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sexta-feira, novembro 16, 2012

"Diário de um pai"

Henrique Raposo, no Expresso:

«Esta semana, a pátria teve um leve sobressalto quando viu a taxa de natalidade, mas o assunto voltou rapidamente à colecção de não-assuntos.Eu compreendo: se começassem a falar de apoios à natalidade, políticos, jornalistas e comentadores ainda perdiam, coitadinhos, as credenciais progressistas. 

Como se sabe, esses assuntos são coisas de fachos e reaças, e há que manter a feira das vaidades moderninhas e pós-moderninhas até ao fim.Mas, se não se importam, eu gostava muito de deixar um post-it reaça no frigorífico progressista da pátria: se nada for feito ao nível das políticas de família, Portugal vai atravessar um inverno demográfico que criará a tempestade perfeita.A actual crise é um pequeno aguaceiro ao pé do “Sandy” demográfico que estamos a cozinhar.» (...)
(...) «ser pai nesta terra já deve dar para entrar na escolinha dos super-heróis.Até porque o tal Estado social não existe neste campo. 
Já sou pai, e continuo sem ver o Estado social.» (...)

«É que encontrar uma creche financeiramente acessível é como encontrar um homem honesto no Parlamento.As IPSS de bairro são, sem dúvida, a melhor solução, mas repare-se na perversão do sistema: se tiver um rendimento mensal de 2250 euros, o casal já paga a mensalidade máxima, cerca de 400 euros.É outra renda, que se junta à renda da casa e à renda das fraldas, medicamentos, pediatra, brinquedos, leite de transição, frutinha, sopinha, roupinha e o cartão de sócio do Benfica. 

Como se tudo isto não fosse suficiente, os mais velhos dizem-me que o sistema fiscal não valoriza os filhos na declaração de rendimentos.
Eu não sei onde é que anda o Estado social, mas sei que o dito não está no sítio que deveria ser a sua primeira prioridade: as crianças, a formação da família, a saúde demográfica da sociedade. Há muito Estado e pouco social no tal Estado social.» (...)

«Mas, afinal, para onde é que vai o dinheiro dos nossos impostos? 0 Estado fica com metade da nossa riqueza e, mesmo assim, é incapaz de apoiar como deve ser a rede de creches já instalada.» (...)

«Se não serve para apoiar as crianças e as famílias, se não serve para garantir o futuro, o Estado social serve exactamentepara quê?»

terça-feira, janeiro 18, 2011

Competencias modernas: educar para "dar a cara"


«mais do que dizer aos filhos o que devem fazer em cada caso, os pais deveriam ensiná-los a raciocinar de forma ética» (...)

« o fundamental é substituir os mandatos ligados à casuística (que tanto desgastam aquele que os dá, como aquele que os recebe) por conversas pausadas onde as crianças venham a aprender a pensar por sua conta própria. Assim, pouco a pouco, irão adquirindo um estilo de pensamento com carácter prudencial. O que, a longo prazo, contribui para que os filhos amadureçam e ganhem espírito de independência face ao último comentário que tenha surgido na sua rede social.»

É o que diz Rusworth Kidder - escritor e investigador do Institute for Global Ethics, no seu livro Good Kids, Tough Choices, [escolhas difíceis para crianças normais].

Kidder e a sua equipa comprovaram que "muitos têm valores extremamente positivos e são capazes de tomar decisões louváveis. Mas se falta coragem para defender esses valores quando alguém os põe à prova, na prática não existe muita diferença entre tê-los ou não. A coragem é o elemento catalizador; sem ele, há somente teorias bonitas".

(Em aceprensa.pt)