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domingo, 17 de julho de 2016

LIÇÃO DA QUEDA DE ROMA PARA OS EUROPEUS

Depois de ler o artigo de opinião de Helena Matos, surgiu-me este alerta aos «responsáveis» pela Europa.

A EUROPA DEVE ESTUDAR E APRENDER COM A QUEDA DE ROMA no ano 410 dC. A sociedade europeia deve aprender a evitar derrotar-se. Hollande usa a basófia para dizer que a França é forte, mas ela cada vez expõe maiores vulnerabilidades. Não tirou as adequadas conclusões nem adoptou as correctas medidas na sequência do primeiro ataque. O segundo não foi evitado por palavras de tolerância. E como será o terceiro?

Em vez de governantes e parlamentares perderem tempo precioso com ninharias e baboseiras, será urgente concentrar-se nos pontos essenciais, vitais, de forma a garantirem a sobrevivência da Europa e dos Europeus, contra inimigos internos e externos.

Tem que ser feito uso de perspicácia, inteligência, sentido de responsabilidade, de realismo, com coragem, sem hesitações suicidas.

Para ler o artigo atrás referido siga o link

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sábado, 2 de janeiro de 2016

EUROPA. SUA HISTÓRIA E SUA CULTURA




A Europa não é aquilo que actualmente os governantes nos mostram.
É o fruto de uma HISTÓRIA, de uma CULTURA que devem ser bem conhecidas e respeitadas.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Quarto Reich. A guerra pode ter já recomeçado

A inflamada declaração de Angela Merkel, numa entrevista à televisão pública alemã, ARD, em que sugere a perda de soberania para os países incumpridores das metas orçamentais, bem como a revelação sobre o papel da célebre família alemã Quandt, durante o Terceiro Reich, ligam-se, como peças de puzzle, a uma cadeia de coincidências inquietantes.

Gunther Quandt foi, nos anos 40, o patriarca de uma família que ainda hoje controla a BMW e gere uma fortuna de 20 mil milhões de euros. Compaghon de route de Hitler, filiado no partido Nazi, relacionado com Joseph Goebbels, Quandt beneficiou, como quase todos os barões da pesada indústria alemã, de mão-de-obra escrava, recrutada entre judeus, polacos, checos, húngaros,russos, mas também franceses e belgas. Depois da guerra, um seu filho, Herbert, também envolvido com Hitler, salvou a BMW da insolvência,tornando-se, no final dos anos 50, uma das grandes figuras do milagre económico alemão.

Esta investigação, que iliba a BMW mas não o antigo chefe do clã Quandt, pode ser a abertura de uma verdadeira caixa de Pandora. Afinal, o poderio da indústria alemã assentaria directamente num sistema bélico baseado na escravatura, na pilhagem e no massacre. E os seus beneficiários nunca teriam sido punidos, nem os seus empórios desmantelados.

As discussões do pós-Guerra incluíam, para alguns estrategas, a desindustrialização pura e simples da Alemanha - algo que o Plano Marshal,as necessidades da Guerra Fria e os fundadores da Comunidade Económica Europeia evitaram. Assim, o poderio teutónico manteve-se como motor da Europa. Gunther e Herbert Quandt foram protagonistas deste desfecho.

Esta história invoca um romance recente de um jornalista e escritor de origem britânica, a viver na Hungria, intitulado "O protocolo Budapeste". No livro, Adam Lebor «ficciona» sobre um suposto directório alemão, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria o da criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos,provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o directório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas - presidência da Comissão e, finalmente, presidência da União Europeia.

Adam Lebor não é português - nem a narração da sua trama se desenvolve cá. Mas os pontos de contacto com a realidade, tão eloquentemente avivada pelas declarações de Merkel, são irresistíveis. Aliás, "não é muito inteligente imaginar que numa casa tão apinhada como a Europa, uma comunidade de povos seja capaz de manter diferentes sistemas legais e diferentes conceitos legais durante muito tempo." Quem disse isto foi Adolf Hitler. A pax germânica seria o destino de "um continente em paz, livre das suas barreiras e obstáculos, onde a história e a geografia se encontram,finalmente, reconciliadas" - palavras de Giscard d'Estaing, redactor do projecto de Constituição europeia.

É um facto que a Europa aparenta estar em paz. Mas a guerra pode ter já recomeçado.

Texto de Filipe Luís extraído da revista Visão

Imagem do Google

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A China entra na Europa pacificamente

«A chegada das empresas chinesas perturbou o mercado da construção civil e os concursos na Polónia, e suscita o interesse do vizinho checo. O seu segredo: preços baixos, pontualidade e integração de mão-de-obra local. Para além do apoio do Governo de Pequim.»

A notícia «O caminho está livre para as estradas chinesas» vem ao encontro do texto publicado em «Revolução imparável em curso».

O Grupo empresarial COVEC (China Overseas Engeneering Group), com sede instalada no subúrbio de Varsóvia dirige a expansão – há muito planeada – de Pequim na Europa. Após ter ganho o concurso para a construção da auto-estrada A-2 da Polónia, comunicou que estava interessada em projectos semelhantes noutros países europeus, incluindo na República Checa.

A Polónia é co-organizadora, com a Ucrânia, do próximo Campeonato Europeu de futebol, em 2012, e tem necessidade de centenas de quilómetros de novas estradas e o tempo é apertado. É lógico que este país de 40 milhões de habitantes procure aproveitar esta ocasião única, para mostrar ao mundo os imensos progressos realizados nos últimos anos. É bom que se saiba que a Polónia é um dos raros países da União Europeia que, apesar da crise económica que preocupa muitos estados europeus, não teve nem recessão nem um défice orçamental significativo. A Bolsa de Varsóvia, após algumas hesitações dos investidores, tornou-se uma das praças financeiras europeias mais procuradas pela sua estabilidade.

A entrada das empresas chinesas nos concursos permite escapar à maldição da corrupção endémica que envolve a construção de auto-estradas. Graças ao novo sistema que os concursos passaram a seguir o custo de construção de um quilómetro de auto-estrada passa para um terço, em poucos anos.

Imagem da Net

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A crise está a começar, disse Jacques Attali

Recebido por e-mail do amigo M C Braz, que recebeu da jornalista Maria João Carvalho

Entrevista de Laura Davidescu para a Euronews

Podemos prever as crises económicas? É um exercício perigoso a que Jacques Attali se dedica há muitos anos. Engenheiro e economista de formação, presidiu ao Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento nos anos 90. Jacques Attali é autor de numerosos ensaios sobre política, economia e finanças.
A Euronews entrevista-o sobre a crise grega e as turbulências na Zona Euro. Para começar, Jacques Attali lamenta o atraso da Cimeira Europeia no tratamento do tema.

Jacques Attali - A cimeira ocorre muito tarde ... se tinha sido feita há 15 dias, três semanas, teríamos colocado 40 mil milhões na mesa e teria sido suficiente. Mas não foi, hesitámos, dissemos que não o faríamos, por isso é a pior das soluções, dizer não e depois dizer que sim.
Em segundo lugar, o mecanismo que está em vigor não é credível, os montantes anunciados são muito elevados, mas o plano de rigor imposto aos gregos é absolutamente insustentável e mais: nós nem sequer lhes pedimos poupanças no orçamento da Defesa, o que representa a maior parte dos gastos!
Assim, os mercados vão forçosamente colocar a questão de saber o que se vai passar com outros países, estão preocupados, e vão tentar compreender se os Estados vão ser sérios, em Portugal, em Espanha, em Itália, em Inglaterra, porque o Reino Unido também está mal colocado.
E assim vamos ter mais ataques, não propriamente ataques, verificação da seriedade dos Estados que não o são.
Hoje em dia, os governos europeus não tomam a única decisão que se impõe, ou seja, criar títulos do Tesouro europeus para emprestar em nome da Europa. Tudo o que fazemos hoje é esbanjar.

Laura Davidescu, euronews - Então diz - se é que estou a compreender - face a uma crise com tal amplitude a única solução é consolidar os mecanismos verdadeiramente europeus?

J. A. - Claro, (...) a única solução é a de crescimento para a redução da dívida , é a única solução.
Mas enquanto se espera a retoma do crescimento, enquanto se fazem as economias necessárias, é preciso evitar a catástrofe e para evitar a catástrofe, devemos emprestar de modo credível e o único que pode emprestar de modo credível é a União Europeia.

L.D. - Mas está longe de ser uma decisão dessa envergadura ...

J.A. - Nestes dois anos, de qualquer modo, não fizemos nada.
Parecemos o G20, que não serviu para nada, anunciámos tanto que nunca cumprimos, temos tanto medo de tomar a mais pequena decisão que não fizemos nada enquanto a bolha crescia.
A crise era uma pequena crise dos subprimes americanos, que devia ter custado 10 mil milhões de dólares e se tornou numa crise mundial de bancos que pode custar 500 mil milhões de dólares ... continuamos a não fazer nada, salvo transferir para os contribuintes, o que se transformou em crise da dívida pública que atinge os 7,8 biliões de dólares.
Os bancos continuam a especular exactamente como antes, os actos imorais também continuam do mesmo modo, nada, absolutamente nada mudou num sistema que está totalmente nas mãos do mercado financeiro internacional.

L.D. - Foi então que descobrimos, depois de uma crise das finanças privadas a crise das finanças públicas....

J.A. - Não descobrimos . Se me permite, com muitos outros, há três anos que digo que não fazemos mais do que transferir a dívida privada para a dívida pública.
Desde o momento em que se deu a crise do Lehman, escolhemos transferir a dívida privada para a dívida pública, e como aceitámos transferir aceitámos financiar todas as perdas dos mais diversos bancos e, Lehman à parte, não deixar ninguém declarar falência.
Assim, aceitámos que o contribuinte de amanhã, para além das dívidas que tenha, pague esses erros.

L.D. - Um dos motivos, já que há tantos, das queixas dos últimos três meses, está ligada ao Fundo Monetário Internacional.
Os dirigentes alemães opuseram-se a que a Europa pague, e assumem sozinhos o plano de socorro à Grécia.
O senhor qualifica, num artigo recente, a decisão de finalmente apelar ao FMI, como desonrada. Porquê?

J.A. - Retomei a fórmula de Churchill: "Você hesitou entre a guerra e a desonra, e porque escolheu desonrar-se vai ter a guerra. "
Infelizmente, esta fórmula que apliquei é verdadeira. Escolhemos a desonra porque o Fundo Monetário é uma estrutura honorável mas não é uma estrutura europeia. Assim, confiámos a outros, ou seja, aos americanos e outros não europeus a responsabilidade de decidir a política que convém seguir num país europeu.
Assim, optamos por uma estratégia que está a destruir a identidade europeia.
E o encargo principal será europeu, pois são os europeus que vão pagar a crise.

L.D. - Mas e se isso não chegar a acontecer, precisamente por a nossa construção europeia ter defeitos, pecados originais? Por exemplo, o euro nunca foi apoiado por uma política europeia comum ou fiscal ou económica ou de qualquer modo. Então, será que podemos enfrentar?

J.A. - Há 10 anos que digo que o euro vai desaparecer se não formos capazes de estabelecer um orçamento europeu.
Sempre avançámos assim na Europa: fizemos o mercado único porque o mercado comum não era suficiente e de cada vez houve crises que precederam estes factos.
Hoje, vemos como uma evidência que a moeda única não pode existir sem uma política fiscal e orçamental. Não é possível.
Então, será que temos a coragem de o fazer? Vamos ver! Mas, por agora estamos a lidar com os políticos que são do século XX. Estão um século atrasados.

L.D. - Há um, entre os actuais líderes da Europa, que mostre sinais de ter entendido esta realidade?

J.A. - Infelizmente, o único político sério que parece sério e ter compreendido é Jean Claude Trichet, mas não é um homem político.
É o único na Europa, que conheço, talvez com Jean Claude Junker também, que na posição de patrão do eurogrupo viu bem o que estava em jogo. Ambos compreenderam que era precisa uma integração maior, mas eles não estão em posição de impor.

L.D. - Então para onde acha que vamos, Sr. Jacques Attali?
J.A. - Acho que estamos a ir para pior, e pior é dizer entre dois a três anos, até menos, uma desintegração da Europa. A única questão é se os políticos que tiveram a coragem de decidir na calma podem fazê-lo durante a tempestade.

L.D. - Na tempestade? Então é apenas o começo desta tempestade ...

J.A. - Com certeza, a crise está apenas a começar. Todos os que têm vindo a dizer, há meses e meses, "a crise acabou, saímos da crise" dizem qualquer coisa. A crise está apenas a começar. Porque o público aumenta a dívida, porque a recessão está aqui. É claro que não há crise na China, Índia, Ásia e em outros lugares. Mas a crise na Europa, a crise nos Estados Unidos, a crise no Japão, a crise em todos os países da OCDE está à vista. Estes velhos países, antes ricos, estão cansados, optaram por viver no crédito mas é preciso pagá-lo.

L.D. - Que preço tem de pagar a Europa? É que assim vai sair, se sair, mais fragilizada do que nunca.

J.A. - Primeiro ainda não acabou. E esta pode mesmo ser a ocasião, como quando houve a crise da desvalorização de 92-93 , ou a grande crise da Europa nos anos 83- 84, pode ser o momento de se reforçar, de fazer com que a crise se torne a ocasião para fazer melhor e mais. Ainda espero que a Europa compreenda que hoje a única via que lhe resta é Mais Europa e não Menos Europa.

L.D. - Na 24 ª hora ...

J.A. - Esperemos que não seja na 25a, para citar um grande escritor romeno.

L.D. - Portugal? Existe um risco, imediatamente ou nos meses que vêm? E Espanha?

J.A. - Sim, evidentemente, os mercados vão verificar se os políticos que não fizeram a tempo o seu trabalho sobre a Grécia, vão fazer o seu trabalho sobre Portugal. Assim, vamos ver as notações de crédito (credit default swap ) de Portugal, de Espanha e do Reino Unido aumentarem até ficarem sem crédito, e vamos ver o que fazem os governos.

L.D. - O pior cenário.

J.A. - O pior cenário. É por lá, sem dúvida, que é preciso passar para chegar ao despertar da classe política.

Maria João Carvalho, Jornalista da EuroNews
http://rotativas3.blogspot.com/

Imagem da Internet

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Euro com morte anunciada???

Transcrição seguida de NOTA

Metade dos alemães quer regressar ao marco
Por Joaquim Letria, no 24 Horas e no Sorumbático em 26-03-10

A Cimeira Europeia está a ser o esperado teste aos propósitos de Berlim. Vai ser nesta reunião que se perceberá, de uma vez por todas, se há uma verdadeira solução para a Grécia e se perceberá qual vai ser finalmente adoptada. Terá esta reunião a grande vantagem de nos elucidar. Cada um e todos nós ficaremos a saber com o que verdadeiramente poderemos contar. Logo se verá.

Aceitar o recurso ao FMI para aliviar um estado membro da Europa a 27 é uma possibilidade que se revelou estar no horizonte da Alemanha, assim como admite a expulsão do Euro de algum prevaricador, duas hipóteses não consideradas até há muito pouco tempo atrás.

A verdade é que enquanto se fala em proteger a Europa e o Euro, cada vez há mais alemães (46%) a quererem regressar ao marco e uma percentagem ainda maior que não quer continuar a pagar os vícios sulistas destes PIGS onde, simpaticamente, continuam a incluir-nos, a acolher-nos e a pagar-nos. Já não é só a Europa que treme. É também a confiança no Euro que abana. O que vai acontecer, logo se verá. O que é preciso é fé!

«24 horas» de 26 Mar 10

NOTA: Tudo o que tem início terá fim. Hoje não existem, senão nos livros de história, as associações, os acordos e os tratados de outrora. Foram criados por motivo datado e depois o tempo causou a sua erosão.

O grande inconveniente provém de entretanto se ter perdido a estrutura organizativa e ser difícil o regresso ao que era antes. Por isso, não se espere regressar ao ponto de partida mas avança-se para um novo sistema. Este, para não trazer muitos amargos de boca, deve ser previamente bem estudado e preparado para que a mudança seja para melhor.

Tenho dúvidas se existem homens sensatos e ponderados capazes de planear e programar a mudança por forma a trazer benefícios, sem agravar ainda mais os problemas actuais, no tocante às pessoas, à justiça social, aos direitos liberdades e garantias, sem exploração de todos por uma minoria feudal.

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Europa muçulmana em poucas décadas

O vídeo é muito esclarecedor. No post «Que futuro teremos?», foi feita uma ligeira referência ao que aqui se diz acerca do futuro da Europa. Mas os políticos actualmente no Poder ainda não se aperceberam disso e estão a arriscar o futuro das próximas gerações, ao distribuírem preservativos nas escolas e ao financiarem o aborto (Interrupção voluntária da gravidez).
Será que, em vez de nos governarem, estão a fazer o jogo dos muçulmanos?

Isto merece ser devidamente meditado.

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terça-feira, 9 de junho de 2009

Europa, um ponto de vista interessante

O economista João César das Neves apresenta um ponto de vista curioso, mostrando a Europa real, criada por motivos económicos e por eles levada ou não ao sucesso futuro, embora os políticos não entendam que é a vida real dos cidadãos que interessa.

Europa, solução ou problema?
Por João César das Neves. DN. 090608

Hoje ninguém fala de Europa. Apesar das eleições de ontem para o Parlamento Europeu, ninguém na Europa está a falar de Europa. Todos na Europa, e ainda mais em Portugal, pensam no que os resultados podem significar para a política local. A Europa é hoje a última preocupação dos europeus. Já ontem foi, pois o sinal dominante dos resultados eleitorais, que se sabia antes mesmo dos resultados, é que a grande vencedora, com maioria absoluta, foi a abstenção.

Apesar destes dois factos, desinteresse e vacuidade dos números, a Europa é um grande projecto e está a ser um grande sucesso. Infelizmente as instituições europeias têm sido parte do desinteresse e vacuidade, não do projecto e sucesso. A prova que a União Europeia é um estrondoso sucesso é clara: todos os vizinhos querem entrar e todos os longínquos querem copiar. Existem comunidades económicas em todo o mundo, todas inspiradas na UE. É verdade que nenhuma realiza uma integração a sério e a Europa permanece o único caso histórico de significativa partilha voluntária de soberania entre países independentes. Mesmo sem a reproduzirem, as cópias são uma prova de sucesso.

O sucesso é tanto mais significativo porquanto a ambição do projecto europeu é quase inconcebível. O espanto vem, não da dimensão física da União, menor que os impérios de Alexandre, Gengis Khan e Tamerlão, mas da forma livre como foi construída. Trata-se de um clube onde a adesão é voluntária e opcional. Só entra e permanece quem quer. E todos querem. Ninguém, há 50 anos, podia prever que tal ambição teria tal vastidão e solidez. Muitos referem os problemas da União, sem compreenderem que o simples facto de ela existir para ter esses problemas é, em si, um êxito espantoso.

Infelizmente o êxito é um veneno muito mais poderoso que os maiores problemas. A União hoje padece, não das dificuldades naturais, mas do sucesso inesperado, que a desviou do caminho. A eleição de ontem é disso prova evidente.

A grande intuição dos pais da Europa foi perceber que em povos tão diferentes, que tantas vezes ensanguentaram o continente e quase o levaram à destruição depois de 1939, existe apenas uma coisa em comum. O génio dos fundadores da CEE foi entender que a única maneira de unificar nacionalidades tão distintas e tão inimigas era através da economia. A Europa ou é económica ou não é. Aliás, durante décadas foi conhecida como "mercado comum" e ainda hoje o núcleo relevante chama-se "Zona Euro".

É verdade que a guerra constituiu a motivação e a política representou o condutor. Mas a economia foi o caminho seguido na integração europeia. Ainda hoje a razão porque os vizinhos querem aderir e os longínquos copiar, não é política, militar ou patriota. É económica.

Por muito que custe aos meritórios funcionários, os cidadãos não sonham com projectos geoestratégicos, não se comovem com palácios de congressos, não ligam a tratados e constituições. Ninguém se empolga com o hino ou a bandeira ou sente cidadania europeia. Isto não é um defeito a corrigir. É a realidade original e natural da Europa. O sucesso foi conseguido apesar disso.

A preocupação dos cidadãos é, como deve ser, a lista do supermercado, o emprego, a prosperidade familiar. Pode ser tacanhez ou falta de visão, mas afinal para que existem instituições e políticas senão para tratar disso? A Europa só pode ser voluntária se se ocupar do que interessa às pessoas, sem lhe tentar ensinar o que as deveria interessar.

Este axioma fundamental, que cada ano de integração confirma, é fácil de esquecer nos gabinetes. Aí vive-se o sonho, edifica-se o projecto, concebe-se o ideal. Isso obscurece a realidade. Por isso, apesar da abstenção esmagadora, do fiasco da Constituição e Tratado, os eurocratas insistem na superestrutura que ninguém entende. As acções dos dirigentes fizeram da Europa mais um problema, em vez de ser, como devia, uma solução para os problemas.

Hoje ninguém fala de Europa ou liga ao Parlamento. Todos tratam da sua vida. E os políticos não entendem que só isso interessa.

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