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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

"O Prisioneiro do Céu" de Carlos Ruiz Záfon [Opinião Literária]




Título: O Prisioneiro do Céu
Autor: Carlos Ruiz Záfon
Editora: Planeta
Coleção: O Cemitério dos Livros Esquecidos (nº3)




22:45 Publicada por Unknown 8

quarta-feira, 31 de julho de 2013

"O Jogo do Anjo" de Carlos Ruiz Zafón [Opinião Literária]

Título: O Jogo do Anjo
Autor: Carlos Ruiz Záfon
Editora: Dom Quixote
Coleção: O Cemitério dos Livros Esquecidos (nº2)

Sinopse:
Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais. 
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.

Opinião:
Com este volume regressei à Barcelona nas primeiras décadas do século XX, uma cidade tenebrosa, capaz de uma crueldade imensa, como se do sofrimento se alimentasse. Regressei às suas ruas labirínticas, aos segredos que encerra por detrás de fachadas destruídas, e ao inolvidável Cemitério dos Livros Esquecidos. Estabelecido como uma prequela de A Sombra do Vento, reencontramos nestas páginas a família Sempere e a sua livraria enaltecendo a dedicação e paixão aos livros. Afinal, este é sobretudo um livro sobre o poder e a magia da literatura.
O protagonista, David Martín, é um jovem escritor amargurado que, após diversos insucessos no mundo editorial, é incumbido por um enigmático editor, mediante uma extraordinária quantia monetária, de produzir um livro capaz de fundar uma nova religião, enquanto se debate com um eterno e malogrado amor. Pelo meio surge Isabella, uma espécie de discípula na área da escrita e sua ajudante, uma jovem irreverente, determinada e inteligente. A amizade improvável entre ambos foi o que mais me encantou nesta obra, devido ao genuíno carinho mútuo que demonstram, apesar de todas as discussões e tiradas sarcásticas que atiram constantemente um ao outro.
O autor não foge ao ambiente gótico retratado no volume anterior, elevando-o a níveis ainda mais dramáticos. A atmosfera de terror perpetua-se à medida que as mortes, desgraças e revelações nefastas surgem em catadupa, num ritmo vertiginoso que apela leitor que abandone a realidade e se sujeite ao pesadelo. Este clima de paranoia e maldição é avassalador, impossível de ser ignorado. Por diversas vezes senti as emoções à flor da pele, principalmente em virtude da escrita notoriamente cinematográfica de Zafón. É um verdadeiro encanto para todos os sentidos, na medida em que adota uma narrativa melodiosa, soberba, quase poética!
Ainda assim, o desenlace misterioso, praticamente em aberto, poderá não agradar a muitos leitores. Fiquei um pouco frustrada pelo final abrupto mas ao mesmo tempo encantada por todas as possibilidades que encerra. Nesse aspeto, este livro é genial em fomentar a discussão e análise acerca do significado desta estória, aberta a interpretações.
Contrariamente ao que esperava, este segundo volume encantou-me mais que o anterior, talvez por me ter apegado mais às personagens, de maneira que vivi, sofri e rejubilei com elas. Mais uma vez o autor prova com esta obra extraordinária que as palavras têm poder, que influenciam profundamente as nossas vidas, como que se contivessem verdadeira magia! 
23:46 Publicada por Unknown 0

sexta-feira, 3 de maio de 2013

"A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Záfon [Opinião Literária]

Título: A Sombra do Vento
Autor: Carlos Ruiz Záfon
Editora: Dom Quixote
Coleção: O Cemitério dos Livros Esquecidos (nº1)

Sinopse:
Numa manhã de 1945, um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: O Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.
Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página. 

Opinião:
Esta é uma obra que enaltece o encantamento profundo que um livro é capaz de tecer no leitor, que aconselho a todos os amantes destes preciosos objetos. Assente na década de 40, numa Barcelona flagerada pela guerra civil e pela ditadura de Franco, a narrativa acompanhará o fascínio dilacerante e potencialmente perigoso de um jovem por um misterioso livro. No fundo, esta é uma estória de um livro dentro de um livro, com uma intriga complexa e intrincada.
As personagens são fascinantes e multifacetadas, com o devido destaque para Fermín, cuja estória de vida me tocou profundamente. Aprecio a mensagem que representa: que por detrás de um aspeto andrajoso pode estar um homem digno e honrado.
Mas o aspeto mais positivo da obra é o estilo original do autor, a sua escrita muito visual, quase cinematográfica, que permite ao leitor sentir, viver, saborear tudo o que é descrito! A prose é soberba, as descrições são melodiosas e a narrativa é quase poética.
De igual modo, apreciei bastante o ambiente gótico retratado, o clima psicologicamente denso e as pequenas nuances que pretendem refletir algo sobrenatural. Confesso, porém, que por vezes senti que a narrativa se tornava algo pesada, por vezes demasiado extensa, com a introdução de novos detalhes à estória. Talvez devido ao excesso de floreados em certas partes, que se tornam algo descritivas, sinto que perdi algures o entusiasmo pelo desenrolar da ação. No entanto, este entusiasmo regressou perto do desenlace final, quando todas as peças se começaram a encaixar e o confronto final repleto de ação é inevitável.
Adorei a forma como o presente se entrelaça com o passado, através do paralelismo entre a vida do jovem Daniel e a estória do misterioso escritor Julián Carax. As pequenas e subtis ligações entre ambos dão um toque especial à narrativa, elevando o desenlace final a um nível de profundidade emocional superior.
Aguardo ansiosamente a leitura do próximo volume, para me perder nos corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos, um lugar fascinante que gostaria de ver mais explorado nos próximos livros. Esta saga não poderia ter sido iniciada da melhor maneira, com um primeiro volume que pressagia a qualidade dos futuros volumes. O autor foi, pois, capaz de construir uma belíssima ode aos livros, ao poder que encerram nas suas páginas – poder esse capaz de mudar vidas e moldar o futuro.
23:47 Publicada por Unknown 4