Sê livre
Marieta pensava nas compras que faria todas as semanas na feira que se fazia na praça aos domingos, compraria frutas frescas, legumes de excelente qualidade e cuidadosamente levaria pra casa as especiarias de que a Amante gostava. Em sua memória, existia uma gaveta onde ela delicadamente cuidava de depositar os nomes das hortaliças e dos temperos preferidos de sua namorada. Marieta desejava sair da casa dos pais, e possuir uma casa, um apartamento, um canto que fosse seu, onde ela pudesse viver com Júlia, a namorada que estava ao seu lado havia pouco mais de um ano. Marieta a amava e sentia um ciúme imenso dela. Não a proibia de nada, dizia sempre, mas no fundo das suas rasuras internas, ela adoraria que Júlia não fizesse coisas que a aborrecia. “Vaidade, de vaidade, tudo é vaidade”, diz Eclesiastes no Velho testamento da bíblia cristã, - e o ciúme possessivo, o que é, senão, vaidade? Amor, Marieta descobriria com o tempo, nada tem haver com vaidade, com decorar os gostos da outra