quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Solidão


Estás todo em ti, mar, e, todavia, 

como sem ti estás, que solitário, 
que distante, sempre, de ti mesmo! 

Aberto em mil feridas, cada instante, 
qual minha fronte, 
tuas ondas, como os meus pensamentos, 
vão e vêm, vão e vêm, 
beijando-se, afastando-se, 
num eterno conhecer-se, 
mar, e desconhecer-se. 

És tu e não o sabes, 
pulsa-te o coração e não o sente... 
Que plenitude de solidão, mar solitário! 

Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado" 
Tradução de José Bento

2 comentários:

Ana Bailune 9:07 da tarde  

Uau! Belíssimo!

Filoxera 11:04 da tarde  

Vale um sorriso
:-)

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