Há uns anos atrás, ia abrir uma banana e, em vez de a casca se abrir como seria de esperar, dobrou. Eu agarrei no "chapeuzinho" e puxei para o lado e para baixo, como de costume, mas o que aconteceu foi a casca dobrar, em vez de partir; ficou a polpa toda esmagada e mole no interior e a banana fechada. Tive que usar uma faca. A partir daí o feitiço quebrou-se, a confiança perdeu-se. Nas vezes seguintes em que fui para abrir uma banana, pensei no gesto que ia fazer para a abrir e, em vez daquele movimento natural e decidido que toda a gente faz instintivamente, o que fiz foi tão desajeitado que voltei a dobrar e amassar a banana em vez de a abrir. Hoje, se não tiver uma faca por perto, peço a alguém que me abra a banana porque tenho medo de voltar a amassá-la.
E é tudo uma questão de confiança. De fazer as coisas de forma instintiva e natural. Quando o resultado não é o esperado, despertamos para a possibilidade de isso se repetir e, a partir daí, o que antes era natural e resultava, passa a ser temido, programado e, por causa do excesso de zelo, pode acabar por falhar.
Nas bananas, como na vida.