Add in Facebook

Vale da Veiga

Foto: Foz Côa Friends

Estação e Foz do Côa

30 de Junho de 2012

Foto: Foz Côa Friends

Paisagem avistada junto ao Castelo Velho - Freixo de Numão

26 de Maio de 2012

Foto: Foz Côa Friends

II Passeio pedonal pela Linha do Douro

Quinta abandonada - Almendra

Foto: Foz Côa Friends

II Passeio pedonal pela Linha do Douro

Rebanho nas proximidades da Srª do Campo - Almendra

Foto: Foz Côa Friends

Terrincas

Amêndoas verdes

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Rio Douro próximo da estação de Freixo de Numão / Mós do Douro

Foto: Foz Côa Friends

Linha do Douro

Viaduto da Linha do Douro no Vale Canivães entre o Pocinho e a foz do Côa.

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho

Vista geral sobre o Pocinho a partir do santuário da Srª da Veiga.

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho

Um dos muitos pombais existentes na região.

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Onde o Côa e o Douro se abraçam.

Foto: Pedro Pego

Foz do Côa

Onde o Côa e o Douro se abraçam.

Foto: Foz Côa Friends

Foz Côa

Lagoa

Foto: Foto Felizes

Flor de Amendoeira

Foto: Foz Côa Friends

Igreja matriz de Almendra.

Templo do séc. XVI em estilo manuelino e maneirista.

Foto: Fernando Peneiras

Pelourinho de Almendra

De acordo com a sua feição quinhentista, o pelourinho datará dos anos seguintes à atribuição do foral manuelino em 1510.

Foto: Fernando Peneiras

Foz Côa

Câmara Municipal e Pelourinho

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho e Cortes da Veiga

Vista geral

Foto: Adriano Ferreira

Quinta da Ervamoira

Foto: Adriano Ferreira

Foz Côa

Amendoeiras floridas

Foto: Adriano Ferreira

Foz Côa

Floração da amendoeira.

Foto: Adriano Ferreira

Túnel das Pariças

Linha do Douro - Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Nevoeiro sobre a foz do Côa.

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Saião (Pocinho)

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Linha do Douro - Caseta

Próximo do Côa

Foto: Foz Côa Friends

Foz Ribeira Aguiar

Próximo da estação de Castelo Melhor

Azulejos

Estação de CF do Pocinho

Manifestação pela reabertura da Linha

Porto

Foto: Foz Côa Friends

Castelo de Numão

Foto: Foz Côa Friends

Capela do Anjo S. Gabriel

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Concerto no Museu do Côa

Foto: Foz Côa Friends

Figos e Amêndoas

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Foto: Filipe Inteiro

Orgal

Foto: Foz Côa Friends

Mostrar mensagens com a etiqueta Política. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Política. Mostrar todas as mensagens

23 junho 2012

Defesa e aproveitamento dos recursos endógenos

A linha do caminho-de-ferro do Pocinho a Barca d'Alva

Por: JOSÉ MANUEL DA COSTA RIBEIRO
Presidente da Assembleia Geral da "Foz Côa Friends, Associação"


"Os territórios de baixa densidade são em regra espaços que se debatem com muitas dificuldades, mas que, simultaneamente, têm um conjunto de potencialidades que podem ser aproveitadas para a criação de emprego e de valor".



In "PROVERE, Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos, Das ideias à acção: Visão e Parcerias", DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS, Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, página 4, 2008.
………………..

A importância que as redes sociais de informação vêm assumindo no seio da sociedade, designadamente o Facebook, esteve na origem de mais uma nova associação cultural, a "FOZ CÔA FRIENDS", tendo em conta a versatilidade da comunicação entre naturais e amigos do concelho que residam em qualquer parte do mundo.
O aparecimento da página Foz Côa Friends na rede social do Facebook teve o condão de reunir no mesmo espaço fozcoenses ou simples amigos do concelho, que a princípio apenas procuravam trocar informações de vária índole sobre o concelho de Foz Côa, mas que bem depressa sentiram a necessidade de criar uma associação que englobasse residentes e emigrantes, um pouco por todo o mundo, no mesmo espírito comum — procurar soluções para melhorar as condições culturais e vivenciais de todos os fozcoenses. E assim nasceu a Associação dos Amigos do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, Foz Côa Friends, nome pelo qual já era conhecida a página do Facebook e que já se entrosara nas veias da comunicação social. Evitando sobrepor-se às associações já existentes, a Foz Côa Friends deseja ser uma voz activa, inovadora e crítica, quer ao nível da necessidade de criação de estruturas essenciais ao desenvolvimento cultural, quer ao nível da criação e sustentabilidade das redes de apoio e animação cultural, sempre com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento social, cultural e económico do concelho de Vila Nova de Foz Côa. Daqui, a prioridade à defesa do património construído, à potencialização dos recursos endógenos, à divulgação e sobretudo à necessidade de criação de infra-estruturas que possibilitem estes desideratos.
O encerramento do troço da linha de caminho-de-ferro entre o Pocinho e Barca d' Alva (1985), nos tempos em que a desertificação do Interior se acentuou, marcou uma das muitas e graves contradições: tornava-se o Douro navegável, do Porto à raia castelhana, mas truncavam-se os últimos vinte quilómetros da centenária linha entre o Pocinho e Barca d'Alva, como se o Douro morresse ali mesmo na reviravolta do monte Meão! Contudo, entre 1985 e 2012, muita água correu no Douro e, embora a desertificação tenha aumentado, muitas novidades soçobraram no espaço edílico entre o Pocinho e a raia castelhana! Desde logo, a descoberta das gravuras rupestres do Côa que em menos de dois anos conquistaram o título de Património da Humanidade da UNESCO, e que em 1996 deram origem ao Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), por onde a linha de caminho-de-ferro, actualmente abandonada, percorre cerca de vinte quilómetros! 

O Museu do Côa (apenas a 500 metros da foz do rio Côa),
sobranceiro à edílica paisagem do Douro; em baixo, a via-férrea (ao abandono) 

E não demorou a ser inaugurado o já célebre Museu do Côa, construído a cerca de quinhentos metros da linha-férrea, sobranceiro à confluência do Côa com o Douro e que empresta à paisagem uma soberba arquitectura, enquadrada no monte como se tratasse de um monumento milenar que aí fosse edificado pelos gloriosos arquitectos da História pré-clássica. Hoje em dia, sobem o rio Douro, da Foz à Barca, mais de duzentos mil visitantes por ano, que desfrutam uma paisagem edílica, das mais belas do mundo! Todo o percurso da linha férrea, desde a Foz do Douro à fronteira de Espanha é de um encanto sem par: vales prolongados, encostas socalcadas de vinhas, tornadas jardins, declives abruptos onde nidificam o grifo, a águia-real, o abutre do Egipto, túneis abertos na própria rocha, onde a linha desaparece por momentos... Todo o percurso é de inigualável beleza, onde a variedade e a imponência arrebatam os sentidos do visitante. E se é certo que até ao Pocinho, a viagem é extremamente bela, mais bela se torna na subida, daqui para Barca d'Alva, onde o rio se espraia numa paisagem agreste e original, pura e vernácula, com os olivais, os amendoais e as vinhas novas reflectidos no espelho das águas do Douro, avantajadas pela albufeira do Pocinho. Não é por acaso que as equipas olímpicas de remo do norte da Europa demandam estas paragens para os seus treinos intensivos e não é também por acaso que se encontra em construção no Pocinho um dos melhores Centros de Alto Rendimento de Remo a nível europeu!


Paisagem sobre o Douro e o Côa

Negar a viagem de comboio do Pocinho a Barca d' Alva é o mesmo que cortar o viçoso tronco da vide duriense, negando-lhe a vida que gera um dos mais famosos vinhos do mundo!
Talvez por todas estas razões e não só, a primeira acção interventiva da Foz Côa Friends, Associação, recentemente criada, foi precisamente a promoção e a execução do I Passeio Pedonal pela linha abandonada, entre o Pocinho e a estação do Côa, do qual resultou, além de um saudável convívio, a manifestação pública para a reabertura do troço da linha, num grito de alerta para que quem de direito olhe para o Interior e invista nos verdadeiros recursos endógenos, para que a sua valorização não fique apenas no papel.
A apetência turística do vale do Douro é comprovada por vários organismos nacionais e estrangeiros, dos quais se destaca o Centro Mundial de Destinos Turísticos de Excelência (CED), com sede em Montreal, no Canadá, que desenvolveu no Douro um sistema de medição das suas potencialidades, considerando a região duriense como "um lugar cimeiro no cartaz das melhores regiões turísticas do Planeta". Que mais argumentos serão precisos para que a linha do Douro seja reaberta até Barca d'Alva? É que, para além de proporcionar e completar a viagem em comboio, permitirá também o acesso ao futuro cais fluvial do Côa e deste ao Museu e às gravuras rupestres da Canada do Inferno, da Ribeira de Piscos e do Fariseu, subindo o rio Côa em pequenas embarcações, como já se vai fazendo, periodicamente, em visitas nocturnas!
Mas também não é de descartar a hipótese da reabertura da linha internacional, a partir de Barca d'Alva para a região de Castela e Leão, como é vontade expressa de várias associações castelhanas e do próprio governo regional. A Europa comunitária está a repensar a sua política de transportes, fomentando o transporte ferroviário de longa escala, como já vai acontecendo na vizinha Espanha. Mas deixemos os argumentos técnicos para os peritos nestas matérias, sendo que já muitos se manifestaram neste sentido.' (1)

I Passeio pedonal na linha abandonada
promovido pela Foz Côa Friends

Pesem embora as nuvens negras que pairam sobre a linha do Douro (2), a sua reactivação como linha internacional não é uma quimera, nem tão pouco um bairrismo ou uma teimosia imprópria para tempos de crise! Foram os próprios responsáveis políticos que o afirmaram em várias ocasiões e cerimónias públicas, como o Convénio de Barca d'Alva, realizado em 9 de Dezembro de 2007, no qual responsáveis portugueses e espanhóis do governo central, regional e local reconheceram a importância do troço do Pocinho a Barca d'Alva e assinaram um compromisso de reactivação do mesmo, bem como o Protocolo do Pocinho, efectuado em 10 de Setembro de 2009, assinado entre a então Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, representantes das autarquias locais e organismos regionais, pelo qual o governo português se decidia pela reconstrução da linha do Pocinho a Barca d'Alva, atribuindo-lhe a dotação orçamental de vinte e cinco milhões de euros. (3) 


Panorâmica da cidade e do Museu do Côa

A região do Douro e designadamente o território do vale do Côa tem sido apontado como zona de elevada capacidade de desenvolvimento económico, social e cultural, facto abundantemente argumentado por vários estudos já publicados, dos quais se destacam "o Plano Estratégico de Promoção Turística do Vale do Côa", trabalho executado pela equipa liderada pelo Professor Augusto Mateus (4) e por este apresentado no Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, em 7 de Julho de 2009 ou o trabalho mais específico liderado por António Cunha Abrantes, promovido pela Associação de Municípios do Vale do Côa, "Estratégia de Eficiência Colectiva PROVERE, Turismo e Património no Vale do Côa", 2009. São apenas dois exemplos de estudos sobre as potencialidades da região do Vale do Côa, comprovadas científica e tecnicamente e que esperam apenas que sejam aproveitadas.
O momento de crise económica e financeira que o país e a Europa atravessam não poderá servir de desculpa para o abandono de investimentos, sobretudo nas zonas comprovadamente capazes de gerar riqueza, emprego e solidariedade! Por isso é justo e racional encarar-se de frente a possibilidade de reinvestimento no transporte ferroviário de longo curso, que no caso do Douro/Côa em muito contribuiria para o desenvolvimento económico do Alto Douro Vinhateiro, do Vale do Côa e do incremento dos transportes de passageiros e mercadorias, ligando Porto/Matosinhos a Salamanca e daqui ao resto da Europa, como em tempos já ligou e do qual nos fala o imortal Eça de Queiroz em "As Cidades e as Serras"! É preciso reinverter a desertificação do Interior, procurando valorizar e dinamizar os recursos endógenos, possibilitando a fixação das populações e o regresso "à terra" e "às origens" de tantos milhares que nestas últimas décadas emigraram quase sem destino! É preciso reinventar e promover as riquezas vernáculas, os produtos agrícolas, artesanais, agro-pecuários! Precisamos de uma acção globalizante, coordenada, planificada e tecnicamente implementada e acompanhada para que o território do Vale do Côa, possuidor de tantas capacidades e estruturas, possa atrair turismo classificado, promova o desenvolvimento cultural e económico e proporcione às gentes do Vale do Côa o progresso que o povo e o país merecem! A reabertura do troço ferroviário Pocinho--Barca d'Alva, utilizado na forma de passeios turísticos (exemplo do comboio histórico) ou como transporte de passageiros e mercadorias de longo curso, unindo o centro da Europa, a região de Castela e Leão, o Alto Douro e o porto de Matosinhos, é sem dúvida um projecto estruturante que pode, com toda a justiça, figurar como uma das principais estratégias dos Projectos Âncora de qualquer "provere", permitindo:
Dinamizar o Museu do Côa e o Parque Arqueológico (PAVC).
Criar o eixo de desenvolvimento territorial "Grande Porto, Alto Douro, Côa e Salamanca".
Contribuir para o incremento da malha de empreendimentos turísticos do Vale do Côa e da sua animação turística.
Afinal a linha, mesmo que abandonada, já existe há mais de um século e renová-la não traria altos encargos, como já foi amplamente provado por vários economistas da especialidade; não feriria a paisagem ou a natureza, nem o ambiente "arqueológico" do Parque do Côa e transformar-se-ia na única via directa de transporte de passageiros e mercadorias desde o coração do Alto Douro e do Vale do Côa até ao planalto castelhano (Salamanca) (5), encurtando a distância de duzentos para pouco mais de cem quilómetros entre estas regiões. A reabilitação do troço entre o Pocinho e Barca d'Alva enquadra-se perfeitamente na Estratégia de Eficiência Colectiva (EEC) do PROVERE do Vale do Côa e contribuirá, sem qualquer dúvida, para a "estruturação de um tecido económico mais dinâmico e competitivo", "assegurará a melhoria da qualidade de vida" e "contribuirá para travar a perda de densidade populacional e económica da região do Vale do Côa". 


(1) O troço entre Caíde e Barca D’Alva representa 77 por cento do total da extensão da linha, configurando, por isso, um cenário privilegiado para a introdução a médio prazo da bitola europeia, o que, aliado ao Porto de Leixões e a um porto fluvial no Pocinho a construir, representaria um importante eixo ferroviário, quer de passageiros, quer de mercadorias, para o Norte de Portugal, o qual poderia ainda estar ligado às Beiras via Vila Franca das Naves. Deve-se, por tudo isso, equacionar muito bem qual o investimento a realizar e a respectiva dimensão, dado ser uma infra-estrutura que se insere numa região à qual, recentemente, foi-lhe atribuída pela National Geographic um honroso sétimo lugar nos destinos turísticos sustentáveis a nível mundial. Mais ainda, no cenário acima proposto, pode bem vir a representar uma importante alternativa à AV entre Porto e Madrid via Lisboa, quer em tempo, quer nos custos da respectiva tarifa.
Alberto Aroso, 2009/12/06 (originalmente publicada no jornal "Público") O troço entre Caíde e Barca D’ Alva representa 77 por cento do total da extensão da linha, configurando, por isso, um cenário privilegiado para a introdução a médio prazo da bitola europeia, o que, aliado ao Porto de Leixões e a um porto fluvial no Pocinho a construir, representaria um importante eixo ferroviário, quer de passageiros, quer de mercadorias, para o Norte de Portugal, o qual poderia ainda estar ligado às Beiras via Vila Franca das Naves. O troço entre Caíde e Barca D’Alva representa 77 por cento do total da extensão da linha, configurando, por isso, um cenário privilegiado para a introdução a médio prazo da bitola europeia, o que, aliado ao Porto de Leixões e a um porto fluvial no Pocinho a construir, representaria um importante eixo ferroviário, quer de passageiros, quer de mercadorias, para o Norte de Portugal, o qual poderia ainda estar ligado às Beiras via Vila Franca das Naves.
(2) O presidente do Turismo do Douro e autarcas da região estão preocupados com o "abandono "da Linha do Douro e afirmam que a retirada de pessoal da REFER das estações indicia mais um passo para o seu encerramento. Lusa, 19 de Março de 2012.
(3) (...) estamos a falar de 25 milhões de Euros, comparticipados por fundos comunitários em 60%. (...) aquilo que o Estado tem que pôr, chegando-se à frente, anda à volta de 9 Milhões de Euros, (...). Agora, compare-se estes 9 Milhões de Euros com os mais de 700 Milhões que está a custar ao Estado a Auto-Estrada A4, e ainda mais com a concessão rodoviária Douro-Sul/1P2. (...) E se de facto não se avança com algo relativamente ao qual o Governo e o Estado se comprometeram, estando em causa um valor de contrapartida irrisório (que nem dá para construir 2 km de auto-estrada). (...) O que é necessário (e foi já orçamentado em Espanha), para reabrir Fuente de San Esteban-Fregeneda-Ponte Internacional sobre o Rio Águeda, está estimado em 80 Milhões de Euros, sem comparticipação; com comparticipação de fundos transfronteiriços, fica reduzido a cerca de 30 Milhões de Euros, ou seja o equivalente a 6 km de auto-estrada nova na Província de Salamanca. A reabertura está enquadrada nas medidas do PLan Oeste do PSOE (...)
Manuel Tão, in Facebook, 25.05.2011
(4) A respeito da reabertura do troço Pocinho — Barca d'Alva e durante a cerimónia do Convénio de Barca d'Alva, o Professor Dr. Augusto Mateus, antigo ministro da economia afirmou: "A verificar-se a revitalização do troço Pocinho e Barca d'Alva — encerrado desde 1987 — haverá possibilidade de fazer do Douro um grande projecto de criação de emprego e desenvolvimento económico".

(5) A actual ligação entre o Alto Douro Superior e Salamanca faz-se através da fronteira de Vilar Formoso numa distância de cerca de 200 kms. 









Artigo publicado na CÔAVISÃO Nº 14 / 2012

Edição Câmara Municipal de V.N. Foz Côa






25 janeiro 2012

Sobre Carris



No passado dia 2 de Agosto de 2011 a Associação Foz Côa Friends, através do grupo do Pocinho no Facebook, foi convidada a participar num vídeo sobre o troço da Linha de Caminho de Ferro entre o Pocinho e Barca D'Alva.

O convite foi-nos endereçado por Rui Ribeiro, entusiasta dos Caminhos de Ferro e fundador da webrails.TV, que se deslocou propositadamente à nossa terra com o objectivo de recolher testemunhos locais sobre este troço de ferrovia que, por enquanto, permanece encerrado apesar das promessas e da mais que comprovada necessidade da sua reabertura.

Questionado sobre o porquê do seu interesse, Rui Ribeiro referiu que vira e lera notícias sobre as acções empreendidas pela associação Foz Côa Friends em defesa da reabertura da linha entre o Pocinho e Barca D'Alva e que pretendia dar o seu contributo a esta causa.

Foram dois dias de intenso trabalho na recolha de imagens e depoimentos que testemunham a importância que o troço de Linha entre o Pocinho e Barca D'Alva teve num passado recente e que poderá readquirir, se as promessas se cumprirem.

A Associação Foz Côa Friends gostaria de realçar este exemplo de participação cívica e agradecer a Rui Ribeiro o valioso contributo que o seu trabalho vem dar à defesa deste troço de linha.

Aqui fica a primeira parte do trabalho de Rui Ribeiro que contou com a colaboração de Luís Branquinho, um membro da Associação Foz Côa Friends.

Associação de Amigos do Concelho "Foz Côa Friends"
José Lebreiro
(Presidente)




Actualizado em 8 de Fevereiro de 2012 com a 2ª parte (vídeo seguinte):


_________________________________________________________________________

07 dezembro 2011

Linha do Douro - Pocinho - Barca D'Alva - Uma prioridade



Convém relembrar que, ao contrário do que algumas opiniões encomendadas por aí apregoam, a reabertura do troço Pocinho - Barca D'Alva é vital não apenas para o desenvolvimento e sustentabilidade da região do Douro como também do país. Tanto mais que o pagamento das SCUT's já é uma realidade, nomeadamente na A25, e quando na A4 se pagam e pagarão portagens cada vez mais caras.

«A França e a Alemanha ponderam seriamente a criação de portagens para os TIR e a Comissão Europeia estuda a possibilidade de aplicar aumentos da ordem dos 40% no gasóleo para camiões. Mais de 50% das nossas exportações são hoje efectuadas por rodovia, tendo tido o transporte de carga internacional um crescimento médio anual da ordem dos 9%. Se não apostarmos desde já em alternativas, arriscamo-nos a agravar, ainda mais, a nossa competitividade.»
(Fonte: http://maquinistas.org)

O absurdo que representa a ligação do Porto de Leixões a Espanha através da Linha da Beira Alta diz muito acerca das mentes que nos DESGOVERNAM e DESGOVERNARAM.
Ninguém de bom senso conseguirá sustentar tamanho absurdo.

A Linha do Norte está super congestionada e o futuro não pode nem deve passar pelo transporte rodoviário pois além de mais poluente terá os custos agravados devido ao aumento dos combustíveis e ao pagamento das estradas em Espanha e França.


«Entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2007 a CP Carga transportou aproximadamente 10.555.000 toneladas, o que equivale a não terem circulado nas estradas 343.084 camiões. Considerando que cada camião de longo curso mede aproximadamente 15 metros é possível afirmar que foram retirados de circulação o correspondente a uma fila contínua de camiões entre as cidades de Lisboa e Helsínquia, nos dois sentidos.
Cada comboio de mercadorias reduz em média a circulação de 20 camiões TIR de longo curso (carga máxima: 25 toneladas) nas estradas portuguesas (para um comboio-padrão de 500 Ton.Líq.), diminuindo as emissões de CO2, o congestionamento, as probabilidades de ocorrência de acidentes e muitos outros custos ambientais.»
(Fonte: http://www.portugalglobal.pt

Se o país quiser descongestionar a A25 canalizando, por exemplo, 20% do transporte rodoviário pesado de mercadorias por comboio (tal como já acontece na Austria, Alemanha e França), a Linha da Beira Alta não terá capacidade para tal.

Para isso é necessária outra Linha e nada melhor que a Linha do Douro que, além de já estar implantada, retira 100 km ao percurso (tornando-a mais competitiva) e coloca o PORTO em contacto com a região de Castilla Leon onde vive uma população de 2,5 milhões de habitantes.


«As redes de transporte mais eficientes serão aquelas que permitam tirar partido, de uma forma integrada, das vantagens que cada modo de transporte apresenta, reduzindo, assim, os custos económicos, os ambientais, e devendo, simultaneamente, ser conjugadas com políticas que invistam num correcto ordenamento do território.
O nosso país deveria possuir um sistema integrado de transportes que teria, como principais objectivos, a ligação dos sectores produtivos, entre si, aos grandes centros de consumo e uma eficaz acessibilidade a todo o território.

O transporte intermodal representa o movimento de mercadorias que utiliza dois ou mais modos de transporte, sem manipular a mercadoria nos intercâmbios de modo. O termo intermodalidade corresponde a um sistema em que dois ou mais modos de transporte intervêm no movimento de mercadorias de uma forma integrada.
O transporte combinado é um conceito utilizado para designar o transporte intermodal de mercadorias onde a maioria do itinerário percorrido se efectua de comboio, ou por via marítima e, o menos possível, por rodovia, sendo esta utilizada só na etapa inicial e final.

A principal vantagem do transporte intermodal consiste em combinar as potencialidades dos diferentes modos de transporte. Desta combinação podem resultar importantes reduções dos custos económicos, segurança rodoviária, poluição, consumo de energia, redução do tráfego rodoviário. Permite, caso seja utilizado o modo ferroviário ou marítimo, que o transporte seja efectuado ao fim de semana ou de noite, com segurança.»
(Fonte: http://maquinistas.org)


A Linha do Douro tem no seu percurso nacional TRÊS PATRIMÓNIOS DA HUMANIDADE. Se contarmos com a ligação a Espanha são quatro.
Que país minimamente evoluído desperdiçaria este potencial ?

Aos olhos de muita gente esta reivindicação poderá parecer um insulto quando o que está em causa são coisas que mexem mais directamente com o bolso de cada um de nós. Mas o que nos está a acontecer deve-se ao facto de termos andado a dormir e termos deixado passar debaixo dos nossos narizes decisões gravosas que, aparentemente, não nos afectavam. Vê-se agora o logro em que caímos.

É preciso que os Portugueses saibam que mesmo em tempos de crise há investimentos que podem e devem ser feitos para nos tirar do buraco em que nos meteram.

A história da Linha do Douro é disso prova cabal pois foi construída numa época de grave crise económica e financeira (tal como agora) agravada na região do Douro pela crise vitivinícola provocada pela filoxera.
Não fosse a construção da Linha, a região Duriense teria perecido.

Por outro lado, é importante referir que a luta pela reabertura do corredor internacional ferroviário Porto - Salamanca via Barca D'Alva não é um capricho de meia dúzia de "malucos dos comboios" que, certo dia, acordaram com a tara de reabrir uma linha que está encerrada há mais de 20 anos.

Os argumentos que sustentam esta reivindicação são sérios, justos, estão fundamentados e contam com o apoio de figuras com reconhecidas competências tanto na área dos transportes como na economia, turismo, etc. Contam inclusivamente com o apoio de pessoas que conhecem a Linha como niguém e já foram responsáveis pela sua manutenção.

A gravidade do momento que o país atravessa não nos deve retirar o discernimento em relação à forma de melhor aplicarmos os dinheiros públicos.

Para grandes males, grandes remédios!

"Loucura é fazer a mesma coisa repetitivamente, e esperar resultados diferentes."
Albert Einstein

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

28 novembro 2011

RIO SABOR, um rio selvagem, caso raro na Europa

A construção de uma barragem levará ao seu desaparecimento.
Documentário em defesa do Rio Sabor, considerado ainda um rio selvagem, caso raro na Europa. 


Sabor da despedida 1
O Rio Sabor nasce na Serra de Montesinho, desagua no Rio Douro e tem 120 km de comprimento. Os afluentes são o Rio Maçã, Rio Angueira, Rio Ferrença, Rio Azibo e Ribeira da Vilariça. Passa perto da cidade de Bragança, onde recebe as águas do Rio Fervença, indo desaguar perto de Torre de Moncorvo, a jusante da Barragem do Pocinho, na aldeia da Foz do Sabor. É considerado o último rio selvagem de Portugal devido à ausência de barragens e à diversidade de habitats naturais e espécies que ai ocorrem.

Sabor da despedida 2


Sabor da despedida 3

Sabor da despedida 4

Sabor da despedida 5

Sabor da Rio Sabor - O Principio do Fim 
(Vídeo de Jorge Delfim)
Movimentação das máquinas na construção da barragem do Baixo Sabor


Verdades escondidas sobre as barragens


"Porque é que a construção da barragem de Foz Tua em Trás-os-Montes deve interessar a um lisboeta ou um algarvio? Porque esta, mais as outras barragens e os parques eólicos vão levar Portugal a ter a eletricidade mais cara do mundo em poucos anos. Uma plataforma de ONGA fez as contas e o Plano Nacional de Barragens vai custar ao Estado 16 mil milhões de euros, entre juros bancários, subsídios e pagamento de obras. Também são números, os de um crescimento insustentável, que justificam a destruição da Linha do Tua"


06 junho 2011

Resultados eleitorais – Legislativas 2011

Resultados finais – Nacionais

 Resultados finais – Concelho de Vila Nova de Foz Côa
Clik nas imagens para aumentar

Fonte: Publico

25 abril 2011

25 de Abrirl



Foi há 37 anos!
A ditadura foi lançada borda fora, a liberdade despontou e a democracia iniciou-se.
A guerra começou a viver os seus últimos dias, a paz acabou com o colonialismo e deu origem a novos países independentes.
O regime despótico e repressivo e o atraso atávico que trazia no seu ventre viam os seus dias contados. Abriam-se as portas ao desenvolvimento e à alfabetização para uma caminhada imparável e vitoriosa.
O isolamento internacional desaparecia, o relacionamento com todos os povos do Mundo provocou a nossa transformação em estrela maior da comunidade internacional, a consequente aceitação nos seus organismos foi um facto.
De repente, as portuguesas e os portugueses acordaram livres, incrédulos com tanta felicidade, mas de imediato fizeram sua a festa, influenciando e determinando-lhe o caminho.
Hoje, passados 37 anos, quando muito do conseguido foi abandonado, quando a crise em que mergulhámos nos faz ter saudades dos dias da libertação, é tempo de reafirma os valores que nos fizeram avançar há 37 anos e de proclamar bem alto: Claro que valeu a pena! Claro que não estamos arrependidos!
Isto porque, apesar das enormes dificuldades que atravessamos, apesar de Portugal se afastar cada vez mais do que sonhámos com o 25 de Abril, o país que hoje temos é incomparavelmente melhor do que o que tínhamos há 37 anos.
Não nos venham dizer que os males de hoje são da responsabilidade do 25 de Abril!
Há 37 anos abriram-se as portas aos portugueses, para a construção de um país melhor.
Durante estes anos, não fomos capazes de garantir a unidade de todas e de todos na consolidação de um caminho conjunto, para fazermos mais e melhor. Desbaratámos as nossas potencialidades. Deixámo-nos arrastar para uma crise que, tendo uma enorme componente internacional, é também fruto dos erros cometidos pelos responsáveis políticos, por nós escolhidos.
Hoje poderíamos dizer – é tempo de o afirmar – que há 37 anos estávamos à rasca!
A geração de então conseguiu resolver os problemas e, ao fazer o 25 de Abril, encarou-os numa perspectiva global e não geracional.
É nisso que acreditamos: as novas gerações serão capazes de resolver os problemas que enfrentam, sem que para isso tenham de pôr de parte a experiência dos menos jovens em idade.
É isso que nos ensina a nossa História, de quase mil anos: em tempos de crise, fomos sempre capazes de encontrar soluções. Por isso, vamos consegui-lo novamente.
Desde logo, renovando e aprofundando o sistema democrático, onde o papel dos partidos políticos, sendo indispensável, não é exclusivo.
É necessário que todos aqueles que não se revêem no actual quadro partidário tenham mais do que o voto em branco como forma de expressão da sua vontade política, nomeadamente através da apresentação de candidaturas à Assembleia da República.
É tempo de dizer que os eleitos, ao contrário do que hoje acontece, na generalidade, têm de voltar a representar o povo que os elegeu!
Os males da democracia curam-se com mais democracia, por isso, nas eleições que se aproximam temos de proclamar que não abdicamos do nosso direito de voto!
A abstenção tem de diminuir! Temos de ser capazes de, mesmo com votos de protesto, cumprir o nosso dever de cidadãos em democracia: votar!
Mesmo que, não aceitando votar em nenhuma das propostas apresentadas, se vote em branco!
Isto, porque se a abstenção mostra desinteresse pela democracia, o voto em branco mostra uma crítica violenta aos que deturpam a prática democrática.
Como não se conhece, nós não conhecemos, sistema menos mau que a democracia, temos de ser capazes de afirmar que, não aceitando esta prática democrática, não prescindimos da democracia, nem abdicamos da sua manutenção, custe o que custar.
Por outro lado, temos de reclamar e impor aos nossos representantes todo o esforço para o renascimento e a reconstrução da Europa solidária, que nos levou a nela entrarmos, e não aquela que com a prática que vem adoptando, transforma, dia a dia, o projecto europeu num agrupamento de países, onde cada um olha cada vez mais para o seu próprio umbigo.
Aí cabe, perfeitamente, a não-aceitação de que os financeiros que nos lançaram na crise, possam sair-se dela a rir, sem sofrer as consequências e com ela ganhando.
É tempo de impormos aos que escolhemos para exercerem o poder político que não se deixem comprar e manietar pelo poder económico e financeiro.
É tempo de impormos aos eleitos a responsabilidade de responderem perante os eleitores e não perante o mercado!
É tempo de chamarmos à responsabilidade quem, tendo-a, não cumpre os deveres que essa mesma responsabilidade lhe impõe.
Se tudo continuar na mesma, quer na Europa quer em Portugal, a “revolta dos escravos” que eclodiu no Norte de África, rapidamente chegará ao velho continente e a nosso país!
Por nós, queremos acreditar que se nos agarrarmos aos valores de Abril, conseguiremos restituir a ética, a dignidade, a solidariedade, a justiça social, a verdadeira democracia à nossa sociedade.
Não vai ser fácil! Os interesses instalados, as práticas daqueles em que ciclicamente se aposta e nos desiludem, ao virar da esquina, não podem esmorecer-nos e fazer-nos baixar os braços!
É tempo de sermos capazes, todos e cada um de nós, de promover uma intensa actividade cívica, não esperando que outros nos resolvam os problemas!
Por tudo isto, é tempo de combater o individualismo e o novo corporativismo.
Queremos acreditar que seremos capazes de vencer esta crise.
Tendo permanentemente presente que sem uma efectiva coesão nacional, não haverá solução possível!
A esperança não nos falta, assim não nos falte a convicção e a força!
Viva o 25 de Abril! Viva Portugal!
A Direcção
Lisboa, Abril de 2011

08 fevereiro 2011

A Emigração Portuguesa em França



No presente texto, são apresentados os principais êxodos de Portugal para França, e analisados num contexto político: a Primeira Grande Guerra e a Instauração da Ditadura em Portugal.
A situação política de um País, nomeadamente de Portugal, é decisiva no tratamento global das questões sociais. A questão da emigração pode então, aparecer como sintoma dessa política. Quando analisada faz emergir problemáticas intimamente ligadas com a história social, politica, económica e intelectual do País.

O exílio de intelectuais portugueses em França, que é uma constante na história das relações franco-portuguesas, denuncia, a determinados momentos, um ambiente político austero, constrangedor e inadaptado à emergência de ideias inovadoras, livres e defensoras dos direitos humanos.
Foi num contexto de rigidez política que, já no século XIX, escritores de veia liberal e humanista como Alexandre Herculano ou Almeida Garrett, foram levados pela contra-revolução absolutista em Portugal, a exilarem-se em França.
Foi igualmente um acontecimento político, este de dimensão internacional, que deu lugar à primeira grande vaga de emigração portuguesa: a Primeira Grande Guerra (1916 – 1931). A guerra, como acto político de violência máxima, iniciou uma fase decisiva na história da emigração portuguesa em França. Até aqui, só um número bastante reduzido de intelectuais e artistas o tinha feito. O principal destino da emigração económica era o Brasil. A entrada de Portugal na guerra em 1916, ao lado de França e de Inglaterra, veio introduzir uma mudança radical na escolha desses destinos, com o envio de um corpo expedicionário para França (nas trincheiras de Calais, no Norte da França), composto por 20.000 trabalhadores, recrutados como “mão-de-obra”, no âmbito de um acordo celebrado entre os dois países. Um grande número deles, não regressaria a  Portugal no final da guerra, mandando posteriormente, alguns familiares vir ao seu encontro.                                                                                                                                                                              
A segunda grande vaga de emigração inicia-se após outro acontecimento político, com consequências devastadoras para o País. O Golpe de Estado militar, que em 1926 instala em Portugal uma longa ditadura que perdurará até 1974. Este, introduz um conjunto de restrições sociais que vêm retirar aos cidadãos uma série de direitos fundamentais: proibição do direito à greve, censura, sindicatos ligados ao Estado totalitário, ausência de eleições livres, omnipresença de uma Polícia de Estado, a despolitização das pessoas, a guerra colonial, a miséria, a ausência de liberdade de expressão, ou seja, o fascismo. Uma vez no poder, esta política totalitária inicia uma verdadeira degeneração social, desencadeando a emigração em massa, não só politica como também intelectual, mas acima de tudo, económica. Os anos 1962-66 conheceram o primeiro grande impulso da emigração portuguesa. França torna-se a partir daí, e até aos anos 80, o principal destino dos emigrantes portugueses. Em 1968 havia 500.000 portugueses em França, em seis anos, de 1962 a 1968, o número multiplicou-se por dez. Nos anos de 1969 e de 1970, entraram em França 80.000 trabalhadores portugueses (homens e mulheres), totalizando 120.000 pessoas com os restantes membros da família. Há hoje em França, cerca de um milhão de portugueses,  constituindo uma das mais importantes e numerosas comunidades estrangeiras em França.

Perante estes dados, históricos e sociológicos, podemos propor a seguinte hipótese: a Emigração Portuguesa em França, é um feito social propulsado pelas políticas violentas do Estado Português?  
   
Indicarei, para terminar, a título de curiosidade, um pormenor evocador das relações estabelecidas entre emigrantes intelectuais portugueses e os restantes emigrantes, normalmente operários. Com excepção de Manuel Alegre que viveu e partilhou com outros portugueses, os conhecidos “bidonvilles de Champigny”, as “barracas” em linguagem popular, todos os outros, se mantiveram afastados, desenvolvendo estratégias de demarcação social em relação aos seus compatriotas. Este facto, teve consequências na identidade colectiva dos portugueses em França, já que a sua contribuição, teria transformado a imagem e representação de todo um povo.

Hoje, cientistas, artistas, escritores e poetas, descendentes directos de operários portugueses, inscrevem-se plenamente no espaço nacional francês, uma “mais-valia” que o Estado Português não soube guardar!
 
De: Perpétua Neto

20 janeiro 2011

... e assim se faz política neste País!