Vês como fico pequena quando escrevo para ti?
É por isso que nunca poderia ser poeta.
O poeta se engrandece perante a ausência,
como se a ausência fosse o seu altar,
e ele ficasse maior que a palavra.
No meu caso, não, a ausência me deixa
submersa, sem acesso a mim.
Este é o meu conflito: quando estás
não existo, ignorada.
Quando não estás, me desconheço,
ignorante. Eu só sou na tua presença.
E só me tenho na tua ausência.
Agora, eu sei. Sou apenas um nome.
Um nome que não se acende senão
em tua boca...
Mia Couto
Jesusalém
Nosso céu, onde estrelas cantavam,
de repente ficou mudo.
Haroldo Barbosa e Luiz Reis
no 8 de setembro