Transcrição de artigo que reforça muito do que foi referido no post anterior:
O país precisa de uma moção de ruptura
Económico. 04/04/13 00:31 | Helena Cristina Coelho
Chamem-lhe o que quiserem: exercício de democracia, direito à indignação, debate da nação, escrutínio do poder, moção de censura. O que o país viu e ouviu ontem no parlamento pode ter sido tudo isso. Mas foi acima de tudo uma moção de tortura.
Tão simplesmente porque insiste em malhar numa realidade que já todos conhecem, mas cuja reforma se insiste em adiar, e porque a iniciativa socialista, já se sabia, seria tão inconsequente como um estudante que insiste numa melhoria de nota num exame onde já está chumbado.
Respeite-se o esforço e a intenção do debate e dos protestos - são necessários. Mas o que sobrou no final foi só mais um dia perdido por ministros e deputados, entretidos em trocas de acusações e chantagens e jogos semânticos - são inúteis. Divertidos, mas inúteis. O país assistiu ontem, em directo e ao vivo, à maior fraqueza da nação: a debilidade da sua classe política.
Carlos Zorrinho acusou o CDS de ser um partido bailarino, deambulando entre Governo e oposição. Paulo Portas reage com a ameaça de um segundo resgate se o País for empurrado para eleições antecipadas. Pedro Passos Coelho lamenta a censura perversa e infeliz do PS. O Bloco de Esquerda fala em sabotagem do país. E Vítor Gaspar reage com o dedo apontado ao frenesim despesista do anterior Executivo. Para o nível de debate melhorar só faltou entrar um comentador desportivo e rematar um furioso "não gosto de si" e sair porta fora. Bem espremido, o debate não deixa muito mais para recordar do que ‘sound bytes' como estes. E isto não chega para governar e reformar um país.
E também faz pouco, muito pouco, para restaurar a confiança perdida dos portugueses na sua classe política. O recurso a uma moção de censura é um instrumento tão delicado e excepcional que não deveria ser desbaratado de forma tão inconsequente. Por mais que António José Seguro ambicione honrar a herança (e as anteriores moções) de Mário Soares ou Ferro Rodrigues, o país precisa hoje mais de acções do que de moções. A menos que o líder socialista soubesse de alguma fractura ou traição que viabilizasse o derrube do actual governo, de que serviu tanto esforço e tanto ruído? Para nada. Nem sequer para descobrir alternativas. E ainda se admiram que os portugueses apresentem cada vez mais moções de censura cada vez que são chamados a votar ou a participar na discussão política...
Imagem do Económico
quinta-feira, 4 de abril de 2013
O PAÍS PRECISA DE MOÇÃO DE RUPTURA !!!
Posted by A. João Soares at 06:45 5 comments
Labels: censura, equipa, patriotismo, ruptura, sinergia
sábado, 12 de junho de 2010
Situação a precisar de boa terapia
Transcrição seguida de NOTA:
Insustentável
Jornal de Notícias 12-06-2010. Por Pedro Baldaia
O presidente da República considera que a situação do país é "insustentável", enquanto o primeiro-ministro considera que não, que é apenas "difícil, como no resto da Europa. Quem tem razão é Cavaco, mas Sócrates dá uma ajuda, porque de facto a situação é insustentável em toda a Europa. Tem razão Sócrates quando destaca do discurso presidencial o apelo à união, ao compromisso, entre políticos, patrões e trabalhadores, para tirar este país desta crise onde cresceu.
O país não entrou em crise, o país tem-se desenvolvido em crise. Em crise de valores, em crise de justiça social, em perda de legitimidade da classe política. É insustentável sair desta crise económica sem cuidar de construir outro país. É insustentável manter esta Europa sem fazer dela uma federação com direitos e obrigações iguais para todos.
Temos de ser mais exigentes na produção de riqueza e na sua distribuição, sem demagogias, mas também sem medo de ser politicamente incorrecto e exigir que os especuladores que acumulam não possam esconder a cara atrás das leis do mercado.
É insustentável que os próximos governos se limitem a fazer o que fizeram todos os governos desde que Portugal aderiu à União Europeia. Não chega receber de Bruxelas e despejar pelo país. São precisas ideias. Ideias que não tiveram Cavaco, Guterres, Durão, Santana e Sócrates. Uns melhor e outros pior, limitaram-se a conduzir a direito.
É preciso gente nova, gente que não tenha medo de perder eleições na tentativa de ganhar um país mais justo e solidário.
NOTA: Uma interessante abordagem do problema. Neste blog podem ser encontrados textos que dão mais amplitude à análise da situação «insustentável». Podem ser pesquisados pelas palavras: ruptura, jovens, código, crise, reestruturação, governar, interesses nacionais, etc.
Posted by A. João Soares at 11:44 2 comments
Labels: jovens, reestruturação, ruptura