Mostrando postagens com marcador conteúdos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador conteúdos. Mostrar todas as postagens

domingo, 1 de março de 2009

E por falar em atividades práticas...

Aproveitando o gancho da postagem anterior (sobre a caixa-preta e as atividades práticas em geral), aqui vai uma dica para quem gosta de "fazer física com as mãos" e não apenas de "ler sobre física" (humm... a dica também vale para quem não gosta de Física de jeito nenhum, ok?).

A internet é riquíssima em recursos educacionais quando se trata de experimentação. Há milhares de páginas ensinando a se construir todo tipo de bugiganga e sobre como realizar atividades experimentais e demonstrações didáticas, o próprio MEC está envolvido em um projeto internacional para a construção de um "Banco Internacional de Objetos Educacionais". Até esse humilde professor que vos escreve tem lá uma contribuição com um roteiro experimental para aulas de termologia (e outras contribuições estão a caminho).

A dica de hoje, no entanto, é visitar e conhecer o "Feira de Ciências", o site do Prof. Léo (Luiz Ferraz Netto), um site que há anos está na Internet a serviço de alunos e professores interessados em aprender um pouco mais sobre Física e que traz uma infinidade de sugestões de experimentos e demonstrações. E o mais importante: essas demonstrações e experimentos funcionam!

O professor Léo, de quem me orgulho de ser "amigo virtual", tem dedicado toda sua vida ao ensino da Física e sempre foi daqueles professores que "colocam a mão na massa". Seus experimentos não são apenas teóricos, como muitos que encontramos na Internet e que depois não dão certo na hora de fazer ou, o que é pior, não ajudam o aluno a aprender nada (como vários experimentos que servem apenas para matar o tempo e distrair a classe - semelhantemente ao que alguns professores de outras áreas fazem por vezes na "Sala de Vídeo").

Uma atividade prática em Física não é apenas uma meio de estimular a curiosidade do aluno, de tornar mais lúdica a aprendizagem ou de quebrar a rotina das aulas tradicionais, uma atividade prática precisa ser pedagogicamente útil. Por isso aqui vai outra dica: antes de realizar qualquer atividade prática com a classe responda para si mesmo as perguntas abaixo:
  1. Posso explorar diversos conceitos com essa atividade?
  2. A atividade permitirá que meus alunos aprendam de forma mais fácil, simples e rápida?
  3. Vou ganhar tempo com essa atividade?
  4. É certo que aulas teóricas ou outras atividades também possíveis não produziriam um resultado tão bom quanto o que obterei com essa atividade?
  5. A atividade realmente funciona? Já foi testada? Tenho certeza de que valerá a pena?
Se a resposta for "NÃO" para qualquer uma das perguntas acima, não faça a atividade. Será perda de tempo, de recursos e de energia.

sábado, 18 de outubro de 2008

Quais conteúdos são fáceis e quais são difíceis de ensinar?

Essa pergunta surgiu no fórum de Física do Portal do Professor (MEC) e eu vou postar aqui a minha resposta (porque gostei da minha resposta e acho que vale a pena refletir um pouco sobre ela, mesmo que seja para discordar). Então, lá vai...


Perguntinha capciosa essa. piscando

Na verdade eu acho que todos os conteúdos são igualmente "fáceis" ou "difíceis" e o que os torna "mais fáceis" ou "mais difíceis" são as circunstâncias em que são ensinados. Vou tentar resumir o que penso em uma espécie de "receitinha de bolo" onde cada ingrediente que faltar significa um pouquinho a mais de dificuldade para "ensinar" qualquer conteúdo. A receita é minha, por isso quem não gostar que faça seu próprio bolo ou me ajude a melhorar o meu, combinado?

Receita para um conteúdo ser fácil:
1 - existência de pré-requisitos: sejam matemáticos, físicos ou mesmo linguísticos (porque aluno que não compreende a própria língua dificilmente lê textos ou compreende todas as expressões usadas pelo professor). Ahá! Isso significa que antes de se meter a ensinar alguma coisa é preciso fazer uma "diagnose" do aluno para saber o que ele já sabe; as vezes uma boa conversa sobre o assunto já resolve e... Sim, isso mesmo, é preciso fornecer ao aluno a base mínima para que ele compreenda aquilo que você vai ensinar agora;
2 - aula bem preparada: sim, planeje a aula! Aula bem preparada não é aquela em que o professor "sabe o conteúdo", mas sim aquela em que ele "planeja como ensinar o conteúdo". Ah, não se esqueça, você pode ser bem melhor do que o livro didático que usa, certo? Então capriche e planeje cada detalhe da aula;
3 - estratégias inovadoras (na verdade não precisam ser "inovadoras", mas tem que ser "boas estratégias"): use o laboratório, a sala de informática, a biblioteca, a sala de vídeo e até mesmo a cozinha da escola se precisar, mas não tente imaginar que apenas lousa e giz, aliadas ao seu imenso talento de professor, tornarão suas aulas interessantes;
4 - didática apropriada: coisas como "contextualização", "transversalidade", "inter e intradisciplinaridade" não são palavrinhas para decorar textos de pedagogos malucos, elas realmente significam que é preciso um bom método, uma sequencialidade, um contexto apropriado, ênfases e redundâncias de vez em quando e objetividade quase sempre. Enfim, não se deve matar as aulas de didática na faculdade e nem queimar os livros dos pedagogos;
5 - interatividade: isso não é coisa só de jogos de computador, interatividade significa um aluno que interage, que "se vê quase obrigado a ficar curioso e perguntar, tão desconcertante é a maneira como você lhe apresenta algo que o torna curioso sobre aquele assunto"; perguntar aos alunos é bom, mas estimulá-los a fazerem suas próprias perguntas (e não apenas sugerir a eles que se estimulem) é melhor ainda;
6 - bom dimensionamento temporal: aulas tem começo, meio e fim, e se o tempo não for muito bem administrado, o próximo capítulo da novela vai lhe obrigar a fazer uma retrospectiva tão grande que o assunto vai ficar chato, ou você vai deixar de fazer essa retrospectiva e os alunos vão se sentir perdidos. Alguns assuntos demandam mais tempo para serem trabalhados e é preciso de um bom roteiro para que seu filme sobreviva aos comerciais;
7 - visual clean: sim, sua aula e sua lousa têm que ser "clean", limpinhas. Aulas cheias de detalhes desnecessários e lousas inlegiveis contribuem uma barbaridade para que qualquer assunto se torne "difícil". Inclua nesse "clean" o fato de que os alunos não precisam que você prove para eles que sabe tudo sobre o assunto, apenas que você os ajude a saber um pouco também. Enfim, não seja exibido nem relaxado;
8 - luzes, câmera e ação!: você é o showman (ou showgirl) e sua aula é o espetáculo, o assunto é só o coadjuvante nessa trama. Se você fizer bem feito nem vão perceber que era tão difícil assim!

Hummm... Fui!

Leia, comente e participe

Conhecimento em rede é conhecimento compartilhado. Comente as postagens, dê sua opinião nas enquetes da coluna da direita e marque sua presença ao passar por esse blog.

Se quiser receber as novas postagens automaticamente como "notícias", use o recurso "assinar postagens" (no final do último texto dessa página).