Há anos que eu tenho anúncios de coisas usadas para venda na net, mas para lá estavam esquecidos e sem grandes ambições. A "crise" trouxe algo de positivo: uma afluência de gente a comprar e vender usados como nunca antes eu tinha visto. Os portugueses em geral ainda se sentem embaraçados de entrar numa loja de 2ª mão (o que é que os outros vão pensar?), mas na net o negócio é feito de particular para particular e essa discrição parece desinibir uma enorme massa de gente. De repente, o meu negócio de coisas usadas tornou-se os meus 100 EUR/mês de pipocas (wink, wink, say no more).
Mesmo assim, o ritmo de escoamento das tralhas não me estava a satisfazer. Às vezes simplesmente ofereço coisas através do freecycle, só para libertar espaço em casa, mas frequentemente espero ter algum retorno e o freecycle é mesmo só para actos de altruísmo.
Descobri então o troca-se.pt. Parece-se com um habitual site de vendas de usados, com uma lista de itens, sistema de feedback, etc, mas onde não é permitido atribuir valor monetário às peças. É permitido fazerem-se propostas de trocas e negociar mais ou menos itens para se alcançar o valor subjectivo que cada utilizador atribui às suas coisas, mas tentativas de compra e venda são banidas. Já realizei perto de 100 trocas graças a este site, num valor aproximado de 1000 EUR. Mil euros que não ganhei, mas que também não gastei em objectos que de outra forma possivelmente teria comprado. Há pessoas desonestas que tentam impingir-nos bens partidos, avariados ou que nem sequer os enviam (quando a troca se realiza por correio). Já tive três más experiências desse género, mas em 100, representaram apenas 3% de más trocas.
O sistema de feedback dá-nos algumas garantias de honestidade das pessoas, mas é útil ter um bom instinto para se perceber quem é sério e quem não é com apenas duas ou três mensagens trocadas. Há pessoas a desistir das trocas, porque são enganadas todos os dias. Não é portanto para totós, mas quem tenha algum dedo de testa e se saiba precaver contra os aldrabões, pode ser incrivelmente útil.
A todos quantos tenham tralha sem uso em casa, aconselho vivamente a aderirem às vendas ou trocas na internet. Além do dinheiro que se poupa, recupera ou não se gasta, estamos a aliviar o ambiente de um enorme desperdício de bens que iriam para o lixo ou compraríamos novos e ainda temos o prazer de conhecer algumas pessoas interessantes pelo caminho.
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4/13/2013
9/20/2011
Mar de plástico
Não sou santa. Não compro tudo ecológico, biológico e local. Acabo sempre por fazer algumas compras em grandes superfícies.
Desde que algumas destas superfícies oferecem a opção de fazermos as compras online e eles entregarem-nas ao domicílio, que me interrogava se seria uma opção sensata e um pouqito mais ecológica. Se em vez de cada indivíduo se deslocar ao hipermercado, uma carrinha distribuir as compras por diversas moradas, poupa-se no consumo de combustíveis. Além disso não temos que perder tempo naquele ambiente deprimente que é um hipermercado e usá-lo a fazer coisas bem mais úteis, como ir à frutaria do velhote da esquina aviar de courgettes ainda cheias de terra.
Quando há tempos o Continente fez uma promoção em que oferecia um desconto de 10 EUR nas compras online com entrega gratuita ao domicílio, decidi que tinha chegado o momento de testar o serviço.
Tudo correu muito bem, até me ligaram a perguntar se queria alternativa aos produtos que não tinham já em stock e fizeram o belo do desconto. Até que as compras chegaram... Parecia que além da minha encomenda, me tinham trazido mais umas dezenas de coisas que eu não tinha pedido, tal era o número de sacos que deixaram na minha cozinha. Cada produto tinha praticamente "direito" ao seu próprio saco de plástico!
Para uma compra no valor de cerca de 100 EUR, o equivalente a uma ou duas semanas de comida e uns quantos utensílios domèsticos, fiquei a flutuar num mar de plástico no meio da cozinha.
Ao todo, contei perto de 25 sacos! Em comparação, a mesma quantidade de compras costuma-me caber em 3 sacos grandes reutilizáveis.
Não consegui perceber porquê. Se entregam ao domicílio, porque não trazem as compras dentro de caixotes de cartão, por exemplo? Não eram mais simples de empilhar na carrinha e tudo? Acontece que as compras vêm de facto em caixas, mas as caixas ficam na carrinha e para a nossa mão passam uma avalanche de sacos de plástico.
Não compreendo este desperdício disparatado e decidi reclamar ao Continente.
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