Estando neste momento a funcionar a cimeira de Copenhaga sobre as alterações climáticas e a necessidade de preservar o ambiente, são oportunas todas as chamadas de atenção tendentes a consciencializar os cidadãos para este problema de enorme importância para a vida das gerações mais jovens e as vindouras. Por isso se transcreve o seguinte texto
Pela dor ou pelo amor
Não é pela força que uma pessoa se torna ambientalista. Trata-se de uma mudança de padrão de vida que vai gerar frutos a médio e longo prazo
Com tantas notícias graves envolvendo o meio-ambiente pelo mundo, pode-se dizer que toda ação ambiental, por menor que seja, é bem-vinda. Venha de onde vier, será sempre “lucro”.
Em qualquer oportunidade de contato com públicos diversos em que o tema seja abordado, creio que pelo menos uma pessoa sairá motivada ou inspirada para pesquisar mais sobre o as questões ambientais. Nem todos sairão plantando árvores ou substituindo todos os itens de sua casa por outros “verdes”, mas alguma transformação deve acontecer.
Um exemplo a ser citado são as empresas sustentáveis (ou consideradas assim) que procuram aplicar esse conceito em ações simples, como reduzir consumo de energia e água, praticar a coleta seletiva ou treinar e capacitar seus funcionários para um mundo mais verde. O setor de construção civil pode erguer ou reformar um imóvel com itens ecologicamente corretos, desde a compra de materiais, a contratação de mão-de-obra local e propor, ao término da obra, a continuidade dessa visão.
Isso não quer dizer, necessariamente, que todas pessoas sairão destas palestras ou treinamentos ambientalistas, no sentido mais amplo da palavra.
Muitos alegam que, devido à atualidade que o termo sustentabilidade representa, ela é tratada apenas como um negócio. Em alguns casos, pode ser. Mas o que importa é a ação, a postura, a prática, a vontade, mesmo que o objetivo seja comercial. O foco principal é que algo está sendo feito por um mundo melhor. No final, o resultado é louvável.
Uma empresa solicita a visita de uma consultoria ambiental no caso de sofrer uma pressão dos consumidores, quando é autuada por um órgão fiscalizador, quando a matriz exige mudanças nos padrões de fabricação e compra de matéria-prima, mas raramente por uma visão ecológica do negócio. Na maioria das vezes, a motivação financeira predomina, já que a associação de uma marca a práticas sustentáveis reforça o marketing ecológico. Ainda assim, as vantagens existem.
Claro que seria magnífico se as empresas se importassem de forma sincera com o meio ambiente e nenhuma se dispusesse a exibir uma certificação ambiental que na prática não saiu do papel. No entanto, a informação é um importante fomento das causas ambientais. O fato de a empresa implantar práticas mais verdes na sua rotina faz com que funcionários e consumidores tenham acesso a novidades.
Há várias formas de comunicar esse conceito: eventos, comunicados, reuniões ou palestras sobre meio ambiente para os funcionários, chamando a atenção para as necessidades e dilemas ambientais do presente e as possíveis mudanças no cotidiano. Por exemplo, trocar idéias sobre como ter práticas mais saudáveis e sustentáveis e incentivar a formação de comissões internas para decidir essas práticas. Outras, com pouco custo e muito efeito, como disponibilizar textos sobre meio ambiente no site da empresa; implantação de programa de coleta seletiva para funcionários, colaboradores e fornecedores; buscar tecnologias para aproveitar a luz natural e economizar água.
Cada situação citada pode levar as pessoas a pensar sobre as questões ambientais que preocupam e não poupam nenhum país deste mundo. Longe de ser os antigos “ecochatos” da década de 80 ou meros ativistas verdes, precisamos no momento de ação – e não de falsos pragmatismos.
O Governo tem criado as regras do jogo para as empresas e para a sociedade como um todo. São leis e decretos instituindo a coleta seletiva, proibindo o corte de árvores nativas e medidas para amenizar a poluição e a devastação em todas as suas formas. Sim, isto é muito bom. Pode parecer ingenuidade ou irresponsabilidade, mas várias sementes de consciência ambiental estão sendo plantadas. Não é pela força que uma pessoa se torna ambientalista, pois de certa forma implica em criar hábitos e pequenos sacrifícios diários. Trata-se de uma mudança de padrão de vida que vai gerar frutos a médio e longo prazo. Conheço pessoas que fumam, mas têm uma postura em relação às questões ambientais mais contundentes que muitos ecochatos. Existem por aí muitos lobos em pele de cordeiro e no ambientalismo não é diferente.
O meio ambiente carece de práticas, de ações sustentáveis. Cuidar do lugar em que vivemos é, sim, uma obrigação moral. Ou alguém aí pretende beber água contaminada, comer um alimento tóxico, ter problemas respiratórios pela poluição do ar, tampar o nariz ao ver um lago (quando poderia mergulhar nele) e andar várias quadras sem ver uma árvore adulta sequer? Quem quer ser adepto não é preciso nem sair de casa. Pode começar eliminando a prática de lavar a calçada com mangueira. Todos podemos ser ambientalistas por ações e não apenas por formação ou por ser membro de uma entidade de defesa dessa causa. Pequenas ações vão despertar o ambientalista que existe em você.
Jetro Menezes
Publicado por Leonardo no blogue Amigos de Freud
A qualidade da democracia em maré baixa
Há 2 horas
4 comentários:
Querido amigo João,
Belíssimo texto, cheio de alertas e ideias que podem perfeitamente funcionar na prática.
Mesmo sendo muito extenso, vou publicá-lo no meu Núcleo de Cerveira do Limpar Portugal, juntando mais uma ou duas frases minhas.
Sei que posso...que me permite.
Beijinhos
Ná
Querida Amiga Ná,
Para mim foi um prazer e para o autor, Leonardo, também sei que foi ver dar mais divulgação a estas ideias. Realmente se cada um limpar algum espaço à sua volta o mundo fica todo limpo. E no dia 20 de Março Portugal vai ficar uma beleza. Depois, é preciso não deixar sujar e ir limpando o pouco que for preciso.
Beijos
João
Caro João Soares
Claro que há que tomar medidas concretas. Porém elas são demasiado radicais para serem aceites. Há que rever
e modificar, doa a quem doer, todo o sistema político e financeiro. E mesmo que tais medidas fossem tomadas, já é demasiado tarde.
E o mais assustador é que aqueles senhores que estão em Copenhague a discutir os problemas, por mais competentes que sejam, não são os verdadeiros detentores do poder. São meros títeres dos donos do dinheiro, para não dizer dos barões da droga e poderes associados, que não estão nadinha interessados em modificar seja o que for. Por outras palavras, num mundo dominado pela alta corrupção, nada de bom se pode esperar.
Caro Vouga,
Compreendo todo essa descrença, mas temos de alimentar a esperança de que o mundo não irá acabar em breve, Terá que haver solução nem que seja imposta por levantamentos populares ou atentados cirúrgicos contra os mais culpados e os mais responsáveis pelo poder mundial.
É a vida dos nossos descendentes que está em jogo.
Abraço
João Soares
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