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26.4.11

P.Ferreira 10/11: Revisão de uma das equipas mais interessantes da época

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O estilo: discípulos da "vertigem"
Aproveitando a dicotomia usada por Villas Boas para separar os estilos de Porto e Benfica, diria que, entre a "vertigem da velocidade" e "cultura da pausa e da posse", o Paços de Ferreira de Rui Vitória se aproxima claramente mais da filosofia de Jorge Jesus. Ou seja, é uma equipa que fomenta momentos de desorganização a toda a hora no adversário, não parecendo, sequer, temer os riscos que a própria equipa corre na perseguição desse objectivo.

O risco: "pressing" e laterais
Se há dois aspectos que mais marcam esta equipa do Paços, são a atitude pressionante e o comportamento dos laterais. Digo "marcam", porque a distinguem da generalidade das equipas. Não são necessariamente pontos fortes nem fracos, são traços de personalidade que fazem a equipa convergir para um jogo de risco, em que a procura pelo sucesso se confunde com a exposição ao fracasso.


"pressing" - Não é difícil reparar as dificuldades que muitas vezes o Paços provoca nos adversários, optando por procurar "atacar" a construção desde a primeira fase, numa atitude pressionante que visa condicionar, não apenas o espaço, mas também o tempo. Várias vezes se viram adversários mais fortes condicionados por esta atitude, mas outras foram também as ocasiões em que a equipa se expôs em zonas mais recuadas por não ter capacidade para fazer aquilo a que se propõe. São os dois gumes de uma faca que Rui Vitória escolheu e que, já agora, fica também mais limitada pela incapacidade da sua linha defensiva em jogar mais alto em certos momentos, encurtando assim o espaço atrás de uma primeira linha quase sempre muito subida.

laterais - Poucos laterais haverá com tanta participação ofensiva como Baiano e Maycon (especialmente este). Mas, é também certo, poucos serão os laterais que desrespeitam tanto o seu posicionamento base como estes dois jogadores. E isto não se refere apenas ao desdobramento ofensivo, mas também à forma como pressionam defensivamente, surgindo repetidas vezes em posições interiores e abrindo muito o seu flanco. A acção dos centrais e, especialmente, André Leão, são fundamentais para tentar compensar este tipo de acções, embora o equilíbrio posicional óptimo dificilmente fique garantido.

Individualidades
Maycon - Chamar-lhe "defesa" é um abuso de expressão. Não que Maycon seja um jogador inútil defensivamente. Pelo contrário, é um jogador agressivo e que consegue vários desarmes em antecipação. O que sucede é que é um jogador que não tem qualquer apetência para duelos em zonas mais recuadas ou para fechar junto dos centrais, e isso nota-se sem grande dificuldade. Ofensivamente, porém, será uma das mais valias da equipa. Muito fácil o seu desdobramento ofensivo, garantindo dinâmica e qualidade, e um excelente entendimento com Pizzi e Olimpio. Parece-me indiscutível que seja catalogado como uma das "revelações" do campeonato, mas precisa de trabalhar a vertente posicional em zonas mais recuadas para poder jogar noutro modelo.

Cohene - Não espanta que tenha sido um jogador a dar nas vistas desde cedo. É um guerreiro em campo, destemido nas suas intervenções, conseguindo grande amplitude de acção (Maycon agradece) e possuindo agilidade e capacidade de antecipação acima da média. O outro lado de Cohene, é o habitual neste tipo de jogadores. O adjectivo "destemido" deixa de ser benéfico quando corre riscos excessivos. As suas acções são diversas vezes demasiado aventureiras para as responsabilidades da posição, e isso paga-se.

André Leão - É um dos "pivot" com mais trabalho de compensação em todo o campeonato. Tem a missão de ligar as linhas defensiva e média, mas é raro vê-lo juntar-se muito à frente em atitude mais pressionante. A forma como a linha defensiva se desfaz com facilidade, obriga-o a ser um contra-peso constante na zona mais recuada. André Leão merece elogios pelo trabalho que desempenha, quer em termos defensivos, quer em termos de construção, onde aparece pouco mas normalmente bem. (nota: na final da Taça da Liga denotou grande dificuldade em duas situações de jogo aéreo dentro da área, onde tinha tudo para fazer melhor)

Leonel Olimpio - É uma espécie de "plasic man" da equipa, dada a sua amplitude de acção. Olimpio tem características importantes na dinâmica, especialmente no apoio ao corredor, sendo outro dos que auxilia Maycon defensivamente. A sua dinâmica dá nas vistas, e deverá fazer com que mude de ares (Braga?), mas não penso que será fácil a sua afirmação num modelo diferente e com mais concorrência. É que Olimpio é também demasiado impulsivo nas suas acções, quer com bola, quer sem ela, e isso leva-o a cometer vários erros.

David Simão - Uma época em crescendo e a sua juventude fazem dele, e nesta altura, uma das principais atracções da equipa. Tem mostrado intensidade, quer em termos ofensivos, quer defensivos, e é, depois, um jogador notoriamente acima da média em termos técnicos. Mantendo a atitude, fará seguramente uma carreira em crescimento, mas é bom que mantenha os pés na terra. Nomeadamente, a integração no plantel do Benfica tem de ser um passo bem reflectido por todos. É que, embora esteja a fazer uma época positiva, a posição onde joga é de extrema exigência e muito dificilmente David Simão poderá discutir o lugar como primeira opção na equipa do Benfica, no imediato. Ou seja, mais importante do que dar um grande passo, é importante que David Simão dê mais um passo certo. Que possa manter condições para uma evolução continuada, em termos de exigência, capacidade e confiança.

Pizzi - Outra das boas revelações da época. Fez uma grande época e duvido que não continue a progredir no futuro. É criativo, executa com os dois pés e tem um bom sentido de baliza, o que é sempre importante. Jogar no Braga não será fácil no imediato, mas pode perfeitamente vir a ser uma boa solução.

Manuel José - É o veterano da equipa tipo. Um jogador que merece destaque sobretudo pela sua capacidade de cruzamento, tendo estado na origem de diversos golos e lances perigosos. A sua menor intensidade nota-se, porém, quando tem de jogar em posições mais interiores.

Rondón - Tem um papel muito importante na equipa, na acção de "pivot" ofensivo. Quer no momento de transição, servindo de apoio frontal ao primeiro passe de saída, quer mesmo em resposta a um jogo mais directo, a que a equipa várias vezes recorre. É um jogador inteligente e por isso permite-lhe oferecer, e no mesmo jogo, uma grande versatilidade de soluções à equipa. Rondón parece-me um jogador plenamente aproveitado, que é o mesmo que dizer que duvido que possa triunfar em patamares muito superiores àquele onde está.

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23.3.11

Paços - Benfica (Análise e números)

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- Eficácia, sim, mas não só. O Paços falhou a sua abordagem ao jogo porque falhou completamente no “pressing” alto – o primeiro alicerce da sua proposta. Bem o Benfica a ligar corredores em zona baixa, aumentando os espaços e dificultando a tarefa dos “castores” de chegar a tempo para pressionar. O resultado? Com o Paços a arriscar no “pressing” e a falhar completamente o condicionamento na primeira fase de construção do Benfica, abriram-se os espaços e o Benfica, com a sua qualidade... “cavalgou-os”.

- Rui Vitória deverá retirar as suas conclusões. À primeira vista, parece que as alterações prejudicaram a equipa. Que Rondon foi um fracasso absoluto à direita, que a sua agressividade fez falta na frente, que Manuel José não teve intensidade para ser agressivo na zona da bola (2ºgolo), que Olímpio e Leão terão feito falta... Talvez... mas uma equipa não pode ter uma percepção “cega” do pressing e tem de garantir, primeiro, a coerência espacial e colectiva antes de “atacar” a bola.

- Curioso como o jogo foi mais controlado pelo Paços, com 10. Curioso, mas não estranho, por tudo o que escrevi atrás. Com menos 1 unidade, a atitude posicional do Paços foi mais prudente e criteriosa. Não discutiu o jogo territorialmente, mas capitalizou vários erros em posse dos encarnados. Aliás, sobre o Benfica, importa dizer que, apesar do conforto do resultado, esta não foi uma exibição isenta de erros. Pelo contrário, em posse, foi raro o jogador que não comprometeu pelo menos 1 vez.

- O Benfica é, realmente, fortíssimo nas bolas paradas, e Jardel vem acrescentar ainda mais capacidade nesse particular. O ex-Olhanense não tem, obviamente, o potencial ou as mais valias de David Luiz, mas pode bem ser competição para Sidnei. Ser central é, hoje em dia, muito “fácil” no Benfica!

- Individualmente, e no Benfica, Aimar foi o melhor. O espaço que o Paços abriu foi um regalo para ele. De resto, é ainda cedo para considerações sobre Carole. A Gaitan, valeu o golo (e que golo!), porque confundiu novamente competição com descompressão, assim que o jogo lhe pareceu resolvido. Já Jara, para além de 1 ou 2 verticalizações (2ºgolo), não valeu quase nada.

- Sobre o Paços, o destaque vai, muito claramente, para o seu lado esquerdo. Aliás, a dinâmica dos corredores laterais é um dos segredos do sucesso desta equipa. Maycon joga como lateral, mas não é bem um defesa. Se conseguirem fazer dele um defesa – e vale a pena tentar – pode ser que dê um lateral para voos bem mais altos. À sua frente, Pizzi, pode nunca chegar a um “grande” mas tem tudo para fazer carreira em boas equipas, e com um papel de relevo...

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