Pesquisar Histórias:

A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
Fascinada por outros mundos e uma eterna sonhadora, assim eu sou.

Aviso:
Este Blogue e todos os textos escritos podem conter Spoilers!

Contacto:

Blog Archive

Com tecnologia do Blogger.

O Que Escrevo...

Seguidores

Próximas Opiniões...

Acasos Felizes
Um Mar de Rosas
Euro Pesadelo: Quem Comeu a Classe Média?
Pivot Point
Kafka Para Sobrecarregados
Amores contados
Maligna
A Revolta
A Marca das Runas
Un mundo feliz
Filha da Magia
Frankenstein
As Cinquenta Sombras Livre

Blogues Com Histórias...

Mostrar mensagens com a etiqueta Opiniões. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Opiniões. Mostrar todas as mensagens
sexta-feira, 26 de julho de 2019
Gostei, gostei mesmo deste livro. 


Queria imenso ler em inglês, algo que fosse mais coloquial e que fluísse facilmente. Não podia ter escolhido melhor. Divertido, muito interessante para quem gosta de escrita e repleto de pormenores que farão os fãs de Harry Potter delirar (quase me saltou uma lágrima), foi uma leitura perfeita. 

A leitura demorou imenso porque ouvi o audiobook enquanto lia (770 minutos - forte!), e só li em casa mas não me arrependo, a narradora é top. Curiosamente, tenho o Carry On para ler mas como não gostei muito do narrador da fanfic não fiquei assim tão interessada - veremos se leio ou não (para breve). 

Sucintamente, acompanhamos a história da Cath que com a ida para a universidade vê os estreitos laços que sempre teve com a sua gémea quebrarem-se, de forma muito repentina. Esta mudança afecta-a imenso, emocional e socialmente, porque Cath é muito introvertida e sempre viveu muito através das relações sociais da irmã. Enfim, não vou fazer spoilers, o enredo está muito bem construído e consegue abordar de forma consistente quase todos os temas a que se propõe - drama familiar, ansiedade, romance, emancipação, literatura, fanfiction, etc.. 

Se o vosso mood for YA, romance e humor este é o livro. É capaz de ser dos melhores YA, dentro deste género, que li até hoje. 
terça-feira, 15 de janeiro de 2019


Sinopse:
Um romance sobre as histórias que deixamos por contar e sobre as que contamos a nós próprios para sobrevivermos.
Alice tem nove anos e vive num local isolado, idílico, entre o mar e os canaviais, onde as flores encantadas da mãe e as suas mensagens secretas a protegem dos monstros que vivem dentro do pai.
Quando uma enorme tragédia muda a sua vida irrevogavelmente, Alice vai viver com a avó numa quinta de cultivo de flores que é também um refúgio para mulheres sozinhas ou destroçadas pela vida. Ali, Alice passa a usar a linguagem das flores para dizer o que é demasiado difícil transmitir por palavras.
À medida que o tempo passa, os terríveis segredos da família, uma traição avassaladora e um homem que afinal não é quem parecia ser, fazem Alice perceber que algumas histórias são demasiado complexas para serem contadas através das flores. E para conquistar a liberdade que tanto deseja, Alice terá de encontrar coragem para ser a verdadeira e única dona da história mais poderosa de todas: a sua.


Até hoje, sempre que compro um livro por impulso não me arrependo e As Flores Perdidas de Alice Hart não poderia corroborar mais com esta verdade.
A sinopse interessante e uma das capas mais bonitas que já vi até hoje foram, assim, a razão de eu finalmente conseguir começar e terminar um livro – algo que não fazia deste o Verão de 2018 – e, melhor ainda, voltar a ter vontade de comentar uma história.

Não me vou alongar, os comentários extensos fazem definitivamente parte do passado – agora a minha vida é diferente – pelo que me perdoem em antecipação por ser breve e ir direta ao assunto.


As personagens são fascinantes, credíveis e com a capacidade de nos fazer acreditar na verdade por detrás das suas acções e emoções. A protagonista, Alice, seria por si só razão para pegarem neste livro, não só pelas lições que vai aprendendo, como também pela sua história marcada desde cedo pela dor que, felizmente, em momento algum lhe retira a capacidade de ver a beleza contida em tudo o que nos rodeia.
No entanto, os intervenientes secundários são igualmente interessantes. A sua mãe, a sua avó e as amigas que vai fazendo durante o seu percurso, trazem-nos histórias maravilhosas que dão corpo, que enriquecem o enredo principal irrepreensivelmente; mesmo os “vilões” cumprem naturalmente o seu papel, revelando exatamente os monstros que sabemos que existem entre nós. 


Com uma fluidez rara, a bonita escrita do livro de estreia de Holly Ringland prima ainda pelos pormenores, com ilustrações e curiosidades sobre florilogia que são um verdadeiro bónus e se conjugam na perfeição com o texto. Além disto, vale a pena frisar  as temáticas sempre actuais  abordadas, como depressão, ansiedade e violência, representadas com especial cuidado, que juntamente com o drama familiar e as relações afetivas fortes, algumas disfuncionais, e todos os alicerces sobre o norte Australiano nos prendem do início ao fim do enredo – este, tal como todo o texto, emocionante e belo.

Em suma, fiquei fã e vou continuar a acompanhar o percurso literário da autora. 

Título: As Flores Perdidas de Alice Hart
Autora: Holly Ringland
Género: Romance
Editora: Porto Editora

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Sinopse:
Em 2008, J.K. Rowling proferiu um discurso profundamente marcante na Universidade de Harvard perante uma audiência de jovens recém-formados. Uma Vida Muito Boa, agora publicado pela primeira vez em língua portuguesa, contém palavras sábias de J.K. Rowling, proporcionando orientações a todos os leitores que se encontrem num momento de viragem decisivo das suas vidas, colocando questões profundas e estimulantes: como aceitar o fracasso? Como podemos usar a nossa imaginação em benefício não só de nós próprios mas também dos outros?

É, pelo menos para mim, assumindo desde já o meu erro, muito complicado desassociar a imagem da J. K. Rowling da mulher que me fez sonhar com uma carta para Hogwarts durante tantos anos. Aliás, ainda hoje, quase duas décadas depois, basta soar a faixa sonora de Harry Potter para que eu pare e sonhe, para que eu pare e me transforme de novo em criança – parece magia, simples assim… No entanto, Uma Vida Muito Boa - Os Benefícios do Fracasso e a Importância da Imaginação é um discurso extraordinário de uma mulher igualmente excecional – não fosse ela um marco para gerações –, mulher que naquele dia tocou centenas e hoje, com a sua edição escrita, pode chegar a muitos milhões e mostrar-lhes algo que vai além da luta do bem contra o mal. 

Perante a plateia de Harvard, com tudo o que isso acarreta, o discurso da nossa autora começa com o humor ousado de quem necessita de exorcizar-se a si e a quem a escuta, para falar de grande verdades e frisar a importância das pequenas coisas.

«Objectivos alcançáveis: o primeiro passo para o desenvolvimento pessoal.» - Página 8

Após uma introdução em que os ouvintes gargalham por diversas vezes com analogias ao seu universo de feiticeiros, J. K. Rowling apresenta-nos então o tema do deu discurso: Os Benefícios do Fracasso e a Importância da Imaginação; que se apressa a explicar com a sua experiência e conhecimento adquirido na melhor de todas as escolas, a da vida. 
Ambição versus expectativa, a pobreza e a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, são a base das suas palavras que, sem grandes lirismos, revelam a importância de nos desapegarmos de tudo o que não é essencial para nos tornarmos mais fortes perante a adversidade e oferecermos mais de nós a quem nos rodeia. E a forma como ela nos fala sobre isto tem tanto de singular que prova, sem questionamentos, que a capacidade de marcar o próximo está ao alcance de qualquer um de nós. 

Pessoalmente, eu fui inspirada e emocionada, revejo-me em algumas das suas dificuldades e escolhas e vejo-me ainda naquele túnel em que a luz, lá ao fundo, é a esperança que me recuso a largar, porque nada é perfeito mas a valorização do que nos é oferecido faz valer cada dificuldade. Adorei. 

Além das palavras mágicas que encontrarão nesta preciosa obra, a edição da Editorial Presença é linda, muito linda. As ilustrações e a cor tornam a leitura ainda mais inebriante, tornando o virar de páginas verdadeiramente prazeroso. Eu li duas vezes de seguida e acho que a vou deixar ao lado da cama, para ler de vez em quando e me lembrar de todas as lições que retirei deste discurso que recomendo a todos vós. 

Uma publicação deliciosa Editorial Presença que veio, definitivamente, enriquecer a minha biblioteca. 

Título: Uma Vida Muito Boa 
Autora: J. K. Rowling
Género: Não Ficção 

Para comprar o livro Uma Vida Muito Boa, clique aqui.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
Sinopse:
A história começa quando aos doze anos Eddie e os amigos tiveram contacto com o misterioso Homem de Giz. Uma personagem central na trama e Eddie será assombrado por ela.
As estranhas figuras de giz conduzem Eddie e os amigos a um cadáver de uma rapariga pouco mais velha que eles e esta descoberta irá marcá-los para sempre.
Tudo aconteceu há trinta anos, e Eddie convenceu-se de que o passado tinha ficado para trás. Até ao dia em que recebeu uma carta que continha apenas duas coisas: um pedaço de giz e o desenho de uma figura em traços rígidos.
À medida que a história se vai repetindo, Eddie vai percebendo que o jogo nunca terminou.


É a isto que eu chamo entrar o ano da melhor maneira possível, no que a leituras diz respeito. 
Boa escrita, boas personagens, boas temáticas e um enredo que nos prende do início ao fim, fazem de O Homem de Giz um livro que não engana o leitor que o compra como “o livro de 2018”, pois neste momento acredito piamente que dificilmente encontrarei um policial que se lhe sobreponha em qualidade. 

É numa pequena cidade inglesa, no ano de 1986, que entre as brincadeiras da meninice descobrimos o corpo, os segredos e odor ácido da urina, do medo. Eddie e o seu grupo de amigos vão despindo a sua pele de inocência aos 12 anos e transformando-a em ousadia, na coragem e impulso que se pedem a todos os rapazes que, apesar de ansiarem por abraços fraternais, querem ser os primeiros a ser vistos como homens e heróis. 
2016, 30 anos depois, conhecemos os adultos a que a vida tratou de desfazer as ilusões. São pessoas comuns, quase demasiado vulgares, cujas memórias infantis estão abafadas pela realidade monótona das suas rotinas mas, há sempre um mas, este é o tipo de cidade que não larga os seus segredos e os jogos cândidos do passado prometem trazer de volta pesadelos esquecidos, um mistério antigo que traz consigo, sempre trará, o mesmo cheiro do medo. 

Com o seu género, thriller psicológico, evidente desde a primeira página, C. J. Tudor prende o leitor de forma subtil através de uma escrita cuidada, muito visual, que confere consistência a um cenário que tem a capacidade de se entranhar no leitor. 
É fácil imaginar esta cidade de moradias que revelam estratos sociais discrepantes, os playgrounds cujos risos ficam mais sombrios com o cair do Sol e o bosque, um bosque normal que pode esconder perigos em trilhos menos iluminados. Nada particularmente assustador mas que, através das suas palavras, vem repleto de maus augúrios. Além disto, contém ainda uma originalidade louvável e pormenores que efetivamente marcam pela diferença. 

Desenvolvendo-se em dois espaços temporais diferentes, são igualmente distintas as personagens que conhecemos, pois além das idiossincrasias da vida, também o tempo tem esse poder de metamorfose.
Eu confesso que gostei mais do passado, das crianças, porque para mim há algo na sua maldade sem filtros, por descoberta e impulso, que ultrapassa a ponderação e a consciência, que me arrepia verdadeiramente. Com eles é tudo mais vivido, mais fascinante e que ultrapassa e permanece na realidade da maturidade. Dito isto, A Rapariga do Carrossel, O Homem Branco e todas as alcunhas do grupo de amigos, que tão bem ficamos a conhecer, ficam na memória em vez dos seus nomes. 
No entanto, acreditem que não estou a desvalorizar Ed, o protagonista, ele é disfuncional o suficiente para vos prender à sua mente curiosa e aos seus dilemas, aqui a questão é que muitos conquistam relevância com o decorrer do enredo, são muitas pequenas histórias que quando interligadas dão ao livro o seu valor. 

Além de tudo o que citei, a autora conquistou-me verdadeiramente pelas temáticas, não fosse eu aquela que vive e se deixa sensibilizar pelo que lê. Há de tudo aqui, para lá das picardias ou das borboletas no estômago. Alzheimer, bulying e aborto são, a par com fanatismo religioso, as problemáticas mais marcantes e às quais tenho a certeza que vocês não ficarão indiferentes. 


E é isto! Sei que não vos disse muito mas espero ter dito o suficiente para vos deixar curiosos, porque acreditem, vão querer ler este livro! 
Para finalizar, tive o privilégio de conhecer a autora por estes dias e, creiam, ela é um doce; acreditam que tem medo de filmes de terror como eu? Vou contar-vos tudo numa publicação em breve. 
Só mais uma coisa, um obrigada imenso à Planeta pelo carinho que teve para com os bloggers no marketing deste título, em nada influenciou a minha opinião, prometo-vos, mas foi algo que me sensibilizou – uma ardósia, um saco, uma pen com o material para divulgar e, claro, uma cópia de avanço com um mês de antecedência – é bom sentirmos que o nosso trabalho ainda é querido. 

Uma leitura obrigatória para os fãs de thrillers e policiais, tenho a certeza absoluta que vão adorar! 

Título: O Homem de Giz
Autora: C. J. Tudor
Género: Thriller Psicológico
Editora: Planeta 


segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Sinopse: 
«Por favor, faça uma lista de todos os bens que considera essenciais na sua vida.»
O pedido parece estranho, até intrusivo. É a primeira pergunta de um questionário de candidatura a uma casa perfeita, a casa dos sonhos de qualquer um, acessível a muito poucos. Para as duas mulheres que respondem ao questionário, as consequências são devastadoras.
EMMA: A tentar recuperar do final traumático de um relacionamento, Emma procura um novo lugar para viver. Mas nenhum dos apartamentos que vê é acessível ou suficientemente seguro. Até que conhece a casa que fica no n.º 1 de Folgate Street. É uma obra-prima da arquitectura: desenho minimalista, pedra clara, muita luz e tectos altos. Mas existem regras. O arquitecto que projectou a casa mantém o controlo total sobre os inquilinos: não são permitidos livros, almofadas, fotografias ou objectos pessoais de qualquer tipo. O espaço está destinado a transformar o seu ocupante, e é precisamente o que faz…
JANE: Depois de uma tragédia pessoal, Jane precisa de um novo começo. Quando encontra o n.º 1 de Folgate Street, é instantaneamente atraída para o espaço —e para o seu sedutor, mas distante e enigmático, criador. É uma casa espectacular. Elegante, minimalista. Tudo nela é bom gosto e serenidade. Exactamente o lugar que Jane procurava para começar do zero e ser feliz.
Depois de se mudar, Jane sabe da morte inesperada do inquilino anterior, uma mulher semelhante a Jane em idade e aparência. Enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu, Jane repete involuntariamente os mesmos padrões, faz as mesmas escolhas e experimenta o mesmo terror que A Rapariga de Antes.
O que aconteceu antes?

Tenho de começar este comentário confessando-vos que li este livro há alguns meses, no entanto foi com prazer que efetuei uma releitura nos últimos dias para vos trazer esta opinião que, definitivamente, não poderia deixar de fazer. Este é um dos livros que marca pela diferença em 2017. 

Com uma aura impregnada de suspense logo a partir das primeiras páginas, A Rapariga de Antes é, no mínimo, um título que desperta a curiosidade do seu leitor. Com a certeza de que algo correu mal anteriormente e que no presente voltará a acontecer, o magnetismo que nos leva a querer saber mais sobre o passado e os intervenientes é constante e, ainda assim, creiam-me, não será suficiente para descobrirem os segredos guardados no n.º 1 de Folgate Street

Emma e Jane, a rapariga de antes e a rapariga de agora, fundem-se com uma subtileza tal que, apesar de tudo o que as torna singulares, se tornam indissociáveis durante a leitura. Ambas são inteligentes, atraentes e traumatizadas por factos bem diferentes que mudaram as suas vidas. A primeira apresenta-se comprometida e a segunda solteira, Emma é facilmente irritável, assustadiça, enquanto Jane, mais serena, procura o gosto pela vida. Não fosse a casa que partilham em momentos diferentes seria quase impossível associá-las mas, assim que o fazemos, os paralelismos são encantatórios e vão muito além dos traços físicos que parecem caracterizá-las. 
Simon e Edward, o namorado de Emma e o tecno-arquiteto da Casa, tornam-se assim intervenientes secundários que, apesar do papel relevante, surgem à margem do imenso mergulho que efectuamos na vida destas mulheres, cujos receios e necessidades vão sendo as peças essenciais neste puzzle, thriller, psicológico. 

Com o texto a tornar-se verdadeiramente tenso a partir do momento em que as protagonistas, no passado e no presente, mudam na mesma altura da narrativa o para o n.º 1 de Folgate Street, acompanhamos em simultâneo a sua adaptação, as alterações que sofrem emocionalmente e a forma como a Casa – ela própria a ganhar contornos de personagem – parece moldar as suas vidas, o que torna o percorrer das páginas muito cativante. Mais, é o todo desta história, os múltiplos pormenores que podemos apreciar durante o seu desenvolvimento, como se constrói até ao desenlace, que tornam a sua leitura tão especial, diferente de outras obras dentro do género que estou habituada a ler. 

Além do enredo, vocês sabem o quanto eu aprecio a abordagem de temáticas pertinentes e, também aqui, tenho pontos positivos a acrescentar. O stress pós-traumático derivado de violência quotidiana, ou mesmo de perdas físicas e emocionais, adquire contornos que vão metamorfoseando as personagens e, sendo contemporâneos, conseguem deixar o leitor a pensar na sociedade em que vive e na forma como esta altera a nossa visão dos outros, levando-nos a questionar até que ponto aquilo que toca a nossa perceção não nos torna demasiado maleáveis. 

Enfim, é difícil dizer muito mais sem spoiler, mas quero reafirmar o quanto gostei deste livro, da escrita de JP Delaney que me prendeu até ao final, mestrando a história com uma inteligência acima da média. Afinal, não é por acaso que os direitos cinematográficos desta obra já estão comprados! 

Se quiserem oferecer um thriller psicológico este Natal, esta é a minha sugestão. Uma aposta Suma de Letras, do Grupo Penguin Random House, que anda a publicar livros de alta qualidade dentro deste género literário. 

Título: A Rapariga de Antes
Autor: JP Delaney
Género: Thriller Psicológico
Editora: Suma de Letras


domingo, 5 de novembro de 2017
Sinopse: 
Dixon Mathews, um reputado psiquiatra de Nova Iorque, a duas semanas do casamento é traído pela noiva com o seu melhor amigo. Para superar o desgosto sofrido, Dixon resolve não ter mais nenhuma relação séria e torna-se viciado em sexo. Assim pretende continuar, até que o destino lhe prega uma partida.
Duas mulheres cruzam-se no seu caminho. Juliet, deslumbrante, extrovertida, manipuladora e viciada em sexo. E Madison, inocente e frágil.
A primeira atrai-o sexualmente. A segunda toca-lhe o coração. Dixon não é o melhor dos homens, e tem fraquezas, mas está confuso sobre quem deve escolher. Mas as escolhas óbvias nem sempre são as melhores.
Dixon vai descobrir o que de facto quer, mas os erros do passado, como sempre voltam para ensombrar o presente.

Fazendo justiça à forma como é publicitado – intenso, sexy, inesperado – Viciado no Pecado não engana e veio a revelar-se o típico livro dentro do género erótico pelo qual os adeptos desesperam. 
Com cenas luxuriantes logo a partir das primeiras páginas, este romance narrado pela perspetiva do protagonista masculino oferece dois tipos de relações distintas e uma panóplia de dilemas e peripécias que vos farão odiar ou adorar a loucura em que se transformará o triângulo amoroso que ganha vida nestas páginas. 

Tendo em conta que muitas vezes sinto dificuldade em conciliar-me com estes universos mais ousados, para mim é importante encontrar outros atrativos nos seus enredos, o que, confesso, foi bastante fácil na história de Monica James. Dixon é um psiquiatra em ascensão e com um futuro promissor e, apesar de muitas vezes lidar com os seus pacientes de forma pouco ortodoxa, foi interessante analisar as várias taras e manias com as quais se depara no seu consultório. Paralelamente, ver que também ele tinha muitos demónios e problemas comportamentais para resolver acabou por, sem dúvida, ser um ponto de partida que me prendeu ao texto, envolvendo-me com as diversas ligações exploradas. 

No que respeita a personagens. Além do sexy e incorrigível Dixon, é provável que o leitor sinta uma verdadeira empatia pela doce Madison. Esta jovem vai-se revelando a um ritmo assertivo, com os seus segredos e inseguranças a permitirem expectativa, enquanto se aproxima lentamente do protagonista. Juliet, pelo contrário, vem apimentar ao máximo o livro. Mimada e exigente, esta mulher cuja sexualidade é levada ao limite vai irritar-vos e mexer com as vossas emoções mas, não se iludam, é uma caixa de surpresas que vos oferecerá sempre algo mais até ao desenlace. 
Para lá do trio que citei, este é o tipo de obra em que os amigos complementam bem os pares e, neste sentido, podem esperar diálogos bem divertidos e aquela irmandade tipicamente masculina. 

Não vos vou mentir, muito do que encontrarão neste título gira em torno da tensão sexual da personagem principal que deixa claro o seu distúrbio logo a partir do primeiro capítulo. No entanto, se tiverem em atenção os restantes elementos da obra facilmente perceberão que a família aqui tem um papel integrante nos desenvolvimentos, bem como a consolidação de uma carreira profissional e, ainda, que o passado tem um papel determinante no psicológico atual dos intervenientes, todos eles com questões por resolver. O que, efetivamente, foi uma mais-valia para mim. 
Espero, muito em breve, trazer-vos a opinião sobre a continuação desta história, que ainda não terminei de ler mas me deixou curiosa, agora quero mesmo saber como termina o romance e o desfecho dado às várias personagens. 

Esta é mais uma aposta forte da Planeta no romance erótico, que vai juntar-se a autoras como Megan Maxwell ou Jodi Malpas, autoras que sabem exatamente como cativar o seu público.  

Livro 2

Título: Viciado no Pecado
Autora: Monica James
Género: Romance Erótico
Editora: Planeta


quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Sinopse:
Londres, anos sessenta do século vinte: uma imigrante proveniente das Caraíbas trabalha numa galeria de arte onde surge um quadro perdido durante a Guerra Civil espanhola e envolto em segredos inexplicáveis. Quem terá pintado este quadro admirável que surgiu de parte nenhuma? A verdade acerca desta pintura remonta a 1936 e a uma grande casa rural em Espanha, onde Olive Schloss, filha de um abastado negociante de arte, acalenta ambições que os pais desconhecem. Por este frágil paraíso, na Andaluzia, passam o artista revolucionário Isaac Robles e a sua meia-irmã, Teresa. Ambos se insinuam no seio da família Schloss, com consequências inimagináveis e desastrosas... 

Depois de ler O Miniaturista, eu sabia que qualquer livro de Jessie Burton era obrigatório na minha estante. Compreendam, independentemente do enredo – que pode e deve cativar –, eu sou o tipo de leitora que se vende ao dom da palavra, ao encantamento pela lírica e esta autora, no meu entender, sabe escrever maravilhosamente. 

Muito diferente do seu antecedente, A Musa recua apenas algumas décadas para adquirir a sua faceta histórica e oferecer-nos duas narrativas, uma passada nos anos trinta e outra nos anos sessenta, que acabam por se interligar na perfeição. Com uma capa adorável, este é mais um livro em que o romance e a intriga se aliam a personagens dissonantes e desafiantes que farão as delícias dos adoradores de histórias mais exigentes. 

Não me vou alargar no que respeita ao enredo, pois a sinopse da Editorial Presença já o faz; permitam-me então que vos fale das figuras ficcionais que habitam este texto e do muito que elas vos podem oferecer. 

A arte, em várias acepções, é o centro da narrativa, quer seja através da escrita que apaixona Odelle em 1667, ou através da família Schloss que, em 1936, se encontra directamente ligada ao seu comércio. Sou sensível ao tema e, talvez por isso, bebo todas as palavras em que descreve a vida que brota através das cores ou as emoções que se revoltam em poesia, laivos das entidades que vamos conhecendo com o decorrer da história. 

Começamos devagarinho, ganhando consciência do quão difícil foi a migração, essencialmente pela cor da pele, dos que saíram das Ilhas Virgens Britânicas para Londres, numa época em que o preconceito era ainda um conceito estranho, como estranhas eram aquelas pessoas numa sociedade branca, ainda que com a mesma cultura e formação. A ambição, o desejo de encontrar o seu lugar e, igualmente importante, a vontade de ver o seu trabalho valorizado caracterizam Odelle, a protagonista da década de sessenta que nos vai entrelaçar a todas as outras, no seu presente e num passado que desconhece. 

Ainda sem nos focarmos no mistério, que vai ganhando densidade, uma impressão de fatalidade rumo seu desenlace, conhecemos um quadro que nos transporta para os anos trinta, para os primeiros rumores da Guerra Civil espanhola e uma família, refugiada sem o saber, em Andaluzia. Somos levados a conhecer uma rapariga que mescla a sua paixão pela pintura com um revolucionário, que faz de uma jovem meio cigana – o preconceito, outra vez – a sua melhor amiga, enquanto tenta compreender a sua família e crescer para lá das convenções estabelecidas na altura. Olive é verdadeiramente interessante e não parou de me surpreender.

A Musa é, em definitivo, um puzzle intrincado recheado de singularidades de tempos passados – há um trabalho de pesquisa por detrás da obra venerável – cujas personagens, no seu todo, são muito mais do que o expectável (para o bem e para o mal), é um romance extremamente bem escrito onde a simplicidade está reflectida apenas na fraqueza humana e é, pela História e pelas pessoas tão realisticamente retratadas, um livro com momentos crus, difíceis de digerir, o que na minha opinião só o torna mais especial. Sem spoiler não vos posso dizer mais – adorei! 

Mais uma grande aquisição do catálogo Editorial Presença, que este ano está melhor do que nunca, recomendada para os fãs de romance e ficção histórica. 

Da mesma autora, no blogue: 
O MiniaturistaOpinião

Título: A Musa
Autora: Jessie Burton
Género: Ficção Histórica

Para comprar o livro A Musa, clique aqui.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017
Sinopse:
Perto de uma mansão isolada, encontra-se um jardim com flores exuberantes, árvores frondosas e... uma coleção de preciosas «borboletas». Jovens mulheres sequestradas e tatuadas para se parecerem esses belos insetos. Quem toma conta deste estranho lugar é o aterrador jardineiro, um homem retorcido, obcecado com a captura e a preservação de seus espécimes únicos
Quando o jardim é descoberto pela Polícia, uma das sobreviventes é interrogada. Os agentes do FBI Hanoverian e Eddison têm a tarefa de juntar as peças de um dos quebra-cabeças mais complicados das suas carreiras. A menina, cujo nome é Maya, ainda se encontra em choque e o seu relato está cheio de fragmentos de episódios arrepiantes, no limite da credibilidade. Tortura, todas as formas de crueldade e privação pareciam estar na agenda da estufa dos horrores, mas no testemunho da jovem há lacunas e reticências… Maya continua a sua terrível história e os agentes do FBI precisam de descobrir quem, ou o quê, Maya tenta esconder…

Sempre que tenho oportunidade, tendo a escolher as minhas leituras por intuição. Não sei explicar, é uma espécie de magnetismo que começa pela capa, se estende à sinopse e culmina com o sorriso que normalmente nasce logo na primeira página – encantamento que, definitivamente, foi conseguido com O Jardim das Borboletas

Oferecendo-nos o depoimento de Maya como principal fonte de informação, a história Dot Hutchinson centra-se num sequestro de contornos tão macabros quanto fascinantes, cujas proporções aumentam conforme vamos mergulhando nas memórias da sua protagonista, muitas vezes dúbia e distante dos traumas que lhe foram infligidos. 
Com uma noção inicial do horror que se adivinha, não me confesso chocada com as descobertas nem com o desfecho do texto, no entanto, a cadencia a que os desenvolvimentos são expostos é verdadeiramente boa e é muito fácil ficarmos presos, diria mesmo viciados, até que a solução deste enigma seja revelada – li este livro em pouco mais de 24 horas, algo que já não me acontecia há muito tempo. 

Apesar de o enredo depender quase totalmente de Maya, uma jovem de humor caustico, quase apática, com disfunções afectivas claras e personalidade dominante, creio que é no contraste com as outras Borboletas que esta protagonista de destaca. Da mesma forma, o seu relato só tem o impacto desejado devido à inteligência e sensibilidade do Agente Especial do FBI no comando Victor Hanoverian, que através de uma paciência invejável consegue conduzir uma narrativa muitas vezes dispersa para os pontos fundamentais que o leitor deseja descobrir. 
À parte destes, o vilão e os seus cúmplices são dignos de pena e repúdio, respectivamente, sendo o equilíbrio de afecto e desapego, que confere naturalidade aos seus actos, que acabou por me chocar mais. 

O que mais me atraiu na leitura foi, definitivamente, o Jardim, a estufa onde se encontravam as vítimas antes de serem resgatadas e as singularidades deste espaço. A forma como tudo funciona de maneira tão credível, tão exposta e ainda assim tão camuflada, é fantástica. O seu sistema, a estrutura social aí montada e sua capacidade de quase autogestão são dignas de aplausos e dei por mim completamente agarrada a cada emoção que se ia desenvolvendo nas várias prisioneiras, a cada momento de crueldade que era descrito com um misto de adoração e repulsa – creio que a perfeição terá sempre esse efeito. 

Enfim, não há muito mais que eu possa partilhar sem incorrer em spoiler, mas basta pensarem um pouco nos próprios seres que inspiram esta história, borboletas, belíssimas e frágeis, quiçá capazes de catástrofes com um simples bater de asas, seres que tantos consideram coleccionáveis pela complexidade de cor e desenho, para perceberem o quanto de encantatório pode existir neste crime desumano. 

Este thriller perturbador, com o carimbo Suma de Letras, foi a escolha perfeita para sair da minha inércia literária. Recomendo veemente aos fãs do género, com a certeza de que, sem grandes expectativas, conseguiram encontrar um crime quase, quase perfeito! 

Título: O Jardim das Borboletas
Autor: Dot Hutchison 
Género: Thriller 
Editora: Suma de Letras   


quinta-feira, 17 de agosto de 2017
Sinopse:
Os piratas do Rouxinol veem-se cada vez mais longe de conquistar o ouro da galé castelhana Niña del Mar devido aos estragos causados pela violenta tempestade que se abateu sobre o barinel. A descoberta da identidade de Leonor faz com que Corvo queira regressar de imediato aos Açores, para entregá-la à guarda do pai. Porém, a tripulação discorda e a caos instala-se a bordo. 
O que Leonor mais deseja é lutar ao lado dos companheiros e recuperar a confiança de Corvo. No entanto, Tomás Rebelo continua a precisar dela para alcançar o propósito funesto que o levou a assenhorear-se de Águas Santas. Conseguirá Leonor chegar incólume à misteriosa ilha das Flores, conhecer o Açor e abraçar a irmã, ou acabará abandonada por Corvo, à mercê dos caprichos do abominável Tomás Rebelo?

Foi com toda a emoção e aventura a que as narrativas de Sandra Carvalho já nos habituaram que chegou ao fim a sua belíssima história inspirada na descoberta do Arquipélago dos Açores.
O romance e o extraordinário estiveram, uma vez mais, em destaque, presenças constantes naquele foi um desenlace épico e surpreendente para qualquer leitor. 

*Esta opinião pode conter spoilers para quem não leu os títulos anteriores das Crónicas da Terra e do Mar.*

A vida de Leonor mudou, irremediavelmente, para sempre. Saber a verdade sobre os seus laços de sangue, as façanhas inimagináveis em que participou com piratas e o facto de se ter apaixonado, verdadeiramente, pela primeira vez, transformaram a jovem mimada numa mulher única e, principalmente, deram-lhe uma perspectiva do mundo e dos outros que nunca ousaria alcançar. 
Agora em O Grito do Corvo, vencida uma grande batalha e chegada àquela que acredita ser a sua casa, Leonor vai descobrir novas lutas emocionais e ver-se perante novos factos que voltarão a reinventá-la. É o momento de travar derradeiros desafios e ao lado dos que mais estima, até daqueles que julgava perdidos, descobrir se conseguirá voltar a ser feliz. 

Gostei imenso do ritmo desta série, repleta de reviravoltas, com cenários variados e a componente fantástica trabalhada de forma leve mas bastante original – tendo como base a fé que, como bem sabemos, tão bem caracteriza o povo lusitano. Neste terceiro livro as principais características da escrita da autora e desta história em particular estão evidentes, com a acção a decorrer em catadupa, conferindo um virar de página sôfrego e deixando quem lê ansioso pelo desfecho. Além disto, o agente surpresa funciona muito bem e, mais que uma vez, fiquei realmente admirada com os desenvolvimentos e consequentes desenlaces. 

Para lá do que já referi e atendendo ao espaço temporal que acompanhamos, a evolução dos interveniente é outro ponto positivo, não só em relação à protagonista, como também da sua melhor amiga, de Corvo e os restantes piratas, cada um oferecendo uma visão e postura diferentes perante os acontecimentos, com direito a um desfecho pertinente.  

Por fim, creio que, sem revelar demasiado, posso dizer-vos que esta obra em particular é mais dedicada a questões afectivas. Até então, todo o enredo primou por traçar caminhos e oferecer peças a um puzzle fascinante que, agora, se revela com primor e confere ao romance especial destaque, com o misticismo típico de Sandra Carvalho que, até nas últimas páginas, soube deixar-me um sorriso no rosto e o desejo de voltar a mergulhar nas suas palavras.

Esta é uma aposta Editorial Presença que, de modo geral, me agradou bastante. Foi o livro perfeito para os primeiros dias de praia e que despertou em mim o desejo de saber mais sobre os Açores

Títulos anteriores das Crónicas da Terra e do Mar:
O Olhar do Açor Opinião
Filhos do Vento e do MarOpinião

Título: O Grito do Corvo
Autora: Sandra Carvalho
Género: YA; Fantasia; Romance
Editora: Editorial Presença

Para comprar o livro O Grito do Corvo, clique aqui.


terça-feira, 20 de junho de 2017
Sinopse: 
Quando Hanna Bergstrom ouve um raspanete do irmão superprotector, por estar a negligenciar a sua vida social para se dedicar apenas aos estudos, decide aceitar o desafio implícito que ele lhe lança: sair, fazer novos amigos, namorar… E quem melhor para a transformar na mulher fatal, que todos os homens irão desejar, do que o melhor amigo do irmão, Will Sumner, investidor de risco, sedutor, bonito e playboy sem cura?
Will corre riscos na profissão, mas tem reservas quanto ao desafio de Hanna… Até que, numa noite louca, a sua inocente mas sedutora aluna o leva para a cama – e lhe ensina uma ou duas coisas sobre como estar como uma mulher que ele não conseguirá esquecer. Quando Hanna descobre o seu próprio poder de sedução, é a vez de Qill provar que é o único homem que ela precisa.

Não sendo o romance erótico a minha primeira opção de leitura, as co-autoras Christina Lauren souberam conquistar-me com os seus jovens empresários de sucesso, sedutores e descomprometidos com o amor, desde o primeiro título desta série, chama que se mantém acesa com mais um beautiful bastard capaz de deixar a mais inocente das jovens enredada nas suas promessas de prazer incomparável. 

Hanna é uma rapariga simples que vive focada na vida académica, no entanto a sua consciência recorda-a constantemente que precisa de aventuras saudáveis ou perderá os melhores anos da sua existência entregues aos estudos. 
Um empurrão familiar e o melhor amigo do irmão (um verdadeiro profissional na arte de conquistar) são, desta feita, o rastilho perfeito para dar uma nova cor ao seu universo social, isto e o facto de se encontrar sexualmente desperta para o corpo e a presença de Will desde a sua adolescência sonhadora – fascínio que prevalece e que será a sua perdição. 

Uma das mais-valias de se ler uma série é o reencontro de personagens que, de uma maneira ou de outra, podem continuar a participar na história dando ao leitor a oportunidade de acompanhar um pouco mais dos seus percursos e, neste ponto, os casais Bennett/Chloe e Max/Sara continuam não só a intervir de forma activa para o desenvolvimento do enredo actual, como também a mostrar um pouco mais do que o futuro lhes reservou. É muito agradável. 
Quanto aos protagonistas, creio que fica mais ou menos claro que estamos perante um mulher empenhada nos seus objectivos e perseverante para com os seus anseios que, sendo relativamente inocente, vai descobrir o potencial da luxuria enquanto amadurece os afectos. Enquanto Will, por sua vez, se deixará finalmente tocar pelo romance, da mesma forma que amadurece emocionalmente. 

As principais temáticas do texto estão relacionadas com a família e amizade, existindo espaço para analisar relacionamentos menos convencionais  e uma abordagem interessante às aventuras físicas, o que acaba por equilibrar o forte teor romântico e erótico que envolve o livro. 

Pessoalmente, creio que gostei tanto deste Jogador Irresistível como dos seus antecedentes. As autoras sabem criar entretenimento, através uma escrita leve e pontuada de humor que nos embala e não damos pelo virar das páginas. Sem dúvida, o género que recomendo para qualquer leitor que pretenda distrair-se com uma história divertida e simples durante as férias. 

Da mesma série, no blogue: 
Cretino Irresistível Opinião
Estranho Irresistível Opinião

Título: Jogador Irresistível
Autoras: Christina Lauren
Género: Romance Erótico
Editora: Marcador


quarta-feira, 31 de maio de 2017
Sinopse:
Helen Grace, até aqui considerada a melhor detetive do país, é acusada de homicídio e aguarda julgamento na prisão de Holloway. Odiada pelas restantes prisioneiras e maltratada pelos guardas, Helen tem de enfrentar sozinha este pesadelo. Tudo o que deseja é conseguir provar a sua inocência. Mas, quando um corpo aparece diligentemente mutilado numa cela fechada, essa revela ser, afinal, a menor das suas preocupações.
Os macabros crimes sucedem-se em Holloway e o perigo espreita em cada cela ou corredor sombrio. Helen não pode fugir nem esconder-se por atrás do distintivo. Precisa agora de ser rápida a encontrar o implacável serial killer se não quiser tornar-se a sua próxima vítima.

Desde o primeiro livro que sou fã e agora, terminada a leitura do sexto volume publicado da série Helen Grace, posso dizer-vos com toda a sinceridade que o fascínio pela narrativa de Arlidge se mantém com o mesmo nível de intensidade. 
Inovando uma vez mais no cenário e nos contornos atribuídos ao enredo, O Anjo da Morte mostra-se desafiante na premissa e desesperante para o seu leitor que deseja, mais que nunca, a salvação de uma heroína extraordinária. 

Aguardando julgamento na prisão feminina de Halloway, tendo de conviver de perto com aquelas que a odeiam e ostracizada pelos que anteriormente eram colegas de profissão, é no ambiente mais hostil até ao momento que encontramos Helen, uma mulher agora igual, se não inferior, a todos os que a rodeiam. 
Numa luta pela sobrevivência, quando tudo o que deseja é provar a sua inocência, a nossa protagonista vai ser posta à prova de todas as maneiras possíveis mas, nem no poço mais fundo, conseguirá ficar indiferente a um novo e macabro quadro de um homicídio. 

Não vou alargar-me sobre os atributos da personagem principal, cuja integridade e coragem são irrepreensíveis. Tendo nascido para ser detective, creio que é nesta área que ela mais se evidencia durante a narrativa, com os seus monstros, que a colocaram nesta situação, agora deixados em segundo plano. 
O grande destaque, relativamente a intervenientes já familiares, vão para Charlie que mostra o valor da amizade aliado a uma perseverança invejável e Sanderson que, afinal de contas, caiu em si. Já agora, o que é de Emilia Garanita está-lhe reservado e algo me diz que o seu fim se aproxima e não será dos melhores – ela é digna da minha pena.

Para além dos contornos bastante perversos dos crimes que se sucedem em catadupa ao longo do texto e do clima angustiante que passa para o leitor, verdadeiramente arrepiante – para mim o mais emocionante até ao momento – o que mais me chamou à atenção neste título é o retracto da vida na prisão e as suas habitantes. 
É de senso comum que estrutura social que compõe estes locais é absolutamente distorcida mas, para o bem ou para mal, é uma realidade sobre a qual a maioria de nós nunca reflectiu. A marginalização entre pares, a corrupção e a violência quase gratuitas são chocantes, tornando este isolamento quase doentio num risco constante que, definitivamente, põe em causa o valor da vida – que vida é aquela? Lembrem-se que em Portugal não existe perpétua mas no cenário representado sim e saber que o final de todos os nossos, muitos, dias pode ser passado nestas condições atrozes colocou, pelo menos a mim, o seu sentido em perspectiva.

Enfim é um livro verdadeiramente bom que, na minha opinião, consegue superar os seus antecedentes. Sem dúvida alguma, um série da Topseller que vou acompanhar de perto e que recomendo, sem excepção, sempre que alguém me pede uma sugestão dentro do género policial. Adoro. 

Da mesma série, no blogue: 

Um, Dó, Li, TáOpinião
À Morte Ninguém EscapaOpinião
A Casa de Bonecas Opinião
A Vingança Serve-se QuenteOpinião
Na Boca do LoboOpinião

Título: O Anjo da Morte
Autor: M. J. Arlidge
Género: Policial
Editora: Topseller

sexta-feira, 26 de maio de 2017
Sinopse: 
Inédito em Portugal, estes 55 poemas foram escritos entre 1943-1945, no decurso da 2.ª Guerra Mundial, a Guerra que mudou a Europa e também o Brasil. Este é o olhar do poeta brasileiro mais importante de sempre sobre um momento de transformação profunda e a sua obra mais extensa. A primeira obra de Drummond de Andrade é também o seu trabalho de maior expressão de lirismo social e modernista. 
Este conjunto de poemas aprofunda assuntos como a profunda mudança de mentalidade e o corte com o passado; a confusão gerada por estas mudanças; a urbanização supersónica da então capital brasileira, além do sofrimento causado pela Segunda Guerra Mundial. O sofrimento causado pela Guerra na Europa. É, por isso, um trabalho que reflecte um tempo sombrio.

Antes de qualquer comentário a este título permitam-me confessar-vos que nunca fui, creio que nunca serei, facilmente atraída pela poesia. Sempre que me era proposta a leitura ou análise deste género fazia-o de forma contrariada e o resultado nunca foi bonito… No entanto, não nego a mim mesma experiências e, por isso, quando a Companhia das Letras me brindou com esta publicação de Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo, eu soube que acabaria por lhe pegar. Assim fiz, numa tarde com cheiro de primavera, temperada de sol quente e com o peito desperto para emoções, afinal eu tinha a curiosidade do renome mesmo que me faltasse a vontade. 

Algumas das singularidades que me deixam reticente na poesia, pelo menos dentro dos lusófonos que se destacam, é a nostalgia, a melancolia e o saudosismo permanentes na expressão. Existe na rima uma depressão com a qual não me identifico e que tenho dificuldade em interiorizar. De qualquer forma, após a leitura das primeiras páginas deste livro, compreendi que era diferente, que a sua abordagem ao Homem e ao seu sentir, ao universo sonhado e do qual faz parte – num espaço distorcido pelas perdas e ganhos do Eu – tinham os condimentos certos para me cativar ainda que, sem dúvida, esteja presente o pesar do autor no Brasil representado. 

Não tenho, de todo, qualquer tipo de pretensão em fazer uma análise desta obra, não me sinto qualificada para o fazer, não sei se a métrica dos versos é a correcta ou se a historicidade da Terra de Vera Cruz é respeitada. Todavia, acredito que tratando-se deste poeta em particular não faltarão preceitos de louvor técnico. Assim, deixem-me falar-vos antes da emoção, do sentimento que me foi sendo transferido durante esta leitura que espelha uma História, um espaço e um tempo que me são desconhecidos. 

O desenvolvimento dos poemas, a descrição dos factos ou a forma crua da expressão, muitas vezes sem qualquer tipo de floreados ou pudor, vão exactamente ao encontro de algo com o qual me identifico e dei por mim, diversas vezes, enredada na escrita e desejosa de saber mais sobre aquele pedaço de escrita. Agradou-me. 
Foi fácil sentir a revolta, o desejo e a vontade de ver brotar algo diferente da época retratada, Segunda Grande Guerra. Foi perceptível a gravidade com que o autor encarava os acontecimentos sem que, pelo menos da minha parte, se encontrasse derrotismo, pelo contrário. Andrade apela à luta, espelha mesmo indignação, através da contradição e de poemas que diferem na estrutura. 

Quanto a temáticas, está em evidência uma voz crítica relativa à política e ao sistema da época, bem como à sociedade que sob o seu olhar parece não saber lidar bem com o momento de conflito e, por consequência, terá dificuldades em reerguer-se de forma apropriada no pós-guerra. Questões mais comuns, como os afectos, o preconceito e inercia estão também presentes na obra. 
Para terminar, tenho de vos confessar que por vezes achei a opinião do poeta contraditória relativamente a um determinado tema, parecendo divergir no seu parecer de um poema para outro. 

Resumindo, gostei de ter a oportunidade de pegar neste livro que, admito, não consegui ler do início ao fim continuadamente. Foi, isso sim, uma leitura repartida que ainda não está terminada mas à qual, certamente, voltarei mais vezes. 

Creio que é um livro dirigido, particularmente, aos amantes da poesia mas que também poderá ser curioso para quem deseja saber mais deste período da História do Brasil e descobrir, pela primeira vez, Carlos Drummond de Andrade – pela diversidade de temas e interpretações que oferece. 

Título: A rosa do povo
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Género: Poesia
Editora: Companhia das Letras


Redes Sociais

WOOK - www.wook.pt