Praia
de dunas altas, areias sinuosas de deserto onde o turismo se infiltra impiedoso. São os
passeios de buggy incluindo emoção de compra, quase a metro. A aquisição de viagens inclui três variantes: muita
emoção, emoção média e de intuito paisagístico. Para os menos abonados, há também subidas difíceis ao
morro para depois, a prancha a fazer de escorrega, desaguarem na água da
praia, um caldo barrento que não apetece. É caricato e até um tanto confrangedor
observar os turistas que alinharam na subida, empancarem na areia a arfar de
cansaço e serem empurrados por locomotivas-criança, menininhos que carregam as pranchas em calção, mãos e força pronta. Mas somos todos contra a exploração
infantil e eles até nem parecem contrariados, estão sorridentes e de boa mente, certamente
recebem paga pelas “ajudas”. Talvez tenham faltado à escola, mas isso que importa, é só um dia, sobra-lhes muito tempo para aprender.
E,
porque nos encontramos no calçadão, na praia, na Avenida Beira-Mar, no hotel, constato
que os homens de meia idade chegaram sós, mas, passadas horas, passeiam de amarração com sorrisos morenos quase
infantis que alugam, desalugam e trocam quase diariamente. E descansam, nada de assédio
sexual, são elas oferecem e consentem, divertem-se a divertir passarões portugueses que, provavelmente, deixaram em casa a mulher a cuidar dos filhos. Mas,
aqui, fazem de magnatas e exibem a babada vaidade parola de conquistas brasileiras. Foi assim o
caminho dos dois exemplares que viajaram connosco e a quem ouvi, ainda no
avião, tentando impressionar a jovem universitária que seguia ao nosso lado,
que eram empresários e vinham a negócios. Estes somos nós, habitantes do “primeiro
mundo”, os que não têm hábitos de violência e precisam ser protegidos por
polícias armados da vagabundagem brasileira, dos assaltos de ladrões de ruas e
esquinas terceiro mundistas. Um primor.
Foi um Brasil pobre e alguns portugueses de latão a imitar ouro, que, por coincidências da sorte e sem
escolha, me foi dado conhecer. Mas, tal como os romances desventurados vendem e
perduram mais que os venturosos, assim eu recordo a perplexidade que me acompanhou nesta viagem onde nada de grande me esperava. Uma vez no Brasil, peça a peça, a
realidade desmantelou a fantasia.
O Brasil reclama há muito uma visita.
ResponderEliminarAcontecerá na primeira oportunidade.
É um mundo todo diferente. E só por isso vale a pena conhecer. E depois é tão grande que as minhas memórias não dizem senão alguma coisa da região mais pobre do Brasil. Há muitos outros lugares diferentes e onde suponho que exista natureza luxuriante e cascatas e o mais que agrada ao olhar e apazigua a alma.
EliminarBoa, pelos vistos houve mais, pelo menos hoje :P
ResponderEliminarNunca tive curiosidade pelo Brasil. Eu que adoro praia, É País que nunca me cativou.
Beijocas
Também não me cativou especialmente, Cláudia. A viagem foi-me mesmo oferecida e era aquela ou nenhuma. Acho hoje que valeu muito a pena.
ResponderEliminarA sua crónica fez-me lembrar o grupo de seis "empresários" portugueses que quando aterraram no Brasil em 2001 para umas "férias de sonho", estavam longe de imaginar o que o futuro lhes reservaria - um plano delineado para lhes extorquir dinheiro, antes de ordenar a sua morte. Levados imediatamente para o Vela Latina, um bar explorado por Luís Militão, emigrante português e amigo pessoal de uma das vítimas, acabariam mortos a tiro, à paulada e à facada, alguns enterrados, sem poderem apreciar as delícias das terras de Vera Cruz.
ResponderEliminarEste crime e os assaltos no Rio ou São Paulo, assustam, contudo gostaria de conhecer este maravilhoso país, as suas gentes, os seus odores, as suas praias, o seu viver e as suas cidades. E claro, a sua gastronomia. Mas viajar com medo e em constante sobressalto, não entusiasma.
Bom dia de Reis, Bea.
PS: no seu post do dia 3 alguns comentários fugiram à sua atenção, mas não à deste seu dedicado leitor.
Pelo que ali observei, e creio que o grupo que refere foi mesmo para Fortaleza, é mesmo outro mundo. E não completamente fiável.
EliminarVou ali abaixo ver isso que diz:), obrigada. As minhas distracções são cá uma coisa.
As viagens marcam sempre, até pelo lado menos positivo e sem dúvida que nos enriquecem.
ResponderEliminarverdade, Magui.
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