O Intermitente<br> (So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

O Intermitente
(So long, farewell, auf weidersehen, good-bye)

sábado, maio 29, 2004

O Fim

Acabou o Dicionário do Diabo.
posted by Miguel Noronha 9:15 da manhã

sexta-feira, maio 28, 2004

Super Flumina

Já há muito que não fazia referência a este blogue que tem a peculariedade de ser francófono mas não francofílo. Agora parece-me uma boa ocasião.

posted by Miguel Noronha 10:06 da tarde

Re: Conservador e de Direita

Já é conhecido a "afeição" que o Paulo Gorjão nutre pelo Ministro de Estado e da Defesa Paulo Portas. Acusa-o, entre outras coisas de ser populista e conservador e de ser a eminência parda do actual governo. Estranho assim que, desta vez, acuse o Governo de impor medidas anti-populistas e liberais (ou neo-liberais na terminologia corrente).

Longe de mim pretender caucionar todas as políticas deste Governo. Ainda recentemente teci críticas à intenção revelada de "salvar" a Bombardier através da sua aquisição pela EMEF. Esta sim é uma medida populista, anti-correncial e exigida pela esquerda em unissono.

Prentende o PG exemplos uma medida que tenha "introduzi[do] maior justiça na máquina fiscal" e outra que "Governo [tenha] adopt[ado] para combater a evasão fiscal". Não tendo presente todas as medidas do Governo lembro-me a reforma da Contribuição Predial para o primeiro caso e o Pagamento Especial por Conta (o infáme PEC) para a segunda.

Posso referir que concordo com a primeira, que introduziu realmente maior equidade, e discordo da segunda que, embora combatendo a evasão fiscal entendo ser um imposto cego (no mau sentido).

Quanto às "medidas que afectaram os direitos de quem trabalha por conta de outrem" e PG que entendem serem a prova definitiva da influência do PP no Governo. Aproveito para referir que essa imensa panóplia de "direitos" são umas das maiores causas do chamado desemprego estrutural - essecialmente do emprego entre os jovens - e que constituem uma das principais razões que levam a que a recuperação das empresas - e logo da Economia como um todo - em periodo de recessão seja mais lento.

Se estas reformas, introduzidas pelo Ministro Bagão Félix, foram realmente impostas pelo PP julgo poder dizer, então, que foi em boa hora que o Dr. Durão Barroso os convidou a formarem esta coligação. Dúvido, no entanto, que um Governo apenas do PSD tivesse feito as coisas de forma diferente.
posted by Miguel Noronha 7:16 da tarde

Hayek Links

O Hayek Links foi actualizado.

posted by Miguel Noronha 5:05 da tarde

On Keynes as a Practical Economist

Artigo de Julian Simon (autor do célebre The Ultimate Resource)

John Maynard Keynes's contemporaries thought that he was the cleverest mortal of the century (putting aside such immortals of physical science as Einstein). Bertrand Russell said of Keynes's intellect that it was "the sharpest and clearest that I have ever known. When I argued with him, I felt that I took my life in my hands, and I seldom emerged without feeling something of a fool". Keynes was impressed by his own cleverness, too. In a letter to a friend who named his son "Keynes Don von Eisner", Keynes wrote:

He must undertake that he will not only always pronounce the name rightly himself, but will never allow the slightest mispronunciation on the part of others. Tell him firmly that it rhymes with ?brains? and that there is no harm in that.


Friedrich Hayek, a Nobel-prize winner and Keynes's greatest opponent of the 1930s?but also a personal friend?said of Keynes much later, however, that "He was so convinced that he was cleverer than all the other people that he thought his instinct told him what ought to be done, and he would invent a theory to convince people to do it".

Let us test Keynes as an economist on the subject of natural resources. In his world-renowned The Economic Consequences of the Peace, published just after World War I, Keynes wrote that Europe could not supply itself with food and soon would have nowhere to turn:

[B]y 1914 the domestic requirements of the United States for wheat were approaching their production, and the date was evidently near when there would be an exportable surplus only in years of exceptionally favorable harvest...

Europe's claim on the resources of the New World was becoming precarious; the law of diminishing returns was at last reasserting itself, and was making it necessary year by year for Europe to offer a greater quantity of other commodities to obtain the same amount of bread...


If France and Italy are to make good their own deficiencies in coal from the output of Germany, then Northern Europe, Switzerland, and Austria... must be starved of their supplies.


Could these assertions of impending scarcity have been more wildly in error? Not likely. Keynes was entirely ignorant of the facts and plain wrong in his dogmatic logic. Millions of plain American farmers had a far better grasp of the agricultural reality in the 1920s than did Keynes. So much for Keynes's wisdom as an economist and a seer into the future.

Obviously one can be both "clever" and destructively wrongheaded.

posted by Miguel Noronha 3:26 da tarde

Subida do Petróleo Não Ameaça Retoma da Economia

O aumento dos preços do petróleo não representa ameaça suficiente forte para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reveja em baixa as previsões de crescimento da economia mundial. «Na conjuntura actual, os riscos de subida e de descida dos preços estão equilibrados, é por isso que mantemos as nossas previsões», explica Raghuram Rajan, conselheiro económico do Fundo. As últimas previsões do FMI, divulgadas o mês passado, apontavam para um crescimento de 4,6% da economia mundial este ano, contra 4,1% previstos em Setembro de 2003. Mas as projecções foram feitas com base num preço do petróleo de 30 dólares o barril, quando actualmente o preço de referência já subiu para 36 dólares. Mesmo assim o FMI não vai rever as estimativas. A subida do petróleo, de acordo com alguns analistas, pode reduzir em 0,4% o crescimento do PIB mundial, em 0,5% o crescimento dos Estados Unidos e em 0,2% o produto do Japão, mas o impacto nas economias da China e outros países asiáticos pode ser superior.

Por seu lado, Nout Wellink, governador do Banco da Holanda e membro do Conselho de Governadores do BCE, considera que a escalada do preço do petróleo nos mercados internacionais está a ter um efeito muito limitado no crescimento da economia mundial, porque a procura e os preços reais não estão tão elevados como na crise de 1973.

"Depende do espaço temporal com que formos confrontados com estes preços», disse Wellink, explicando que, «de acordo com os nosso modelos, o efeito será pouco mais que limitado. Se compararmos os preços de hoje com os mais elevados dos anos 70, o valor a que chegamos nessa altura pode ser convertido para cerca de 80 dólares o barril hoje".


posted by Miguel Noronha 10:29 da manhã

Recrutamento - pt II

O Joe Katzman (do Winds of Change) deixou a seguinte mensagem, a propósito do post anterior.

I should also note that we are looking for someone who would be interested in covering European developments in a Regional Briefing. If anyone is interested, follow the "Recrutamento" link and send email to the addresses in our post, or leave a comment. Gracias!


posted by Miguel Noronha 8:42 da manhã

quinta-feira, maio 27, 2004

EU commissioner implicitly criticizes French rescue of Alstom

European Union Health Commissioner David Byrne implicitly criticized a French government rescue plan for engineering group Alstom Thursday, insisting that state aid to prop up big private companies was "completely wrong."

"We believe in free competition and I hope the next president of the (European) commission will help with this principle at a moment when some of our most important member states still see some national champions deserving state aid," Byrne told a meeting here of European pharmaceutical industries.

France on Wednesday won preliminary backing from Byrne's colleague, European Competition Commissioner Mario Monti, for a plan that would allow the French government to provide 2.285 billion euros (2.8 billion dollars) in various forms of aid to keep Alstom afloat.

The French state would in addition be authorized to acquire a temporary stake in Alstom, which builds ships, high-speed trains and power stations, of up to 31.5 percent.

But the EU commission for its part imposed several conditions on the deal, notably requiring Alstom to take on one or more industrial partners between now and 2008, sell off about 10 percent of its business and to refrain from any significant acquisitions in the European transport sector for the next four years.

French officials have lately been speaking of the need to create "national (industrial) champions" in Europe to confront competition from big US companies.

But Byrne on Thursday voiced reservations about such an initiative if it requires state assistance.

"Ideas promoted by some member states that still see national champions supported with state aid is a completely wrong point of view," he said.


posted by Miguel Noronha 5:09 da tarde

Recrutamento

O Winds of Change está à procura de um colaborador.

posted by Miguel Noronha 3:54 da tarde

Procura global impulsionará zona euro, diz economista-chefe do BCE

A forte procura global vai, «claramente, impulsionar a zona euro» disse esta quinta-feira Otmar Issing, economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), num discurso proferido em Passau, Alemanha.

Apesar de indicadores que apontam para uma procura doméstica ainda «estagnada», e os consumidores evidenciando sinais de incerteza nos gastos, a zona euro beneficiará, ao longo de 2004, do desenvolvimento positivo da economia mundial, cujo crescimento é «forte e vigoroso», atestou Issing.
O responsável do BCE sublinhou ainda, a existência de factores favoráveis à aceleração do crescimento económico na zona, tendo em conta as condições vantajosas no mercado financeiro (baixas taxas de juro), bons sinais de restruturação nas empresas, e melhoria do clima económico.

Reconhecendo a existência de alguns riscos resultantes de desequilíbrios regionais que não poderão ser sustentados no longo prazo, Issing disse esperar que a recuperação «gradual» da economia europeia ganhe maior impulso ao longo do ano em curso.


Entretanto, e para refrear os ânimos, Frank Shostak alerta para o risco de uma recessão na China que podem afectar negativamente toda a Economia mundial.

posted by Miguel Noronha 2:48 da tarde

É Preciso Saber Ler Os Sinais

No Diário Digital:

O presidente da República, Jorge Sampaio, afirmou na quarta-feira à noite que a vitória do FC Porto na Liga dos Campeões é um (...) bom sinal para a retoma


Mais uma demonstração da sapiência económica do nosso PR. Pelo menos não usou a palavra "solidariedade"...

posted by Miguel Noronha 12:12 da tarde

O Relatório da AI

No Público, José Manuel Fernandes crítica o relativismo e a politização do último relatório da Amnistia Internacional.

O que faz a credibilidade de organizações como a Amnistia Internacional é a sua independência e a sua capacidade de julgamento sem pressupostos políticos. O que faz ou o que fazia. De facto, o que se pode dizer de uma organização que ontem declarou que a situação de direitos humanos no mundo em 2003 foi a pior dos últimos 50 anos? Ou que perdeu a memória ou que está obcecada com uma pequeníssima parte da realidade.

Nos últimos 50 anos, ocorreram genocídios como o do Ruanda; durante décadas, houve União Soviética e o "goulag"; na China, dezenas de milhões de pessoas morreram em operações como as do "Grande Salto em Frente" ou na "Revolução Cultural"; na América Latina, houve períodos onde as democracias se contavam pela palma de uma mão e as ditaduras dominavam, da Argentina a Cuba, do Chile ao Brasil; a Indonésia de Suharto praticou crimes sem nome; no Camboja, reinou um senhor chamado Pol Pot; e tudo isto, ou boa parte disto e muito, muito mais, ao mesmo tempo.

Face a este breve recordatório, como pode a Amnistia considerar que em 2003 "governos e grupos armados colocaram os direitos humanos e a lei humanitária internacional sob a maior pressão dos últimos 50 anos"? Há apenas uma explicação: aquela organização - que durante a guerra fria era das poucas que mantinha independência em relação aos dois blocos - passou a preocupar-se demasiado com fazer política. Ou, pelo menos, com dar opiniões sobre política.

Por isso, num mundo em que 22 milhões de pessoas vivem num imenso campo de prisioneiros onde morrem à fome, como a Coreia do Norte, num planeta não existe uma só democracia no mundo árabe, numa época onde na China qualquer direito humano não é mais do que uma palavra vã, toda a ênfase vai para as acções dos Estados Unidos, que são avaliadas com base na visão política própria da actual direcção da organização.

É assim que, num relatório onde nos acostumámos a encontrar sobretudo factos, lemos logo na introdução uma opinião: "A agenda de segurança global promovida pela Administração dos EUA está desprovida de visão e de princípios. Ao violar direitos a nível nacional, ignorando os abusos a nível internacional e recorrendo à força militar em ataques preventivos quando e onde lhe apraz, a Administração dos EUA tem vindo a lesar a justiça e a liberdade e tornou o mundo um local mais perigoso." Pode concordar ou discordar - mas precisamente porque é uma opinião não tem o valor dos factos objectivos.

É natural, saudável e desejável que se exija de uma democracia mais respeito para com os direitos humanos e se seja mais vigilante em relação ao abusos cometidos pelos seus agentes, isoladamente ou em grupo. Mas é bom ter noção das proporções - e quem olhar para este relatório da Amnistia pensará que os abusos cometidos por soldados americanos, abjectos e gravíssimos, na prisão de Abu Ghraib, foram piores que os assassínios em massa que aí praticava o regime de Saddam. Ou seja, deixa de haver noção das proporções.

Um relatório da Amnistia que denunciasse os mesmos factos que este denuncia - e bem -, mas que se abstivesse das sentenças políticas e tivesse a noção das proporções seria da maior utilidade. Assim, será desvalorizado por todos os que suspeitem que o relato dos factos foi influenciado pelas opiniões da introdução.


posted by Miguel Noronha 11:15 da manhã

Face It: It's All Your Own Fat Fault

No Daily Telegraph Boris Johnson tece comentário acerca da última paranoia europeia: a luta contra a obesidade.


There used to be a saying that no politician ever attacked motherhood and apple pie. All that is over, my friends. There is a new threat to our little ones. Its name is apple pie, and it is making them less little all the time. With every groaning axle on our blimp-like people carriers, with every squeak of the midnight fridge, with every pop of our collar buttons, the nation is getting fatter and fatter, says the health select committee - and the Government is doing nothing about it.

How long can this complacency continue? ask the MPs, and they set out a series of demands. Vending machines are being used by schools to boost their budgets by £10 million. They must be scrapped, say the vigilant MPs. Planning policies must be changed so that people can get to shops on foot or by bike, say the MPs - so presumably we must stand by for more government-inspired attacks on the car. Women are doing only 25 per cent of the recommended weekly quota of exercise, complain the MPs; so with any luck we can expect John Prescott, or some other lean and limber Labour minister, to lead the women of Britain in physical jerks.

Most shocking of all, ministers "have spent 10 years failing to achieve a walking strategy". That, say, the MPs, is "scandalous". Ten years! It's far longer than that! I would say that human civilization has been deprived of a walking strategy for 40,000 years. No, I would go further. As a species, we have been without a proper walking strategy ever since Australopithecus Africanus (or was it Homo Erectus?) first hauled himself upright.

I don't mean to be unkind to my fellow MPs, who have doubtless sat for ages devising this report - only breaking off for refreshment at the Commons heavily subsidised and choctastic canteen - but what in the name of all that's sacred are we supposed to achieve with a "national walking strategy"? Who is going to propound this miracle method of locomotion, called putting one foot in front of the other - and who is going to pay for him or her, not to mention his car, pension and NI contributions?

(...)

But we do not eat too much because the Government somehow encourages us to do so. We are not a nation of fatties (and we are, amazingly, even fatter than the Americans) because of some failure of public policy. People may eat too much when they are in some way unhappy, in an act that is partly consolatory and partly self-destructive. It may be that women are so bombarded with images of perfect womanhood that they get down in the dumps and binge in a kind of mutiny. Maybe we all eat too much because we are spiritually poor, and seek the easy gratification of food.

What do I know? Speaking for myself, I would say a lot of us also eat too much because we are perfectly happy, but also really rather greedy. So before we employ thousands of walking experts in the NHS, and before we roll out some vast new anti-obesity strategy, let us get some things straight. This is not a disease. Any talk of "pandemics" or "cures" is pure cant. This is a phenomenon entirely caused by personal volition.

The committee says: "Individuals cannot solve the problem as ministers seem to suppose." But if individuals cannot solve the problem, then no one can solve the problem; because there is absolutely no one, apart from yourself, who can prevent you, in the middle of the night, from sneaking down to tidy up the edges of that hunk of cheese at the back of the fridge.

The more the state tries to take responsibility for the problem, the less soluble the problem will become, and the more people will indeed feel that they are the "victims" of an affliction, when it is nothing but their own fat fault. The more the state prescribes the diet of children, the more it takes away responsibility from parents, and the less chance there is of genuinely persuading a child to cut down on Pringles or play more football.

posted by Miguel Noronha 9:56 da manhã

What Blogging Archetype Are You Most Like?


You are an Andrew Sullivan.

You are not afraid to share your political views with everyone in candid and clear ways.

You may also be making some money... one day.

Take the What Blogging Archetype Are You test at GAZM.org


(via Notas Varias)

posted by Miguel Noronha 8:30 da manhã

quarta-feira, maio 26, 2004

Porto

Parabéns ao João, ao Alberto e ao Francisco.

Adenda: Parabéns aos blasfemos.
posted by Miguel Noronha 11:13 da tarde

A Bombardier e a EMEF

Excerto da notícia do Público.

A proposta do Governo em utilizar a EMEF para, em conjunto com a Agência Portuguesa de Investimento (API), resolver o problema do fecho da Bombardier, é comentada em tom jocoso pelo pessoal e até pelos quadros superiores da empresa afiliada da CP. É que a EMEF está ela própria na iminência de despedir pessoal, porque lhe escasseiam as encomendas. A evolução tecnológica da CP (seu principal cliente e seu único accionista), que cada vez mais utiliza modernos comboios eléctricos, não se coaduna com a pesada estrutura da sua empresa de manutenção, que tem mais de uma centena de trabalhadores excedentários - que não foram despedidos como os da Bombardier apenas porque trabalham no sector empresarial do Estado. Só no Barreiro, até há pouco um dos maiores centros oficinais da EMEF, estima-se que 80 operários deixarão de fazer falta quando, dentro de semanas, começarem a operar comboios eléctricos para o Algarve e as oficinas ficarem sem locomotivas a diesel para reparar.

Com 1600 trabalhadores e prejuízos de nove milhões de euros em 2003 (e de 9,8 milhões no ano anterior), a EMEF sofre ainda com o facto do seu accionista estar em falência técnica há vários anos, o que tem levado a CP a usá-la como empresa instrumental, até para esconder alguns dos seus prejuízos, pagando-lhe a manutenção dos comboios a preços abaixo dos de mercado.


No comments...


posted by Miguel Noronha 3:21 da tarde

Cunhal

Lembranças de Maria João Avillez.

As pátrias comunistas - Cunhal dizia "socialistas" - eram sempre doiradas e azuis. Era lá que os trabalhadores tinham até "acesso a instalações de recreio que para os portugueses seriam um sonho" e, se havia filas para o talho e para o pão, isso devia-se "às retaliações políticas dos Estados Unidos, cortando a exportação dos cereais". E quando, numa ocasião, a conversa sobre este tema se tornou irrespirável, o Dr. Cunhal começou pura e simplesmente a discorrer sobre as aflições que lhe causavam certas avenidas de Lisboa - na zona do Técnico ou na do Restelo - pejadas, "à luz do dia", de "jovens prostitutas". Como tudo o resto, o muro de Berlim também tinha explicação racional. E nunca se comoveu, ou sequer se interessou, quando um dia lhe descrevi as minhas sombrias vicissitudes ocorridas na mesma Berlim, então ainda "de Leste". A União Soviética era o sal e o sol da terra, e Cuba, terra verdadeiramente "progressista", simbolizava a gloriosa vitória sobre os malefícios americanos, enquanto o pobre, decadente e corrupto Ocidente tinha os dias contados. Sim, assim mesmo, a preto e branco, só a preto e branco, num discurso quase primário, tal o sectarismo de que estava eivado.

posted by Miguel Noronha 2:24 da tarde

Subsídios Agrícolas (via Johan Norberg)

Os efeitos dos subsídios da no sector do leite em África:

The European dairy industry is swimming in a sea of subsidies. Each cow, be it Fresian or Jersey, receives $2 a day, just to chew grass.

But it doesn't stop there. Not only does the EU dairy industry get a subsidy for producing the milk, it also receives a subsidy for exporting it. Sacks of powdered milk from France, Northern Ireland and even Lithuania can be seen in small shops across West Africa.

Despite the French President, Jacques Chirac's call for a moratorium on agricultural export dumping, French farmers are the chief culprits in dumping milk into West Africa. For all Chirac's rhetoric, reforming Europe's dairy industry is itself a sacred cow. In 2001, 21,000 tonnes of powdered milk were packed on to cargo ships and imported into this corner of Africa. Much of this was from France.

The impact of milk dumping is devastating. With 6.5 million cattle, Mali has more livestock than any of its West African neighbours, yet 9,000 tonnes of powdered milk is being imported into the country every year.

So contentious is the milk issue that the EU is having to postpone any decision on curtailing milk subsidies until 2007. Sadly, by the time that they agree to turn off the EU milk taps, many of west Africa's dairy farmers will have sunk deeper into poverty, under a flood of European milk.


posted by Miguel Noronha 11:20 da manhã

Al-Qaeda

Um relatório do International Institute for Strategic Studies revela que "a (...) determinação [da Al-Qaeda] foi reforçada com a guerra no Iraque" e "que os ataques recentes em Espanha, Turquia e Arábia Saudita mostram que o grupo se reconstituiu totalmente depois de ter perdido a sua base no Afeganistão". O mesmo relatório "[estima] que a [Al-Qaeda] tenha células em mais de 60 países com 18 mil potenciais terroristas".

Parece-me, pelos resumos que apareceram nos media, que este relatório comete (pelo menos) dois erros. Primeiro atribui excessiva importância à guerra no Iraque enquanto motivador das actividades da Al-Qaeda e, em segundo lugar, parece subestimar a importância das células adormecidas (particularmente na Europa).

Uma organização que leva a cabo um atentado como o 11/09 não parece ter falta de motivação. Por outro lado não parece ter existido uma alteração dos seus objectivos finais. Acho desta forma estranho que se fale de um "acréscimo de motivação". Certamente que países que anteriormente preferiam ignorar a ameaça dos fundamentalistas islâmicos não constituiriam alvos preferenciais da Al-Qaeda. No entanto, como reconhece o relatório, isso não impedia que a Al-Qaeda já operasse nesse países.

Antes dos atentados nos Estados Unidos a 11 de Setembro de 2001, a Europa servia sobretudo para "recrutamento, organização e abastecimento" da rede. Mas a melhoria da segurança interna nos Estados Unidos "aumentou os riscos da Europa se tornar um alvo directo".


Como revela este, esclarecedor, parágrafo o aumento das medidas de segurança nos EUA é o primeiro factor que leva a Al-Qaeda a procurar outros "países-alvo" no mundo ocidental. Esta já estava presente na Europa antes de 11/09/01. Os operacionais da Al-Qaeda já se movimentavam na Europa (a famosa "pista alemã" do 11/09) e nada faz supor que não estaria nos planos da organização a execução de atentados no futuro.

Existe ainda a questão do número de efectivos da organização. O Right Wing News desmistifica o assustador número de "18.000 potenciais terroristas" dispostos a lutar contra o demónio ocidental.
posted by Miguel Noronha 10:33 da manhã

Prodi apela a "mudança radical" na política económica da UE

O presidente da Comissão Europeia (CE), Romano Prodi, considerou esta terça-feira que a política económica da União Europeia necessita de uma "mudança radical» para conseguir atingir o objectivo de ultrapassar os Estados Unidos e tornar-se na «economia mais competitiva do mundo em 2010".


Tenha que manifestar a minha inteira concordância com o presidente da CE. É necessário que cessar as políticas de subsidiação e proteccionistas da UE. É necessário acabar com a fúria sobreguladora europeia e diminuir a carga fiscal, liberalizar os mercados e desmontar o welfare state.

Só não vejo como este desiderato se coaduna com os apelos ao aumento do orçamento comunitário e com o pojecto constitucional.
posted by Miguel Noronha 8:21 da manhã

terça-feira, maio 25, 2004

Hayek Links

Actualização do Hayek Links.
posted by Miguel Noronha 4:57 da tarde

Keynes

O Futurecasts faz uma leitura crítica do famoso livro "The General Theory of Employment, Interest, & Money" de John Maynard Keynes (parte
1 e parte 2).

posted by Miguel Noronha 4:02 da tarde

Por Uma Europa Diferente

Um grupo de autores ligados ao Institute of Economic Affairs editou recentemente um manifesto em que criticam o actual projecto constitucional europeu o propõem um caminho diferente. Eis um resumo:

The IEA's authors suggest a different constitutional model that is highly practical whilst soundly grounded in political theory and historical experience.

In all future discussions, those determining the content of constitutional changes should represent the member states parliaments and electorate, not the institutions of the European Union " it is on behalf of the people of Europe not the institutions of Europe that the constitution should be drafted.

There should be a significantly greater role for member states. Except where there is a genuine international interest, issues should be reserved for member states. In particular, the EU should have no role to play in labour markets. The Constitution should guarantee this.

The European Court's first duty should be to prevent restrictions being placed by governments on trade within the EU. The EU must be first and foremost a free trade zone.

The constitution should be a simple document that restrains the power of European politicians rather than giving power to different groups of politicians. The constitution must limit the power of the EU, not give politicians and bureaucrats a licence to run amok.

Restrictions on central EU powers and extension of the veto will also allow nations to independently discover the best forms of regulation rather than having particular forms forced upon them.

The experience of previous constitutional conventions - such as in the USA and Canada - suggest that successful constitutions are written by the political leaders of the day, who will have to live with the consequences of their decisions, not by an ensemble of has-beens who may not be around to see the impact of their decisions!


posted by Miguel Noronha 12:42 da tarde

Che Guevara

No Sunday Telegraph.

Images of Hitler are not considered in any way to be fashionable, even though there are many stunning photographs of him. Guevara, on the other hand, retains an extraordinary psychological and visual allure. Yet, contrary to modish perceptions, their ambitions were very similar: to engulf an entire continent in fire and quench its flames with the blood of millions.

Guevara merely happened to be less successful, yet his memory is preserved in a sickly aspic of brainless sentimentality and mawkish stupidity. Why? It cannot simply be because he was prepared to die for his beliefs: unquestioned respect for such determination perished at 9.12 am, September 11, 2001, Eastern Standard Time.

No, the militant Left appeals to the adolescent Oedipus complex in insecure, immature artists for whom the status quo is a resented father-figure, and the socialist revolutionary is the liberator who will expel paternal authority. And even though artists have seen what happens when you chuck out dear old dad - as in the Soviet Union, Red China, Kampuchea, North Korea - these cultural darlings are usually too obsessed with their own visceral emotions to comprehend fully the catastrophe of the triumph they seek.

For such lesser artists, art is all about self: the world is merely a warehouse of artefacts for personal indulgence. Thus these solipsistic infants drink from the mythic wells of "liberation", and revere a serial-murderer from Argentina. The poster of Guevara on an undergraduate wall is an echo of this fatuity, a historically-ignorant and adolescent rejection of the poor devil who is paying for the flat. Above all, Guevara's enduring status in film and populist imagery is proof of mankind's pathetic inability to recognise evil when its guise is beauty and its lie is love.


posted by Miguel Noronha 11:05 da manhã

Parabéns

O Jaquinzinhos comemora um ano de existência.
posted by Miguel Noronha 8:24 da manhã

segunda-feira, maio 24, 2004

Hayek Links

Actualização do Hayek Links.
posted by Miguel Noronha 4:49 da tarde

Teorias da Conspiração

Excerto do artigo de José Pedro Zúquete no Público.

Os atentados do 11 de Setembro, momento traumático e novo na história, como não podia deixar de ser, deram origem a toda uma vaga conspiratória, destinada a tentar compreender aquilo que parecia incompreensível. Esta vaga foi amplificada pela Internet, o oráculo anárquico da "mão oculta.". Antes, escrevia-se um panfleto. Agora, abre-se uma "webpage" ou cria-se um "blog". Um intelectual francês de seu nome Thierry Meyssan publicou mesmo um livro onde defendeu a tese de que nenhum avião caiu no Pentágono, mas que foi o governo americano, instrumento de uma conspiração de extrema-direita, que ordenou mísseis contra o Pentágono de forma a justificar a primazia do lobby "militar-industrial". O livro vendeu milhares de cópias e tornou-se um best seller em França. E há mais. Um americano célebre residente na Europa, Gore Vidal, com a concordância de muitos, insinuou que o governo americano tinha sido cúmplice do ataque terrorista de forma a justificar a invasão do Afeganistão e a construção de um oleoduto na região.

Mas a conspiração favorecida por muitos é aquela que liga os interesses económicos da família Bush aos sauditas e à família Bin Laden. Um dos modernos profetas da lógica da conspiração, o activista Michael Moore, preparou mesmo um "documentário" dedicado à trama. O facto de poucos dias após o ataque terrorista muitos sauditas residentes na América, entre os quais familiares de Bin Laden, empresários, estudantes terem sido autorizados a partir para o seu país é a prova para muitos da cabala. Pouco importa que a Comissão do 11 de Setembro tenha declarado recentemente que tudo foi feito com aprovação do FBI porque os sauditas, sobretudo aqueles que tinham no nome "Bin Laden", temiam pela sua segurança. Ou que Osama está afastado da família há anos (ele é o mais novo de 24 irmãos!) e constitui motivo de embaraço para todos. Ou ainda que o "sinistro" Grupo Carlyle, na base do conluio Bush-Sauditas-Bin Ladens, tenha como um dos principais investidores George Soros, inimigo declarado de Bush e que tem como missão, nas suas palavras, "retirar Bush da Casa Branca."

Mas nada disto interessa. A conspiração não permite estas "subtilezas" da lógica porque a conspiração cria "a sua" própria lógica. Ou seja, o mecanismo demolidor, hipnotizante e monolítico do mito. Desde sempre. Realmente só há uma coisa mais forte do que uma teoria da conspiração: é o nosso desejo de acreditarmos numa.


posted by Miguel Noronha 12:32 da tarde

Jean-François Revel

A última edição do Democracia Liberal inclui a tradução de um artigo de Jean-François Revel orginalmente publicado no Le Point.
posted by Miguel Noronha 11:39 da manhã

Um Convite À Fuga de Capitais

Directiva da Poupança obriga banca a procurar off-shores fora da UE

A directiva europeia entre em vigor em Janeiro de 2005 e vai obrigar os bancos portugueses a transferir os depósitos dos seus clientes particulares sedeados em paraísos fiscais da UE, como as Ilhas Cayman ou o Lichenstein, para off-shores localizados fora do espaço europeu, como as Bahamas ou o Panamá.
Além das aplicações nestes territórios, também as aplicações localizadas na Suíça - onde se situam a maior parte dos fundos dos clientes do private banking nacional - vão passar a estar sujeitos ao escrutínio fiscal possibilitado pela legislação comunitária, uma vez que o Estado helvético aceitou sujeitar-se à directiva.

Consoante a opção de cada Estado-membro, a tributação passará a ser realizada mediante retenção na fonte pelo território em que são efectuadas as aplicações ou no Estado em que o particular reside.


Como já aqui tinha referido esta medida para além de não atingir os objectivos desejados poderá provocar a fuga de capitais (e de investimento) da Europa para os EUA e Sudoeste asiático.
posted by Miguel Noronha 10:29 da manhã

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"A society that does not recognize that each individual has values of his own which he is entitled to follow can have no respect for the dignity of the individual and cannot really know freedom."
F.A.Hayek

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