MANTER O FOGO
Há momentos
De sol de meio dia dentro do meu crânio fixo
A meio caminho entre o leste e o oeste.
É quando as lupas dos meus
cristalinos
Direcionam um raio calorífico intensíssimo
Sobre alguma coisa ínfima e
insignificante,
Até que uma fagulha inflame essa
ninharia
Tornando-a, de súbito, lenha
fundamental,
Imprescindível para reavivar a universal fogueira.
REMANESCÊNCIA
Desconfio que as flores
Os pássarosse os peixes
Riem da minha pretensão
De lhes furtar os nomes.
E as grandes máquinas anônimas
E os instrumentos indiferentes
E frios sem etiquetas
Também riem com sarcasmo
Quando lhes aplico nomes
De flores, de pássaros, de peixes.
E daí que gracejem?
Desgarrados e desocupados,
Por último riem os nomes
De coisas agora extintas.