar e aqui estou.
O mundo que se abriu para mim desde então foi muito além das minhas expectativas. Amigos maravilhosos, carinhosos, colaboradores, críticos na medida exata do bom significado da palavra, incentivadores e sobretudo acolhedores e prontos a partilhar suas ideias e ideais me fizeram uma pessoa mais feliz.
Assim meus queridos hoje eu gostaria de parar tudo e lhes dizer
MUITO OBRIGADA!
EU ADORO TODOS VOCÊS!
UM GRANDE BEIJO NO CORAÇÃO!
RUMO AO SEGUNDO ANO!
GISA
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
PERGUNTA
Sumiste, tudo bem.
Estás no teu direito,
Nunca vou me contrapor
A esse fato.
Apenas uma dúvida:
O que que eu faço
Com a insuportável silhueta vazada
Que deixaste no meu coração?
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
NASCIMENTO
Parou o pêndulo do relógio
Congelando aquele momento.
Não podia permitir que o movimento dos minutos a atrapalhasse
Precisava de calma para acomodar muito bem
O frágil sonho recém nascido
No berço frio
Construído com as arestas rígidas da realidade.
Seria uma falta de consideração.
Ter-se pressa em um instante tão precioso...
Afinal, não é todo dia que se consegue submeter alguém,
Tão imensamente livre,
A uma prisão consentida
Apenas ofertanto em troca
A singela oportunidade de
Presenciar o surgimento de um novo sorriso
Em nossos lábios.
Congelando aquele momento.
Não podia permitir que o movimento dos minutos a atrapalhasse
Precisava de calma para acomodar muito bem
O frágil sonho recém nascido
No berço frio
Construído com as arestas rígidas da realidade.
Seria uma falta de consideração.
Ter-se pressa em um instante tão precioso...
Afinal, não é todo dia que se consegue submeter alguém,
Tão imensamente livre,
A uma prisão consentida
Apenas ofertanto em troca
A singela oportunidade de
Presenciar o surgimento de um novo sorriso
Em nossos lábios.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
IMAGEM
Peguei diversas revistas
Papel branco, cola e tesoura.
Sentei-me no tapete da sala e comecei a folheá-las.
Gostei dos olhos abertos, azuis e expressivos,
Recortei.
Agradei-me da boca entreaberta e úmida
Retirei com cuidado.
O nariz fino e as sombrancelhas torneadas
Formariam um lindo conjunto,
Sem demora as destaquei.
No papel claro rabisquei um contorno
E no interior inseri meus recortes
Colando-os com cuidado.
Com giz de cera, fiz fartos cabelos negros
Que completaram o semblante.
Afastei-me para conferir melhor minha obra.
Parecia perfeita.
Colei-a imediatamente na face do espelho.
Agora sim,
Nunca mais iria ter que ver a dor
Que havias esculpido em meu rosto.
A partir daquele momento
Voltei a ser livre.
Papel branco, cola e tesoura.
Sentei-me no tapete da sala e comecei a folheá-las.
Gostei dos olhos abertos, azuis e expressivos,
Recortei.
Agradei-me da boca entreaberta e úmida
Retirei com cuidado.
O nariz fino e as sombrancelhas torneadas
Formariam um lindo conjunto,
Sem demora as destaquei.
No papel claro rabisquei um contorno
E no interior inseri meus recortes
Colando-os com cuidado.
Com giz de cera, fiz fartos cabelos negros
Que completaram o semblante.
Afastei-me para conferir melhor minha obra.
Parecia perfeita.
Colei-a imediatamente na face do espelho.
Agora sim,
Nunca mais iria ter que ver a dor
Que havias esculpido em meu rosto.
A partir daquele momento
Voltei a ser livre.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
PRAZO
Tu que te escondes e me espreitas,
Mal sabes que tenho o olhar treinado para encontrar-te.
Tu que já foste tão constante um dia
E agora finges uma amnésia forçada, certo que dissimulas tua ação.
Tu, que por medo ou conforto, assobias o melodioso canto do adeus
Esperando que eu impeça que te vás para sempre.
Sim, tu.
É contigo que quero falar.
É para ti que quero gritar,
Que apesar de todo esse jogo de desencontros, arduamente arquitetado,
Sigo te querendo com a mesma força e intensidade de antes.
Até quando?
Bem, pelo menos posso te garantir esse desejo
Por mais aluns longos e dramáticos
Cinco minutos.
Não te demora.
O relógio já iniciou a correr.
Mal sabes que tenho o olhar treinado para encontrar-te.
Tu que já foste tão constante um dia
E agora finges uma amnésia forçada, certo que dissimulas tua ação.
Tu, que por medo ou conforto, assobias o melodioso canto do adeus
Esperando que eu impeça que te vás para sempre.
Sim, tu.
É contigo que quero falar.
É para ti que quero gritar,
Que apesar de todo esse jogo de desencontros, arduamente arquitetado,
Sigo te querendo com a mesma força e intensidade de antes.
Até quando?
Bem, pelo menos posso te garantir esse desejo
Por mais aluns longos e dramáticos
Cinco minutos.
Não te demora.
O relógio já iniciou a correr.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
DECISÃO
Colocou o mais enigmático vestido
Cheio de fendas, tramas e surpresas.
Calçou os saltos mais finos e altos
Negros para dar maior estabilidade.
Maquiou-se suavemente
E prendeu os cabelos crespos em um coque.
Pegou a pequena bolsa e saiu para procurá-lo.
Atravessou a ponte para o outro lado do tudo
E surgiu como uma visão perfeita em sua soleira.
Ao abrir a porta,
Ele não acreditava que ela pudesse existir assim,
Tão bela.
Sorriu.
Afinal sempre tinha treinado sua imaginação
Para quando esse momento se concretizasse.
Fechou a casa sem demora
E de um salto pegou sua mão.
Partiram às gargalhadas
Para aproveitar cada minuto que haviam perdido
Na interminável espera do aceitável.
Cheio de fendas, tramas e surpresas.
Calçou os saltos mais finos e altos
Negros para dar maior estabilidade.
Maquiou-se suavemente
E prendeu os cabelos crespos em um coque.
Pegou a pequena bolsa e saiu para procurá-lo.
Atravessou a ponte para o outro lado do tudo
E surgiu como uma visão perfeita em sua soleira.
Ao abrir a porta,
Ele não acreditava que ela pudesse existir assim,
Tão bela.
Sorriu.
Afinal sempre tinha treinado sua imaginação
Para quando esse momento se concretizasse.
Fechou a casa sem demora
E de um salto pegou sua mão.
Partiram às gargalhadas
Para aproveitar cada minuto que haviam perdido
Na interminável espera do aceitável.
domingo, 2 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
CORAÇÃO
Cravou as unhas vermelhas
No peito e o rasgou
Deixando exposto o coração
Pulsante.
Arrancou-o, de imediato
Não lhe permitindo tempo para raciocinar
E o ofereceu ao primeiro desavisado
Que passava na rua.
Esse, assustado com a bizarra prenda,
Jogou-o no mesmo instante
Na água suja da sarjeta
Que corria aos seus pés
Partiu balançando a cabeça.
Foi entre lágrimas que viu
O débil órgão
Parar de bater,
Pouco a pouco,
Congelando diante de seus olhos
E ainda sem ter noção do que realmente tinha se passado.
Preferiu deixá-lo morrer na bela ignorância do ocorrido
Do que confessar a feiúra das suas falhas.
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