|
Inês Queiroz |
Os natais na casa da minha irmã eram fartos de comes e bebes, música, presentes, alegria e amor. Bailava-se salsa, sambava-se, bolerava-se e assistia-se ao meu sobrinho Dani abrir os braços e cantar em alto e bom som: "Viver, e não ter a vergonha de ser feliz...".
A árvore era imensa, e o ritual de abrir o baú a fim de retirá-la, armá-la, rodeá-la de luzinhas e distribuir os adornos pela casa era, também, motivo de grande euforia.
Já o ano de 2002 - o ano da morte do Dani - foi diferente. O baú foi aberto, não pelos motivos citados, mas sim para que fossem doados todos os vestígios de felicidade que, outrora, foram guardados ali. Nunca mais houve árvores, luzinhas, enfeites, danças e músicas.
Depois desse longo e árduo período recebo, emocionada, via celular, duas fotos e uma pequena mensagem que dizia: "Minha primeira Árvore de Natal depois de 10 anos".
Agora sou eu quem abre os braços e canta: "Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita".