Mercê
de um apetecido café, as sextas começam bem. Quase posso sentir os pertences da
cozinha a enrolarem no aroma quente expelido da velha cafeteira, arrasando
sombras e nuances de má sorte. E eu ávida. Eu talvez feliz por uma almoçadeira
na minha frente a fumegar e muitos goles em perspectiva. Não é que me
entonteça, um café com leite escurinho esclarece-me, empurra-me. Encho-me de
vontade fazer coisas e a vida, sendo a mesma, aparece-me sob ângulo mais
atractivo. E uso eu este dia para pôr ordem e algum sentido na casa, que é como
quem diz, limpá-la. Por norma, são dias de curto tempo livre. Pequeno almoço e
natação são primícias, bens que me esperam, certezas amenas que abro na
barafunda. Mas hoje é uma sexta feira especial, terminá-la com um bailado não é
vulgar.
Há
dois anos que não via mãos e braços de bailarinas a agitarem-se como corpos
independentes, que não lhes sentia os passos leves e de imperceptível som. Dois
anos sem admirar a elegância alada dos bailarinos que saltam metros como se um
vento os puxe e empurre. Dois anos sem eles na minha vida é intervalo comprido
e quase sacrílego.
Mas
antes de vê-los, passeei pela Baixa em conversa, a admirar as iluminações de
Natal. E vi e atravessei aquela árvore do Terreiro do Paço que diurna me
assusta e nocturna é tanta lâmpada colorida. E entrei na Confeitaria Nacional
que, não desfazendo, tem óptimo serviço e onde aproveitei para perder um
saquito. E, quem sabe, podemos repetir que, muito importante, descobri uma companhia agradável e delicada...
Lamento,
mas não sei descrever as imagens de Lago dos Cisnes. Sei que cada vez é sempre
a vez primeira. O mesmo desconcerto. A mesma beleza extasiante.
E Pronto. Lá se vai o segundo Calendário de Natal