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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

CINEMA EM ESTUDO DO OBERCOM



Cinema em Ecrãs Privados, Múltiplos e Personalizados. Transformação nos consumos cinematográficos, de Rita Cheta, é o estudo mais recente do OberCom.

Lê-se no seu começo: "Na estrutura de apresentação do presente estudo, procurou-se responder a um conjunto diversificado de objectivos organizados analiticamente do seguinte modo: 1) Identificar as características mais significativas em termos do consumo cinematográfico na sociedade portuguesa, salientando a penetração das várias gerações de media e equipamentos tecnológicos e o seu papel nas transformações nos modos de consumo; 2) Captar o sentido das potenciais transformações nos modos de consumo dos conteúdos cinematográficos no seio da população portuguesa; 3) Caracterizar os principais perfis de consumo e do consumidor de conteúdos cinematográficos; 4) Identificar exploratoriamente alguns factores condicionadores de um crescimento rápido e generalizado desses consumos, designadamente os consumos cinematográficos/audiovisuais em banda larga".

Inquérito extensivo por questionário, através de uma entrevista directa, o "estudo permitiu a identificação de 4 Perfis de Consumo e de Consumidor de Conteúdos Cinematográficos, que remetem para diferenciados perfis sóciotecnológicos presentes na sociedade portuguesa actual" (p. 39).


Assim, o estudo traça os perfis de: 1) não consumidores (cine-excluídos), perfil residual e em desaparecimento, 2) 1ª geração tecnológica (cine-convencionais), em erosão, caracterizados pelo convencionalismo nos seus modos de consumo cinematográficos, de tipo massificado e em mono-plataforma (TV), 3) 2ª geração tecnológica (cine-integrados), perfil maioritário e caracterizado "pela forte penetração do consumo de DVD na esfera doméstica e da regularidade intensiva do seu uso", com domiciliação dos consumos combinada com idas às salas de cinema, e 4) 3ª geração tecnológica (cine-inovadores), perfil minoritário mas em crescimento e afirmação, caracterizado pela "multiplicidade, personalização, interactividade e inovação nos seus modos de consumo de conteúdos cinematográficos", através da "mobilidade dos equipamentos tecnológicos para visualizar conteúdos de cinema e multimedia".

Pela extensão e riqueza do texto, aconselho a sua leitura no sítio do OberCom.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

AINDA O TRABALHO DO OBERCOM SOBRE A IMPRENSA (ONTEM DIVULGADO)


Imprensa sob pressão. As dinâmicas competitivas no mercado da imprensa escrita portuguesa entre 1985 e 2007 é, como escrevi ontem, o research report mais recente do OberCom, assinado por Sandro Mendonça, David Castro, Pedro Cavaco e Gonçalo Lopes.

Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ESTUDO DO OBERCOM SOBRE IMPRENSA


Saiu agora, em publicação pelo OberCom, a investigação Imprensa sob pressão. As dinâmicas competitivas no mercado da imprensa escrita portuguesa entre 1985 e 2007, de Sandro Mendonça, David Castro, Pedro Cavaco e Gonçalo Lopes.

Trata-se de um texto que ocupa 120 páginas. Dada a sua extensão, não tive ainda oportunidade de o ler, pelo que ficam aqui os pontos destacados no começo do trabalho como se fosse um sumário executivo (pp. 2-4):


1) O estudo faz a anatomia das grandes variáveis gerais que têm influenciado o contexto em que a imprensa opera (isto é, as macroenvolventes, as quais moldam o ambiente de negócios do sector) e mostra como a política de media e a regulação foram variáveis progressivamente ultrapassadas em influência pelas variáveis de natureza económica, tecnológica e sociológica,

2) O contexto próximo do sistema sectorial da imprensa escrita é definido neste trabalho pela interacção recíproca de um conjunto de forças estruturantes para o todo dos operadores (ou seja, as microenvolventes), e é argumentado que as forças que vêm exercendo a pressão mais determinante para a sobrevivência e para o desempenho das empresas têm sido a emergência de produtos substitutos (os jornais gratuitos, curiosamente não tanto os jornais online) e o aumento da rivalidade (não tanto por manipulações muito radicais da política de preços, embora já existam jornais generalistas que se estão a disponibilizar gratuitamente em certos canais de distribuição como hipermercados ou estações de serviço, mas sim através de iniciativas de tipo qualitativo que vão desde a multiplicação de suplementos, passando por ofertas de brindes, e indo até ao redesenho do próprio produto jornalístico e editorial),

3) O estudo dá conta da diversidade do sector e analisa as tendências na imprensa generalista e de especialidade (desportiva, económica, etc.), diária e semanal, jornais e revistas, etc.,

4) O estudo faz uma análise dos acontecimentos vitais (entradas, saídas, re-estruturações) que re-definem a todo o momento a vida económica da população de projectos editoriais e desta análise, baseada em dados originais produzidos pela primeira vez para o presente estudo, surgem dois factos estilizados básicos para compreender o sector (ver os dois pontos seguintes),

5) O perfil temporal dos nascimentos e mortes de jornais parece sugerir que as entradas e saídas tendem a ocorrer em momentos delimitados no tempo, ou seja, existem vários momentos distintos de reconfiguração da população de projectos em jogo (viragem dos anos 80 para os 90 do século passado, segunda metade da década de 1990; desde 2001 ou 2002 até ao presente momento, inclusive),

6) A esta turbulência de mercado (isto é, entradas e saídas aglutinadas cronologicamente e muitas vezes simultâneas, com vários lançamentos de novos jornais e falências de antigos no mesmo ano, como recentemente em 2006 e 2007) soma-se um aumento do número de turbulência interna dos projectos editoriais existentes, patente no boom de remodelações dos jornais que se verificou na presente década (os anos de 2006 e 2007 sendo novamente um bom exemplo),

7) Estes reajustamentos têm convivido com uma estagnação generalizada da circulação paga dos jornais nos últimos anos (embora no segmento da imprensa económica hajam sinais contraditórios, ao que não são alheias as diferenças observadas nos sub-segmentos diário e semanal), algo que contrasta com o aparecimento em força e o vibrante crescimento da imprensa gratuita,

8) A conjunção de todos estes factores, assim como as características deste sector, ao nível da diferenciação dos títulos e da proliferação de segmentos, não permitem, infelizmente, extrair ilações claras da aplicação de indicadores de concentração e de instabilidade (novas tentativas neste sentido serão de privilegiar em futuros estudos sobre o andamento da coexistência estratégica entre as empresas),

9) É tentada uma primeira abordagem ao fenómeno da auto-promoção na imprensa escrita, uma perspectiva que sem dúvida será útil aprofundar no futuro (em particular, como meio para identificar oscilações na pressão competitiva sentida neste meio como um todo, e para identificar diferenciais entre os vários segmentos),

10) Uma análise econométrica da relação entre os preços e as vendas é ensaiada e, embora dificultada pelos sérios problemas que advêm da escassa quantidade e diversidade dos dados disponíveis (o que faz que a análise tenha apenas valor exploratório, e não confirmatório), consegue, no entanto, fornecer pistas sobre as diversas trajectórias do binómio valor-volume nos vários segmentos jornalísticos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

NOVO NÚMERO DA REVISTA OBSERVATÓRIO DISPONÍVEL ON-LINE

Encontra-se disponível o número mais recente da revista online Observatório, cuja temática é Users as Innovators (aceder através de http://obs.iscte.pt/).

domingo, 11 de novembro de 2007

TELENOVELAS

O ano 2000 marca o início de explosão na produção nacional de telenovelas, lê-se no novo estudo do OberCom (http://www.obercom.pt/client/?newsId=418&fileName=wr_12.pdf). Nos últimos seis anos produziram-se mais telenovelas em Portugal do que ao longo das duas décadas precedentes. Segundo as autoras do novo estudo publicado pelo OberCom [Rita Cheta e Sofia Aboim],
  • este movimento de explosão acompanha um período de rápidas mudanças na vida familiar em Portugal. Alteram-se as formas de constituição do casal, com a diminuição dos casamentos religiosos e o crescimento dos vínculos civis, bem como através do aumento das uniões de facto e dos filhos nascidos fora do casamento formal. A família torna-se também mais pequena, com menos filhos e menos parentes a viver na mesma casa. Alteram-se também as trajectórias familiares, cada vez mais marcadas pelo divórcio e os novos casamentos e, de modo geral, intensifica-se o fluxo de entradas e saídas de uma situação familiar para outra: da conjugalidade para viver só ou apenas com os filhos, de novo para uma situação conjugal, mais tarde para uma família marcada pelos “meus, teus e os nossos”. As mulheres tornam-se cada vez mais protagonistas de mudanças na família. Por um lado, reforçando a sua presença no sistema educativo e no mercado de trabalho. Por outro lado, derrubando os tabus em torno da sexualidade feminina. Ao tradicional modelo dualista que opunha a “mulher mãe e sexualmente casta” à “mulher sexualmente disponível”, contrapõe-se novos “modelos do feminino”. A mulher independente, profissional, sexualmente activa e que estabelece relações mais paritárias com os homens torna-se cada vez mais um modelo socialmente legítimo. Corresponderão os modelos familiares veiculados pelas telenovelas portuguesas a esse panorama de mudança na família? Este relatório coloca esta e outras questões que são levantadas pelos cenários transportados pelas telenovelas, a partir da análise de 6 telenovelas em exibição ou recentemente exibidas na SIC e TVI e que nos revelam ambientes entre o tradicional e o moderno, entre o conservadorismo e o subversivo.
Rita Cheta e Sofia Aboim - que dividem as telenovelas em três tipos: fábula, romance e quotidiano - estudaram as seguintes: Floribella (SIC), Doce Fugitiva (TVI), Tempo de Viver (TVI), Fala-me de Amor (TVI), Morangos com Açúcar (TVI) e Jura (SIC).

Como só agora descarreguei o ficheiro pdf., ainda não li o documento. Mas considero-o, desde já, imprescindível, dado o tema (e a actualidade).

Um reparo: na bibliografia, há a ausência total de estudos portugueses, em especial os conduzidos por Isabel Ferin e os trabalhos de Verónica Policarpo e Catarina Burnay. Eles estão editados, logo: são acessíveis. Espero que, em edição posterior, as autoras expressem estes pontos de vista. Análise de telenovela sem referências aquelas investigadoras não é uma análise completa.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

ESTÁGIOS CURRICULARES NO OBERCOM


Anualmente o OberCom (Observatório da Comunicação) "recebe estagiários de instituições de ensino (estudantes de licenciatura/mestrados nacionais, Erasmus ou de outros países não europeus frequentando ensino superior em Portugal) para a realização de estágios curriculares de duração igual ou inferior a 3 meses".

As candidaturas deverão ser enviadas para:OberCom, Estágios OberCom, Palácio Foz, Praça dos Restauradores, 1250-187 Lisboa ou obercom@obercom.pt com Assunto: "Estágios OberCom".

O OberCom poderá receber, no máximo e em simultâneo, dois estagiários, a seleccionar na adequação dos candidatos às actividades desenvolvidas pelo OberCom e pela diversidade das suas origens institucionais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ANUÁRIO DO OBERCOM


Já foi editado no primeiro semestre do ano mas só agora tive oportunidade de o ler (apenas fiz, aqui, uma pequena nota após a sua recepção electrónica). O sexto Anuário da Comunicação 2005-2006, do OberCom, analisa 10 áreas: televisão, cinema, vídeo, áudio, rádio, consolas e videojogos, imprensa, telecomunicações, tecnologias da informação e da comunicação, e publicidade. Tem ainda uma segunda parte com textos de especialistas em várias áreas.

Seguem-se as linhas principais de cada área, na minha perspectiva, colocando ainda algumas impressões e sugestões.

Da televisão, conclui-se que o tempo médio dispendido por espectador é de 4:17:56 (bastante acima das habitualmente consideradas três horas e alguns minutos), com as mulheres a gastarem mais tempo com o aparelho (56,2%), na faixa etária acima dos 64 anos e na classe D (33,2%). Nos canais generalistas, o género com mais programas é a informação (RTP) e a ficção (SIC e TVI). Segue-se a publicidade (não considerei a coluna Diversos, pois ela deveria ser desagregada dado ter a maior percentagem de todos os géneros). O género cultura geral/conhecimento é o que mais ocupa a RTP, mas também o género arte e cultura, este inexistente na TVI. O canal com mais audiência (TVI) atinge os 39%.

Quanto ao cinema, há 75 produtoras nacionais, tendo produzido 47 projectos em 2005 (19 curtas metragens, 15 longas metragens e 13 documentários). Há 17 distribuidoras, a maior delas a Atalanta, seguindo-se a Lusomundo. Quanto ao parque cinematográfico, Lisboa tem 49 recintos perfazendo 173 salas, a que se sucede o Porto com 87 salas. A percentagem de espectadores é de 38,2% em Lisboa e 22,5% no Porto, o que dá 60,7% apenas nestas duas cidades. Mas regista-se uma quebra de espectadores, argumentando os investigadores do OberCom as dificuldades económicas da população, concorrência do mercado de DVD e pirataria através de descarregamentos ilegais na internet.

No sector vídeo, conclui-se pela existência de videogravadores em quase 2,2 milhões de lares no país, sendo o Grande Porto a área com maior densidade desses equipamentos. Um factor de influência na aquisição é a idade da dona de casa, sendo a faixa etária 35-44 anos a que apresenta maior número de equipamentos. Além disso, quanto mais elevada a classe social mais possibilidades existem de equipamento em casa. Em termos de títulos, no primeiro semestre de 2006 atingiram-se pouco acima dos três mil, com proeminência dos americanos. O maior peso dos videogramas classificados é o da classe etária M/12 (24,4%), seguindo-se a M/6 (23,8%). A um aumento do DVD corresponde uma quebra de títulos em sistema VHS.

Quanto ao áudio, o OberCom fala de uma redução do volume de unidades vendidas (pouco mais de 3,5 milhões no primeiro semestre de 2006), sendo os discos oriundos da produção internacional os mais vendáveis, a que se seguem, por esta ordem, a produção nacional, as colectâneas e o repertório clássico. Se os CD estão a diminuir receitas, o mercado do vinil parece recuperar após a morte anunciada. Em termos de empresas, a EMI vem à frente (20,7%), sucedendo a Universal (17,6%). Se a cassete desapareceu, o estudo não inclui dados relativos aos descarregamentos de música, legais ou ilegais.

O sector da rádio é caracterizado fundamentalmente pelas audiências, que atingem 4,9 milhões de ouvintes. A maioria constitui-se por homens (54,2), no escalão 25-34 anos (23,8%). A RFM é a estação mais escutada (21% de share de audiência), seguindo-se a Renascença (13,1%). Pelas cronotopias diárias, a prática de ouvir rádio ocorre em percursos usando o automóvel (29,4%), vindo depois a audição em casa (28,4%) e no emprego (10,2%), quase sempre em regime de multi-tarefas (ouvir rádio enquanto se faz outra actividade).

Em termos de consolas e videojogos, há 26,2% de lares portugueses com este tipo de equipamento. A taxa de penetração é maior em homens (53,8%) e na faixa etária 15-17 anos (52,7%), seguindo-se a de 25-34 anos (31,5%), e na classe média (36,2%). A Playstation 2 lidera o mercado (29,5%) com 275 títulos de jogos, seguindo-se os jogos para computador (24,7%). A classificação de títulos nas consolas aponta para um público muito jovem (38,9% dos jogos têm classificação para maiores de 4 anos, sendo que destes jogos 69,7% funcionam na consola Gameboy Advance). Já em termos de jogos de computador não há uma tão acentuada concentração etária nas crianças e adolescentes. A maior parte da produção vem do Reino Unido (633 títulos), seguindo-se a Espanha e a França.

Da imprensa, o estudo aponta para uma quebra de consumo (25,9% de audiência no primeiro semestre de 2006). O jornal mais lido é o Jornal de Notícias, seguido do Correio da Manhã. O segmento etário que mais compra jornais é o de 25-34 anos (20,8%) e o de 35-44 (19,3%). Mas os leitores acima dos 64 anos são igualmente bons compradores de jornais. Há mais leitores masculinos (52,4%) que femininos. Quanto a profissões, 26,7% são inactivos ou reformados ou desempregados, 17,4% trabalhadores qualificados/especializados, concentrando-se a compra e a leitura na Grande Lisboa (19,9%). A perda de compra de jornais tem, no entender do OberCom, diversas razões, casos da preferência dos mais jovens pela internet e da concorrência dos jornais gratuitos.

Na área das telecomunicações, as principais características residem na perda de acessos telefónicos fixos e número de chamadas (133 milhões), substituídos pelos telefones móveis (6,5 mil milhões de chamadas), alargando ainda o volume de SMS (4,6 mil milhões de mensagens). O OberCom atribui o uso social do SMS a camadas jovens da população.

Nas tecnologias de informação e de comunicação, o número de ISP (fornecedores de serviços) tem baixado, funcionando actualmente 28. A ligação doméstica é por ADSL (35%), telemóvel de banda estreita (33%) e cabo (31%). A banda larga atinge já 24%. A utilização do computador é mais masculina (46%), sendo o nível etário 16-24 o maior consumidor (83%). A condição de estudante é propícia ao uso do computador. Dos utilizadores, 36% afirma gastar uma a cinco horas por dia, utilizando o correio electrónico (81%), telefone (16%) e blogues (10%). Mas também faz parte do uso do computador a pesquisa de bens e serviços (84%), jogar ou descarregar jogos, imagens e música (46%).

Finalmente, quanto à publicidade, os maiores investimentos são na televisão (70,2%), seguindo-se a imprensa (18,1%). Em 2006 registou-se um aumento dos investimentos publicitários, relativamente aos anos anteriores (cerca de 15%). Em termos de agências de publicidade, há mais de 3500, com 64,2% delas concentradas em Lisboa. As principais agências são a Euro RSCG, Y&R Red Cell e a Publicis. Do lado dos anunciantes, a maior é a Reckitt Benckiser, seguindo-se a Vodafone e a Modelo Continente Hipermercados.

Dos comentários e críticas destaco os seguintes: 1) os sectores de rádio e telecomunicações são os com maior dificuldades de caracterização, esperando-se melhor tratamento de dados (programação e principais grupos regionais de emissores e anunciantes na rádio; desagregação por empresas e serviços nas telecomunicações), 3) tratamento mais fino do cinema (a colocação dos títulos exibidos é excessiva, pois nem sequer há comparação com outros sectores como a televisão e os videojogos), 4) confusão na área das tecnologias de informação e de comunicação, pois recuperam-se algumas áreas já trabalhadas como a televisão e os telemóveis mas não a rádio, bastando referir-se a indicadores de acesso a computadores (tenho dúvidas se esta matéria não ficaria melhor no sector de telecomunicações), 5) em virtude das fontes primárias de informação serem diversas, não há uma nomenclatura sempre igual e clara, desejando-se melhorias no próximo anuário com a produção própria de estatísticas (ou recebendo-as do INE, como a apresentação de Gustavo Cardoso indica), 6) no estudo, como noutros estudos, a análise de consumos não é totalmente correcta, pois aponta apenas para um maior uso as faixas etárias mais jovens nos casos da internet ou do telemóvel e esquece que há empresas que massificaram o seu uso desde há dez anos e os seus utilizadores pertencem a faixas etárias mais velhas; isto significa que a metodologia científica empregue, o inquérito, não foi suficientemente bem aproveitada, 7) esta crítica surge, mas mais matizada, quanto aos videojogos, em especial os de computador, em que há faixas adultas, acima dos 35 anos, que são jogadores compulsivos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

JORNAIS GRATUITOS


Escreve Rita Espanha na mais recente newsletter do OberCom:

Podemos então sugerir que o crescimento dos gratuitos, pode ser também uma oportunidade. Ou seja, uma forma de estimular "o regresso à leitura". A própria apetência dos mais novos para a utilização da internet, em detrimento de mais horas em frente ao televisor, parece poder gerar hábitos mais próximos da leitura do que o visionamento televisivo e audiovisual. Susceptíveis a uma socialização entre várias realidades mediáticas, onde a leitura tem, apesar de tudo, uma importância grande, realidades essas umas vezes concorrentes mas a maior parte das vezes complementares, os jovens desenvolvem-se no meio de uma multiplicidade de escolhas e opções de comunicação, informação e entretenimento. Essas opções levam ao estímulo de novas e "velhas" competências, adquiridas quase intuitivamente, pelos mais novos. A leitura, em novos ou diferentes suportes, parece ser uma delas. Estamos assim, aparentemente, perante novos leitores, quase inesperados, num contexto em que nos habituamos a "julgar" os mais jovens como não leitores. Serão leitores sim, não necessariamente dos mesmo conteúdos e não necessariamente nos mesmo suportes. Enquanto os jornais tradicionais parecem ter alguns problemas em atrair uma audiência mais jovem, os jornais gratuitos têm uma audiência bastante mais juvenil. A Metro Internacional divulgou recentemente que 70% dos seus leitores se encontra nas faixas etárias com menos de 45 anos.

Será mesmo assim, pergunto?

Da minha observação empírica, há pontos em que discordo de Rita Espanha. Ler jornais gratuitos é feito onde eles os há: junto a estações de metro ou em cruzamentos de ruas movimentadas nas principais cidades. O que significa: onde existe mais população e maior consumo de bens. Os jornais gratuitos vivem da publicidade neles contida, a publicidade surge onde há mais consumo. Qualquer nível etário lê esses jornais, basta andar de metro. Jovens e não jovens lêem esses meios de comunicação. Os jornais gratuitos não dão informação de profundidade. Por exemplo, os jornais gratuitos não incluem informação produzida pelas newsletters do OberCom. Para se ser cidadão consciente (informado) é preciso ler mais.

Certo é que há uma mudança de consumos, e ignorar isso é esconder a cabeça na areia. Os conteúdos oferecidos são crescentemente mais lúdicos. Basta pensar nos consumos de televisão, videojogos e serviços de telemóvel. Mas isso corresponde a uma mais lenta maturação intelectual em cada indivíduo. A oferta de serviços, desde o correio electrónico gratuito à música retirada da internet sem qualquer pagamento faz parte de uma cultura actual, em que o jornal gratuito se inclui. Claro que há contrapartidas, algumas delas ainda não vislumbradas por nós.

Um exemplo apenas, e noutro sector: a "festa" feita esta semana com a inauguração de uma loja IKEA em Matosinhos, com directos pela televisão, representará, por muito que se diga ao contrário, a perda do tecido produtivo directo e indirecto da indústria tradicional de mobiliário e das lojas espalhadas por muitas ruas e cidades do país. Basta dar uma volta pela avenida de Almirante Reis, em Lisboa, e ver o comércio dedicado ao mobiliário. Eram lojas anacrónicas que já deviam ter fechado há muito, dizem. Possivelmente sim, mas esses lugares estão a tornar-se medonhos, com as portas fechadas e grafitadas, onde não circula quase ninguém nos passeios.

Sem ser pessimista, quero alertar a atenção para o modelo optimista de alguns sociólogos das consideradas novas tecnologias. Há novas tendências mas elas precisam de ser analisadas, para ver o que se ganha, o que se perde e, em especial, o que altera no tecido social e cultural.

O "regresso à leitura" significa um tempo anterior de leitura. E ele existiu? Portugal teve sempre a malapata de ler poucos jornais, o que significa que o postulado inicial é errado.

terça-feira, 3 de julho de 2007

OBERCOM


Retiro dos destaques da newsletter do Observatório da Comunicação deste mês (nº 21):

1) A revista Observatório (OBS*), lançada no passado dia 14 de Maio pelo OberCom, atingiu, num mês, o valor de 1696 artigos consultados. Entre os cinco artigos mais lidos encontram-se: “Os equívocos da rádio generalista: reflexões sobre a rádio em Espanha, nos EUA e em Portugal”, de João Paulo Menezes (222); “Media, Futebol e Identidade na Sociedade em Rede”, de David Xavier e Gustavo Cardoso (171); “Del Uso Individual al Efecto Social: Evidencias detectadas en el empleo del SMS”, de Noelia Salido Andrés e David Fernández Quijada (151); “The Irresistible Rise of Porn: The Untold Story of a Global Industry”, de Piet Bakker e Saara Taalas (122) e “The on-line community media database RadioSwap as a translocal tool to broaden the communicative rhizome”, de Nico Carpentier (122).

2) O OberCom - Observatório da Comunicação acaba de disponibilizar no seu website, para consulta e download, uma parte significativa do seu espólio bibliográfico, designadamente as edições 1 a 11 da Revista Observatório. A consulta virtual agora disponível pode ser efectuada em http://www.obercom.pt/content/aNumeros/. Estão disponíveis onze edições que cobrem os últimos sete anos, e nas quais é abordada a realidade do sector nacional de Media, de enfoques teóricos e históricos ao estado da arte do impacto das novas tecnologias.

3) A empresa norte-americana de música Warner acaba de assinar um contrato com uma empresa de televisão online para disponibilizar o seu vasto catálogo de vídeos na Internet, gratuitamente. A Warner trabalhará com a Premium TV, o grupo por detrás dos websites de clubes de futebol da Premiership britânica como o Chelsea e o Newcastle United, para criar um conjunto de sites de vídeo. Os utilizadores poderão ouvir as suas músicas favoritas e assistir a vídeos de graça do catálogo da Warner, assim como serão disponibilizadas filmagens nunca antes vistas. Segundo a empresa musical, o acordo com a Premium TV será o primeiro das quatro maiores empresas do mundo na área – sendo as outras três a Universal, EMI e a Sony BMG – a fornecer todo o seu arquivo de vídeo online segundo um novo modelo de negócio que angaria dinheiro através da publicidade.

4) e também as sugestões Obercom, cuja amabilidade agradeço a Gustavo Cardoso e colaboradores: "Comece pelo blogue Indústrias Culturais ou pelo Jornalismo e Comunicação. Visite também os blogues Virtual Illusion e Atrium".

terça-feira, 15 de maio de 2007

BARÓMETRO DO OBERCOM

Intitulado Media e Comunicação: Tendências 2006 (OberCom), saiu um novo documento do OberCom, resultado de um inquérito a 121 profissionais e peritos.

Das conclusões, onde se aponta um horizonte de cinco anos, retiro algumas, aconselhando a sua leitura, como é óbvio. O sub-sector das telecomunicações é considerado como onde haverá um crescimento da presença de capital estrangeiro e onde se espera mais inovação na oferta. O dinamismo esperado na televisão e rádio é menor, e ainda mais baixa a expectativa na imprensa, com quebra de títulos existentes. Os respondentes têm dúvidas quanto ao serviço de televisão digital terrestre para 2007, mas esperam um aumento do consumo pago do serviço de televisão por cabo.

Uma maioria dos respondentes entende estar-se numa mudança de paradigma no sector dos media e da comunicação, passando "de um mercado comandado pelo fornecedor de conteúdos a um outro dirigido pelo consumidor".

quarta-feira, 2 de maio de 2007

ANUÁRIO DE COMUNICAÇÃO

Televisão, cinema, vídeo, áudio, rádio, consolas e videojogos, imprensa, telecomunicações, TICs e publicidade são os sectores estudados no Anuário da Comunicação 2005-2006, edição recentíssima do OberCom. Dei um pequeno contributo com um texto sobre a rádio (pp. 220-223).

Com tempo, falarei mais em pormenor deste anuário.

O OberCom é dirigido por Gustavo Cardoso.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

REVISTA OBS, DO OBERCOM


A revista OBS (do OberCom), a ser lançada em Abril, está a aceitar artigos académicos e recensões de livros.

OBS journal is an online, multimedia and with an academic character publication ruled by the most high peer-review criterions, as the submissions evaluation is made by researchers and professors of different countries. It is an interdisciplinary journal which, although focused in communication, is opened to the contributions of the other subjects which claim themselves as part of the communication studies’ areas. You can register yourself as reader and/or submit papers as author at
http://www.obercom.pt/ojs/index.php/obs/user/register .