A sensação de felicidade corresponde a uma conclusão positiva acerca da auto-avaliação do desempenho das últimas horas, dos últimos dias. É o agrado da paisagem percorrida nesta viagem da vida. Aquilo que fizermos de forma correcta e com bondade para os outros, contribui para essa sensação acalentadora que chamamos felicidade
Mas parece haver pessoas que não se preocupam em avaliar o seu desempenho com vontade de extrair conclusões que levem ao melhoramento dos métodos utilizados ou pouco ou nada encontram de agradável que lhes mereça rememorar. E essas, possuídas de mal-estar psíquico, investem as suas duvidosas energias na procura de «bodes expiatórios» que consideram culpados de tudo aquilo que elas próprias deviam assumir.
Mau é que pessoas com responsabilidade de decidir, percam o tempo em fazer pontaria a tudo e todos atribuindo-lhes as culpas de tudo. Mas essa pusilanimidade coincide com a falta de coragem para eliminar muitas causas reais de despesas e prejuízos para o interesses nacional. E, assim, não se fazem reformas que possam prejudicar cúmplices e coniventes e, em vez de se extinguirem institutos e organizações inúteis, criam-se outros para albergar amigos inactivos e incapazes.
Desta forma, as mudanças de governos têm vindo a provocar mais obesidades no Estado que ninguém tem coragem de reformar ou adelgaçar devido ao compadrio que liga todos os sanguessugas independentemente dos partidos a que pertencem. Honestamente, não se podem atribuir culpas apenas ao Governo anterior, porque elas cabem a todos, desde Abril e ao regime, ao sistema e aos partidos que servem de esteio.
E a principal patologia do sistema que o corrói é aquela que o experiente Rui Machete apodou de «podridão dos hábitos políticos» e que se conjuga com «corrupção» e «tráfico de influências», com «boys» (das jotas ou não) a ocupar lugares aparentemente inofensivos e, depois, por efeito de trocas de simpatias e de favores sobem na carreira política, conseguem bons part-time (ou full-time) em empresas ou instituições nacionais, ou estrangeiras, normalmente com negócios com o Estado, onde usam os seus conhecimentos na administração pública. Um governante ou director de serviço público poderá chamá-lo novamente a um alto cargo que ocupa sem perder a ligação de «amizade» ao patrão que serviu e serve na privada e esta promiscuidade de interesses continua sem escrúpulos, ao ponto de na AR grande parte dos deputados se encontra em tal situação e só por milagres muito extraordinário, conseguirão em momento crítico esquecer o amigo exterior.
Por isso a confusão alimentada sobre a «swaps» pela imprensa não passa de miopia ou de ofuscação, por manter às escuras o muito de igual de que são discretamente insinuadas suspeitas. Seria melhor para os interesses nacionais que tudo fosse investigado e tornado público, acerca de todos os políticos com cargos pagos pelo erário público.
Dessa f0rma, se poderia ter noção mais perfeita da tal «podridão», o que talvez pudesse estimular o sentido da honra e a coragem para aplicar a terapia eficaz a tal patologia.
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